Uma Nova Oportunidade

By nywphadora

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[Tradução de "Una Nueva Oportunidad"] A segunda guerra bruxa terminou, mas levou muitas vidas, entre elas a d... More

Prólogo
Conversa com Dumbledore, e o primeiro jantar
Começando com a atuação
Entre verdades e lembranças
Rubores à vista e "O que significa isso?"
Um descuido muda um pouco as coisas
Muitas perguntas para nenhuma resposta
Passo a passo
Momentos especiais
Muita paz é pedir muito
Lembranças e mal entendidos
Retrocesso
Uma história a contar - parte 1
Uma história a contar - parte 2
Uma noite com imprevistos
Ao estilo maroto
Suspeitas e planos
O caminho escolhido
Traições que doem
O peso das palavras
Aproximações
A última horcrux
Isso não é um adeus
Epílogo
Prévia

Verdades

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By nywphadora

Disclaimer: Todos os personagens pertencem a JK Rowling. Esta fanfic é uma tradução autorizada de "Una Nueva Oportunidad" postada em 2014 no Potterfics por leona19.

Verdades.

Na manhã seguinte, Harry, Sirius e Tonks estavam prontos para sair do castelo até a casa dos Tonks.

Tinham combinado com Dumbledore para levar adiante seu plano, já que tinham que sair sem que ninguém suspeitasse de onde iam. Harry e Tonks tinham dito a James e Lily que precisavam fazer alguns trâmites relacionados a sua família, e Sirius tinha tido ajuda da professora McGonagall ao argumentar que queria se emancipar da família Black, e que para isso precisaria visitar sua prima Andrômeda. Não era totalmente mentira, mas o que James e Lily não sabiam era que seria acompanhado pela metamorfomaga e o moreno.

Depois da conversa que Harry teve com Remus na noite anterior, tinha dedicado várias horas para traçar um plano de tentar que o castanho falasse com Tonks e Sirius, mas não tinha pensado em nada que fosse produtivo e isso o frustrava. Queria vê-los felizes, os três tinham sofrido demais na vida.

Desceu para o salão comunal, encontrando-se com Lily e Remus, que já estavam ali.

— Bom dia — cumprimentou com a voz sonolenta.

O sorriso de sua mãe foi suficiente para alegrar o seu dia.

— Dormiu bem? — perguntou enquanto olhava as olheiras marcadas que o garoto possuía embaixo dos olhos.

— Não muito — admitiu com sinceridade.

Sentou-se no sofá, olhando de forma insistente para as escadas do dormitório feminino.

— Amy deve descer logo — disse Lily, seguindo o seu olhar — Acho que não dormiu muito bem também.

— Às vezes acontece — concordou, olhando de soslaio para Remus.

— Às vezes tem pesadelos — disse a ruiva com a voz baixa — Acorda chorando e procurando por alguém.

Harry arregalou os olhos, alarmado.

— Verdade — admitiu — Mas não se preocupe, já esteve pior.

Ficaram em silêncio, fundidos em seus próprios pensamentos. Alguns minutos depois, Tonks desceu do dormitório.

— Você está péssima — foi o cumprimento de Harry.

— Obrigada, você também — respondeu sarcástica.

Lily riu e Tonks olhou brevemente para Remus antes de desviar sua atenção para Harry.

Ele abriu a boca várias vezes para tentar falar, mas voltava a fechar antes de pronunciar alguma palavra. Olhava de relance para Tonks e a via tão linda, mas seus olhos estavam apagados, sem brilho. Voltavam a ter aquela tristeza, aquela dor que a seguia quando a conheceu. E mesmo que custasse admitir, sabia que grande parte disso era sua culpa. Mas a conversa que teve com Mat e Lily o tinha chegado preocupado. Naquele momento, quis estar ali para ela. Segurá-la quando tivesse pesadelos, poder consolá-la.

Lily e Harry olharam para Remus, certamente esperando que falasse, mas ele não falou.

Tonks suspirou, sabendo que não conseguiriam nada e pensou que talvez isso fosse o melhor.

— Vamos? — murmurou para Harry.

O garoto a olhou e pôde ver o incômodo que sentia.

— Claro — respondeu, segurando a sua mão.

— Fiquem bem, garotos — Lily despediu-se.

Harry sorriu e Tonks apenas assentiu com a cabeça, o seu olhar o tempo todo olhando para o chão, como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Saíram do Salão Comunal rapidamente.

Lily olhou para Remus, entrecerrando os olhos.

— Remus? — o chamou.

Ele ergueu o olhar.

— Desculpa por isso, mas... você é um idiota — alfinetou com um olhar cheio de reprovação.

— É, eu sei — reconheceu, descendo o olhar para as suas mãos — Mas não sei como consertar isso.

Ela suspirou.

— Eu sei que vai conseguir — garantiu, dando um sorriso.

Naquele momento foi a vez de Sirius descer as escadas e murmurando um "bom dia" adiantou-se na direção do retrato, foi do Salão Comunal ao Salão Principal para tomar café da manhã.

Depois do café, os três foram até o escritório do diretor para poder usar a rede de flú.

Tonks estava realmente ansiosa pelo que poderia acontecer, mas confiava plenamente em sua mãe para ajudá-los, mesmo que não sabia o que fazer para não contar sobre o futuro. Ela estava lidando com as coisas como podia, mas sentia que a qualquer momento desabaria. Muitas coisas aconteceram nos últimos meses e não tinha sido capaz de superar todos os horrores que viveu.

— Pronta? — sussurrou Harry.

Ela assentiu. Ele suspirou e então puxou-a para um abraço.

No começo sentiu-se surpresa, mas depois devolveu o abraço, percebendo que realmente precisava.

Mesmo que tivessem se dado bem desde o dia em que se conheceram, depois da guerra estiveram muito mais unidos. Tonks tinha passado a ser como uma irmã mais velha para Harry, e compartilhavam quase tudo juntos.

Os dois tinham sofrido perdas — Harry muito mais do que ela — e por isso parecia que podiam se completar a perfeição. Apenas olhando nos olhos, sabiam o que o outro estava pensando, e muitas vezes adivinhavam através de gestos. Além disso, ele tinha sido um apoio mais do que importante para Teddy.

— Vai ficar tudo bem, falta pouco.

— Obrigada — foi a sua resposta.

Ele apenas sorriu e foi para perto de seu padrinho, que os observava de longe.

— Tudo bem? — perguntou.

Harry negou.

— Passamos por muita coisa e não tivemos tempo de processar ainda, acho que ela vai ficar bem... Espero — acrescentou, olhando para a metamorfomaga que se aproximava deles.

Uma vez no escritório de Dumbledore, e depois de uma troca de palavras, estavam prontos para partir.

— Boa sorte — desejou o diretor enquanto Sirius exclamava.

— Casa dos Tonks!

— Sirius! — uma jovem mulher o recebeu alegremente.

— Andy, como vai? — devolveu o cumprimento, abraçando-a.

— Muito bem. Os seus amigos vêm contigo?

Quando ia responder, apareceu Harry na sala, resmungando sob a respiração o quanto odiava viajar assim.

Ele olhou para a senhora Tonks e mostrou um sorriso largo. No futuro, tinham ficado bem unidos depois de tudo o que aconteceu.

— Quem é ele? — perguntou estranhada — Por que James e Remus não vieram?

Mais uma vez a rede se ativou, e dessa vez foi a própria Tonks que saiu tropeçando e caindo no chão no meio do caminho.

— Tudo bem? — perguntou Harry, ajudando-a a se levantar.

Ela apenas assentiu e olhou fixamente para sua mãe.

— Olá,senhora Tonks — cumprimentou Harry, apertando a sua mão.

— Prazer conhecê-los — respondeu, desconcertada.

— E onde está a pequena Nymphadora? — perguntou Sirius alegremente, enquanto Tonks se continha para não deixar escapar uma careta.

— Fiz o que me pediu e está com Ted. Agora vai me dizer o que está acontecendo?

Não conseguia desviar o olhar da sua mãe, e Harry começou a ficar nervoso. Como ia reagir?

— Sirius? Está me assustando.

— Não é nossa intenção — sussurrou Tonks, conseguindo que a atenção de sua mãe fosse para ela.

Andrômeda pensou que aquela garota lhe parecia familiar e não sabia o porquê.

— Quem são vocês? — perguntou com um olhar cauteloso.

— Vamos explicar tudo, mas é melhor se sentar — pediu Sirius amavelmente.

Os quatro foram até a sala e começaram a conversar.

— Olha, não é fácil, mas é verdade — começou a falar o animago — Eles têm uma missão e precisamos da sua ajuda — disse rapidamente.

— Uma missão? Que tipo de missão? E no que eu poderia ajudar? — ficou estupefata — E por que não se apresentaram?

— É difícil de explicar... Nós não somos... Não somos desse tempo, na verdade — Harry sabia que ficar enrolando não ia ajudar em nada.

— Como? — Andrômeda estava com o cenho franzido.

— Nós viemos do futuro, 21 anos no futuro para ser mais exata — acrescentou Tonks, desviando o olhar das fotos que estavam pela sala.

Lhe chamou a atenção uma em que a sua eu de três anos estava com James, Sirius e Remus com um grande sorriso no rosto.

— Na verdade, meu nome é Harry James Potter, e sou filho de James Potter e Lily Evans.

— Mesmo? — estava realmente surpresa — Pelo pouco que sei, ela não o suporta.

— Ah, isso mudou, eles estão juntos agora — comentou seu primo.

— Fico feliz. E eles sabem?

— Não, tenho um feitiço de transfiguração para que não me reconheçam — respondeu, desfazendo o feitiço para que o visse em sua aparência natural.

— Oh, é uma cópia exata de James. E suponho que esses lindos olhos vêm da sua mãe — acrescentou, sorrindo.

— É — respondeu, forçando um sorriso.

— E você? — indicou Tonks, que desviou o olhar das fotos para olhá-la.

— Eu? Hã... É... — parecia que não podia conectar sua boca com o cérebro.

— O caso dela é diferente — respondeu Sirius.

— Por quê?

— É que já me conhece — respondeu em um murmúrio.

— Não entendi.

— Não é fácil... E, bom, eu não espero que acredite — acrescentou, mordendo o lábio — Meu nome é Nymphadora Tonks — voltou a murmurar, mas foi escutada.

— Você... É minha filha?

— Ela é — concordou Sirius.

— Realmente acredita nisso? É loucura.

Tonks suspirou.

— Todos os anos escreve para as suas irmãs no natal, mas nunca envia as cartas. Na semana passada, quis subir na árvore e caí. Papai curou o braço que eu quebrei antes que você chegasse, e quando te contou, ficou tão irritada com ele que o fez dormir no sofá.

Harry e seu padrinho começaram a rir ao ver a expressão no rosto de Andrômeda.

— É mesmo você? — sussurrou, olhando-a fixamente.

— O que ganharíamos mentindo? — perguntou Harry.

— Você está tão... crescida. Eu te vi essa manhã... Você tem quatro anos!

— Calma, vamos explicar tudo, só fica calma — pediu Tonks.

— E o que houve com o seu cabelo?

Ela fez uma careta e de novo suspirou.

— Estou tendo uns problemas com a minha metamorfose — confessou depois de ficar em silêncio por alguns segundos.

— E por que fizeram essa viagem? — perguntou, curiosa.

— Bom, é disso que precisamos falar — respondeu Harry.

— O futuro é difícil, complicado e muitas coisas ruins aconteceram — resmungou Tonks, mantendo a vista fixa na parede.

— Nesse futuro, Voldemort existe? — perguntou com certa ansiedade.

— Não, não existe, mas tivemos que pagar um alto preço por isso — Harry olhou rapidamente para Tonks.

— Eu devia imaginar, não acho que estejam aqui por lazer — olhou para sua filha e uma nova dúvida surgiu — Nymphadora, é feliz?

Ela a olhou, considerando a sua pergunta.

Andrômeda a olhou fixamente e pôde ver em seu rosto a dor, a angústia, a perda, o medo. Sem dúvidas ela foi parte dessa guerra e tinha a clara sensação de que se estavam ali era porque não eram felizes.

— É difícil de responder. Eu fui feliz. Cresci com meus pais em um lar cheio de amor, fui a Hogwarts e, apesar de não ter sido uma aluna modelo, consegui me tornar auror. Olho-Tonto Moody foi o meu mentor e me ajudou. Eu entrei para a Ordem da Fênix, conheci o amor da minha vida, lutei por ele por mais de um ano, me casei, fui feliz... Sabe? Tem um neto de seis meses — seus olhos começaram a brilhar com as lágrimas contidas — Mas agora não. Uma parte da minha vida se foi com as pessoas que eu amava quando morreram — disse isso pensando em Remus, Sirius e seu pai.

Andrômeda a observou perplexa.

— Certo... Não esperava por isso — conseguiu dizer — Tenho um neto? — por um instante os olhos da metamorfomaga se iluminaram ao pensar no seu bebê.

— Sim, se chama Teddy, como papai.

Sirius estava se contendo para não dizer que a sua querida Nymphadora tinha cumprido com o que disse um dia quando era criança, que tinha se casado com seu amigo Remus Lupin.

— Isso é maravilhoso — conseguiu dizer Andrômeda.

— E é. Teddy é o que me manteve com vida nos últimos meses. E você também, foi um grande apoio para mim.

— O pai de Teddy morreu na guerra, não é? — perguntou com delicadeza.

Tonks assentiu com a cabeça.

— Perdemos mais do que ganhamos — foi a resposta que deu Harry, estendendo um sapo de chocolate para ela — Muitas famílias foram destruídas, os inocentes foram vítimas, e sofremos muito vendo quem amávamos morrer.

Sirius os olhava com tristeza. Sabia tudo o que tinham passado e não podia imaginar como puderam sobreviver a tantas coisas ruins. Pensava em seu eu adulto, e em Remus perdendo seus melhores amigos, e de novo o sentimento de impotência abriu caminho pela corrente sanguínea, assim como a raiva por Peter.

— Meus pais morreram quando eu tinha um ano. Foram traídos por uma pessoa que confiaram. Voldemort os matou — Harry apertou os punhos com força.

— Cresceu sendo órfão? — Andrômeda o olhou com pena.

— Sim.

— Olha, mãe. Por segurança, não podemos... Não podemos contar tudo porque tem coisas que não é bom lembrar, tem coisas que precisamos manter em segredo a sete chaves. E tem detalhes muito dolorosos e nos faz muito mal lembrar...

Em um gesto maternal, Andrômeda aproximou-se para abraçá-la.

E entre os braços de sua mãe, Tonks voltou a desabar como se fosse de novo uma menina quando tinha pesadelos, embora esses fossem reais e tinha vivido pessoalmente. Andrômeda só podia segurá-la com força, deixando que sua filha soltasse todas as lágrimas que acumulou desde que tinham voltado no tempo, soltando a tristeza que sentir de estar afastada de Remus, a desolação da falta que Teddy fazia.

— Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem — sussurrou.

— Não está nada bem... Foi tudo minha culpa — soluçou.

— Não, Tonks! — exclamou Harry firme — Não é verdade! Por favor, escuta. Ele só queria que Teddy não ficasse sozinho, você sabe que não é sua culpa, e vamos mudar isso, e eu prometo que vão criar Teddy juntos. Eu prometo — pôs a mão no ombro dela.

Andrômeda trocou um olhar com Sirius e pôde ver tristeza nos olhos dele. Sem dúvidas, ele já sabia de toda a história, e pela sua expressão tinha certeza de que não era nada bom.

Depois de alguns minutos, Tonks foi capaz de se acalmar um pouco. A senhora Tonks fez um chá com calmante e os quatro voltaram a conversar.

— Eu vou ajudá-los — afirmou — E não precisam me contar tudo, mas gostaria de saber o que precisam de mim. Por que eu?

Harry respirou fundo e começou a falar.

— Voldemort encontrou uma forma de fugir da morte — começou e pôde vê-la abrir a boca horrorizada.

— Como? — balbuciou.

— Mãe, o que sabe sobre horcruxes? — perguntou Tonks suavemente.

— Ele não fez isso.

— Fez.

— Quantos? — sua voz estremecia.

— Por enquanto cinco — foi a vez de Harry responder.

— Por enquanto? Cinco? Isso é... uma monstruosidade. Quando meus pais me obrigaram a ler um livro que falava sobre isso, dizia que era muito difícil fazer uma única horcrux, e que alma precisava se partir... E que deveria matar com prazer... Vai perdendo a aparência humana.

— Isso explica muita coisa — disse Sirius, tentando aliviar a tensão, mas não conseguiu ao ver como Harry e Tonks estremecerem visivelmente.

— Isso é porque não o viu como vimos — murmurou Tonks, segurando com força sua xícara de chá.

— O que quer dizer? — sua mãe alarmou-se.

— No nosso tempo, são sete — respondeu Harry, fazendo-a perder a cor do rosto.

— Merlin — murmurou, respirando fundo para se recompor.

— A questão é que escondeu esses objetos em lugares diferentes, e precisamos que nos ajude a encontrar a taça de Hufflepuff — explicou sua filha.

— Essa taça está nas mãos de Bellatrix — continuou Harry, e Andrômeda viu com angústia como os olhos de Tonks acendia de fúria e dor.

— Essa cachorra — a voz de Sirius tinha uma frieza que Andrômeda nunca tinha escutado.

— Sirius, por favor. Está falando da minha irmã — o interrompeu, mas foi surpreendida quando sua filha se pôs de pé, derrubando a xícara de chá no processo.

— Ela não é a sua irmã! — alfinetou com os punhos cerrados — Ela te odeia! Odeia a nós três! Muitas famílias viveram um inferno por causa dela...

— Tonks, chega — pediu Harry.

— Não! Como pode me pedir isso? Como vou parar quando muito do que passamos foi por culpa dela? Ela matou Sirius! Ela matou Remus!

— Ela... Ela o quê? — perguntou Andrômeda, agarrando-se nos braços da poltrona, mas nem Harry nem Tonks a escutaram.

— Eu sei! — retrucou o moreno, segurando-a pelos ombros — Eu sei! Mas a sua mãe não, não precisa gritar com ela... — acrescentou, suavizando a expressão.

Ela virou-se lentamente até Andrômeda, que não afastava o olhar de seu primo com lágrimas nos olhos.

— Me desculpe.

— Ela o matou? — sussurrou a pergunta com a voz quebrada.

— Ela matou muita gente — Tonks acariciou seu cabelo — E se estou viva é por causa de Remus, ele deu a vida para me salvar.

— Remus? — repetiu — O amigo de Sirius? Você... Bom, a pequena Nymphadora se dá muito bem com ele — comentou, enquanto Sirius e Harry tentavam abafar as risadas.

— Ah, bom, vai trazer seus frutos no futuro.

Pela primeira vez em semanas, o cabelo de Tonks tinha alguns reflexos vermelhos.

— O que quer dizer, Potter? — perguntou Andrômeda, divertida e curiosa pelo constrangimento evidente da sua filha.

Harry foi abrir a boca para responder, mas Sirius foi mais rápido.

— Ah, o que Harry quer dizer é que... Aluado vai ser parte da família no futuro.

— Agradável saber que... Espera. O quê? — perguntou quando percebeu o que ele estava querendo dizer.

— Remus vai se casar com a Tonks? — respondeu em um tom de pergunta.

A metamorfomaga bufou e o fuzilou com o olhar.

— Hã... Mãe? — ela vacilou ao ver a sua mãe calada.

— Me desculpe, é muita coisa para processar — disse honestamente — Não posso acreditar que tenha casado com Remus Lupin...

Harry a olhou estranhamente, e tanto Sirius quanto Tonks reviraram os olhos.

— Remus é uma grande pessoa! — exclamou Harry protetor. Nunca tinha gostado de preconceitos, e muito menos quando eram sobre Remus. Ele sabia tudo o que o seu ex-professor tinha sofrido e o defenderia de tudo e de todos.

— Não estou julgando, Harry — a mulher tentou tranquilizá-lo — Só acho que é um pouco... Bom, ele é um lobisomem.

— Ser um lobisomem não muda as coisas! — protestou Tonks — Olha, mamãe, não vim aqui para falar do meu relacionamento com Remus... — mais uma vez, Andrômeda interrompeu.

— Eu não estou julgando — repetiu com firmeza — Acontece que eu o conheço um pouco, e sei que pensa que não merece ser feliz por causa do seu problema. Não deve ter sido fácil que deixasse seus medos e preconceitos de lado para estar contigo. Deve ter insistido muito e tido muita paciência.

Os três a olharam boquiabertos.

— É verdade — admitiu a garota, olhando envergonhada para sua mãe, assim como Harry.

— Desculpa — disse lentamente, e Andrômeda assentiu.

— Mãe, quer ver uma foto do Teddy? — chamou Tonks com cautela.

— Mas é claro! — seu entusiasmo era perceptível.

Tonks meteu a mão na gola da blusa e tirou do pescoço a corrente em formato de coração que Remus tinha lhe dado.

— Que lindo — comentou Andrômeda.

— Remus me deu quando Teddy nasceu — respondeu sua filha em voz baixa.

— Teddy é... um lobisomem? — perguntou com cuidado — Não me importo com isso, mas...

— Não, não é. A condição não é passada de pais para filhos — explicou Tonks.

— Que bom. Remus não teria se perdoado de ter passado adiante.

— Ele teve muito medo.

Então ela abriu o pingente e pôs na mão de sua mãe.

— Te apresento Edward Remus Lupin.

— É tão lindo — disse enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas.

Um Teddy recém-nascido, seu cabelo de cor castanha aparecia na imagem nos braços de seu pai. Remus carregava seu filho contra o peito com uma mão, enquanto a outra descansava ao redor dos ombros da esposa.

O amor e o orgulho que transmitia o olhar do lobisomem fez que por um momento Andrômeda deixasse de respirar. O brilho em seus olhos, o sorriso... No momento que viu aquela imagem, percebeu que Nymphadora não podia ter escolhido melhor. Ele a amava, seu olhar e suas ações diziam isso.

Tinha morrido por ela, a protegeu assim como o jovem Remus protegia a sua filha quando caía, quando lia uma história ou lhe dava chocolate... Gesto que de acordo com James e Sirius, ele nunca fazia. Ficou vendo a imagem, vendo como Remus virava a cabeça para Tonks, sorrindo e o olhar impregnado com o mais puro amor que podia sentir uma pessoa.

— É realmente incrível.

Pela primeira vez, Andrômeda não tinha palavras para descrever o que sentiu ao ver a imagem que sua filha, neto e genro lhe davam. Sem dúvidas, uma família feliz.

Uma família perfeita e feliz que foi destruída pela sua própria irmã.

Levantou o olhar e observou cada um dos seus companheiros. Sua filha, que olhava a foto com nostalgia, amor, esperança... Seus olhos estavam cheios de tristeza, angústia, dor, ódio... Mas também tinha determinação e coragem... Sentiu-se orgulhosa dela, sabia que tinha feito um excelente trabalho em criá-la porque sua Nymphadora tornou-se uma mulher forte, que defendia os seus com unhas e dentes se fosse necessário.

Harry Potter. Era a cópia exata de seu pai, e aqueles olhos verdes cheios de desolação... mas também esperança, exepctativa, sede de justiça, determinação.

E tinha Sirius. Pela primeira vez na vida, Andrômeda pôde ver nos olhos dele o desespero e o medo, muito medo do futuro.

E todas essas sensações que transmitiam esses três pares de olhos introduziram-se nela também.

— Contem comigo — disse firme e um leve sorriso deslizou por seu rosto ao ver o alívio nos rostos deles.

— Obrigada, mamãe — Tonks a abraçou com força, beijando-a nas bochechas — Não sabe o bem que está fazendo — agarrou-se a sua mãe, sentindo-se protegida.

— Muito obrigado, Andrômeda — Harry a olhava com carinho, e ela não pôde fazer outra coisa a não ser puxá-lo para o abraço.

— Não esperava menos de você — Sirius a olhava orgulhoso.

— O que tenho que fazer?

Nas seguintes duas horas, os três explicaram o plano.

Naquela noite, voltaram para o castelo com um peso a menos nos ombros, e rogando aos céus que tudo saísse como eles pediam para poderem estar um passo mais próximos da vitória, um passo mais próximos da derrota de Voldemort.

Passou-se uma semana e as coisas continuavam iguais. A situação entre Remus, Sirius e Tonks não tinha mudado, e isso fazia com que os que estavam ao redor — principalmente Harry, James e Lily — se sentissem incomodados.

Várias vezes Harry viu Remus olhando para Tonks, tentando disfarçar, tentando falar, mas desistindo. E sabia que queria recuperar a amizade do seu padrinho, mas Remus não sabia como fazer.

Suspirou e tomou uma decisão.

— É a única forma de ajeitar as coisas — sussurrou para si mesmo.

Naquela noite, convidou Tonks e Siirus para tomarem chocolate quente e comerem bolo de creme nas cozinhas. Pensava que com o estômago cheio, aceitariam mais facilmente a sua sugestão.

O problema era que os planos de Harry nunca davam certo, e ele tinha se esquecido desse pequeno detalhe.

Na torre da Gryffindor, um frustrado Remus Lupin fechou o livro que estava lendo. Levantando o olhar, surpreendeu-se em ver James parado na su frente.

— Não consegue dormir? — perguntou seu amigo, sentando-se ao seu lado.

Ele negou com a cabeça.

— O que acha de irmos na cozinha tomar um chocolate quente? — sugeriu e ficou feliz ao ver seu amigo concordar. James sabia que ele amava chocolate, e sabia que toda vez que precisavam conversar iam até lá. Com uma xícara de chocolate quente, era mais provável que Remus falasse o que o atormentava.

James tinha reparado que, há algumas semanas, o mapa estava com Sirius e que, por uma estranha razão, ele não deixava que o vissem. Sacudiu a cabeça e deciidu que depois falaria com ele para ver o motivo disso. Naquela hora era Remus quem precisava dele.

Saíram do Salão Comunal e foram até a cozinha. Todo o caminho foi percorrido em silêncio, mas era um silêncio confortável. Iam tão submersos em seus pensamentos que se surpreenderam em ver que já estavam na frente da porta das cozinhas.

Entraram por baixo da capa da invisibilidade e perceberam que não estavam sozinhos. Outras três pessoas estavam lá.

Mat Parker, Sirius Black e Amy Watson.

E parecia que estavam em uma acalorada discussão.

— Absolutamente não! — exclamou Tonks.

— Por favor, escuta — Harry estava frustrado.

— Não podemos fazer isso! Não podemos!

Sirius suspirou e passou a mão pelo cabelo, frustrado.

— Acho que é a melhor opção — opinou finalmente.

James e Remus ficaram muito quietos debaixo da capa e surpreenderam-se ao ouvir a risada sarcástica vinda da metamorfomaga.

— Ótimo! Vamos contar toda a verdade então, se acham que é o melhor. Vamos dizer a merda do futuro que lhes espera.

— Tonks... — sussurrou Harry, mas ela levantou a mão para que a deixasse continuar.

— Amanhã, eu vou me levantar, vou encarar Remus e vou dizer: "E aí? Sabe, eu menti todo esse tempo. Meu nome não é Amy Watson, é Nymphadora Tonks. Eu venho do futuro e sou a mãe do seu filho".

— Você não precisa ser tão... — mas as palavras de Harry foram abafadas por um forte som.

Os três giraram suas cabeças até a porta e ficaram paralisados.

— Maldição — resmungou Sirius, dando um tapa na testa.

— Merda — foi a única coisa que saiu da boca de Harry.

Ali estavam James Potter, o rosto branco, sua boca ligeiramente aberta, e o rosto de Remus Lupin se assemelhava a um fantasma, e respirava com dificuldade.

Tonks abriu e fechou a boca várias vezes, mas não disse nada, tinha sido pega de surpresa.

— O... O que foi isso? — pôde sussurrar James depois de cinco minutos em silêncio.

Harry, Sirius e Tonks se olharam.

Era a hora da verdade.

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