Capítulo 14

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O som dos cascos dos cavalos batendo contra o chão coberto de pedras da entrada do castelo parecia cortar aquela manhã chuvosa e silenciosa como um feixe de esperança. O símbolo prateado de Senka estampava a lateral do veículo preto.

Os guardas do palácio de luz adiantaram-se para ajudar a descarregar a carruagem, que já era aguardada.

De dentro, uma mulher imponente olhou em volta para conhecer o local. Ela era o reforço e foi convidada diretamente pela rainha, com uma carta que deixava mais do que claro que sua presença era necessária.

E, se algo não estava bem para a rainha, ela não trataria qualquer possível culpado bem.

— Helene está te esperando — Kardama cumprimentou, mas recebeu um olhar desconfiado como resposta.

— Primeiro eu vou falar com ela e descobrir se a culpa é sua, depois eu te cumprimento direito, majestade — ela curvou a cabeça em reverência e saiu andando atrás de Dahle, que mostraria o caminho até a rainha.

Kardama revirou os olhos e suspirou. Não estava realmente ofendido, no fundo achava aquela situação até mesmo engraçada.

"Essas mulheres são tão dramáticas" pensou.

Todos que trabalhavam no castelo paravam para observar os passos daquela mulher baixa, de silhueta robusta, que parecia tão irritada e desconfiada em suas roupas elegantes.

Maite estava em casa, bebendo chá, quando recebeu uma carta do palácio de Aruna.

"É uma emergência", foi tudo o que Helene escreveu.

— Preciso ir ao palácio de Aruna — ela levantou imediatamente, determinada, avisando ao duque, que ficou confuso.

— O que está escrito? — Ele ousou perguntar, mas ela não permitiu que visse, porque seria como revelar algum segredo da amiga.

— A rainha precisa de mim.

É claro que Maite nunca deixaria Helene lidar sozinha com uma emergência.

***
— Isso mesmo, externalize seus sentimentos... — Maite dizia enquanto me abraçava, porque eu estava chorando em seu ombro. — Eu também ficaria muito triste se engravidasse, a própria ideia já me angustia...

Parei de chorar para encará-la confusa.

— Eu não estou chorando porque estou grávida — expliquei, fazendo minha amiga ficar confusa também. — Na verdade, essa foi a melhor notícia que tive desde quando cheguei.

— Então eu não vejo um motivo claro para chorar — ela respondeu franzindo o cenho.

— Maite, meu pai não lembra de mim — repeti o que havia dito momentos antes.

Ela arqueou as sobrancelhas, como se agora tudo fizesse sentido, então me abraçou mais uma vez.

— Isso mesmo, externalize seus sentimentos...

Dias antes, quando descobrimos sobre a gravidez, meus sentimentos pareciam uma verdadeira bagunça. Eu estava desesperada, ao mesmo tempo triste e feliz. No fim, não entendia bem a situação e ela não parecia real.

Kardama ficou muito feliz, é claro, mas respeitou o meu momento até que eu estivesse pronta para admitir por conta própria que aquela era uma notícia realmente boa e que, como Henner disse, o que quer que nosso filho fosse, seria incrível.

Agora, a gravidez parecia ser a melhor notícia que recebi naquele tempo e eu podia passar horas imaginando como seria quando o bebê nascesse. Era tudo o que eu temia que fosse.

A chegada de Maite era tranquilizadora, porque em meio aos mentirosos de Aruna, eu sentia que ela era a única em quem poderia confiar. Além disso, não era como se houvesse a possibilidade de ela estar envolvida naquela traição.

A Coroa de Luz [COMPLETO]Where stories live. Discover now