Quinze

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Mudanças. Toda gente tem medo das mudanças que possam acontecer na sua vida. Mudanças, muito geralmente, significam algo mau, negativo. As mudanças tornam-se complicadas porque o ser humano tem medo de cometer erros. A mudança significa ficar sem algo que te é familiar, que é normal na tua rotina. E como o ser humano tenta evitar a dor ao máximo, tenta evitar as mudanças, evitar sair da sua zona de conforto. Habituar-se a uma nova rotina, mudança, demora algum tempo. Habituar-se a não falar com alguém todos os dias porque ela teve de sair da rua vida. Habituar-se a não ter alguém presente para ti. Habituar-se a ter de sentir mágoa. Habituar-se a não rir tão frequentemente. No entanto, esquecemo-nos que é por causa de sair do que nos é familiar que conseguimos grandes avanços com nossas experiências, vivências. Mudanças trazem conhecimento. E o conhecimento traz a averiguação do que a vida realmente é.

26 de Outubro de 2013

Brian Jones

Não sei o que se passou ao certo, mas estou feliz com estas mudanças. Algo em mim despertou, como se alguém tivesse carregado no botão de felicidade sem me avisar.

Tem sido difícil encontrar momentos em que sinto bem. De certa forma criei uma personagem em que mostrava que estava tudo bem comigo, mesmo que não estivesse. Fiquei tanto tempo com essa figura ligada que até eu próprio acreditava que estava bem. A máscara que usava estava colada a mim. Até que ela chegou. Ela chegou e percebi que nada estava bem antes. Eu não estava bem antes.

Eu era uma marioneta controlada pela sociedade. Eu tinha de ser o rapaz perfeito: atleta, bom aluno e namorar com a Karen Wilson. Eu não queria saber o que se passava comigo por que por dentro continuava na fase em que não sentia nada desde o acidente. Eu ainda estava adormecido com toda a dor. Então, não me importava o que se passava ou faziam comigo. Apenas seguia o rumo da humanidade sem me manifestar. Iria continuar a ser um fantoche se não fosse ela. E é por isso que lhe estou internamente agradecido.

A sua cabeça estava encostada no meu ombro assim como as suas pernas estavam dobradas por cima das minhas. Toda ela estava aninhada em mim e era adorável ver como ela dorme. As suas pestanas tocavam no topo das suas bochechas, o seu cabelo estava despenteado - de uma maneira bonita - em volta da sua cara, com algumas madeixas caindo pela minha camisola, os seus lábios rosados estavam entre abertos para poder respirar melhor. É possível haver anjos em forma de humanos?

O filme acabara há algum tempo. Umas horas passaram e já tempo do jantar. Olhei para trás, certificando-me que a mãe de Emma não estava a olhar e voltei a minha posição inicial. As raparigas tinham ido para o quarto da Cassie brincar. Cheguei os meus lábios perto do seu nariz e beijei-o, tentando acordá-la suavemente.

"Emma." Sussurrei, apenas o suficiente para ela ouvir. Ela reclamou qualquer coisa que não percebi e agarrou-se mais a mim, fazendo um sorriso aparecer na minha cara.

"Emma." Voltei a chamar, beijando as costas da sua mão, desta vez.

"Só mais cinco minutos, mãe." A sua cabeça desencostou do meu ombro encostando-a no sofá, ficando posicionada na vertical com o seu suporte. Os seus lábios estavam a chamar por mim e sem pensar duas vezes, beijei-a. Como eu adoro beijá-la. Isto ainda é tudo novo para mim: a maneira como o seu toque me afeta. Provavelmente não deveria estar a fazer isto, mas não tenho culpa, a sua boca estava a convidar-me.

Demorou alguns segundos até que ela respondesse ao beijo e logo dei por mim agradecer por este momento. Ela separou-se de mim, ainda com os olhos fechados, e o seu lindo sorriso invadiu a sua pessoa. Um barrulho de algo metálico ouviu-se atrás de nós e a sua cabeça rapidamente virou-se.

Evanescente (#1 Evanescente série)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora