Deliciosamente proibido - V...

By LeticiaKalliman

44.1K 4.1K 1.6K

Quando Rafa Kalimann foi contratada para trabalhar no mais famoso bistrô de São Paulo, o Paris 6, imaginou qu... More

Pela Boca
Pela língua
Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV
Parte V
Parte VI
Parte VII
Parte VIII
Parte IX
Parte X
Parte XI
Parte XII
Parte XIII
Parte XIV
Parte XV
Parte XVI
Parte XVII
Parte XVIII
Parte XIX
Parte XX
Parte XXII
Parte XXIII
Parte XXIV
Parte XXV
Parte XXVI
Parte XXVII
Parte XXVIII
Parte XXIX
Parte XXX
Parte XXXI
Parte XXXII
Parte XXXIII
Parte XXXIV
Deliciosamente encrencadas

Parte XXI

940 99 42
By LeticiaKalliman

Rafaella

A ilusão da saída era tremenda. Mas também o medo de que tudo o que juramos dentro dessas quatro paredes fosse esquecido.

Bianca me passou uma verdade absurda e eu tinha em mim a certeza de que acreditou em cada palavra que disse no segundo em que disse.

Mas seria o mundo tão compreensivo ao ponto de que pudesse manter aquilo real?

O calmo girar daquela maçaneta foi como sair do armário outra vez. Havia o mesmo medo da aceitação, havia a curiosidade pelas reações... Mas a diferença era que agora eu não estava sozinha como da primeira vez. Havia alguém mão com mão para enfrentar tudo comigo.

Por sua mão segura eu coloquei a minha, encarando como em seus olhos apreciava a minha ação ao auxiliar na sua.

O mundo parou por um segundo na união dos nossos dedos. Trocamos sorrisos e tudo pareceu leve pelo momento que demorou para que aquela porta se abrisse.

Não que tivesse havido barulho. A verdade era que teria sido menos estranho se houvesse. Esperávamos burburinhos, fofocas incessantes e tão incontroláveis que não se disfarçaria nem com nossa presença, mas houve silêncio.

Um sepulcral silêncio que se estendeu pela cozinha inteira e apenas se rompeu quando passos deslizaram na cerâmica.

Todos estavam reunidos em um só lugar e deram passagem. Das portas de alumínio via-se cinco homens com a mesma face irônica e o mesmo mal odor de queijo velho.

Minha memória olfativa foi acionada nesse momento e sou transpordada para o momento da minha entrevista, com os mesmos dedos trêmulos e a falta de voz quando a constatação recai sobre mim pouco depois de Bianca.

Olhei de relance seu rosto assim que seus dedos deixaram os meus completamente vazios e percebi o horror da confirmação: Tratavam-se dos seus tios.

Bianca se recompõe inteira num só segundo e se encaminha até eles passando os dedos pelo vestido amassado com passos muito bem avaliados e os cumprimenta naquele francês perfeito que tinha.

Daí em diante entendo poucas coisas. Mas não há o que dizer, certas manifestações da linguagem são universais. Os cinco homens pareciam prestes a enguli-la com seus olhares divididos entre penoso, irônico e recriminatório ainda que mal tivessem trocado três palavras.

Fiz menção de ir até eles, entretanto, a mão de Manu me interrompe a meio caminho, me segurando no lugar, me alertando sutilmente de como funcionava a dinâmica entre Bianca e seus tios que eu pouco conhecia.

E não tive muito mais tempo de perceber como ocorria, pois rapidamente Bianca procura conduzi-los a sua sala depois de um:

- Nous parlerons mieux dans mon bureau.

E tudo o que alcancei entender de sua rápida conversação e que, ironicamente, não me dava nenhuma idéia de se escutaram ou não algo.

Aliás, sobre como as pessoas voltaram normalmente aos seus postos entendi que seria essa a maneira como encarariamos o ocorrido: Sem conversas de canto ou olhares carregados de julgamento, ao menos em minha frente o que, sinceramente, me bastava.

Não estaria de humor para piadinhas agora ainda mais saindo por um minuto para uma rápida recomposição antes de retornar ao trabalho.

Retirar de mim o cheiro de sexo foi um pouco custoso e recordei mentalmente de que não voltariamos a fazê-lo nem aqui e nem em horário de trabalho.

A sensação era incrível, mas para ser não precisava ser nesse lugar e sim com essa pessoa. E eu a tinha, depois de hoje eu não imaginava outra situação que poderia evidenciar mais isso. E, não sei tolamente ou não, confiava de que se seus tios ouviram o mesmo que toda a cozinha Bianca saberia como tratar aquela situação sem prejudicar nossa relação pessoal e laboral, porque eu estaria com ela, e não porque tinha qualquer escolha.

