entre gêmeos e luas | vmin

By namudinha

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O pensamento de ser pai de um casal de gêmeos aos 26 anos nunca passou pela cabeça de Taehyung durante toda a... More

★ apresentação ★
01. entre bicicletas e cristais
03. entre brigas e pingentes
04. entre pôneis e pula-pulas
05. entre passeios e cupcakes
06. entre pés torcidos e mensagens
07. entre sorvetes e reencontros
08. entre corredores e varandas
09. entre restaurantes e balas de amendoim
10. entre amores e recomeços

02. entre castigos e visitas

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By namudinha

Oi, galerinha! Voltei com o segundo cap de egel para a alegria de quem acompanha.

Fiquei, de verdade, muito feliz pela reação positiva de vocês, tomem meu coração 💖. Obrigada por todo o carinho, mesmo!

Esse cap tem 5.2k de palavras, e a tendência é ir aumentando conforme os capítulos forem escritos. De qualquer forma, não quero tornar a leitura cansativa, então farei o possível para que a quantidade de palavras não seja enorme.

Temos novidades!

Criei uma tag para egel, e é: #CatapimbaBruxinho

Por favor, usem ela para comentar sobre a fic no twitter. Meu @ é @namudinha!

Obrigada pela atenção e boa leitura!

.•°★°•.

#CatapimbaBruxinho


Seu coração bateu um pouco mais rápido ao ouvir aquela frase. Estava ficando louco ou Jimin realmente havia dito aquilo com um tom diferente?

Taehyung balançou a cabeça, afastando os pensamentos. Por Deus, aquele cara era o professor de deus filhos!

Deixou os gêmeos caminharem sozinhos, de mãos dadas, enquanto ele ficava atrás dos dois. As duas mochilas estavam em suas costas, uma alça em cada ombro. Suas mãos ficaram dentro dos bolsos da calça durante o percurso até a entrada, um sorriso mínimo enfeitava seu rosto enquanto olhava para os filhos.

Observou Minjun e notou que o garoto ainda parecia afetado pelo o que havia acontecido na sala, seu rosto mantinha um olhar tristonho e ele apertava a mão da irmã com força. Quando lembrou que ainda teria que conversar com o filho, questionou-se: O que diria quando chegassem em casa?

Não conseguia pensar em nenhum tipo de bronca ou castigo naquele momento, então respirou fundo e decidiu que só pensaria naquilo depois.

Já do lado de fora, notou que a entrada estava bem mais vazia do que quando chegou. Viu os gêmeos se despedindo da mesma mulher que checou sua autorização e, novamente, sorriu. Andou com eles até a bicicleta e deixou as pequenas mochilas na cesta. Ajustou os capacetes em suas cabeças e colocou cada um dos filhos em uma das cadeiras extras.

— Papai, a gente pode ir comer sorvete?  — perguntou Mirae, após ter seu cinto ajustado — Hoje é dia de sorvete.

Ah, porcaria!

No primeiro dia de aula dos gêmeos, Minjun chorou muito ao ter que se despedir do pai e avô. Em uma tentativa de acalmar o neto, Dakho prometeu que levaria todos para comer sorvete depois da aula. Taehyung chegou a reclamar, dizendo que eles não deveriam fazer aquilo antes do almoço, mas seu pai não deu a mínima.

Na época, Dakho era o responsável pelas crianças. Aconteceu no início do ano, um pouco antes dos dois se mudarem para a casa do pai e, depois disso, o avô continuou levando e buscando os netos na escola durante um tempo. Nesse período, ele acabou criando uma rotina com eles, transformando a segunda no "dia do sorvete".

O grande problema era que, agora, quem buscava os dois era Taehyung. Era seu primeiro dia fazendo isso oficialmente e, minha nossa, já havia acontecido muita coisa. Gostaria de tomar um sorvetinho, mas também queria criar a própria rotina com os filhos, do seu próprio jeito. Ele ainda precisava decidir o que faria com Minjun e, sinceramente, não achava que comer sorvete era uma boa punição.

— Desculpa, Mimi… — respondeu — Hoje não vai dar.

— Mas o vovô leva! — murmurou, a voz carregada de tristeza.

Mirae virou para trás ao sentir a mão de Minjun em seu ombro, chamando sua atenção. O irmão negou com a cabeça, em silêncio. Sentia que seu pai estava bravo consigo e que, por sua culpa, a tradição estava cancelada. A gêmea entendeu e, indignada, virou-se para o pai.

— Papai, o Jun já pediu desculpa!

— E o que tem a ver, princesa? — questionou, confuso com a troca de olhares dos gêmeos e triste pelas expressões deles — Nós não vamos comer sorvete agora, já está decidido.

Ao ouvir a sentença, Mirae fez um bico e cruzou os braços, claramente chateada. O outro gêmeo permaneceu quieto, olhando para o próprio colo. Taehyung ajustou seu capacete e sentou-se no selim, começando a pedalar logo em seguida.

O caminho até o apartamento foi silencioso, fazendo com que o Kim mais velho tivesse tempo suficiente para questionar suas últimas ações.

Tinha total conhecimento da moleza do pai com os netos — o que era compreensível, afinal, quem resiste àqueles olhinhos? O único problema era que, poxa, eles acabaram se acostumando com aquilo e ele realmente queria criar algo apenas deles. Só do Tae, Mimi e Jun.

A imagem dos olhares angustiados dos filhos ficou em sua mente durante todo o percurso, assim como toda a situação de Minjun e seu colega de turma. Sabia que seus pequenos eram um pouco dramáticos, mas temia que ficassem tristes de verdade consigo.

Sentia que era um péssimo pai e o dia mal havia começado.

(...)

Depois de algum tempo, finalmente chegaram no prédio. Taehyung colocou os dois no chão e, juntos, foram até a entrada. Os três cumprimentam o porteiro, indo até a garagem para guardar a bicicleta. No bicicletário, os gêmeos pegaram suas mochilas e o pai tirou seus capacetes para deixar em casa. Após subirem as poucas escadas até seu andar, Tae destrancou a porta com calma e liberou a entrada.

Como de costume, os gêmeos tiraram os sapatos — a pedido do pai, que fez o mesmo —, deixaram as mochilas no chão, ao lado da porta, e correram para o quarto que dividiam. Taehyung tirou as coisas do bolso da calça e pôs na mesa logo após pendurar as chaves. Seguiu até banheiro para abrir o registro do chuveiro e encher a banheira e, quando sentiu que a temperatura e nível da água estavam bons, foi até o quarto dos filhos. Encostado no batente da porta, disse:

— Pro banho, gatinhos.

Em silêncio, entraram no banheiro e, com a ajuda do pai, tiraram as roupas. Tae jogou tudo no cesto e colocou os pequenos na banheira cheia e quentinha.

Os dois tinham o costume de brincar muito durante o banho, então alguns brinquedos ficavam por ali. Mirae estava com uma sereia de borracha na mão, rindo enquanto o pai — que estava sentado em um banquinho baixo — espalhava shampoo em seu cabelo. Minjun, ao contrário da irmã, observava o patinho de borracha boiando na água em completo silêncio, não dizendo absolutamente nada durante todo o tempo do banho.

Quando já estavam limpinhos e cheirosos, Tae enrolou seus corpos em toalhas azuis e levou-os para o quarto. Por já estarem crescidinhos, vesti-los não foi difícil. O pai também fez questão secar seus fios com um secador pequeno, mas potente. Com cabelos secos e penteados, roupas limpas e cheirinho de lavanda, foram para a sala com o intuito de assistir algum desenho enquanto Taehyung esquentava novamente o almoço já pronto.

Deu uma última olhada nos gêmeos antes de ir até o quarto e trocar as roupas molhadas durante o banho dos filhos. Vestiu-se de maneira confortável, optando por um conjunto de moletom, e foi até a cozinha para esquentar um pouco a carne. Separou as tigelas, talheres e pegou um pouco do arroz na panela elétrica, deixando tudo em uma bandeja para levar até a mesa.

Com tudo preparado, pôs cada coisa em seu lugar e sorriu para seu trabalho bem feito.

— Mimi e Jun, vão lavar as mãos. — Os dois obedeceram prontamente, depois de desligarem a televisão.

Ao voltarem para a sala, caminharam até a mesa de seis lugares e subiram com certa dificuldade nas cadeiras, um de frente para o outro. Pegaram seus Jeotgarak — que possuíam adaptadores em formato de ursinho nas pontas, já que ainda não eram capazes de usar corretamente — e deixaram as colheres encostadas ao lado dos copos d'água. Tae fatiou a carne e deixou a bandeja entre os três, sentando-se na ponta da mesa.

Fez um breve agradecimento pela comida — não acreditava em algo específico, mas era grato pelo o que tinha —, sendo acompanhado pelos filhos, que murmuraram um "obrigado". Depois disso, finalmente começaram a comer.

Já tinham idade para comer sozinhos, mas Taehyung permanecia atento. Ajudava os dois com os condimentos e ensinava a forma certa de segurar os "palitinhos", também pegava pedaços de carne para colocar em suas bocas sempre que pediam. Tentava arrancar algumas risadas de Minjun ao fingir estar roubando seu kimchi, mas o garotinho permanecia calado.

Quando terminaram, Tae limpou as bocas dos gêmeos com guardanapos e levou os dois até o banheiro para escovarem os dentes.

— Vocês têm que escovar assim — explicou, simulando com a própria escova, que estava seca — A parte de trás também.

— Assim? — perguntou Mirae, imitando o pai e enchendo a boca de pasta. Minjun imitou a irmã após observar os movimentos.

— Isso! — Riu da imagem da filha — Escovar a língua também é importante, 'tá bom? Se não fizerem isso, vão ficar com bafo.

— O que é bafo, papai? — A pergunta veio de Minjun, surpreendendo Taehyung.

— Quando a boca de uma pessoa tem um cheirinho ruim, a pessoa tem bafo — explicou, sorrindo — Bafo significa mau hálito.

— O Jun tem bafo! — A garotinha riu, continuando com a escovação.

Não tenho, não! — O irmão bateu o pé no chão, com a escova na boca e punhos cerrados. A voz saiu abafada por conta da espuma.

— Tem, sim! Sua boca fede quando você come cebola — argumentou — E você adooora cebola!

É mentila! — Tirou a escova da boca — Papai, ela 'tá mentindo!

Taehyung queria rir da cena, era engraçado ver os dois discutindo por algo tão bobo. Entretanto, teve que segurar o riso e tomar uma atitude quando notou que os gêmeos estavam prestes a sair no soco.

— Ei, ei, ei! — chamou a atenção deles — Ninguém aqui tem bafo, ok? Só tem gente cheirosa na família.

O Jun não é — continuou, com a fala embolada.

— Papai!

— Mirae, pare de falar isso e peça desculpas ao seu irmão — pediu, com as mãos na cintura.

Os gêmeos se encararam e Minjun fez um bico. Mirae revirou os olhos e parou de escovar os dentes, suspirando antes de dizer:

— Desculpa, Jun. Você não tem bafo.

O outro murmurou um "hum", aceitando o pedido, e logo os dois terminaram a escovação. Tae sorriu.

— Eu vou terminar aqui e depois vou lavar a louça — avisou enquanto os filhos secavam as bocas — Podem assistir desenho por enquanto, mas não façam bagunça, certo?

— 'Tá bom!

Taehyung continuou sua higiene e, depois, foi até a mesa para recolher as coisas e levar até a cozinha, deixando tudo na pia. Vestiu um avental amarelo e suas luvas azuis, começando a lavar a louça.

Deitados no sofá da sala, os gêmeos mal davam atenção à televisão — Mirae por estar quase cedendo ao sono e Minjun por estar preocupado. Não conseguia parar de pensar no castigo que teria. Seu pai nunca havia demonstrado tanta decepção com algum erro seu, e ele era uma criança bem levada.

Jun olhou para a irmã, notando que a mesma dormia profundamente. Desceu do sofá com cuidado e foi até a poltrona do pai para pegar a manta de bolinhas — Tae a deixava ali para que não fosse necessário ir até o quarto quando precisasse de uma. Com a manta em mãos, caminhou até Mirae e jogou o pano por cima do corpo miúdo, como via o pai fazer.

Taehyung, ao terminar sua tarefa e retirar as luvas, voltou para a sala no momento que Jun cobriu a gêmea. Não pôde evitar sorrir, tamanho amor que sentiu com a cena. Aproximou-se dos filhos, abaixou um pouco para dar um beijo na testa de Mirae e, então, encarou Minjun. Ele olhava para baixo, claramente tenso.

— Hey, Jun — chamou, afagando a cabeça do pequeno, que não levantou o olhar — O papai quer conversar com você no seu quarto, ok?

Jun assentiu e olhou para a irmã uma última vez antes de acompanhar o pai até o quarto. Queria que ela estivesse consigo, assim sentiria menos medo da bronca, mas não queria acordá-la.

Chegando no cômodo, Taehyung apontou para a cama baixa do filho, indicando que deveria sentar-se ali. Minjun obedeceu e observou o pai pegar o mesmo banquinho que usou durante a hora do banho, colocando-o à sua frente e sentando-se.

O garoto olhava para as próprias mãos, brincando com seus dedos para aliviar o nervosismo. Tae inspirou e expirou profundamente para, então, colocar a mão esquerda em cima do joelho do filho, chamando sua atenção.

— Você sabe o motivo dessa conversa, certo? — questionou, olhando diretamente nos olhos do outro.

— Sim, papai — respondeu, com a voz quebrada. Já era possível notar lágrimas se acumulando nos olhos — Eu bati no meu amigo.

— Exatamente, filho. E eu terei que tomar uma providência em relação a isso, porque o que você fez foi muito feio.

O tom de voz era firme, mas não queria deixar a criança tensa demais. Por isso, segurou as duas mãos do mais novo e acariciou a pele.

— Antes de qualquer decisão, por que não me conta o que aconteceu? — Sorriu sem mostrar os dentes, tentando deixar o clima mais confortável — Prometo que vou levar em consideração.

— E-eu… — Começou a contar. Uma única lágrima escorreu pela bochecha — Eu 'tava blincando no escorrega com a Mimi. O Baejii chegou e disse que eu não podia mais blincar porque ele mandou. — Secou o próprio rosto e coçou os olhos — A Mimi bligou com ele, e o Baejii chamou ela de chatonilda. Eu também chamo ela de chata às vezes, mas só eu posso. Eu fiquei com muita raiva, papai, eu 'tava pu

— Ei, ei! — Tae tampou a boca do filho com os olhos arregalados — Quem te ensinou essa palavra?

— O tio Jin disse quando bateu o carro dele — explicou — Ele disse que 'tava… isso com o motoqueijo.

O jovem pai bateu a mão na própria testa e suspirou. Iria matar Seokjin.

— O certo é motoqueiro, Jun. Enfim, eu entendi, mas não repita mais, ok? É uma palavra feia! Não pode. — Movimentou o indicador para os lados, em um sinal negativo.

— 'Tá bom, papai, desculpa.

— Pode continuar, agora. Você estava com raiva do tal Baejii e…

— Eu bati nele — disse, simulando um tapa no ar — Bati na cara dele e falei que ninguém pode chamar minha irmã de chata! O titio Park viu e levou a gente pra sala. Eu contei tuuudo isso pro tio e ele me mandou pedir desculpa 'pro Bae. Eu pedi, papai, mas ainda 'tô com raiva. — Cruzou os braços ao terminar, emburrado. Não tinha mais indícios de que iria chorar e isso era ótimo, porém, Tae esfregou o próprio rosto, cansado.

— Olha, Jun… Eu entendo o motivo, de verdade. Seu amigo teve uma atitude errada e eu fico feliz por você querer proteger a sua irmã, mas você não pode bater em alguém só por causa disso. Não deve bater nunca, aliás.

— Tudo bem, papai, eu sei. É feio bater no amiguinho, o vovô já disse. É que foi difícil segular! — argumentou.

— Imagino que sim, mas você errou. E eu não quero que isso se repita, certo?

— 'Tá bom… — Balançou os pés, pensativo — Eu vou ficar de castigo?

— Vai — respondeu, direto. Jun mordeu o lábio inferior com certa força, nervoso — Dois dias sem desenhos. Começando… — Olhou para o relógio no pulso — Agora.

Minjun soltou um suspiro frustrado, mas nada além disso. Sabia que merecia. O problema era que, infelizmente, só havia uma televisão na casa e Mirae também gostava dos programas. Ela ficaria sem desenhos e sem sorvete?

