𝟒𝟕 | 𝐍𝐎 𝐇𝐎𝐒𝐏𝐈𝐓𝐀𝐋

Začít od začátku
                                    

Minha irmã ergue a cabeça para encarar Veiga e aceita de bom grado a água que lhe oferece.

— Obrigada — ela agradece, pegando a garrafinha com os dedos trêmulos e dando um gole de água.

Veiga oferece um sorriso fraco em retribuição, dá para ver que ele ficou mesmo preocupado. Até que ele não é tão filho da puta assim.

Ele veio assim que soube que a Luanna estava no hospital. Nem viajou com o restante da equipe de volta pra SP. Simplesmente abandonou o time e veio pra cá, fez exatamente o mesmo que eu. Aliás, nós dois ainda estamos com os uniformes dos nossos times. Os uniformes do jogo de poucas horas atrás.

— O que o médico te falou? — Veiga me pergunta, pela milésima vez. — Talvez a gente já possa correr atrás dele.

— A Luanna ia fazer exames — é o que consigo dizer, estou tentando não pensar muito nisso porque sempre que penso, o pior vem na minha mente e eu estou ficando maluco em imaginar a Luanna tendo um aborto.

— Mas já faz quanto tempo?

— Não sei, mais de meia hora.

— Se fosse algo sério, nós iriamos saber, né? — Pergunta a outra pessoa que nos acompanha aqui na sala de espera. Eu ainda não havia sido apresentado para ele, mas esse que fala é o Ryan. Melhor amigo da Luanna e flamenguista, ou seja já gostei dele. — Eles iriam dizer se algo muito sério tivesse acontecido.

— Depende do quão sério seja — Veiga fala com os braços cruzados, mas dá para notar que ele está se contendo pra não entrar em pânico.

O cara consegue ser contido em situações sérias, reparei nisso quando a gente brigou mais cedo. Aliás, essa briga foi jogada pra esquecimento depois da situação da Luanna. Esquecimento pra gente apenas, pois Fabinho já me ligou perguntando que porra eu tinha na cabeça quando pensei em brigar com o ex da minha namorada. Instagram, Twitter e toda essa palhaçada estão uma loucura.

Bom, foda-se. Isso nem importa mais. A única coisa que importa é a saúde da Luanna e do nosso filho.

— Ok e em qual grau de seriedade nós devemos nos preocupar? — Pergunta Ryan, olhando especialmente pra Veiga pois a calma dele faz todo mundo pensar que ele sabe das coisas, mas a verdade é que não sabe de nada.

— Também não sei.

Todo mundo se cala depois disso. As bocas quietas, mas as mentes falantes e nesse momento eu não queria que minha mente falasse tanto. Eu só queria que ela estivesse vazia.

O silêncio que havia se prolongado entre nós é quebrado segundos depois quando a voz de um moleque chama a nossa atenção.

— Não, mãe — Viramos a cabeça ao mesmo tempo para encarar Lucas ao telefone. — Ainda não sabemos... Acho que sim, né? E eu lá entendo de gravidez? Não... Não, mãe, fica de boa... Não precisa vir... Manda o Gustavo tomar no cu... Desculpa o palavrão... 'Tá bom, mãe, vou orar... Fala pro Gustavo se acalmar... Quê? A Sarah que sabe... 'Tá... 'Tá bom... Eu aviso, sim... Mas 'tá tudo bem... Tchau... também te amo.

Ele desliga a chamada e repara em nossos olhares curiosos, logo tendo o dever de se explicar mesmo sem precisar verdadeiramente:

— Minha mãe 'tá querendo vir pra cá — ele diz, suspirando e sentando ao meu lado. — Gustavo 'tá assustado pra cacete, mas a Sarah tranquilizou todo mundo falando que sangramentos são comuns. A gente só deve se preocupar quando forem constantes e as dores intensas.

Suspiro, de certa forma aliviado por ouvir isso, afinal Sarah está grávida e não tem ninguém que entende mais do que ela nesse momento, além dos médicos, é claro.

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