Do espelho do banheiro depois de enxugar o rosto eu aceitava o inegável: Se algo tinha ficado naquela sala definitivamente foi meu coração. Além de apaixonada estava completamente rendida por Bianca Andrade e não demoraria nada para que soubesse. Eu mesma o estaria dizendo agora se eu estivesse naquela reunião.

Poucas vezes na vida desejei ser outra coisa ou pessoa que não fosse eu, mas enquanto sorria para mim mesma eu desejei ser ao menos uma mosquinha porque mesmo sem poder falar poderia observar as expressões e tentar captar palavras soltas daquele filme sem legenda que chamavam de conversa.

- Rafaella? - Perguntou Manu batendo na porta do banheiro e eu terminei de secar minhas mãos e rosto saindo em seguida.

- Eu sei que ficou acordado implicitamente que não falariamos disso como colegas de trabalho... - Iniciou e eu neguei antes que continuasse.

- E vamos continuar sem falar. Somos amigas, mas não preciso de represálias se é isso que tem para me dizer - Eu disse acompanhando como sua expressão ficava um tanto triste de repente.

- Não vou. Eu só queria pedir que cuide de você e do seu coração. Bianca é vulcão. Como eles, pode passar por alguém espalhando larva e destruindo tudo no transcurso. Se cuide - Pediu com sinceridade e eu não pude retrucar ou
recrimina-la. No fim, era bom que eu me lembrasse de ser mais calma e, na verdade terminei aquela breve conversação agradecendo.

Na cozinha, me inseri outra vez em meus afazeres. Com a demanda de clientes cada vez maior e com a matéria por sair de forma alguma poderíamos deixar o nível cair nessa cozinha. Agora a comida tinha de estar muito mais saborosa e a produção muito mais rápida, portanto, concentrei na execução dos doces todas as minhas frustrações, minhas curiosidades e a vontade aguda de estar na sua sala por boa parte da tarde, que fora o tempo que seus tios ficaram.

Saíram com olhares impassivos. E nem era culpa das grandes bochechas que diminuiam o espaço dos olhos e sim de uma reunião que possivelmente não fora satisfatória.

Bianca não os acompanhou até a saída, na verdade, tampouco voltou a se aproximar da porta quando se foram, fato que dessa vez não pensei ignorar. Olhando da madeira ao alumínio me encaminhei a sua porta e pedi passagem com o dorso dos dedos contra o obstáculo entre mim e ela.

- Posso entrar? - Perguntei segurando a maçaneta aguardando que como na situação do depósito simplesmente não quisesse abrir.

- Sim - Respondeu com uma voz um tanto seca e quase retrocedi, mas meus pés não obedeceram e me levaram até dentro daquele lugar que no fim da tarde tinha uma esfera completamente adversa a de mais cedo.

- O que houve com seus tios? - Fui bastante direta, entretanto, Bianca sequer levantou o olhar dos seus papéis. O que quer que houvessem dito a ela fizeram com que estivesse surpreendentemente distante.

- Agora não é local ou momento. Podemos discutir isso outra hora? - Pediu sem me olhar ainda e coloquei as mãos nos bolsos com desconcerto.

- Está bem. Falamos em casa - Na sua casa, porque sem uma boa desculpa era lá que eu estaria dormindo rompendo sua frieza com meus beijos se ela somente deixasse.

- Rafa... - Disse com seu tom um tanto mais chateada, demonstrando reação, levantando o olhar, tudo em um único lapso de segundo apenas.

- Sim - Disse esperançosa de que deixasse fluir seus sentimentos.

- Nada. Volte ao trabalho - Bianca quebra aquela sensação em mim - É melhor aguardar um bom momento - E esse se estendeu por todo o maldito dia. Horas e horas de pensar sobre se ela me contaria ou não, a dúvida me matando lentamente até o horário de fechar o lugar e que finalmente ficaríamos a sós.

Dessa vez não bati na porta, foi Bianca que saiu e me encontrou na cozinha, a mesma cozinha onde tudo começou, mas outra vez, tudo estava diferente, pois a distância que colocou entre nós ao ficar do outro lado do balcão foi visível.

Entendi que queria espaço, entendi cada um dos seus momentos, mas não entendia no mais mínimo o que significava esse comportamento depois de mais cedo e seu olhar sequer me dava uma pista.

Além de sua distância física havia uma barreira emocional que eu não queria. Comecei a caminhar em sua direção, entretanto, quando percebi que se afastava também parei num lugar.

- O que está acontecendo? - Questinei e Bianca se deixou respirar fundo com pesar, ainda me confundindo.

Tudo o que passava por minha cabeça era que seus tios tinham ouvido e que iam tirar dela o bistrô. Mas se assim fosse sequer estaria de pé, eu mesma vi como ficou quando pensou que ele estava completamente perdido.

- Não tem uma maneira fácil de dizer isso... - Ninguém em toda história que começou uma frase assim disse algo bom depois.