— Papai! — chamou, afoito. Tae, que continuava sentado, o olhou novamente — Deixa a Mimi assistir, por favor. Ela não fez nada!

— E quem disse que ela não vai? — Arqueou a sobrancelha — Não tem motivos para que ela fique de castigo também.

— Mas você não levou a gente pra comer sorvete hoje, papai, e ela aaama sorvete. Não era castigo? — perguntou, realmente confuso.

— Óbvio que não, gatinho. — Riu baixinho da lógica do filho — O papai só estava com pressa, entende? Não era uma punição, eu juro.

— Então… A gente pode comer sorvete?

Os olhos do garotinho à sua frente brilhavam em expectativa. Taehyung quis xingar porque, carambolas, Minjun era extremamente adorável.

— Talvez depois, Jun… — respondeu, suave — Mesmo que você não esteja merecendo, mocinho.

— Eu dou o meu pra Mimi! — Arregalou os olhos, temendo que a irmã não pudesse tomar a sobremesa favorita — Ela 'tava triste porque não comeu, e eu não gosto quando ela fica triste…

Tomara que eu exploda de amor — Tae pensou e, logo depois, puxou Minjun para um abraço.

— Príncipe do papai. Meu gatinho — murmurou com voz de bebê, apertando o filho cada vez mais. A risada gostosa preenchendo o quarto — Eu te amo, Jun.

O menor, ainda entre os braços do pai, virou-se para encará-lo de frente. Em seguida, deu um beijo estalado na bochecha de Tae e abraçou sua cintura com força.

Eu te amo pra sempre, papai.

Seus olhos quase encheram d'água, tamanha era a emoção que sentia todas as vezes que um de seus filhos dizia aquilo.

— 'Tá molhado. — A reclamação do mais novo acabou com seu momento emotivo.

— Hã? O quê?

— A roupa, papai — explicou, apontando para o avental — 'Tá molhada.

Puxa vida — murmurou, fechando os olhos em um ato frustrado — Eu esqueci de tirar…

E, novamente, o riso alegre de Minjun aqueceu o coração de Taehyung.

(...)

Cerca de algumas horas depois da conversa, às cinco e pouca da tarde, Mirae acordou.

Primeiramente, estranhou o ambiente, já que estava em sua cama e, bom, lembrava-se bem de estar sofá da sala antes de cair no sono. Por um instante, pensou que poderia ter sido alguma mágica, chegando a imaginar alguma fada do sono carregando seu corpinho adormecido até seu quarto.

Tenho que perguntar pro papai — mentalizou.

Esfregou os olhos ainda um pouco inchados e empurrou a coberta com os pés antes de descer da cama com cuidado. Vestia meias brancas nos pés, então não se importou muito com o chão frio.

Caminhou até a sala para procurar o pai e o irmão, acabando por encontrá-los dormindo abraçados no sofá. Eles estavam deitados, Taehyung sobre o estofado e Minjun sobre sua barriga. Era possível ouvir o ronco baixinho dos dois, o que fez Mirae rir baixinho.

Sentia vontade de comer algo, já que havia dormido durante a tarde inteira. O problema era que ela sequer sabia como virar uma jarra de suco no copo sem derramar, muito menos como preparar um lanchinho. Além disso, Taehyung sempre dizia que ela e seu irmão não deveriam entrar na cozinha sem um adulto por perto, e Mirae era obediente.

Não queria acordá-los, mas realmente necessitava comer algo. Com cuidado, aproximou-se deles e, quando estava prestes a cutucar o braço do pai, a campainha tocou.

Taehyung, que naquele momento sonhava com um imenso campo florido, acordou assustado. O som estava alto e repetitivo, fazendo com que ele quase derrubasse Minjun de seu colo ao levantar, tamanha confusão.

Minjun também acordou, menos assustado que o pai, e foi deixado no sofá depois que o mesmo, aos tropeços, caminhou até a entrada.

Ao olhar pelo olho mágico, Tae enxergou o bendito ser que não tirava o indicador da campainha. Bateu a testa na porta, cansado, e respirou fundo antes de destrancá-la.

Do outro lado, seu velho amigo se divertia com a mera possibilidade de estar irritando Taehyung. Vestia uma bermuda, que ia até um pouco acima dos joelhos, e uma camiseta branca com uma estampa de torta no meio. Em seus pés, tênis brancos e meias de cano baixo listradas. Possuía uma mochila preta e relativamente cheia nas costas.

Tae abriu a porta e sorriu, mesmo que quisesse socá-lo por dentro. Seu soninho estava tão gostoso...

— Oi, Seokjin-hyung… — murmurou, liberando a passagem do outro.

— Oi, Taehyungie! — Entrou sem cerimônia, tirando os sapatos e deixando-os no canto — Como vai?

Tae abriu a boca para responder, mas foi interrompido pelos gêmeos que, ao constatarem quem era, correram até o outro Kim — este se abaixou e abriu os braços com um sorriso brilhante no rosto.

Jinnie-oppa!

Hyung!

— Oi, pequenos! — Abraçou os dois com força e, segurando cada um com um braço, levantou-se. Deu algumas voltinhas, ganhando risadas altas, e os colocou no chão novamente — Senti saudades.

— A gente também! — responderam, ao mesmo tempo.

— 'Tá bom, 'tá bom, já entendi que vocês se amam — reclamou Tae, fingindo ciúme — Vão lavar o rosto, gatinhos, 'tô vendo várias remelinhas.

As crianças soltaram outra risada e se soltaram de Jin, indo até o banheiro. Seokjin se endireitou e tirou a mochila das costas, andando até o sofá e deixando-a ali.

— Sempre soube que sou o adulto favorito deles, já está na hora de você saber disso também — provocou.

— Acorda, hyung — disse, caminhando até a cozinha e jogando um pouco de água no rosto — Eu sou o pai.

— E eu sou o adulto legal que dá presentes, quem você acha que ganha?

Taehyung revirou os olhos, soltando um riso soprado. De fato, Seokjin tinha potencial para ser o favorito dos gêmeos, conhecia bem seus filhos e tinha total noção do quanto eles adoravam os presentes. Quem não gosta, afinal?

— Eu vou preparar sanduíches, quer um? — perguntou, pegando alguns ingredientes na geladeira e separando os pães em um prato.

— Não obrigado, 'tô guardando espaço pra janta. — Acariciou a barriga e piscou um dos olhos, arrancando uma risada do outro — Brincadeira. Aceito, sim.

— Ficaria surpreso se negasse.

— Eu te conheci porque você teve a boa vontade de me oferecer um sanduíche na faculdade. Sou conquistado pelo estômago, gatinho… — Piscou um olho. Eles riram novamente e Tae voltou a passar manteiga nos pães. De repente, uma dúvida surgiu em sua mente:

— Espera aí, como você entrou aqui se o interfone não tocou? — questionou, desconfiado.

— Eu já morei nesse prédio, esqueceu, benzinho? Aquele porteiro me conhece há anos! — Pegou um copo e abriu a geladeira para tomar um pouco d'água — Fora que eu venho aqui toda semana.

— Isso é errado, sabia? Ele tinha que me avisar. E se tivéssemos brigado e você quisesse, sei lá, me matar? — reclamou — Eu teria que fugir com duas crianças, isso seria bem complicado.

— Bom, pra sua sorte, só vim devolver seu carro — explicou, tirando a chave do bolso e girando o chaveiro no dedo — E não seria nem um pouco inteligente te matar dentro da sua própria casa. Sabe quantas câmeras tem por aqui? Eu seria pego rapidinho.

— Vou fingir que você não disse isso. — Pegou alguns copos e uma garrafa de suco pronto — Enfim, sobre o carro… Nunca mais te empresto ele para nada.

— Por que não?

— Precisei dele hoje — explicou — Me atrasei e tive que buscar os gêmeos de bicicleta, quase sofri um acidente.

— Foi mal, Tae. Se eu soubesse, teria devolvido ontem.

— Tudo bem, hyung, sei que ficaria complicado pra você. De qualquer forma, deu tudo certo. — Colocou cada sanduíche em um prato e, junto com os copos de suco, pôs em uma bandeja — Foi um dia corrido. Meu novo horário no trabalho começou hoje, como pedi, mas acabei me atrapalhando. Minjun aprontou na escola e eu tive que conversar com ele. Além disso, tenho que pegar as últimas coisas deles na casa do meu pai.

As duas crianças haviam se mudado para sua casa há pouco menos de seis meses. Foi e continuava sendo um período complicado de adaptação. Seu pai ainda encontrava os netos todas as manhãs, pois era o responsável por levá-los à escola — fazia isso para que pudesse passar um tempo com eles todos os dias —, mas algumas vezes por semana Tae o visitava com os gêmeos.

Naquele dia em específico, tinha combinado de ir buscar as últimas coisas que ficaram por lá durante a mudança. Se não fosse a aparição de Seokjin, com certeza teria perdido a hora.

— São os ossos do ofício de pai, querido amigo — disse Seokjin, dando dois tapinhas nas costas de Tae — Você está fazendo um ótimo trabalho.

— Obrigado, eu tento.

Juntos, foram até a sala para levar o lanche. Minjun estava sentado no chão, brincando com alguns carrinhos enquanto Morar desenhava na mesa.

— Gatinhos, o lanche 'tá pronto. Lavem as mãos e fiquem no chão.

Os filhos obedeceram, andando calmamente até a pia do banheiro. Quando voltaram, sentaram-se no chão e aguardaram.

Taehyung deu um prato e um copo de suco para cada um, incluindo Seokjin. Pegou seus próprios, deixou a bandeja na mesa e acomodou-se no sofá com seu hyung.

Todos começaram a comer em silêncio. Os gêmeos arregalaram os olhos na primeira mordida e, com os polegares levantados, elogiaram o pai. Seokjin fez o mesmo, dizendo que estava delicioso. Taehyung sorriu envergonhado e observou os filhos sujando o chão com farelo, acabando por soltar um gemido frustrado ao lembrar que, mais tarde, teria que limpar a bagunça.

— Vou comprar uma mesinha de plástico e cadeirinhas para eles — Jin disse, de repente — Eles poderão comer, desenhar, brincar e fazer qualquer coisa nela. Assim causa menos bagunça e você não fica com essa cara de pai.

— "Cara de pai"? — Virou-se para o amigo.

— Sim, cara de quem não pode fazer nada porque tem que cuidar dos filhos — explicou, rindo.

— Não é bem assim. Ser pai não é deixar de ter liberdade, sabia?

— Não deveria ser, mesmo, mas no seu caso é. Qual é, Tae, você 'tá quase chorando só de olhar pro farelo no chão!

Mirae e MInjun olharam para os dois, querendo entender do que se tratava a conversa. Eram bem curiosos. Taehyung suspirou e revirou os olhos, fazendo um bico enquanto mastigava o final do sanduíche.

— Nem vem com essa cara, eu te conheço. Você 'tá precisando tirar umas férias, sabia?

— Chega, hyung. Não quero ter essa conversa na frente deles, e muito menos agora — pediu, realmente cansado.

— Certo, desculpa.

Beberam o resto dos sucos e aguardaram até que os gêmeos terminassem de comer. Recolheram a louça e Seokjin levou até a pia, começando a lavar tudo sem fazer questão de pedir a permissão do outro.

— Hey — Tae chamou a atenção dos filhos — Vamos para a casa do vovô daqui a pouco, ok? Podem ir para o quarto que eu já ajudo vocês com as roupas, só preciso falar uma coisa com o hyung.

— 'Tá bom, papai! — assentiram.

Taehyung foi até a cozinha e, parado no batente da entrada, observou o outro Kim cantarolando uma melodia qualquer em voz baixa enquanto começava a enxaguar a louça cheia de sabão.

— Jun quase falou um palavrão hoje, acredita? — contou, apoiando as mãos na borda da pia — Ele disse que ouviu você dizendo.

— Ah… — Seokjin riu, nervoso pelo olhar raivoso de Tae — Desculpa, bebê. Eu tento me controlar perto deles, mas não dá pra fazer isso o tempo todo.

— Okay, hyung, eu te perdôo. Só, por favor, não jogue todo meu esforço no lixo — pediu, forçando uma voz chorosa.

— Todo esse drama por conta de um mísero palavrão, vê se pode! — tirou sarro, jogando um pouco d'água no mais novo, que bufou — Qual foi a tão proibida palavrão de baixo calão que ele disse?

Puto — Seokjin piscou algumas vezes, incrédulo, para logo depois soltar uma gargalhada alta — E ele não disse, ok? Foi quase. Meu filho não tem esse tipo de palavreado em seu vocabulário.

— É tão estranho te ouvir falando assim… Faz anos que não ouço um "caralho" vindo de você — pensou alto, colocando o último prato no escorredor e secando as mãos na própria camiseta — Bons tempos, bons tempos.

— Hyung!

— Ai, ai, Taehyungie… Boa sorte quando eles entrarem na adolescência. — Deu alguns tapinhas no ombro de Taehyung — Eu farei questão de montar um power point cheio de palavrões e modos de uso. Vou começar a prepará-lo hoje!

Tae nem se deu ao trabalho de responder a provocação, optando por apenas revirar os olhos e seguir até o quarto dos gêmeos. Mirae observava uma blusa branca com uma margarida no meio e uma lilás, sem estampa, que estavam em cima da cama. Minjun estava focado em pôr suas meias azuis com estampa de dinossauros nos pés.

— Mimi, vai com a branca — Taehyung apontou para a blusa enquanto aproximava-se da filha — Ahri que te deu, vai gostar de te ver usando — Mirae assentiu, sorridente, e levantou os braços para que o pai pudesse retirar sua camiseta e pôr a escolhida no lugar.

Tae trocou a calça dela e pediu que também colocasse meias. Trocou as roupas de Minjun e arrumou o cabelo dos dois com a ajuda de Seokjin, que fez uma trança em Mirae.

Pediu que Jin olhasse os filhos por um tempo e foi ao seu próprio quarto para se trocar. Vestiu uma calça jeans de lavagem clara, uma blusa preta sem estampa e tênis brancos. Jogou uma jaqueta também jeans por cima e pegou seus óculos de descanso.

Chamou todos para a sala e arrumou as mochilas de passeio dos gêmeos, coisa que fazia quando eles saíam de casa para qualquer lugar que não fosse a escola, era uma forma de estar sempre pronto para um imprevisto. Os documentos, remédios para emergências e algumas mudas de roupa extras ficavam ali. Nunca se sabe.

— Prontinho! — comemorou sozinho ao que fechou a última mochila — Seokjin-hyung, obrigado pela ajuda.

— Sem problemas, Tae! — sorriu, colocando sua mochila nas costas e calçando seus sapatos novamente — É sempre um prazer, querido amigo.

Os pequenos calçaram seus tênis sozinhos e cada adulto amarrou os cadarços de um. Taehyung pegou as chaves do carro e da casa, sua carteira, celular e destrancou a porta.

— Quer vir com a gente, hyung? Meu pai adoraria a visita — convidou, fazendo Seokjin abrir um enorme sorriso.

— Como é ótimo ser amado pela família Kim!

(...)

O céu já escurecia do lado de fora do carro preto. Taehyung dirigia calmamente enquanto Seokjin estava no banco do passageiro e os gêmeos atrás, em suas respectivas cadeirinhas.

Tae já podia enxergar a casa do pai, não demorando para estacionar em frente à residência simples, que possuía um muro baixo amarelo e portão de ferro.

— Chegamos! — avisou, desligando o veículo, tirando o cinto e destravando as portas — Hyung, pode me ajudar com eles?

— É pra já!

Os dois saíram e abriram as portas dos bancos de trás para tirar os gêmeos das cadeirinhas. Já estavam acostumados com toda aquela quantidade de travas, então não foi uma tarefa difícil. Cerca de alguns minutos depois, o carro estava trancado e os quatro caminhavam entre o portão e a porta de entrada da casa.

Taehyung apertou o botão da campainha e pôde ouvir o ding dong soando dentro da casa. Pegou a mochila de Mirae, que estava com Jin, e virou-se quando a porta foi, finalmente, aberta:

Meus gatinhos!

•••••••••••••••

Bom, gente, esse foi o segundo capítulo! Seokjin finalmente deu as caras por aqui, então, o que acharam dele?

Espero, de verdade, que tenha agradado vocês. Muito obrigada por lerem até aqui.

Não esqueçam de votar, por favor, e comentar no twitter usando a tag #CatapimbaBruxinho!

Um beijo na testa de cada um de vocês e até próxima! Mwah 💋

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