Dante assim que teve seu sorvete entregue, desviou o olhar para Beatrice e César e sorriu cansado antes de voltar para a mesa.

  — E vocês, pombinhos? Que tal uma taça pro casalzinho dividir? — Balu perguntou achando uma graça a reação de César que tinha os olhos esbugalhados e a tonalidade de um pimentão.

  — N-nós n-não...!

  — V‐vamos ter que rejeitar, senhor Balu. — Beatrice constatou calma, mas era possível notar a coloração avermelhada do seu rosto. — Eu vou querer uma casquinha de castanha e maracujá. E você, César?

  — U‐uma casquinha de doce de leite. — O Cohen disse com a voz baixa e o rosto abaixado, evitando ao máximo em olhar Beatrice.

  O cabeludo tinha diversas perguntas rondando na sua cabeça: quem, como, por que, o que, onde, quando... A última vez que se sentiu assim biruta foi quando seu pai trouxe o computador no natal e abriu o Kill Combat pela primeira vez na vida.

  Assim que os últimos dois receberam suas casquinhas, agradeceram ao sorveteiro boca grande e voltaram para a mesa. César continuou totalmente calado, apenas lambendo o seu sorvete enquanto ouvia a conversa dos outros, sem vontade de realmente se aprofundar no assunto.

  — Bea, Bea! — Erin chamou animada, voltando para a mesa depois de pegar outro picolé de limão. A Portinari olhou para a amiga e indicou com a cabeça para que ela continuasse. — Tua mãe arranjou alguém pra ficar na floricultura?

  — Sim, sim. — Beatrice assentiu. — É um moço chamado Gonzales. Ele fica na loja enquanto minha mãe faz as entregas, acho ele um fofo.

  — Sem mais rodízio de irmãos? — Arthur perguntou divertido e a Portinari riu.

  — Sem mais rodízio. — Ela confirmou.

  — Felicidade para alguns e tristeza para outros. — Joui resmungou mal humorado e Dante se encolheu um pouco na cadeira, terminando de comer a casquinha que já derretia.

  — Credo, Joui-san! Até parece que alguém iria conseguir odiar esse rostinho fofo! — Erin exclamou enquanto apertava as bochechas de Beatrice com as duas mãos, fazendo um grande bico. — Não concorda, César?

  O Cohen olhou o rosto espremido da Portinari e sua expressão dolorida mas ainda sim risonha; observou os lábios entreabertos da mais nova, eles estavam um pouco ressecados, mas nada que se comparasse a boca toda machucada do moreno. Ele subiu o olhar para o nariz dela, apertado entre as bochechas, mas ainda lustroso; até chegar em seus olhos. César não gostava de olhar nos olhos das pessoas, era constrangedor e até mesmo intimidante, mas os olhos de Beatrice eram... Convidativos. O tom castanho claro realçava a pupila, além dos minúsculos desenhos nas íris que se assemelhavam a montanhas.

  Antes que pudesse se quer pensar em formular uma frase ou pelo menos entender o que a ruiva havia dito, sua visão foi tampada pela a mão de Arthur que abanava na sua frente. O Cohen desviou o olhar para o mais baixo imediatamente e arregalou os olhos percebendo o que estava fazendo.

  — Tava quase babando. — Arthur sussurrou para o garoto que estava mais pálido que o normal.

  Dante tinha os olhos cerrados, não como em desaprovação, mas sim por não entender nada do que acontecia. Beatrice se virou para o irmão e sorriu sem graça com os olhos exageradamente abertos, mas o loiro ainda não entendia o que tinha acontecido.

  Depois de mais alguns minutos de conversa os adolescentes se despediram e foram para casa. Assim que César chegou em casa, tomou um banho e trocou de roupa, se sentou no sofá e olhou para as aquilégias – agora em um vaso – que Beatrice havia lhe enviado.

Ah, Meu Pobre Coração!Where stories live. Discover now