One More Night

By PizzaDuarda

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Na frente das câmeras, uma amizade. Por trás delas, um amor interrompido por um contrato profissional. Caitr... More

Capítulo 1: Fúria encoberta
Capítulo 2: Eu pensei que você voltaria
Capítulo 3: Uma noite
Capítulo 4: Retorno a realidade
Capítulo 5: Prova real
Capítulo 6: Inconformado
Capítulo 7: Encarando as consequências
Capítulo 8: Escolhas
Capítulo 9: Revelações
Capítulo 10: Depois de tudo
Capítulo 11: Não faça mais isso!
Capítulo 12: Limites
Capítulo 13: Uma noite - parte II
Capítulo 14: Dia da mudança
Capítulo 15: 1° semana
Capítulo 16: Baby bump
Capítulo 17: IFH
Capítulo 18: Happy birthday Sammy!
Capítulo 19: Momentos
Capítulo 20: Loving and fighting
Capítulo 21: Pesadelos
Capítulo 22: Provocações
Capítulo 23: Efeito colateral
Capítulo 24: Cinema, jantar e...
Capítulo 25: Edimburgo - Parte I
Capítulo 27: Edimburgo - Parte III
Capítulo 28: Edimburgo - Parte IV
Capítulo 29: Reconciliação
Capítulo 30: Conexão
Capítulo 31: You broke me first
Capítulo 32: Irlanda - Parte I
Capítulo 33: Irlanda - Parte II
Capítulo 34: Irlanda - Parte III
Capítulo 35: Irlanda - Parte IV
Capítulo 36: E a verdade é contada...
Capítulo 37: It's a...
Capítulo 38: It's a... - Parte II
Capítulo 39: To build a home
Capítulo 40: inseguranças e hormônios
Capítulo 41: Tour de divulgação
Capítulo 42: Tour de divulgação - Parte II
Capítulo 43: volta pra casa
Capítulo 44: Papai tem conversa séria com bebê
Capítulo 45: That's a wrap
Capítulo 46: odeio mudanças
Capítulo 47: a volta dos que não foram
Capítulo 48: concessões
Capítulo 49: tudo desmorona
Capítulo 50: 30 semanas
Capítulo 51: Curso de pais
Capítulo 52: O outro
Capítulo 53: welcome, baby girl!
Capítulo 54: o que a madrugada guarda...
Capítulo 55: Happy Birthday, Cait
Capítulo 56: desentendimento
Capítulo 57: jogo de sedução
Capítulo 58: Surpresa
Capítulo 59: Surpresa - Parte II
Capítulo 60: Hormônios
Capítulo 61: O começo
Capítulo 62: O parto
Capítulo 63: Depois do parto
Capítulo 64: pequenos momentos
Capítulo 65: Natal
Capítulo 66: Pai e filha
Capítulo 67: Primeiro encontro
Capítulo 68: afogar o bico do ganso
Capítulo 69: os finalmentes
Capítulo final: Happy Ending - Parte I
Capítulo final: Happy Ending - Parte II
Capítulo final: Happy Ending - Parte III

Capítulo 26: Edimburgo - Parte II

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By PizzaDuarda

Chrissie continuava exatamente igual a quando a vi pela última vez. Seus cabelos loiros estavam um pouco mais cumpridos do que antes, mas seu sorriso carinhoso ainda estava ali.

— Ora, mas não era sem tempo! — Disse caminhando até nós dois. Pensei que ela fosse abraçar o filho, mas ela simplesmente me acolheu em seus braços. — Oh, querida — sua voz soou quebrada, como se ela estivesse em lágrimas — você está tão linda!

Olhei para Sam por cima do ombro de sua mãe e ele tinha um imenso sorriso permanente em seu rosto olhando para nós duas. A abracei. Era tão bom saber que ao menos o seu carinho por mim ainda existia.

— É muito bom revê-la, sen... — ela me cortou.

— Eu já disse que para você é Chrissie, querida. — Ela corrigiu se afastando e limpando o canto de olho. Ela tinha chorado! — Eu senti sua falta.

Meu coração partiu e eu tive que reunir todo meu autocontrole para não chorar.

— Eu também senti a sua, Chrissie. — Ela fez um gesto casual e foi abraçar Sam.

— Lembrou que eu sou seu filho, dona Chrissie? — Brincou enquanto a envolvia em seu abraço de urso.

— Você deveria ter trago ela aqui antes, Sam! — Repreendeu o filho. Ela se afastou e o analisou. — Você parece feliz.

— Eu estou. — afirmou olhando para mim.

Meu coração se preencheu. Poderíamos ter ficado horas trocando aquele olhar, se Chrissie não tivesse nos chamado para entrar. Já dentro da casa — que estava exatamente como eu me lembrava também —, Sam removeu Eddie de sua caixinha e a apresentou para a mãe.

— Dona Chrissie essa é a gatinha Eddie, minha filhinha felina.

— Ela é tão lindinha!

E gorda. — Disse Sam colocando-a no chão. Eddie ronorou e foi explorar a casa, provavelmente procurando um canto silencioso para dormir e nós rimos.

— Vocês devem estar cansados! — Disse ela olhando para nós dois. — Que tal um banho e um cochilo? Eu acordo vocês quando estiver na hora de sairmos. — Assenti agradecida. A gravidez parecia me deixar duplamente cansada, especialmente depois de uma viagem de duas horas de carro.

Ela nos guiou até o andar superior e quando Sam foi para o seu quarto e eu continuei seguindo sua mãe, notei que havia sim algo diferente nessa viagem para a de dois anos atrás. Nada havia mudado, mas ainda sim, tudo estava diferente. Chrissie me deixou com os meus pensamentos depois de indicar que no armário do banheiro havia toalhas limpas e que em breve traria algo para que eu comesse. Me sentei na cama ampla e suspirei, minha mente nublada de lembranças.

— Shiu! — Sussurrou Sam para mim tampando minha boca com a sua mão. — Você vai acordar o bebê! — mordi sua mão e ele a removeu da minha boca com uma careta de dor em seu rosto.

— Você é quem está fazendo barulho! — Exclamei enquanto minha mão continuava a se mover.

— Cait! — rosnou.

— Shiu! — repreendi — Você vai acordar o bebê e a casa toda, Sammy.

— Quando chegarmos em casa, vou fazê-la pagar por isso. — Dei um sorrisinho e continuei movimentando minha mão.

— Estou ansiosa por isso, amor.

Balancei minha cabeça dissipando os pensamentos e caminhei até o banho, aceitando a sugestão de Chrissie. Se eu ficasse parada mais lembranças viriam e eu não estava pronta para elas. Tomei um banho relaxante e depois me deitei na cama, eu estava cansada, mas dormir sozinha ainda me deixava em pânico e me dei conta de que teria que fazer isso nos próximos dois dias. Sam e eu não estávamos mais juntos, não havia motivos para dividimos um quarto.

Uma batida tímida soou na porta, achei que fosse Chrissie com o lanche prometido, mas era Sam. Ele fechou a porta atrás de si, me deu um sorrisinho e veio até a cama, se jogando ao meu lado sem esperar permissão.

— Como é dormir no seu quarto de infância?

— Me sinto um adolescente com tesão e cheio de espinhas de novo. — Ri. Ele riu junto. — Faz anos que não durmo em uma cama de solteiro é estranho não ter tanto espaço para se mover. Acho que devíamos mudar de quartos! — neguei com a cabeça — Tudo bem. Se você insiste, podemos dividir esse.

— Você deveria tentar um papel para comediante.

— Eu já fiz um. Esqueceu?

Ah... eu lembrava. Com a Mila Kunis...

— Não, eu me lembro. — ele sorriu ao olhar para mim e me deu um beijo no nariz.

— Você é ainda mais linda com ciúmes!

— Eu não estou com ciúmes. — Ele riu.

— Eu te conheço melhor do que a mim mesmo, Cait. Eu consigo ler seu rosto, suas expressões...

— E meus pensamentos? — arqueei a sobrancelha em um claro desafio. Ele se aproximou mais e colou nossas testas.

Nossos narizes se tocavam e nossas bocas estavam a milímetros de distância. Respirávamos o mesmo ar.

— As vezes eu consigo. — acariciou meu braço com sua mão fazendo minha pele se arrepiar instantaneamente — As vezes não... mas eu não preciso ler seus pensamentos. Basta olhar para o seu rosto e notar seus movimentos.

— E o que eu estou sentindo agora, Sammy? — Ele deu um sorriso e tocou meus lábios com o seu. Tão leve que parecia um beijo de uma pena e se afastou.

— Que vocês precisam descansar. — Ele me puxou para deitar em seu peito, abracei sua cintura. — Descanse, Cait. — Beijou o topo da minha cabeça — Estarei aqui quando você acordar.

E ele estava. Acordei rodeada pelos seus braços musculosos e beijos no topo da minha cabeça, ombro e alguns mais atrevidos em meu pescoço.

— Hora de acordar, Cait. — outro beijo, dessa vez no canto dos lábios. Sorri involuntariamente.

— O que eu fiz para ser acordada assim? — Arqueei as sobrancelhas, ele me deu um beijo entre elas e sorriu para mim.

— Você tem noção de... — Ele se interrompeu. Sam não costumava hesitar quando queria falar algo, mas dessa vez, ele apenas se calou.

— Sammy...

— Acho que estar aqui com você me deixou nostálgico. — me apertou mais em seus braços. Eu não tinha sido a única. O abracei com mais força pela cintura, quase deitando em cima dele e ele me apertou mais, sua cabeça encostada no topo da minha. — Você está cheirando diferente... — Ri, pega de surpresa pela mudança de assunto.

— É mesmo? — Ele traçava meu braço com os dedos lentamente, fazendo minha pele se arrepiar — Que cheiro eu tenho agora?

— Uma mistura de groselha com coco e algo que eu não consigo decifrar... — Ele inspirou meu cabelo — Seu cheiro sempre foi o meu favorito.

Sam era assim desde o dia em que nos conhecemos. Sempre buscando motivos para me elogiar, sempre me arrancando suspiros... sempre encontrando coisas novas que amava sobre mim.

— E você não gosta mais? — Ele riu e me puxou mais para si.

— Mesmo se você cheirasse como eu depois da academia, seu cheiro ainda seria o meu favorito — Gargalhei alto dessa vez, sem poder me conter.

— Você é um idiota e eu não tenho nada contra seu cheiro pós academia, é até meio... — mordi meus lábios para me conter e Sam fez questão de erguer meu queixo e olhar para mim.

— Meio? — Incentivou. Desviei o olhar dele e então reparei que a mesinha do quarto continha uma bandeja com biscoitos, pães e frutas.

— Foi você? — apontei para a bandeja, ele seguiu a direção que eu apontava com o olhar e depois se virou para mim.

— Não, já estava ai quando eu acordei. Agora voltando ao que você dizia...

Então só restava Chrissie. A mãe dele havia estado no quarto enquanto nós dois dormíamos daquele jeito! O que será que ela estaria pensando agora? Sam havia dito que não estávamos juntos, é claro, mas será que ela sabia que morávamos juntos? Não, não podia saber... ainda não havíamos contado da gravidez e não havia forma de explicar nós dois morando sob o mesmo teto sem o vínculo que nos ligava e... meus pensamentos foram interrompidos quando percebi que Sam me chamava incessantemente.

— Sim? — Pisquei tentando retomar o foco.

— O que foi? — Questionou preocupado.

— Sua mãe viu nós dois. — Disse me levantando e me afastando da cama.

— E? — retorquiu, também se levantando.

— E? — Repeti irritada — Nós não somos mais um casal e temos que parar de agir como se nada tivesse mudado!

Sam ficou parado no mesmo lugar, mas seu rosto havia se tornado inexpressivo. Eu não conseguia lê-lo.

— Vou tomar meu banho. — avisou caminhando até a porta.

— Sam...

— Minha mãe está nos esperando para irmos visitar a cidade. — Notificou e saiu do quarto sem mais nenhuma palavra.

Fiquei parada encarando a porta. Por que eu não podia ficar calada? Me sentei a contra-gosto e comecei a comer, por mais que a fome tivesse se dispersado, eu ainda precisava me manter saudável e nutrida. Depois de comer e me arrumar, desci e encontrei Chrissie sentada no sofá com Eddie deitada confortavelmente em seu colo. As duas pareciam velhas conhecidas.

— Parece que os Heughan's tem o poder de encantar gatos. — Chrissie olhou em minha direção com um sorriso, acariciando atrás da orelha de Eddie, me aproximei dela — Sabia que ela também se deu bem com o Sam na primeira vez que o viu?

— Eu imagino que sim, esse menino tem um dom com as garotas Balfe. — corei e ela riu. — Que tal um chá, querida?

— Seria maravilhoso. — Chrissie tirou Eddie com cuidado de seu colo, colocando-a no sofá e se levantou, passando por mim em direção a cozinha. A segui.

— Como vão as coisas no trabalho? — questionou enquanto enchia a chaleira com água.

— Muito bem. — me sentei na cadeira da mesa e fiquei a observando trabalhar — É meio cansativo, mas trabalhar com o que se gosta é incrível. — ela me lançou um sorriso por cima do ombro — E você? Está ansiosa para a abertura da galeria amanhã?

— Devo confessar que estou em pânico. — Ela se virou para mim, apoiada no armário.

— Eu já vi seus quadros, Chrissie. São incríveis! Não a nada a temer em relação a abertura amanhã.

— Você é muito gentil, querida. Entendo porque meu filho se apaixonou por você no momento em que a viu. — corei novamente e ela se virou para verificar o chá, dando-me tempo para me recompor.

— Quando Cirdan e a Vick chegam?

— Amanhã pela manhã. Eles tinham algum evento na escola da pequena Violet.

Olhei para a minha barriga, pensando que em alguns anos Sam e eu faríamos o mesmo com a nossa ervilhinha.

— E então? — olhei para Chrissie incerta do que responder já que não tinha escutado a pergunta.

— Desculpe, não entendi.

— Qual chá você prefere?

— Camomila. — Chrissie pegou uma caixa cheia de saquinhos de chá e voltou a preparar o chá.

— Ótima escolha.

— Onde nós vamos hoje?

— Aaaa! — ela sorriu enquanto servia o chá em duas xícaras iguais. — Tem um evento de música acontecendo hoje com um monte de estandes armados na rua vendendo comida e lembrancinhas típicas!

— Parece incrível! — sorri enquanto pegava a xícara de chá que ela me oferecia. — Será que você consegue convencer Sam de participar das danças? — ela gargalhou negando com a cabeça.

— Se existe alguém capaz de persoadi-lo é você. — corei com a constatação de Chrissie.

O quanto ela sabia sobre nossa relação, sobre o nosso fim?

— Chrissie... — limpei a garganta — Sam te contou o que aconteceu entre nós?

— Sim, ele contou. — como o filho, ela também tinha adquirido um semblante inexpressivo. — Ele sofreu muito, sabe? Na época do término. — engoli em seco — Tenho certeza de que não foi fácil para nenhum dos dois, dava para ver o quanto se amavam.

— As vezes o amor não é o suficiente. — Disse tentando segurar o rompante de lágrimas que me ameaçava.

Oh querida... — ela me deu um olhar triste — Quando duas pessoas se amam tanto quanto vocês dois, eles encontram um jeito.

Sam apareceu logo depois. Ele me olhou rapidamente e depois olhou para a sua mãe, me evitando.

— Vamos?

— Sim! — Chrissie se levantou — Vou apenas buscar minha bolsa. — Ela deu a volta na mesa e sumiu em direção a sala.

— Por que você estava chorando? — Ah, então ele havia notado.

— Hormônios. — Ele recolheu as xícaras da mesa — Sam, eu não quis...

— Não precisamos falar sobre isso, Cait.

— Mas...

— Eu não acho que esse seja o momento para termos essa conversa. — assenti — Mas você está certa, temos muito o que conversar.

— Depois.

— Depois.

A mãe de Sam retornou e nós saímos em direção ao evento. A raiva ou qualquer outra emoção que Sam podia ter sentido se dissipou quando alcançamos o festival. A música era contagiante.

— Faz anos que não venho ao festival! — comentou Chrissie sorrindo de orelha a orelha.

A cidade toda parecia eufórica. Não. Parecia viva! Havia centenas de barraquinhas que se estendiam por toda a avenidade principal, vendendo acessórios, comida típica, kilts ou qualquer outra coisa que achassem útil. A maior parte dos homens usavam seus kilts, a bandeira da Escócia estava estendida com orgulho nas fachadas das lojas, havia algo exótico na cidade.

Enquanto descíamos a avenida principal, Chrissie comentava empolgada que aquela era sem duvida a melhor edição do festival até o momento e, que nós deveríamos ir até a rua com os músicos de rua. Chrissie enlaçou seu braço ao meu quando chegamos na primeira rua lateral da avenida e me guiou para ela. Sam vinha logo atrás, seu rosto era um misto de sentimentos contidos, mas ele não conseguia evitar sorrir com a alegria radiante da mãe.

— Ali temos a melhor cozinheira de toda a Escócia! — Chrissie apontou com a sua mão livre para um estande onde uma senhora de uns 70 anos estava servindo um prato com um imenso sorriso. — Ela cozinha há mais de 60 anos e continua muito sã.

Sorri. A idosa fez um gesto com o braço assim que viu Chrissie e ela me levou até o estande da mulher animada.

— Chrissie! — saudou com um imenso sorriso.

— Isle, querida! — saudou minha ex-sogra com um imenso sorriso — Eu sabia que te veria aqui.

— Eu só perderia o festival Leith se estivesse morta! — comentou sorrindo e então olhou para mim — Sabe querida, eu participo deste festival desde quando era uma criancinha e a barraquinha pertencia ao meu pai! — meu sorriso se expandiu — Aaaaa! — a mulher exclamou com um sorriso imenso, olhando por cima do meu ombro. — Não acredito que este homem seja o seu rapazinho, Chrissie!

Sam se aproximou, parando ao meu lado. Ele estava muito mais relaxado do que a minutos atrás e deu um sorriso caloroso a velhinha.

— Dona Isle, eu achei mesmo ter sentido o aroma da sua comida enquanto descíamos a rua!

— Aposto que seu estômago roncou alto! — Sam gargalhou — E a mocinha é sua esposa, suponho?

Quase engasguei com a minha saliva, mas a mão grande e quente de Sam foi realocada na base da minha coluna em solidariedade.

— Não somos casados. — Ele entoou, a senhora olhou dele para mim, de novo para ele e de novo para mim.

— Então você é um idiota! — Chrissie gargalhou ao meu lado enquanto Sam parecia mais encabulado do que antes.

— É o que eu vivo dizendo! — Chrissie comentou depois de se recuperar de sua crise de riso — Talvez eu deva deixar os dois com seus sábios conselhos, Isla. Quem sabe escutam uma anciã!

— Jovens estúpidos! — a velhinha sibilou enquanto enchia uma tigela de comida. — Tome meu rapaz, coma e reflita as palavras de uma velha que já passou por muito durante a vida — encolhi meu corpo, não queria que Sam voltasse a se recolher, mas ele parecia relaxado ao meu lado — Uma moça linda como essa, simpática e sobre tudo inteligente — ela me deu um olhar significativo que parecia decifrar todos os meus segredos — Não ficam muito tempo disponível! Não seja burro e pare de desperdiçar tempo. Coloque um anel no dedo dela!

Chrissie parecia segurar a vontade de sorrir ao comprimir os lábios, Sam apenas colocou a mão livre no bolso e não disse nada. Isle o entregou o prato de comida e olhou para Chrissie.

— E você? — estreitou o olhar para ela.

— O que tem eu? — Chrissie fez o mesmo que a senhora.

— Quando teremos notícias de um casamento para você?

Sam engasgou com a comida e eu olhei involuntariamente para a minha ex-sogra com a sobrancelha arqueada. Será que ela tinha alguém?

— Bobagem! Estou muito velha para isso, Isle.

— Se você não está morta, não está muito velha! — entoou a senhora entregando outro prato para Chrissie.

Olhei de soslaio para Sam e ele assim como eu observava a mãe. Ela definitivamente tinha alguém, agora quem seria o felizardo... sabiamente, Sam decidiu manter a boca fechada e o olhar da mulher se voltou para mim.

— Sabe, querida... — pausou, se concentrando na tarefa de servir o prato — você me parece bem sábia, sabe o que seu coração quer e o que precisa fazer. Não seja estúpida como estes dois — apontou para Sam e para Chrissie — não deixe nada silenciar os seus instintos, eles te guiarão para o lugar certo. — ela me entregou outro prato — E se alimente. — Piscou.

Como ela sabia que eu estava grávida, eu não fazia ideia, mas eu podia sentir o olhar significativo quando me entregou o prato. Sam também. Trocamos um rápido olhar e concordamos que a velha dona Isle defenitivamente era tão astuta quanto assustadora.

Por fim, Chrissie — mesmo com nossas insistências — pagou pela refeição e nos despedimos da senhora. Ela lançou um olhar como se dissesse para que no próximo ano tivéssemos resolvido tudo. A mão de Sam continuou em minha coluna enquanto seguiamos em frente.

Passamos por um grupo de teatro de rua que fazia uma apresentação alucinante sobre um conto infantil escocês. As crianças haviam sido dispostas em um meio círculo e todos tinham ganho um arranjo de flores para pôr sobre os cabelos. Minha mão foi de forma involuntária para o meu ventre como se pudesse imaginar minha pequena ervilhinha sentada naquele meio círculo ouvindo a história de seu lar. Lar. Escócia era lar. Quando olhei para Sam, ele também observava as crianças com um sorriso no rosto, se tendo lembranças de sua própria infância ou imaginando nosso bebê ali, eu não sabia.

Quando estávamos prestes a atravessar a rua e voltar para a avenida, um som diferente cortou a entonação das músicas típicas. De outra rua lateral, surgiu um grupo de homens impecavelmente vestidos com todo o traje à rigor de um escocês e enormes instrumentos de percussão. Atrás deles, réplicas imensas do que poderia ou não ser o monstro que segundo as lendas viva no fundo do lago Ness, eram carregadas. Por incrível que pareça, elas tinham variados tons e não o cinza ou o verde escamoso das histórias.

— Esqueci de contar sobre a comissão? — sussurrou Sam ao meu ouvido, olhei para ele intrigada. — Todo ano eles fazem uma espécie de desfile iniciando dessa rua e percorrendo toda a avenida principal.

É lindo! — as pessoas ao redor cantavam no ritmo da música que eles tocavam. Tive vontade de dançar, cantar e pular até que meus pés latejassem e minha voz sumisse. — Sam, esse festival é a coisa mais linda que já presenciei!

Sua mão deslizou da base da minha coluna para a minha mão. Seu sorriso parecia refletir o meu.

— Fico feliz em compartilhar esse pedaço da minha vida com você.

— E eu fico feliz de que você esteja fazendo isso.

— E eu fico feliz se formos até a floricultura! — Chrissie disse nos puxando em direção a outro estande cheio de Myosotis, não-me-esqueças.

Sam e eu trocamos um olhar cúmplice. Aquela flor tinha levado Claire até Jamie em Outlander, parecia certo de alguma forma que também aparecesse em nossa vida. Sam me comprou um buquê.

— Para que você nunca me esqueças. — Ri com escárnio e me certifique de que Chrissie estivesse longe antes de sibilar em seu ouvido.

— Você é inesquecível. — Senti a respiração de Sam se tornar mais acelerada e tive que conter o impulso de envolver seu pescoço com os meus braços.

— Você também, amor. — murmurou em meu ouvindo no instante em que Chrissie retornou. Meu rosto poderia ter se confundindo com as lindas rosas vermelhas que Sam comprou para a mãe e as batidas do meu coração poderiam facilmente ter ocultado o barulho da percussão.

Amor.

Amor.

Amor.

Amor.

Amor.

Mesmo admirando cada bloco, cada estande e cada atração, meu coração ecoava as palavras de Sam a cada batida. Amor. Sua mão continuava na minha e um dos meus braços permaneciam enlaçados com o de Chrissie. Amor. Amor. Amor.

Oh não! — A exclamação de Chrissie fez com que eu e Sam desviassemos o olhar da atração de mimicos para Chrissie ao mesmo momento — Eu me esqueci completamente que deveria passar na galeria a fim de me certificar de que esteja tudo certo para a exposição!

— Acho que tudo bem, podemos ir com você e... — ela me interrompeu.

— Não, querida! Que ultraje perder esse festival maravilhoso para ir comigo até a galeria. Não, não, não. Posso muito bem caminhar até lá sozinha.

— Mas...

— Não. Fiquem e aproveitem o restante do festival! — ela deu um olhar firme para nós dois — Não quero vê-los em casa antes do jantar, ouvi dizer que próximo ao Leith terá um jantar com uma orquestra!

— Não podemos deixá-la sozinha.

— Bobagem, querida! Eu ficarei bem com a pequena Eddie.

Ia abrir a boca para protestar pela terceira vez, mas Sam apertou a minha mão em um gesto para que eu me calasse. Resignada, fiz o que ele pediu.

— Está certa disso, mãe? — ela assentiu — Não podemos nem caminha com você até lá? — ela negou — Tudo bem. — ele soltou minha mão e se aproximou dando um beijo em sua bochecha. — Cuide-se e nos vemos em casa.

— Até mais tarde, querido. — ela segurou Sam pelos ombros e sussurrou algo em seu ouvido. Ele se afastou com um sorriso.

— Pode deixar, mãe.

— Até mais meus filhos. — observamos Chrissie se afastar pela rua da avenida até que ela desapareceu entre as centenas de pessoas que estavam no festival.

Senti a mão do Sam na minha novamente e desviei o olhar para ele. Ele tinha um sorrisinho malicioso nos lábios.

— O que?

— Sutileza não é um dos fortes dela.

— Ela não tem que ir até a galeria tem? — ele negou, me puxando mais para si. — Que astuta!

— Eu diria outra coisa. — Ri. — Ele beijou minha testa.

— O que ela sussurrou em seu ouvido? — Seu beijo desceu para a minha bochecha e depois para o meu pescoço, segurei o gemido.

— Ela disse: se você voltar para casa sem ter levado-a para jantar em frente ao Leith, eu vou joga-lo no lago Ness. — sussurrou ao meu ouvido e eu me afastei gargalhando.

— Ela não faria!

— Aaaaa, ela faria sim! — Ele disse me puxando de novo para si com as mãos em meus quadris. Nossos corpos se tocaram e eu queria muito estar em um lugar sozinha com ele. — Ela gosta muito de você.

— E eu dela. — ele sorriu ainda mais e me roubou um beijo.

— Vamos! — se afastou — Temos muito o que ver antes do jantar.

E assim caminhamos de mãos dadas pelas ruas da cidade até que o sol começasse a se pôr. Presenciei uma nova onda de êxtase quando as luzes da cidade se acenderam, se eu achava que de dia a cidade era linda, a noite ela era estonteante! Sam me guiou até o restaurante que a mãe indicará, prostestei porque estava suada e toda bagunçada, queria voltar para a casa, tomar um banho e colocar um vestido que iria deixar Sam de queixo caído, mas ele disse que era bobagem e para provar que eu não estava repugnante como eu havia afirmado, tocou a língua no meu pescoço de cima a baixo. Me desfiz em seus braços e todos os meus protestos foram esquecidos. Eu era linda para ele de qualquer forma.

Sentamos em uma mesa à beira-rio, a lua era refletida na água e a visão era a mais bonita de todas. Mesmo a uma distância significativa das festividades ao longo da avenida, eu ainda podia ouvir as vozes felizes das pessoas e a percussão tocando. Eu não achava que já tivesse sorrido tanto quanto hoje.

— Está cansada? — Sam questionou depois de alguns minutos de um silêncio confortável.

— Exausta. Mas... — acrescentei antes que ele insistisse em me carregar de volta para a casa — nunca estive tão deslumbrada e... feliz.

Seu sorriso em resposta poderia iluminar o mundo.

— Nada me traz mais prazer. — segurei sua mão e ficamos no olhando até que a dona do estabelecimento venho até nós e ofereceu o cardápio.

Comemos entre risadas e flertes, como era de se esperar. Mas nada além de flertes inocentes dessa vez, a noite estava serena demais e isso bastava por enquanto.

— Eu quero voltar para cá. — Sibilei de repente, Sam arqueou as sobrancelhas. — Você e sua mãe falam com tanto amor do festival e... — olhei em volta — eu estou tão apaixonada por ele... quero que ele faça parte das memórias da ervilhinha assim como fizeram parte das suas.

Ele tinha lágrimas nos olhos. Apertei sua mão em um gesto de consolo e seu sorriso se expandiu.

— Nada me faria mais feliz do que mostrar cada canto desse festival para o nosso filho, Cait. Nada. — meu peito se aqueceu de um sentimento tão puro, que era indescritível. — O festival é uma das lembranças mais felizes da minha infância. Eu me lembro das peças, das músicas, das oficinas... sabia que foi por causa desse festival que me apaixonei pelo teatro? — neguei — Eu assisti certa vez uma peça sobre Culloden, embora triste e doloroso, naquele momento eu soube que também queria perpetuar histórias. Queria levar algo a mais para a vida das pessoas.

— Isso é lindo, Sam. — ele deu um beijo em minha mão e a manteve contra sua boca.

— Obrigada, Cait. Nada me deixaria mais feliz do que voltar ano após ano aqui com vocês.

Nem a mim.

Quando chegamos na casa da mãe de Sam, era muito tarde. As luzes estavam apagadas e a casa em um silêncio absoluto. Sam e eu decidimos que era melhor não acordar a mãe e ele me deixou em meu quarto. Tomei um banho, removendo as camadas de suor da minha pele e ainda com um sorriso no rosto vesti meu pijama curto de flanela e me esgueirei para o quarto de Sam. Era pequeno e azul, havia vários pôsters de adolescente ainda colados na parede como se Chrissie tivesse mantido tudo exatamente igual a última vez que Sam viveu aqui. A única coisa diferente era um porta retrato nosso sobre a cabeceira da cama. A foto na primeira vez em que estivemos juntos aqui, no jardim de trás, sorrindo igual dois idiotas bêbados.

— Gostou? — olhei para trás e Sam estava parado no batente da porta com uma toalha ao redor da cintura.

— Eu não sabia que tinha revelado a foto.

— Era para ser uma surpresa quando você voltasse no ano seguinte. — Meu coração errou uma batida. — O que obviamente não aconteceu.

— É... — desviei o olhar dele e caminhei até um pôster na parede. — Jessica Rabbit? — olhei para ele com um sorrisinho de escárnio — Sério, Sam?

— Um adolescente cheio de tesão pode sonhar. — Ri, tentando não fazer barulho demais.

— Eu havia me esquecido de como era o seu quarto... — ele se aproximou. Perto de mais.

— Você pode dormir aqui se quiser.

— A cama é pequena demais para nós dois.

— Você pode dormir por cima de mim. — um arrepio percorreu meu corpo de cima a baixo, me fazendo juntar as pernas involuntariamente. — Aquela história de que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço nunca foi verdade para nós dois.

— Para de brincar com fogo.

— É você quem veio até aqui.

— Eu não estou implorando. — ele sorriu.

— Não sonharia com isso. — ele se afastou, caminhando até a mala perto da mesinha de estudos. Sem pudor algum, removeu a toalha, vestindo a cueca e a calça de moletom sob os meus olhares atentos.

— Nada de dormir nu hoje? — Questionei arqueeando as sobrancelhas.

— Cirdan chega amanhã cedo com Violet e, Deus sabe, que aquela menina nunca respeitou algo tão banal como uma porta trancada. — ele trancou a porta para enfatizar e voltou a se aproximar de mim. — To bed or to sleep?

Let's fuck! — Sam gargalhou alto com a lembrança. Depois de recuperado, ele pegou minha mão e me levou até a cama. — Sam, é melhor dormimos no quarto de hóspedes. —Ele removeu a colcha da cama e os travesseiros. E arqueou a sobrancelha para mim. — Ela é maior e... — ele deitou e levantou a coberta me convidando a deitar com ele. Hesitante, me aproximei da cama e devagar me deitei parcialmente sobre ele. — Tem certeza? — Ele inspirou os meus cabelos e passou seus braços ao redor da minha cintura, me puxando ainda mais para cima dele. — Sam!

— Absoluta. — Beijou o topo da minha cabeça. — Boa noite, Balfe. Descanse que amanhã temos um dia longo pela frente.

— Boa noite, Heughan. — Coloquei minha palma estendida sobre a pele nua do seu peito, bem acima de seu coração e acomodei uma das minhas pernas entre as suas. — E você é um babaca.

Ele riu.

— E você uma boboca. — dormir com um sorriso no rosto.

Nota: O festival Leith realmente existe e teve seu início no ano de 1907! É um festival anual, que ocorre durante o verão, entre os meses de julho-agosto, e dura uma semana inteirinha com atividades tanto ao ar livre, como internas — como oficinas, bibliotecas, palestras. Por conta de cronologia da fic, ele ocorreu no meado de maio para conseguir encaixar com o tempo de gestação da Cait.

Nota 2: Não sei quantos de vocês sabem, mas enquanto gravavam o episódio do casamento, a diretora chamou Cait em um canto e disse "agora você vai lá e vai falar para o Sam vamos fuder" e eles pegaram a reação de choque dele e colocaram no episódio. HAHAHAHA.

*To bed or to sleep - para cama ou para dormir?

*Let's fuck - vamos fuder

Nota 3: Eu não sei realmente a cor dos olhos da mãe do Sam, porque nas poucas fotos que achei dela fica impossível de ver, mas decidi que seriam azuis iguais ao dos filhos, porque queria que ele pegasse esse traço dela.

Nota 4: Sam não tem uma sobrinha e sim um sobrinho, mas por critérios criativos, optei por mudar o gênero da criança. E ele virou ela. Logo, Violet é uma personagem totalmente fictícia.

Nota 5: A mãe do Sam realmente tem uma pequena galeria em Edimburgo, mas eu não faço a mínima ideia de quando foi inaugurada. Além de que ela cria esculturas, mas aqui fará quadros. Então lembro a vocês que nessa fic, nem sempre os eventos que ocorrem seguiram a ordem cronológica do mundo real, mas terão sim alguns fragmentos dele.

Nota 6: Eu realmente amei escrever notas! Ha. É isso, espero que tenha conseguido descrever um pouco a beleza do festival — infelizmente não encontrei muitas informações sobre ele — e que em breve eu possa ir pessoalmente na Escócia participar dessa festa tão linda!

Prévia: Inauguração da galeria; a pequena Vi marca presença; Sam e Cait se aproximam ainda mais.

Não esqueçam de deixar a minha amada 🌟 e de comentar (me divirto muito lendo as reações de vocês, além se deixar meu ❤️ quentinho).

xoxo, querida autora ❤️

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