Prazer em conhecê-lo

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Era um dia nublado de junho. A casa recém reformada parecia sombria. Oliver estava sozinho, sua mãe saiu cedo para encontrar Smith que, até onde ele sabia, ainda era o marido dela. As coisas estavam feias em casa, ele sabia, mas tudo era maquiado para que parecesse estar bem. Não eram permitidas brigas na casa dos Williams. Oliver imaginava que os pais não estavam juntos, porém, com seu posto político, uma separação não seria bem vista pela mídia. A viagem repentina de seu pai para Europa tinha sido mais uma de suas jogadas. Mas, aquilo já não importava mais, em pouco menos de um mês ele estaria indo para faculdade, estudar Direito, que ele não queria, mas era obrigado pelo pai.

A chuva começou a cair e da janela dava para ver seu Jipe 4x4 que ganhara de presente do tio Brian. Que tio era aquele! Sabia tudo sobre ele, se importava de verdade e fazia de tudo para cooperar com a sua felicidade, não sua imagem.

Depois de deslizar pela primeira página do seu Facebook e ver como seus amigos estavam felizes com a faculdade, com suas namoradas e comemorando com sua família, Oliver resolveu chamar Tony, seu melhor amigo, para dar uma última volta pela cidade. Na verdade, eles já tinham se despedido na noite passada, Tony iria mais cedo para CastVille, faculdade dos sonhos de qualquer jovem da pacata cidade de Bowen, mas o amigo não iria recusar mais uma volta.

Oliver procurou seu Motorola V3 e discou o número de Tony. Sem sucesso na primeira tentativa, o jovem tenta mais três ligações e desiste. O amigo deveria estar ocupado com as malas. A única coisa a se fazer era tomar o tradicional chocolate quente da Dora. Como se a governanta tivesse lido seus pensamentos, ela entra em seu quarto com uma caneta preta com as iniciais T e O, cheia com o melhor chocolate que alguém poderia provar.

-Oliver. Aqui está seu chocolate. Sua mãe saiu e provavelmente ai ficar três dias fora...-Dora dizia.

-Tudo bem Dora. Obrigado. – Responde o menino.

Logo após Dora sair, Oliver escuta alguém rindo na rua. Quem estaria na rua com aquela chuva?

Ao olhar pela janela, a visão que ele teve foi a mais bela. Uma jovem de cabelos castanhos e estatura média dançava para lá e pra cá, sem se importar com os pingos de chuva.

Quem era aquela? A Mari deve estar fazendo efeito, pensou. Oliver e Tony costumavam ir ao Bucks, pequeno clube, ou um quarto mesmo para ser exato, onde Greg levava marijuana e eles acabam apelidando de Mari.

Achando graça naquilo tudo, Oli desceu e foi falar com a garota.

-Hey. O que você ta fazendo?- Começou Oliver.

Sem prestar atenção, a jovem continuava rodopiando e rindo.

-Moça? Devo me preocupar em chamar um padre ou um exorcista? Ou vai me passar o contato para conseguir essa erva? –Oliver chegou um pouco mais perto.

-Olá. Eu sou Noelly. E não. Nem espíritos, nem ervas. -Finalmente a menina olhou para ele.

-Eu sou Oliver. Posso saber por que tanta felicidade?

-Sim. Finalmente consegui meu Pike e vou poder viajar.

-Tudo isso por causa de um cachorro? – Disse Oliver espantado.

- Não é um cachorro. É meu trailer.

-Você tem um trailer? E chama ele de Pike?

-Sim. Qual o problema? –Noelly começou a se distanciar.

-Ei! Aonde você vai?

- Vou buscar meu violão, vou partir hoje à noite.

-Partir para onde? –Pergunta Oliver.

-Não sei. "O desconhecido me fascina", li isso num livro. Gosto dessa frase. –Respondeu Noelly.

-Mas, tipo, você vai viajar?
-Sim Oliver. Vou rodar o mundo.

Oliver não estava acreditando naquela ideia. Não sabia o que era mais bizarro, uma jovem dançando sozinha na chuva, o fato dela aparentar ter uns dezoito anos e ter um trailer ou ter dado o nome de Pike.

- Você quer vir comigo? Esteja pronto às onze horas. Passo aqui para te buscar. – Continuou Noelly.

- O que? Mas eu nem te conheço. E para onde você vai?

-Você pode conhecer no caminho. Enfim, foi bom te conhecer, estarei aqui mais tarde. Tchau

Noelly já estava virando a rua e Oliver não pode seguir.

Que estranho, pensou ele. Mas aquela frase fazia sentido para ele, "O desconhecido me fascina", porém, ele duvidava daquilo tudo e mais ainda de que veria aquela menina novamente.

Depois de subir e tomar um banho, Oliver colocou Lost para passar na TV. Nenhuma ligação de Tony, nem de Rebeca muito menos de Smith. O jovem pegou no sono e mais tarde, foi acordado por uma buzina, mais alta do que o normal.

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