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PARTE DOIS: OCEANOS

“Nós escondemos nossas emoções sob a superfície e tentamos fingir, mas parece que há oceanos entre você e eu.”

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Sabe aquela sensação de ser o aluno novo na classe que já estuda junto faz anos? Era assim que Gael estava se sentindo.

Por mais que ele fosse o aluno extrovertido e que facilmente arrumasse um grupo para se encaixar, sempre tinha aquela sensação apavorante de colocar os pés em um lugar completamente desconhecido.

Quando aconteceu a briga entre ele e Dante, o policial ainda morava na casa dos pais, o primeiro pensamento de Gael foi que ele nunca imaginaria que se sentiria um estranho na casa de alguém que parecia mais estranho ainda para ele e que um dia já foi seu melhor amigo.

A decoração era básica, sem nada muito extravagante, em tons de cinza, preto e branco, dava para notar que Dante tinha gasto um bom dinheiro com os móveis, pela qualidade deles, havia o hall de entrada e depois a sala e a cozinha americana, um banheiro, escritório e área de serviço no térreo, além de uma porta que levava ao quintal. Gael descobriu tudo isso no futuro, quando estava bisbilhotando.

No momento em que entrou na casa, não teve tempo de prestar muita atenção nos detalhes, porque latidos se fizeram presentes, acabando com o silêncio constrangedor entre os dois humanos que estavam ali, um vira-lata entrou pela porta que levava ao quintal, apressado e deslizando um pouco as patas pelo piso de madeira.

Gael arregalou os olhos quando percebeu que o cachorro corria em sua direção, nem teve tempo de desviar antes que o cachorro pulasse em seus braços, sujo de lama e deixando as marcas de pata na camisa branca.

- Mas que porra... - Ele começou a dizer, porém, parou quando o caramelo começou a rosnar e latir mais ainda, mostrando os dentes.

Dante observou aquela cena e quis rir daquilo tudo, Melo não era agressivo, era até o cachorro mais mole que o policial já conheceu, tinha medo de lagartixa e barata.

- É... acho que eu preciso de uma ajudinha aqui. - Gael diz encostado na parede e lançando um olhar apavorado para o dono da casa.

Dante teria que deixar para rir outra hora, no momento, ele assoviou para o animal e se aproximou, pegando-o no braço mesmo que não fosse um filhote.

- Melo, para com isso! Não sei o que deu nele.

Espera, o que?! O nome do cachorro é Melo? Que tipo de nome é esse? Gael pensou.

- Vacina de raiva tá em dia? Vi minha alma sair do corpo.

- Meu cachorro tá com todas as vacinas em dia, viu?!

- É bom mesmo. - Gael diz enquanto tenta limpar a sua camisa e perdendo o olhar mortal que Dante lançou para ele.

- Vou te mostrar o quarto, para você levar suas coisas.

Gael lembra que deixou as malas largadas no meio do caminho, e provando que um dia ele conheceu Dante, sabe que o mesmo odeia bagunças e coisas fora do lugar.

Eles subiram a escada e o policial apontou a porta do quarto, para a felicidade de Gael, Melo tinha ficado no andar de baixo.

A porta foi aberta e o traficante entrou com suas malas, virando para ficar em frente ao seu ex-amigo.

- Obrigado viu, por me deixar ficar aqui, tô te devendo. - Ele disse todo sem jeito.

- Já tá tarde e eu tenho que acordar, você pode conhecer a casa amanhã, o quarto não tem cama mas tem colchão inflável, tem toalhas e lençóis no armário, produtos de higiene no banheiro, pode usar qualquer coisa da casa, mas não deixa nada sujo e fora do lugar.

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