Olhos de amor

Capítulo 14

JOSH BEAUCHAMP

Estar aqui com Any me deixa feliz.

Ela me deixa feliz.

Nunca me senti assim com ninguém, ninguém mesmo. Depois que Sofya morreu eu esqueci tudo a minha volta, tudo mesmo, me afundei na bebida e nas drogas, cheguei ao ponto de bater em Sina. Não foi de propósito, mas fiz, fiz e me arrependo todos os dias.

Depois que deixei o braço da minha irmã sangrando, prometi a mim mesmo que nunca mais ia colocar uma gota de álcool na boca e estava cumprindo essa promessa. Iam fazer quatro anos que não bebo e nem uso drogas. Mas não sei o que aconteceu, a frieza de Any me tocou de um jeito horrível e a única saída que encontrei foi a bebida. Péssima saída, meus três bens mais preciosos estão com raiva de mim e eu não as culpo, eu era outra pessoa quando bebia.

Any: Josh...? - faço um som com a boca a mandando continuar. - O que te fez querer esquecer? - suspiro.

Nunca falei disso com ninguém, nem mesmo com as meninas, elas podem entender, mas eu não estava preparado para vê-las desabar mais.

Eu sempre tive em mim o pensamento de ser forte por Sina, Joalin e Savannah, nunca chorei na frente delas, nunca me mostrei fraco na frente delas. Sempre pensei que eu devia ajudar elas, mas nunca deveria ser ajudado por elas. Elas sempre fizeram de tudo por mim, mas nunca pensei em mostrar nenhuma fraqueza. Não suportaria que elas me vissem vulnerável.

Desde que ficamos sós no mundo, elas corriam para mim, para o meu colo quando estavam tristes, procuravam meu abraço quando estavam felizes, buscavam a mim para enxugar suas lágrimas quando choravam e até mesmo ficavam grudadas comigo quando estavam nos dias vermelhos.

Cheguei cedo no assunto feminilidade por causa delas, quando as mesmas menstruaram pela primeira vez entraram em desespero achando que estavam morrendo, tive que procurar amigas que já haviam menstruado para dizer a elas o que fazer e depois explicar pra mim porque elas sangram. Sabina, Heyoon e Hina foram de grande ajuda, sempre me tiraram dúvidas sobre o universo feminino para que eu conseguisse cuidar melhor delas.

Josh: Any, eu te contei que só sou eu e minhas irmãs, não é?

Any: Sim.

Josh: Bom, tínhamos mais uma irmã. A Sofya, ela era um ano mais nova que as meninas. Nossa mãe morreu quando éramos pequenos e aí meu pai afundou no mundo das bebidas e das drogas, em um ano ele acabou com nosso dinheiro quase todo para pagar seus vícios. Eu tive que fazer alguma coisa, amadurecer. Comecei a trabalhar cedo para colocar comida na mesa e não deixar minhas irmãs morrerem de fome, eu não tinha noção alguma do que acontecia enquanto eu estava fora. Saia de manhã para a escola onde tínhamos bolsa, quando as aulas acabavam eu deixava elas em casa sob supervisão de uma vizinha e ia fazer picos, limpava parabrisas no sinal, trabalhava em uma loja de conveniência o resto do dia e com isso conseguia comprar pelo menos arroz e feijão pra elas comerem, o meu chefe também me dava os alimentos que estavam perto da validade e graças a isso elas podiam comer alguns pacotes de biscoito por mês. Eu sabia que meu pai era um traste, mas não sabia que a esse ponto.

Any: O que ele fez? - ela pergunta baixinho e eu engulo o nó na minha garganta.

Josh: Vendeu a Sofya pra pagar uma dívida de drogas dele. - ouço seu gritinho surpreso. - eu não seu onde ela está, mas se conheço bem o tipo de pessoa que eram aquelas que a levaram, ela não está viva e nem deve se lembrar de mim. Éramos muito novos.

Any: Josh, eu sinto muito mesmo.

Josh: Já passou. - me viro a tempo de ver ela se aproximando.

Ela coloca uma mão no meu rosto fazendo carinho.

Any: Chora. Por favor, chora, grita, faz o que quiser, só libera essa mágoa dentro de você.

Essas palavras foram o suficiente. Comecei a chorar. Chorar muito.

Any me abraçou sem dizer nada, apenas me aconchegou em seus braços e beijou meu cabelo enquanto eu colocava toda a raiva, ódio e tristeza dentro de mim para fora.

Sofya não tinha culpa. Minha irmãzinha não merecia aquilo.

Ela foi vendida pra pagar o vício do desgraçado que infelizmente é nosso pai. Aliás, era. O matei assim que tive chance.

Any: Calma, loirinho. - sinto um beijo ser depositado em minha testa. - eu estou aqui. - ela sussurra.

Soluço tentando me recuperar mas o que vem é um choro mais forte. Eu queria que Sofya ainda tivesse vida. Queria que ela estivesse aqui conosco. Comigo.

...

Eu tenho uma fic concluída e duas q eu tô escrevendo, tô pensando em postar a apresentação e o cast delas. Mas eu não sei... pq ultimamente o perfil tá escasso de fics.

Oq acham???