Doce Amargura

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A luz do dia... Não sabia se naquela época era algo bom ou algo ruim. O tempo que passara o fizera refletir, perdera seu tempo em uma fútil vingança sem sentido, agora era um completo nada saindo das grades. Ele pensava naquilo mas saia de la com um sorriso no rosto. A não ser que alguém lesse mentes, não saberiam a tristeza que havia dentro dele.

Pegou um táxi e foi para sua antiga casa. Chegando foi direto ao espelho. Ficou o encarando. Começou a perguntar: "Quem sou eu? Godot, Diego Armando... Se eu quiser viver novamente, do zero, terei de ser outra pessoa... Mas quem eu realmente sou...?"

De um lado um advogado prodígio, do outro um promotor fracassado, e agora... Não tinha algo para se identificar.

Não sabia de Wright e mesmo tendo feito as pazes, decidiu seguir em frente. Seguiriam caminhos separados.
Pegou jornais da época em que fora preso:

" Promotor legendário é acusado do assassinato da medium Misty Fey"

"Viciado em café passará sua vida atrás das grades"

" Ex-advogado do Escritório Grossberg é declarado culpado do assassinato de Misty Fey."

"Promotor Legendário..." Pensava ele " Legendário, mas nunca venci um caso como um... Novamente, quem sou eu...?" Frisava essa pergunta mentalmente enquanto encarava as manchetes.

Lembrava dos casos, e voltava para o início, lembrava-se de Mia, segurava o choro mas as vezes não era forte o bastante. Ficou relembrando das coisas até anoitecer, e com a cabeça cheia resolveu dormir.
Teria que se decidir, o que iria ser? O promotor fracassado teria de sumir, mas ao mesmo tempo o advogado também. Estava mergulhado em amargura, tudo que já fora um dia só lhe trazia dor. Todos os que ele amava já não se encontravam junto dele. Sua família, Mia.

Tanto tempo se passou, o milenar Juiz já havia morrido, Edgeworth já era casado e tinha filhos, Franziska havia se mudado de volta para a Alemanha e formado uma família lá, e quanto a ele, nada parecia ter mudado, na verdade ele não gostaria que realmente algo mudasse, somente o seu passado. 
Sua barba tinha crescido, estava com 43 anos mas com o mesmo visual, este que teria de mudar, caso ele quisesse viver uma vida normal.

Com tantas questões na cabeça, não conseguia dormir. Levantou-se, foi para a cozinha, sentou-se na mesa. Ficou parado, apenas olhando para o luar que refletia nas janelas da cozinha. Na mesa havia uma caneta, uma caneta que poderia arruinar sua vida. Seu vício em café era como uma empatia, ele sentia pelo café, e o café sentia por ele. Por que? Ambos viviam em amargura. Um gole não o mataria, apesar de o mesmo ter sido a causa de toda sua amargura.  Tomou com gosto novamente depois de 9 anos. De um jeito ou de outro o café havia lhe ajudado a relaxar, e esquecer um pouco do passado.

O passado sendo tão amargo ainda não era de tão ruim. Havia uma coisa de seu passado que ainda vivia, seu local de nascimento. Ele nasceu em um pequeno país na América do Sul chamado de Grevacha, na Vila de el Sol. Tinha origem alemã e hispânica, porém não conhecia a Alemanha nem seus parentes nativos de lá, além de poder se encontrar com a temível Franziska Von Karma.

Decidiu que iria para Grevacha, procurar consolo de uma de suas tias, que sempre o apoiara, Belita Rosário.

Tudo foi pensando e planejado naquela mesa, porém teria de pensar em um visual, ninguém poderia o reconhecer antes de chegar lá.
Foi para seu quarto, encontrou uma boina antiga cinza, que utilizava na época de seu colégio mas ainda lhe servia. A pos na cabeça e foi novamente para o espelho se ver. Seu cabelo não era mais visível, mas suas lentes eram extremamente chamativas, um grande problema.
Voltou a seu quarto e se lembrou de que na época ele tinha duas escolhas, as lentes ou um óculos específico. Por sorte na época também havia escolhido os dois, porém utilizou as lentes por dramatização de sua vingança.
Enquanto lembrava disso ria de sua tolice. Retirou suas lentes, tudo escureceu em sua volta, era um terror e com os óculos na mão colocou os e sua visão voltou. Continuava com o problema de vermelho em um fundo branco, mas não podia fazer muito sobre isso. Tinha junto dele um colete azul marinho também, o vestiu. Estava com o visual bem mudado.

Apenas havia mais dois problemas, sua cicatriz e sua identidade. Por sorte tinha alguns contatos que poderiam fazer esse tipo de trabalho, contatos de antes de se tornar um advogado. Com a ajuda desses colegas conseguiu criar uma nova identidade. Herman Van Housen, Detetive Particular. A ferida seria um acidente de trabalho em que teve uma briga com um suspeito e este mesmo retirou a faca e lhe cortou o rosto. Tudo parecia pronto, entretanto já haviam se passado 2 dias.

Conseguiu um passaporte, arrumou suas bagagens e não perdeu tempo.
Já dentro do avião, tentava esquecer de todo o passado e criar uma nova persona, tentava criar Herman.

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