Capítulo 51 - Mês 7

2.7K 337 50
                                    


Minha mãe parecia bem melhor desde a última semana. O rosto estava menos abatido e o sorriso aparentava confortável em sua face. Debati internamente sobre vir ou não, no final, meu senso de dever foi maior do que o meu ego. O apoio de Lucca também foi fundamental para que eu conseguisse pisar aqui de novo.

Aperto a sua mão e caminho junto a ele na direção da mulher que me deu a vida. Noto quando os seus olhos descem para as nossas mãos unidas. Seja o que for que pensava, não deixou transparecer.

- Que bom que você veio. - Ela me puxa para si. - Obrigada.

- Tudo bem. Como você está?

Repentinamente me veio a lembrança de que por anos ela escutava frequentemente dos nossos vizinhos e parentes que nenhum de nós a puxaram. O seu cabelo loiro, olhos azuis escuros e grandes demais para o seu pequeno rosto foi absolutamente desprezado por todos os seus filhos. 

- Melhor. Seu pai está se recuperando bem, ele está consciente.

- Isso é bom. - Digo desconfortavelmente. Não lembro mais como é me sentir cômodo com minha mãe. - Esse aqui é o Lucca, meu namorado.

Os olhos dela passam para Lucca, um sorriso amigável a mostra.

- Olá. Prazer conhecer a senhora.

- Prazer conhece-lo também, Lucca.

Esse é um momento que eu nunca achei que aconteceria, minha mente ainda estava situando o esse cenário que achei ser utópico.

- Você deveria ir vê-lo, suas irmãs devem chegar mais tarde, Lian irá trazer as crianças.

Olho para Lucca, ele sorri me dando encorajamento. Quando sinto sua mão em minha nuca, massageando a área, tento criar coragem para entrar no quarto. Procuro resposta em Lucca, mas seus olhos castanhos não me diziam muita coisa.

- Tudo bem. - Ele sussurra.

Assim que a porta se fecha atrás de mim, entro em um certo transe. Meu pai parece mais velho, mais pálido e menor. Nada do homem grande e imponente de que me lembro. Seus olhos, os quais eu puxei, focavam em mim, mas diferente da sua mulher, ele não sorri.

- Patrick. - Diz após longos segundos encarando um ao outro.

- Oi. Como você está?

- Com dor. Minhas pernas doem, meu corpo velho e cansado já não sustenta muita coisa. - Aceno, porque não sabia o que falar. Eu queria sair daqui o mais rápido possível. - Você cresceu.

Seguro uma risada sarcástica, eu não estava aqui para enfrenta-lo.

- Eu sei que você me odeia.

Não respondo. Não seria necessário confirmar algo que ele já sabe.

- Estar perto da morte não me fez ver que errei com você, mas eu sou um homem muito rancoroso. E você sabe que sou apegado ao que acredito.

Dessa vez não consegui esconder o meu descontentamento. Contudo, refreio os meus pensamentos.

- Eu ainda não acho certo o que você escolheu para si mesmo. Mas eu entendo agora que não posso desrespeitá-lo como eu fiz.

- Eu não escolhi, aconteceu. Você não escolheu se apaixonar pela minha mãe. Ou o fez?

- Não é a mesma coisa, Patrick. - Sua voz severa me leva de volta aos quatorze anos. Retrocedo ao corpo e à mente inocente que, durante certos minutos, achava que os seus pais o aceitariam antes de soltarem as palavras maliciosas.

Beije-me da forma como quer ser amado (EM BREVE NA AMAZON)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora