Amígdala

Recrutamento

O salão estava envolto em silêncio, interrompido apenas pelo zumbido distante dos Aracuãs patrulhando os céus. Lea observava pelas janelas empoeiradas de seu tribunal enquanto a luz crepuscular lançava sombras sombrias sobre os prédios em ruínas lá embaixo. Desde a pandemia global e o colapso econômico, as cortes haviam surgido como os novos mestres do mundo, governando com punho de ferro em nome do Centro.

O toque estridente da campainha cortou o ar quieto, fazendo Lea pular de susto. Ela percorreu o olhar para a porta, seu coração batendo forte no peito. Do outro lado, dois agentes do Centro uniformizados escoltavam o juiz supremo, durante o caminho olharam para ela com expressões imperturbáveis.

- Todos de pé. - bradava o mais alto dos dois, segurando um tablet eletrônico. - Jovens cidadãos das Américas, - começou ele, sua voz firme ecoando pelas paredes, - hoje vocês têm a oportunidade de se unir à gloriosa Corte das Américas e servir ao nosso país com dedicação e honra. Vocês foram escolhidos para este serviço crucial, para proteger e fortalecer nossa grande nação.

Ele pausou, seus olhos percorrendo a multidão enquanto a seriedade da ocasião pairava no ar.

- Antes de começarmos, peço que todos vocês se levantem e prestem juramento de lealdade à Corte das Américas. Repitam após mim.

Os jovens recrutas se ergueram, suas vozes em uníssono enquanto repetiam as palavras do juramento com o punho fechado diante do peito.

- Eu juro solenemente minha lealdade à Corte das Américas, à sua autoridade suprema representada pelo Centro. Prometo servir com diligência e coragem, defender os interesses e valores da nossa nação, e nunca falhar em minha devoção à segurança e estabilidade da Corte das Américas.

O general olhou para eles com um olhar severo e concluiu:

- Que este juramento os guie e fortaleça em suas missões. Que a lealdade à Corte seja sua bússola neste mundo desafiador.

Lea engoliu em seco, seu estômago se revirando. Ela sabia o que isso significava. Ela seria escolhida para se tornar mais uma peça no jogo do Centro, uma máquina de guerra controlada pelo governo.

A seção de seleção dos recrutas era realizada em uma grande instalação militar, onde os jovens eram reunidos em um salão espaçoso, iluminado por luzes brancas e equipado com estações de processamento biométrico de última geração, a CERBERUS.

Ao entrar na sala, Lea e os outros recrutas foram recebidos por oficiais uniformizados que os instruíam a seguir para estações designadas.

Cada estação estava equipada com scanners biométricos avançados, que realizavam verificações detalhadas dos dados dos candidatos, desde impressões digitais até registros de saúde e informações genéticas.

Enquanto aguardava sua vez, Lea observava nervosamente os outros jovens ao seu redor. Alguns pareciam determinados, outros apreensivos, mas todos compartilhavam a mesma expressão de resignação diante do inevitável. Quando chegou sua vez, Lea se aproximou da estação designada, onde um técnico uniformizado a cumprimentou com um sorriso mecânico.

- Por favor, coloque sua mão aqui para a verificação biométrica, disse o técnico, indicando um scanner na mesa à sua frente.

Lea estendeu a mão, sentindo um calafrio percorrer sua espinha enquanto o scanner capturava suas informações.

Enquanto isso, um jovem de cabelos escuros estava em uma estação próxima, passando pelo mesmo procedimento com uma expressão tensa no rosto como se soubesse de algo. Seus olhos se encontraram e uma onda de cumplicidade os envolveu.

Depois que as verificações foram concluídas, os recrutas foram conduzidos a uma sala de espera, onde aguardariam os resultados finais da seleção.
Lea sentou-se em um banco desconfortável, o coração martelando em seu peito. Ela sabia que aquele momento determinaria seu destino.
Após uma espera angustiante, os recrutas foram convocados um por um para receber os resultados. Quando chegou sua vez, Lea se levantou e seguiu um oficial até uma sala separada, onde seu destino final seria revelado.