chapter two;;

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❊millie❊

    Me levantei e tomei meu café da manhã. Era bem cedo, então nem meu avô, nem minha avó, estavam acordados. Eu acostumava acordar bem cedo.

    Aproveitei e andei até minha escrivaninha, pegando dentro de um potinho preto, um saco transparente. Nele tinham varias pílulas. Calmantes, analgésicos, tudo misturado. Apenas peguei alguns e coloquei na boca, engolindo-os a seco. Me engasguei, como sempre, mas já estava acostumada.

    Por que eu tomava aqueles remédios? Eu sempre estou indisposta, sem sono, ou simplesmente com dor. Então, todo dia eu tomo. Não deixo que meus avós saibam, porque eu acho que eles não entenderiam, afinal, eles não sentem o que eu sinto.

    Vovô finalmente acordou, me ajudando a levar as coisas para o carro. Talvez eu tivesse exagerado um pouco nas roupas, mas não passaria nem um segundo sem minhas queridinhas.

    Quando me despedi da vovó, ela tinha aqueles olhos marejados e preocupados, era um mês longe, eu nunca ficava tanto tempo. Mas era pela escola, tudo ficaria bem.

    Entrei no automóvel e dei tchau para a moça grisalha pelo vidro. Aproveitei também e abri o espelho do carro para passar meu gloss rosa.

    — Você tem certeza que quer ir, querida? — Vovô perguntou preocupado. Sorri para ele, tentando conforta-lo.

    — Tenho vovô, vai ficar tudo bem. Todo dia ligarei para vocês.

    Eu morava com meus avós, meus pais estavam trabalhando fora e me mandavam dinheiro sempre, para sustentar-me lá. Papai e mamãe sempre apareciam nos feriados e festas, e eu gosto da minha vida assim, eles fazendo o que eles gostam e eu fazendo o que eu gosto.

    Quando chegamos na escola, meu avô segurou minha mão e depositou um beijinho. Abri um sorriso e pedi "benção", o grisalho logo me respondeu um "Deus lhe abençoe". Me despedi relutante, pegando minhas coisas. Percebi que estava atrasada, porque passei tempo demais me despedindo e me arrumando.

    Costumava chegar atrasada em tudo.

    Peguei o papel do meu ônibus correndo e logo entrei no respectivo automóvel que me levaria para o tal acampamento.

    Procurei Finn por toda parte e quando o encontrei, sentei ao seu lado.

    Conversamos a viagem quase toda, porque no resto, eu apoiei a cabeça em seu ombro e dormi. Finn não deixaria que ninguém enchesse meu saco enquanto estava adormecida, ele sempre foi protetor, como um irmão e todos tinham certo medo dele. Seu ex namorado (e meu ex namorado), acabou com um olho roxo por tê-lo machucado.

    Quando chegamos no local, pude ver que só tinha mato, árvores e cabanas de madeira. Bufei. Eu não gosto muito da natureza.

    Já estava me sentindo mal, queria tomar mais remédios, porém me conti. Não tinha tantos e teria que durar todo aquele mês.

    — Quanto mato, que porra. — O moreno de cabelos cacheados falou nervoso, me arrancando umas risadas. Mas eu tinha que concordar, aquele lugar era muito cheio de verde.

    — Se levantem pessoal, chegamos. Façam uma fila e se dirijam até o centro do acampamento. — O nosso inspetor ditava, apontando para o lado de fora. — Lá terá mais um inspetor, que guiará vocês até o refeitório. Sei que devem estar morrendo de fome.

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