Prólogo

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Seu avô a chamou para uma conversa que lhe pareceu ser séria, havia chegado a hora de ela conhecer sua missão. Eles deixaram os convidados e se recolheram no quarto dela. Então ele contou sobre os dois mundos:

“Hoje você completa 18 anos e tenho o dever de lhe passar uma tarefa muito importante. Existem dois mundos interligados por portais, dois mundos que coexistem. Esses mundos são esse em que vivemos, o mundo dos vivos; e o outro mundo, o mundo dos mortos, espíritos e outros seres. Seres superiores e inferiores. Vários guardiões em todo lugar protegem esses portais para que pessoas não o cruzem fora de hora. Cada portal leva a uma ponte e essa ponte leva ao outro mundo, o portal só se abre ao anoitecer e ao amanhecer a ponte deixa de existir. Quando ela deixa de existir quem estiver nela também deixará, pois se não a cruzou a tempo é porque não deveria estar ali. Há portões separando a ponte e o outro mundo, guardiões irão barrar pessoas vivas nesse portão para que não entrem no mundo dos mortos. É impossível uma pessoa viva cruzar os portões a não ser que esteja intoxicada ou muito doente e se o fizer terá pouco tempo para estar ali, pois mesmo não estando totalmente viva a pessoa também não esta morta e portanto logo morrerá. Se isso acontecer apenas deixará de existir pois não entrou no mundo no momento certo. E esse é o dever dos guardiões de portais: fazer com que as pessoas o cruzem na hora certa. Você é uma guardiã, foi escolhida há muito tempo. Veja este livro e este medalhão. Enquanto usar este medalhão será reconhecida por qualquer ser do outro mundo como guardiã do portal. Cada vez que esse livro for aberto após o por do sol um portal se abrirá. Mas cuidado! Você não tem como prever onde irá se abrir. Poderá fazer isso apenas após estudá-lo muito. Enquanto usar o livro de dia será apenas um material de estudo sobre os mundos. Use-o com cuidado.”

Ao terminar entregou o medalhão e o livro para a neta perplexa a sua frente. Ela pareceu confusa, com medo e fascinada. Pegou os dois objetos nas mãos e os admirou por um tempo antes de olhar de volta para o avô.

_Mas porque eu? Como o senhor tem esse livro?.. – mas ela foi interrompida pelo avô que apenas disse que iria compreender no momento certo e recomendou que estudasse o livro durante o dia.

Ela fez que sim com a cabeça, guardou o livro em cima do guarda-roupa e pendurou o medalhão no pescoço.

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DEZ ANOS DEPOIS

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_Espera, já volto – ela correu até o quarto e pegou a caixa que estava em cima do guarda-roupa com agasalhos. Pensou melhor e resolveu que iria sem mesmo. Ao colocar a caixa de volta ouviu um barulho, como não viu nada demais apenas voltou para a sala. A porta fechou-se atrás dela. Dentro do quarto, o livro caído no chão abriu-se, as folhas passaram-se rapidamente até parar. O livro brilhou e fechou-se.

_Pronto! Vamos logo, é ultimo dia, o parque vai lotar!

_Quem está atrasada aqui é você, porque voltou?

_Está bem, está bem, vamos!

Na rua ela olhou uma última vez para a janela de seu quarto antes de virar a esquina, como se soubesse que havia algo errado. Estava certa, o parque estava lotado e seria difícil conseguir algo divertido para fazer tão cedo, algumas horas de fila depois finalmente conseguiram ir na montanha russa mais bem falada. De repente tudo parou, o mundo parou e o tempo parou, o brinquedo brilhou de forma muito intensa e da mesma forma como parou voltou a funcionar. Os carros saíram do trilho e seguiram diretamente para uma luz pouco acima do brinquedo. Ao cruzá-la as pessoas se viram numa enorme ponte, em uma das extremidades ainda era possível ver o portal pelo qual havia passado e na outra via-se enormes portões protegidos por dois guardiões. Enquanto todos ao redor buscavam confusos compreender o que havia ocorrido, a garota parecia radiante.

Dois Mundos (Em Andamento)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora