Capítulo 1

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A ideia da máquina do tempo fora concebida por Lars Bennet e Samuel Johnson, antes dos nascimentos de seus respectivos filhos, Bruce Bennet e Scott Johnson. Parecia uma ideia louca na época, mesmo os dois amigos sendo cientistas renomados e respeitados. Uma máquina do tempo... Isso era coisa de filme de ficção científica. A realidade era bem diferente. É claro que a tecnologia evoluíra muito, cada vez mais dinâmica, mais em tempo real e mais acessível também a todos. Mas viajar no tempo ainda era um sonho. Apenas um sonho, afinal desafiava as leis da física, a lógica, sem contar que se caso obtivessem sucesso, a linha temporal sofreria consequências. Era muito improvável que mexer no tempo, nos seus acontecimentos, não trouxesse alguma turbulência, alguma mudança significativa na vida de muitos.

Era tudo muito arriscado.

Mas Samuel Johnson e Lars Bennet ousaram sonhar. Ousaram tornar o que era ficção em realidade. É claro que chegaram a ser taxados de loucos quando anunciaram sua ideia na comunidade científica. E tantas críticas e represálias sofreram que decidiram continuar o projeto às escondidas. Para o mundo científico, eles haviam desistido da ideia de viajar por presente, passado e futuro, mas a realidade, em um grande porão na casa de Johnson, uma casa como todas as outras, de classe média, em um bairro tranquilo, a máquina do tempo estava em projetos, slides, peças e nas imaginações daqueles homens.

O projeto oscilava entre o caminhar a pleno vapor e a passos lentos. Tudo dependia de acordo com o fluxo de caixa. Como não havia patrocinadores além deles próprios, nem sempre havia verba o suficiente para algo tão ambicioso. Uma máquina do tempo em construção demandava tempo e dinheiro. Muito dinheiro.

Por sorte, Bennet tinha uma situação econômica melhor do que a de Johnson. E isso ajudava a acelerar mais o processo. Mas, além disso, ambos tinham família e precisavam também dividir seu tempo com elas.

Uma família que foi aumentando.

Bennet se casou com Eva e teve um único filho: Bruce, um garotinho branco, cabelos negros, olhos castanhos e que era muito sorridente. E o menino o crescera com a mesma inclinação e fascínio pela ciência. Bruce era um gênio da Matemática, dom descoberto quando ele ainda tinha 10 anos. Bruce sempre fora muito precoce. Logo o menino foi aceito nos melhores colégios e posteriormente, faculdade. Bruce era o orgulho de Lars e Eva.

Johnson também veio a se casar uns dois anos depois do amigo. Samuel uniu-se à Patrícia, tendo dois filhos: o primeiro foi Scott, um garotinho tímido, mas muito carinhoso, que como o pai, também amava a ciência. E se Bruce era um gênio da matemática, Scott era um gênio de física e química. E isso desde os 8 anos! Era incrível a capacidade que o garotinho tinha para resolver qualquer tipo de fórmula intricada, deixando abismados até os sábios de Harvard. Scott fora disputado por várias faculdades, mas Harvard fora sua escolhida. Ele gostava daquele lugar.

Quando Scott ainda era criança, 10 anos, sua mãe, Patrícia, engravidara novamente. Deu à luz a uma menina, Ângela, mas a garotinha veio a falecer alguns meses depois, dormindo. Patrícia ainda tentara engravidar algumas vezes, sem sucesso. Scott acabara desistindo, porque achava que era uma obsessão de Patrícia, querendo substituir a filha morta. E fora aí que as brigas começaram. Samuel se trancara cada vez mais em seu laboratório, em suas fórmulas, em seus projetos e Patrícia ficava mais e mais amargurada. Até que um dia ela fez as malas e foi embora. Scott nunca mais a vira, mesmo que ela, em suas cartas, houvesse prometido que eles voltariam a ficar juntos. Patrícia se casara novamente, tivera uma filha e fixara residência na Suíça.

Então Scott prometera a si mesmo nunca se envolver seriamente com ninguém.


Perdido no TempoWhere stories live. Discover now