Esquadrão Z

CAPÍTULO UM

   Os últimos raios de sol do dia entravam pelas enormes janelas do escritório situado em Ipanema. Dali do décimo segundo andar era possível ter uma bela visão de uma das praias mais famosas do mundo, agora estranhamente vazia. As seis figuras sentadas em volta da mesa retangular de mogno encaravam a sétima, em pé, do outro lado da sala. O edifício em si não era propriedade do governo e muito menos ideal para uma reunião de cunho governamental, mas era o mais perto para os presentes, afinal quatro dos indivíduos sentados moravam nas redondezas.

   "Vocês querem o quê?", perguntou o mais velho deles, Dante. Não que ele não tivesse entendido o que fora dito, as palavras na verdade foram altas e claras. Essa foi a sua maneira de manifestar que não acreditara no que disse o homem de terno empertigado na outra ponta da mesa – e também foi seu jeito de quebrar o silêncio sepulcral que tomou conta da sala após a fala do mesmo homem.

   "Sei que não existe jeito sutil para falar isso, mas precisamos de vocês. O país precisa de vocês!", declarou Raul, o Ministro da Defesa, encarando os seis presentes. Ele então repetiu sua fala que iniciou a reunião. "Queremos que vocês formem um time de heróis para combater os zumbis".

   Ele esperou mais um momento para que todos compreendessem o que disse.

   "Bem, deixe-me explicar", Raul então continuou. "Vocês, assim como o mundo todo, sabem muito bem que essa maldita infecção começou e rapidamente se espalhou por quase todo o estado de São Paulo. Por sorte conseguimos deixar o estado em quarentena, e até que estamos enfrentando bem esses monstros, porém o país todo segue em estado de choque. Precisamos de heróis para mostrar ao povo que a nação está segura e que estamos dando a volta por cima".

   Sim, os mortos-vivos eram uma realidade. Ninguém sabia ao certo como começou, mas especula-se que os primeiros foram vistos na capital do estado. E como o próprio Ministro dissera, a infecção rapidamente se espalhou, do litoral ao interior de São Paulo. Em quatro semanas barricadas estavam montadas em torno do estado, com soldados do exército armados até os dentes. Uma gigante quarentena para impedir que os zumbis e o vírus se espalhassem país adentro e novas vítimas fossem feitas.

   O mundo parou em estado de choque, mas não mais que o próprio país. Nada mais além da infecção era falado nos programas televisivos ou nos jornais. Escolas foram fechadas, pessoas trancaram-se em suas casas e não compareciam ao trabalho. Mercados e lojas foram saqueadas para garantir suprimentos nas residências. Grande parte da população tentou fugir, mas por precaução e contenção, os aeroportos não mais estavam fazendo viagens internacionais, apenas levavam passageiros para cidades mais longes possíveis da quarentena.

   Porém não eram somente as fronteiras do estado de São Paulo que estavam sendo fortemente vigiadas. Exércitos de países vizinhos tiveram que proteger os limites de suas nações para impedir que as pessoas fugissem pelas fronteiras.

   Essa era a peste negra do século XXI.

   Nos primeiros dias de infecção o país ficou em completo caos. Mas conforme o tempo passou e nenhum monstro sequer fora visto em outro estado, a população fora se acalmando. Ela agora apenas tentava se distanciar de São Paulo ou ficava trancada em casa, acompanhando tudo e exigindo uma solução rápida.

   A solução já estava em prática. Os mortos-vivos, uma hora ou outra, atraídos pelo barulho ou cheiro, encontravam as barricadas, e eram facilmente massacrados pela forte artilharia. Um grande número do exército de zumbis já havia sido exterminado na fronteira, que popularmente ficou conhecida como Limite, mas não era o suficiente. Sendo São Paulo o estado mais populoso do Brasil, o número de zumbis também seria grande. Assim também como o de sobreviventes. Unidades do exército foram enviadas para algumas cidades para não só combater os monstros, mas também resgatar grupos de pessoas que estavam resistindo ao terror.