2. O Pescocinho

Začít od začátku
                                    

Destes meus olhos apagou!... Assim

Tântalo, aos reais convivas, num festim,

Serviu as carnes do seu próprio filho!

Por que para este cemitério vim?!

Por quê?! Antes da vida o augusto trilho Palmilhasse, Antes da vida o augusto trilho

Palmilhasse, do que este que palmilho

E que me assombra, porque não tem fim!

No ardor do sonho que o fonema exalta

Construí de orgulho ênea pirâmide alta...

Hoje, porém, que se desmoronou

A pirâmide real do meu orgulho,

Hoje apenas sou matéria e entulho

Tenho consciência de que nada sou!

Jéssica de morte.

Jéssica de amigos e namorados e sonhos...

Jéssica a mal falada na escola.

Jéssica a santinha de casa.

Jéssica escondendo...

Jéssica se escondendo.

Assim tem que ser a vida.

Toda vida é recheada de fingimentos.

Jéssica sabia muito bem...

Ainda mais fazendo parte de família religiosa.

Pai pastor.

Moralidades no discurso.

Imoralidades na prática.

Jéssica fingia sua parte.

E assim era mais ou menos feliz.

Mas Jéssica estava cheia.

Cheia de felicidade mais ou menos.

Mãe mais ou menos.

Pai mais ou menos.

Amigos mais ou menos.

Namorados mais ou menos.

Tudo mais ou menos.

Seu amor vampiro haveria de ser também sua fuga.

Uma fuga inteira.

Uma grande fuga para outro lugar.

Mesmo que para isso ela precisasse morrer.

Morrer para renascer.

Morrer para ser uma vampira também.

Era tudo o que Jéssica queria.

Às 21 horas e 30 minutos, uma mão de luva tocou o ombro de Jéssica.

"Sei que você não gosta de namorados que se atrasam. "

Jéssica virou-se para o jovem vampiro de voz aveludada.

Seu coração já batia mais do que nunca.

TAQUICARDIA.

Jéssica olhou-admirou os grandes-hipnotizantes olhos do jovem vampiro.

Eram azuis...

Verdes...

Mel...

Roxos...

Vermelhos...

Iam assim sempre mudando der cor...

"Ah! Meu amor! Eu esperei tanto por isso!"

"Mas essa é a primeira vez que nos vemos!"

"Eu me apaixonei por você quando a fitei pela primeira vez!"

"E quando foi isso?"

"Quando você ainda era um bebê!..."

Jéssica segurou a faze branca do jovem vampiro e deu-lhe um longíssimo beijo na boca.

Um...

Dois...

Três...

Quatro...

Oito...

Dez...

Quinze...

Vinte...

Vinte e cinco segundos durou o beijo.

"Pare com isso!"
"Jéssica! Jéssica! Jéssica! Vou gritar Jéssica para todo mundo ouvir."

Então o jovem vampiro abriu a boca, muito mais do que seria possível para um ser humano vivo.

E sua boca virou uma bocarra.

Bem maior que a cabeça toda.

E o jovem vampiro lançou o nome "JÉSSICA!" num grito metálico.

Cheio de calafrios, aos quatro ventos do bairro.

Quem estava dormindo acordou com dores de ouvido.

Quem estava assistindo à TV, viu a imagem da novela virar uma onda de fumaça escura.

"Agora, você acredita em mim?"

Jéssica se aproximou novamente do jovem vampiro e lhe deu um beijo.

Apenas dois segundos e meio.

"Então só me faça um favor!"

"Peça! Peça o que você quiser!"

"Jéssica, não me esconda mais este seu lindo-delicioso pescocinho com pérolas falsas."

Imediatamente Jéssica arrancou o colar.

E as pérolas mentirosas foram caindo-pulando na calçada.

E o jovem vampiro passou a lamber todo aquele adorado pescocinho.

Sua saliva funcionava como uma anestesia local eficiente:

"Você está pronta?"

"Mais pronta do que nunca!"

O jovem vampiro abriu a boca e dois dentes caninos foram crescendo e crescendo em direção ao pescocinho.

Uma fincada forte fez o sangue escorrer.

E o corpo de Jéssica amoleceu nos braços do jovem vampiro.

E o corpo de Jéssica desfaleceu até o chão...

E o pescocinho ficou marcado com os dois buracos roxos da mordida.

Ah! O pescocinho!...

Que pescocinho!!!

13 Contos de Medos e ArrepiosKde žijí příběhy. Začni objevovat