- Tente a difícil - Pedi cruzando os braços a frente dos seios. O fato daquela conversa começar ali e não em sua casa era muito sugestiva quanto os metros que queria por entre nós.

No meio do caminho algo havia se perdido e eu precisava saber o que ou não poderia me dar por derrotada.

Eu era a criança que ralava o joelho e levantava para continuar brincando. Para mim desistir não era uma opção na maioria das vezes.

- Meus tios, como o resto da cozinha, ouviram o ocorrido no escritório e tentaram me chantagear. Acontece que por bem nenhum deles teve a inteligência de gravar ou tirar fotos, ou seja, eles não tem qualquer prova, o que não significa que não virão por elas - Sua voz foi ficando meio embolada no processo e percebi que estava prestes a chorar, logo, e sem saber se era isso que queria ofereci meus braços parada em meu espaço até que Bianca não conseguisse não entrar nele com algumas lágrimas nos olhos.

Minha diabinha... Tão ferida e vulnerável.

Quando seus braços me rodearam com força e suas lágrimas molharam meu avental eu só consegui pensar onde poderia vender cinco suflês de homens machistas, imaginando formas criativas de torturar quem ousou fazer isso com ela.

- Mas não conseguirão nada. Eu estarei com você e não vou permitir - Prometi beijando seus cabelos negros conforme encaixava minha mão em seu queixo elevando seu rosto para que me olhasse diretamente e que visse meu compromisso em meus olhos.

Acontecia que quando o verde se misturou com castanho não houveram dúvidas: Bianca não iria acreditar na minha promessa e não por falta de fé, mas porque tinha tomado uma decisão, sem mim.

- Esse não é o caminho. Não é o
único - Esclaresci acariciando seu queixo vendo como cedia devagar.

- Mas... - Tentou dizer algo, no entanto, interrompeu-se diante dos meus toques suaves em seu rosto, sabendo que eu poderia convence-la ou morreria tentando. Foi assim com o tiramisù, seria assim para sempre.

- Eu disse a mim mesma que toda vez que estivesse cega eu seria seus olhos. E eu acho que agora é o caso. Você está assustada, com medo, e eu entendo que está se precipitando por não pensar. E quando age dessa maneira eu só consigo pensar numa forma de lidar com você - Falei alçando seu queixo mais alto, sustentando uma das mãos em suas costas enquanto meu olhar recaía a sua boca pouco antes que minha língua tocasse da comissura do seus lábios ao contorno, parando no meio para pedir passagem em sua boca.

Fechando os olhos Bianca a concedeu, deixando por um minuto que eu acreditasse que poderia fazer com que mudasse de opinião apenas com demonstrar que estaria ao seu lado.

Minha língua tocou a sua com confiança, transmitindo através daquele carinho que a parte de sentir o que sentia seria a pessoa com quem poderia contar se quisesse.

Meu rosto se movia com o seu e desfrutava do seu gosto tão agradável que não pude não sentir falta de como sua língua se enrolava na minha quando nos separamos com nossas testas ainda juntas e com as respirações irregulares.

- Não há nada que possa dizer que vai me afastar de você - Não poderia prometer, mas entre as coisas que sabia não havia forma.

- Foi tudo uma aposta...

Por essa ninguém esperava. Por favor não me matem, porque as amo e só por isso tenho que avisar: O drama vem!

Continue Reading

You'll Also Like

2.4M 131K 70
"Você é minha querendo ou não, Alles!!" ⚠️VAI CONTER NESSA HISTÓRIA ⚠️ •Drogas ilícitas; •Abuso sexual; •Agressões físicas e verbais; •Palavras de ba...
554K 33.8K 66
Apos Sarah Broad voltar a sua cidade natal, sua vida vira de cabeça para baixo quando reencontra o japonês que ela mais odeia no mundo.
96.8K 9.4K 41
"𝖼𝖾̂' 𝗆𝖾 𝖿𝖺𝗓 𝖽𝖾𝗅𝗂𝗋𝖺𝗋 𝗇𝗈 𝗋𝖺𝗉 𝖽𝖾 𝗂𝗆𝗉𝗋𝗈𝗏𝗂𝗌𝗈 𝖾 𝗆𝖾 𝖿𝖺𝗓 𝗍𝖾 𝖻𝖾𝗂𝗃𝖺𝗋 𝖼𝗈𝗆 𝖾𝗌𝗌𝖾 𝗌𝖾𝗎 𝗌𝗈𝗋𝗋𝗂𝗌𝗈. 𝖽𝖾�...
My Luna By Malu

Fanfiction

252K 22K 28
Ela: A nerd ômega considerada frágil e fraca Ele: Um Alfa lúpus, além de ser o valentão mais gato e cobiçado da escola Ele sempre fez bullying com el...