Capítulo 13

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Quando finalmente fiquei mais calma, pude pensar com mais clareza. Apesar de meu pai não me reconhecer ser desesperador, ele estava vivo e, ao que tudo indicava, bem. Provavelmente, logo lembraria de quem eu era e Ludo garantiu que faria todo o possível para que sua recuperação fosse rápida.

Assim, tudo o que precisávamos era aguardar em Aruna até que o rei terminasse sua recuperação. Poderíamos voltar para Senka em breve, mas isso significava adiar outro compromisso que assumi.

— Eu lembro de ter falado que quando voltássemos para Senka, poderíamos começar as tentativas de ter um bebê — falei para o rei sombrio quando estávamos deitados para dormir.

Aquele foi um dia difícil e por isso só consegui tocar no assunto naquele momento.

— Eu posso esperar até lá, princesa. Com certeza será um tempo muito menor do que os sete anos antes estabelecidos — Kardama foi compreensivo.

— Eu acho melhor começarmos aqui mesmo. Não sabemos por quanto tempo ainda precisaremos ficar aqui...

Ele estreitou os olhos para me encarar desconfiado.

— Está determinada até demais para quem não quer ser mãe, princesa.

Dei de ombros.

— Qualquer tratamento para conseguir um filho dura meses ou até mesmo anos. Apenas quero fazer o possível para cumprir minha parte do acordo — expliquei.

Após refletir por alguns segundos, o rei sombrio deu de ombros também.

— Muito obrigado, novamente.

Sorri e inclinei meu corpo para dar um beijo em sua bochecha.

— Amanhã falamos a respeito com os alquimistas. Eles terão muito tempo livre agora que não precisam mais encontrar a poção para acordar meu pai.

Kardama relutou, mas pude ver seu sorriso surgindo antes que eu estivesse completamente virada na direção oposta para dormir. Eu não conseguia compreendê-lo por completo. A importância que dava a ter filhos ainda era um mistério para mim.

Assim que acordei, troquei minha camisola pelo vestido rosa que usaria durante o dia e parti em busca de Henner, outro dos alquimistas, que também era responsável pelo escudo do castelo.

— Imaginei que iriam querer um herdeiro em algum momento, majestade — Henner começou a falar, sentado na cadeira de madeira antiga, que rangia, na ala do castelo que era reservada para seus inventos.

— Acha que é possível? Você sabe, ele é um itzan e eu... — Comecei a expor minha preocupação, mas o idoso apenas riu.

— Helene, esqueça essas nomenclaturas. Somos apenas descendentes de humanos. Todos nós. É claro que é possível — Henner explicou com calma, então passou a mão nervosamente em seu couro cabeludo já sem cabelos por causa da idade avançada. — O que nos resta descobrir é o que um filho de um itzan com um argian será. Acredito que nunca tenha acontecido antes, ao menos nenhuma mistura que conste em nossos livros de estudos.

Franzi o cenho confusa.

— O que quer dizer? — perguntei assustada.

— Pode ser que uma cria resultante dessa mistura venha com alguma anomalia, com alguma mutação que ainda não conhecemos — ele fez uma pausa e coçou sua barba. — Pode ser que tenhamos um híbrido poderoso, que domine luz e sombras ao mesmo tempo, tão forte quanto vocês dois são quando estão fundidos. Afinal, filhos são como fusões. Ou...

— Ou? — Tentei fazê-lo falar mais rapidamente por causa da ansiedade, mas a pausa de Henner foi ainda mais dramática do que eu esperava.

Ele ainda não tinha concluído seu raciocínio e então, arregalou os olhos e retirou seu óculos rapidamente quando finalmente tinha o que falar.

A Coroa de Luz [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora