A queda das rainhas do norte...

By _BrunaRamalho_

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O Norte, um império sólido, mas amaldiçoado. Atarah é a herdeira de ouro, mas seu trono está ameaçado por uma... More

Mapa
O Norte - Atarah
Melione - Adenna
Tudo ou nada - Atarah
Sangue sobre o mármore - Adenna
A rainha - Atarah
Gelo e fogo - Atarah
Coroa de vidro - rainha Odalis
A assassina - Merle
Um novo dia - Atarah
Sangue e família - Atarah
Vida e morte - Adenna
Fuja das sombras - Merle
Rainha Atarah - Atarah
O renascer - Merle
O preço - Adenna
Um novo início - Atarah
Ela está morta - Atarah
Ariella - Merle
Doce veneno - Keir
A melhor rainha - Adenna
Odeio o meu trabalho - Merle
Amadrya - Atarah
A estrela mais brilhante - Merle
Chamas do passado - Atarah
Pequeno lumaréu - Adenna
O veneno do amor - Merle
Terras Férteis - Atarah
Perdão - Adenna
Uma nova rainha - Adenna
Aislinn - Atarah
A deusa - Atarah
Minha primeira morte - Atarah
Um novo começo - Merle
Fim de jogo - Adenna
Bronimir - Merle
Sem destino - Atarah
A rainha está morta - Atarah
Por amor e um rei - Adenna
Selene - Merle
Os mortos - Atarah
Um final definitivo - Atarah
Dezesseis dias - Merle
O traidor - Adenna
A última jogada - Atarah
O peso de uma vida - Merle
Fim de jogo - Atarah
A queda - Adenna
Viva - Merle
O mundo que sobrou - Atarah
A história continua

A peça - Merle

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By _BrunaRamalho_

Assistir Keir saquear no início foi engraçado. Principalmente quando as pessoas percebiam que as coisas haviam desaparecido. Ficamos sentados assistindo o melhor espetáculo da minha vida. O ladrão não parecia aproveitar tanto quanto eu. São poucos os que conseguem desfrutar desses momentos.

Atarah é realmente o que eu achei que seria. Os deuses não mentiram sobre o seu poder, e nem pelo seu ódio aos rebeldes. Cuidar dela será algo relativamente divertido. Aproveitei as apresentações até o terceiro... Meu povo doente. "Vá lá. Lute".

- Por quê? Já disse que não tenho dever algum com eles. Igual eles não têm comigo.

- Está falando comigo? - Disse o ladrão.

- Claro que não. Estou falando com os deuses.

- O que eles querem?

Esperei por uma resposta deles, mas não recebi nada.

- Querem que eu desça. Que eu lute.

- Parece divertido... Quer que eu vá com você?

Ri baixinho por conta do ânimo do Bruxo, não fiquei ali para dar uma resposta, saltei para dentro da arena, no fundo não tinha certeza se daria certo. O motivo de eles me quererem ali ainda era uma incógnita para mim. Mas a última vez que não fiz o que eles mandaram... Me custou muito mais do que teria se eu tivesse os obedecido. Esse é o preço de ser uma peça. "Não nos desafie". Depois daquela vez nunca mais desafiei.

Fiz uma reverência exagerada para os Filhos do Dia. Eles pareciam não estarem nem um pouco satisfeitos com a minha presença. Pareciam estar com medo. Por algum motivo eles podem sentir tal coisa. Os Filhos do Caos sorriram ferozmente para mim. Tirei minhas armas das costas e as girei algumas vezes. Quando percebi quem havia pulado para dentro da arena e corria para perto de mim...

O que esse tolo faz aqui?

Keir sacou minha arma roubada por ele, cuidou bem dela. Lancei um olhar mortal para o garoto, que foi respondido com um sorriso animado. Quando a corneta soou fiz o que faço de melhor. Sinceramente nem sabia mais o que matava. Sentia apenas minhas lâminas momento ou outro ficando mais pesadas e o sangue borrifando em meu rosto. Estava meio tonta. Saltar não me faz bem, mas é uma vantagem incrível que tenho. Uma que pelo jeito foi tirada dos demais Filhos da Noite.

Foram seis. O ladrão nem estava indo tão mal. Os Filhos do Caos entenderam que ele era aliado. Os Filhos do Dia estavam em desvantagem, até Adenna e um garoto invadirem a arena também. O que essa... Essa imbecil tem na cabeça? Pois um cérebro com toda a certeza não tem.

Ela pegou uma arma de um dos corpos e seu colega Bruxo se transformou em um tigre. Seus pelos eram laranja e suas listras completamente pretas, nenhuma marca. Será que ambos já haviam lutado?

O que será que aconteceria se eu arrancasse todo o pelo do tigre? A forma humana do garoto ficaria sem pelos? E se eu tirasse uma camada um pouco mais grossa, com pele. Estaria esfolado? Tantas dúvidas!

Pelo menos ela não foi louca de ir contra mim, e sim conta Keir, mas acho que Adenna se esqueceu que nós não jogamos limpo, jogamos para vencer. Não basta o ladrão ser rápido e habilidoso em seus movimentos, ele tem magia. Não o vi matar ninguém, estava apenas ajudando, aparentemente. Keir a travou. Literalmente fez algo que a deixou incapaz de se mover. Queria ter tido mais tempo para apreciar o olhar de desespero dela, mas dois Filhos do Dia estavam se aproximando.

Enfrentei os dois ao mesmo tempo por poucos segundos, pois outro Filho do Caos chegou e ficou com um. Não tivemos muito diálogo, não tivemos dialogo algum, ele tentou me furar no estômago, mas empurrei sua arma com uma de minhas espadas e a outra eu usei para cortar sua cabeça. Meu braço doeu pela força feita.

Os Filhos do Dia haviam acabado, mas os da Noite não, e pior. Temos um tigre e uma tola na arena. Lobos, ovelha e tigre. "Mate os seus" Disse a voz da morte.

- Sabe muito bem que não são os meus. Nunca fui um deles.

Matar as pessoas da sua espécie é algo terrível para muitos, matar os seus. Vergonha e desonra. É isso que você ganha, mas não tenho um povo. Não tenho ninguém. Os Filhos do Caos não esperavam o meu ataque. Todos pareceram surpresos. Até o tigre. Ninguém me atacou, além dos Filhos da Noite, óbvio, mas já esperava isso. Eu os traí.

Quando cheguei ao último, quando o derrubei na areia que já era uma gosma por conta do sangue o homem disse, não estava com medo, sabia que morreria, mas me odiaria até seu último suspiro.

- Traidora dos seus. Assassina dos seus!

- Me conte algo que eu não sei.

- Nós sabemos da sua mestiça...

Não deixei que ele vivesse para falar mais qualquer coisa. Já bastava os deuses ameaçando a minha cria, não precisava de um bando de animais fazendo isso também. O desgraçado falou alto o suficiente para que todos nós que estávamos dentro do campo de batalha da arena escutássemos. Adenna parecia querer tentar falar algo.

Mas antes que qualquer um de nós pudéssemos tentar, meu mestre e seus assassinos menos experientes invadiram a arena. Ou melhor. A parte que nós estávamos. Meu mestre não é lá o tipo de pessoa que você quer ter como inimigo, os nobres em geral o adoram. É realmente um homem de bom senso de humor. Apesar dos quarenta e cinco anos ainda está bem conservado, mas ganhou alguns quilos. Enquanto ele se aproximava falei.

- Realmente o meu tempo fora não te fez bem. E nem as tortas de morango.

O homem é bem mais alto do que eu, e segundo muitos, assustador. Está sempre com a barba cinzenta feita e os cabelos bem cortados e arrumados. Mal tem linhas de expressão, mas possui diversas cicatrizes. Algo que eu acho o máximo. É um velho bonito. Ele é a única pessoa que conheço que pode me desafiar no quesito narcisismo. Quando o Bruxo parou na minha frente recebi uma resposta, algo como um sorriso aparece em seu rosto.

- Algum dia alguém vai matá-la por dizer essas coisas.

Dei de ombros e com um sorriso debochado respondi.

- Espero ansiosa para ver quem vai tentar.

- Essa é minha Keres. Vamos. Tenho assuntos para você resolver.

Meu mestre já se virou e saiu andando. Keir se aproximou de mim, ele estava com medo. Adenna e o tigre estavam tremendo próximos do muro. Os demais rebeldes estavam grudados na borda, mas era alto demais para conseguirem puxarem a menina.

- Acho que desta vez vou ficar te devendo.

- Mais do que já está?

- Tenho outros negócios. - Isso fez com que ele parasse. Suas roupas eram as mesmas de sempre, iguais as minhas, só que limpas. E ele tem uma capa mais bonita. Ou melhor, ele tem uma capa. - Sabe que eu adoro ficar de babá de seus aprendizes, mas eu estou com um novo trabalho. Vou para Ariella, amanhã.

- Não vai mais. Vem comigo ou mato você e seu amiguinho... Se vim até aqui buscá-la é porque não existe a possibilidade de você dizer não.

Desgraçado. Nunca existe a possibilidade do "não" com ele. Poderia matar todos aqui. O novato dele é lento demais com o arco, posso saltar e matar todos, mas Keir levaria uma flechada mortal. Revirei os olhos e o segui para fora da arena. O ladrão foi comigo.

Assim que saímos da arena, caminhamos até uma carruagem. Como o garoto não desgrudava de mim acabou indo comigo e com meu mestre. Ninguém nos seguiu. Acho que ninguém seria maluco de fazer tal coisa. Deixamos Adenna lá. Todos os guardas dos corredores que passávamos estavam mortos. Estávamos em mais de trinta assassinos no final. Muitos que eu conhecia e muitos que eu havia treinado. Ninguém desgosta de mim. Sou uma ótima professora e sou relativamente justa. Nunca quebrei o dedo de nenhum por terem errado algo. Isso afeta bastante o trabalho. Digo por experiencia própria.

Quando estávamos na metade da viajem e ninguém ainda não havia falado nada, decidi que teria que ser eu para quebrar o silêncio.

- Me diga logo o que é tão importante.

- O que tinha na cabeça ao negar a proposta de proteção à Adenna? Teria quitado todas as suas dívidas em dois meses. Isso na pior das hipóteses.

Alastair... Aquele desgraçado. Respirei fundo e me joguei mais no estofado da carruagem.

- E desde quando você se importa?

Keir estava quieto e imóvel, apenas seus olhos acompanhavam de mim para meu mestre.

- Keres, subestima o quanto gosto de você. É minha melhor assassina, mas sabe que eu quero o meu maldito dinheiro. Mas você negou o negócio da sua vida...

- Adenna nunca será protegida por mim. Não vou matá-la, igual não matarei Atarah. Meu código de ética ainda existe. Não traio o que acredito por dinheiro.

Destruí a Sociedade da Lâmina com Faolan em respeito a uma amiga... Acreditava em direitos iguais para as raças, não traí a sociedade por dinheiro, traí por vingança.

- Você acredita em algo? - Perguntou meu mestre.

- Você tem um código de ética? - Perguntou Keir ao mesmo tempo.

Revirei os olhos, incrédula pelas perguntas dos dois.

- É claro que tenho! E acredito sim em algo. Os deuses... Adenna é contrária a eles. Nunca vou ajudá-la. Nunca mexerei um dedo em seu favor.

- Fechei o acordo mesmo assim. Colocarei outro em seu lugar, alguém que você treinou. São meus melhores. E você os conhece melhor que qualquer outro... Não iria a Ariella se fosse você. Não agora. O crime está pior do que nunca. Ouvi também que uma outra cidade está pensando em conquistar Ariella.

- Seria bem feito, aqueles nobres merecem perder tudo... De qualquer forma. Não é da sua conta. E agradeça por não ser eu, e não você a ir para lá.

- Até hoje não sei o que você tem em Ariella. Amante? Negócios? Acertos de contas?

- Tenho muitas coisas em Ariella. E a principal delas é problemas.

Eu ainda achava escolher o meu melhor aluno para a missão de proteger Adenna uma traição aos deuses, mas quando perguntei o que deveria fazer não obtive resposta então indiquei Tion. Estava acabada. Meu mestre percebeu isso e cedeu um quarto para mim. Caí dura por algumas horas. Keir foi comigo até lá. Não sei o que ficou fazendo, mas chegamos de dia e quando acordei a lua estava no ápice.

O ladrão estava sentado na borda da sacada. A fortaleza é bem grande e alta. Cair dali é morte certa. Me aproximei de forma barulhenta para que ele não se assustasse e morresse. Sentei-me ao seu lado e ficamos apreciando as estrelas por algum tempo, em silêncio.

- Atarah é a rainha agora.

- Sorte a dela.

- Sua mestiça? - Sua voz quase falhou.

Não olhei para ele enquanto respondia.

- Eu não nasci com a vida ganha, nasci com quase nada. Meu pai abandonou minha mãe grávida. E quando ela morreu. Eu sobrevivi sozinha... Filhos do Caos têm um senso de prioridade completamente deturpado, mas não julgo. Crianças fracas devem morrer jovens, será melhor para elas... É difícil viver em um lugar onde ninguém se importa com ninguém.

- E o que isso tem haver?

- Quando fui trazida para cá tinha doze anos. Eu me apaixonei. - Keir me olhou como se isso fosse à coisa mais esquisita e nojenta que eu poderia dizer. - Pare! Não é para tanto. Faz nove anos que conheço o... O pai. Quando eu tinha dezessete, fiquei grávida. Grávida de um Bruxo.

O ladrão xingou. Eu ri com isso.

- Eu sou uma assassina e ele... O desgraçado se tornou um guarda. Uma criança mestiça já é algo péssimo, uma criança mestiça, filha de dois extremos é ainda pior. Não podia cuidar de algo como uma criança. Assim que ela nasceu cobrei uma antiga dívida com um povo nômade. E eles a levaram.

- Então por que precisa ir para Ariella?

- Ariella é o único lugar onde posso encontrar alguém que leve uma mensagem para eles em segurança.

- Qual é o nome dela?

- Nomes são insignificantes. - Dei de ombros. - Nunca dei um nome para ela.

- Que nome teria dado?

- Eu jamais teria uma criança se pudesse. E não me importo com ela.

- Não é o que parece.

- Se não calar a boca eu te empurro daqui.

- Keres. Se eu fosse dar um nome para a sua filha seria... Astrid. Acho que ruivo tem a ver com esse nome.

- Se você fosse dar um nome a minha filha?

- Já que você não deu um nome para ela, eu dei.

- Ela já deve ter um nome.

- Você já a viu?

- Não é da sua conta. Estou indo a Ariella... Sinto que vou me arrepender disso. - Olhei para Keir. - Quer ir comigo?

- Claro!

O ladrão entrou no quarto novamente falando que nunca havia ido a tal lugar, mas não prestei atenção. Por que havia contado tantas coisas sobre mim para Keir? Não sei. De alguma forma tinha a sensação de que eu poderia fazer tal coisa.

Ele havia me contado muito sobre si, mas eu não o tinha dado nenhuma informação sobre mim. Acho que estamos quites agora. E no final. O menino nem é tão insuportável assim.



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