Trombada

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                    Acordei cedo, eram quatro e meia da manhã quando o despertador do celular tocou e levantei relutante da cama pois noite passada não consegui pregar um olho sequer. Estiquei os braços assim que passei pela porta do quarto e soltei um bocejo demorado.

            Ainda meio tonta cambaleei até a cozinha, tropeçando em uma cadeira ao dar a volta na mesa para sentar no meu lugar de costume.

            Meu pai colocou um prato de mamão descascado e picado em cubinhos à minha frente, depois foi até a geladeira e voltou com uma garrafinha de iogurte de coco pegando uma colher ao passar pelo armário que fica debaixo da pia.

- Bom dia! – disse ele me dando um beijo na testa.

- Bom dia pai... – eu iria precisar de dinheiro para o almoço, e achei que essa seria a hora perfeita para pedir – então, é que eu...

- O que você precisa? – esse é meu pai, sempre disposto, sorridente, esperto. Às vezes um tanto bravo, mandão e inconveniente, mas muito mão aberta. Se eu precisar pedir dinheiro, certamente peço para ele, porque minha mãe, completamente oposta, resiste em dar qualquer centavo que for.

Diferente das mulheres normais ela odeia gastar, obviamente ela adora compras, mas só quando aquela loja (que já é barata) entra em super liquidação.

- Dinheiro para o almoço – falei depois de mastigar uma colherada de mamão ao iogurte.

- Quanto? – Ele perguntou indo pegar sua carteira em cima do balcão.

- Vinte está bom, eu acho... – assim que terminei de falar ele estendeu quatro notas de cinco reais na minha direção e eu as peguei – Obrigada – ele assentiu e foi colocar um pouco de água para ferver – E a mamãe? – perguntei colocando a louça na pia.

- Dor de cabeça – eu não fiquei nem um pouco surpresa com essa resposta, essa dor de cabeça já habitual em minha mãe, vive visitando-a, se ela fosse uma pessoa com vida fora da cabeça da minha mãe, eu a consideraria da família.

No banheiro eu me olhei no espelho e me desesperei ao ver o quão horrível e descabelada eu estava, tudo o que eu queria hoje era causar uma boa impressão.

Escovei os dentes, lavei o rosto e comecei a pentear o cabelo, mesmo sendo liso e agora curto, continua rebelde, cheio de volume e frizz então peguei a chapinha e passei mecha por mecha tendo menos trabalho do que o de costume quando o cabelo ainda era comprido.

Desistindo do cabelo quando achei que era impossível para ele melhorar ainda mais, peguei minha camiseta favorita, ela tem uma estampa em preto sobreposta ao pano branco que eu amo, ela mostra Romeu & Julieta em um beijo apaixonante, peguei a primeira calça jeans que vi, por último passei pela primeira vez um batom vermelho e coloquei o tênis (se eu tivesse educação física pelo menos já estaria preparada).

Bem não sei se com todo mundo é assim, mas na maioria das vezes quando você quer muito chegar num lugar, ou você se atrasa ou chega lá extremamente cedo, dessa vez não foi diferente, depois de passar uma maquiagem bem leve, tive que pegar minhas coisas e sair correndo de casa, eu já estava atrasada para sair, acho que o processo de embelezamento demorou mais do que o previsto.

Fiz o máximo possível para me manter em silêncio dentro do carro com meu pai enquanto ouvi uma música completamente desconhecida no rádio, tentei realmente prestar atenção, mas ele não consegue ficar quieto nem um segundo.

- Ansiosa?

- Com certeza, pai.

- Imagino... Bem, sua mãe pediu que eu lhe dissesse algumas coisas...

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 14, 2014 ⏰

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