OS MISTÉRIOS DE ELIZA GUNNING...

By autoralotorino

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❝ Confiem em mim, leitores. 1832 será um bom ano. - Srta. Silewood. ❞ Lady Eliza Gunning não é nem de longe u... More

SINOPSE COMPLETA
DISCLAIMER
EPÍGRAFE
PRÓLOGO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XIII
Capítulo sem título 18
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO XIX
C A P Í T U L O XX
C A P Í T U L O XXI
C A P Í T U L O XXII
C A P Í T U L O XXIII
C A P Í T U L O XXIV
C A P Í T U L O XXV
C A P Í T U L O XXVI
C A P Í T U L O XXVII
C A P Í T U L O XXVIII
C A P Í T U L O XXIX
C A P Í T U L O XXX
C A P Í T U L O XXXI
Notas Finais + Amazon

EPÍLOGO

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By autoralotorino

Hampshire, muitos anos depois.

Cordelia sentou-se ao lado de Julian.

Por alguns segundos ela esperou qualquer pronunciamento do rapaz, mas ele permaneceu em silêncio, com as pernas tremulas e inquietas. Estava nervoso demais para dizer qualquer palavra. Seus olhos azuis — como de todos os irmãos — estavam fixos em algum móvel do outro lado do cômodo, enquanto apoiava os cotovelos sobre os joelhos e encarava o nada. Lady Cordelia pigarreou, tentando chamar dua atenção.

— Lia. — Ele murmurou com a voz baixa e rouca, muito mais séria do que usualmente um rapaz de dezessete anos recém-completos costumava usar — Onde está papai?

Ela deu de ombros, incapaz de responder a pergunta. Cordelia não tinha ideia de onde o marquês de Normanbury estava, mas imaginava que ele estava perambulando pela propriedade. Frederick gostava de estar em movimento em momentos de aflição, mas seus dois filhos mais velhos não sabiam lidar muito bem com toda a pressão do nascimento de um irmãozinho ou irmãzinha nessa altura da vida. Eles atavam extremamente preocupados.

Julian havia completado dezessete anos há pouco tempo, no início de junho. Cordelia estava com quinze. Eles tinham total ciência de como partos eram perigosos, mesmo a mãe já estando consideravelmente acostumada com a situação. Lady Cordelia segurou na mão do irmão, acariciando as costas de seus dedos. Pensou em sussurrar que tudo ficaria bem, mas foi interrompida por alguém irrompendo na sala.

Alguém como uma grande bandeja com biscoitos amanteigados.

— Em um momento desses você só consegue pensar em comida? — Cordelia indagou, indignada.

Daisy Morley deu de ombros. Ela atirou-se na poltrona geralmente utilizada por lord Morley sem remorso algum e começou a devorar os biscoitos, balançando os pés no ar já que ainda era incapaz de tocar o chão com eles. Faltava pouco, podiam observar. Daisy já tinha doze anos e em pouco tempo ficaria mais alta que a mãe — felizmente nenhum dos filhos da marquesa teve a sorte de serem minúsculos como Eliza.

Julian ergueu os olhos. Daisy sorriu amarelo, com os farelos grudados no canto da boca.

Hum, quer um pouco?

Ele assentiu. Daisy estendeu a bandeja para ele e Cordelia permaneceu com uma expressão repreensiva para a irmã mais nova. Entretanto, ela logo cedeu. Amava aqueles biscoitos e não faria mal comer, afinal, estavam apenas esperando. Não demoraria até que o bebê nascesse.

— O que você está comendo, Daisy? — Frederick indagou assim que entrou na sala.

Biscoitos. — Respondeu com os farelos voando para fora da boca.

Cordelia sorriu, piscando os altivos olhos e olhando o pai com toda a ternura do mundo. Ele pousou a mão sobre o ombro da filha e ela o acariciou.

— Sempre fico nervoso durante partos. Depois de quatro vezes eu deveria estar costumado.

Julian conseguiu sorrir de sua maneira tipicamente provocadora.

— Por isso que eu falo que um filho seria suficiente — disse — pouparia muitas preocupações.

Cordelia deu um soco em seu braço. Daisy pensou em atacar um dos biscoitos, mas eles estavam bons demais para serem usados contra o irmão. Por essa razão ela atacou uma das almofadas egípcias que enfeitavam uma das salas privativas da família. Julian, há anos sendo treinado, conseguiu desviar. O vaso do criado mudo infelizmente não.

Lord Morley olhou sua peça oriental se chocando contra o chão.

— Daisy, tenho certeza que sua tia e sua prima estão passando momentos adoráveis com Albert no jardim — Frederick disse. Daisy ignorou — Faça companhia para eles.

— Quero ver minha irmã — ela insistiu.

— Aposto que será um menino para jogar crocket comigo e com Albert.

— Eu posso jogar crocket com vocês. Além de que Albert nem sabe segurar um taco.

Ninguém podia culpá-lo. Albert tinha três anos e sua brincadeira favorita consistia apenas em correr pelo gramado da casa da família em Hampshire com alguns de seus amiguinhos. Cordelia — a irmã de Frederick e tia das crianças — tinha apenas uma filha e a essa altura ela já estava quase com a idade da outra Cordelia. Os irmãos já eram mais velhos e raramente estavam tão dispostos quanto ele. Seria bom para Albert, afinal de contas, ter outro companheiro para brincar. Não era fácil ter que levá-lo para os filhos de Holland — para o exército Holland, melhor dizendo — sempre que o garoto estava inquieto.

Frederick olhou para Daisy, divertidamente balançando os pés e sentada na poltrona do marquês. Quer dizer, era seu assento favorito, mas não havia nenhuma propriedade oficial sobre ele. E lord Morley, como todo herói que se preze, tinha uma fraqueza. Ou melhor, quatro e em breve cinco. Os filhos. Ele não conhecia pais tão amorosos quanto Eliza e ele, mesmo que fosse suspeito para falar qualquer coisa. Por essa razão, fazia o possível e impossível para garantir a felicidade dos filhos.

Por enquanto estavam em Hampshire, então os dias de verão demoravam-se para passar, e os cinco faziam muitas coisas juntos. Jogavam jogos de tabuleiro, ao ar livre, faziam passeios, conversavam e apenas apreciavam a companhia um do outro enquanto podiam. E então, usualmente, outros convidados chegavam. Cordelia Farray com seu marido e sua filha, lord Gunning, a Sra. Murphee lady Meredith eram convidados recorrentes da família. E também havia o bônus das amizades, tendo como estrelas o Sr. e a Sra. Paine.

Assim, a dita Sra. Paine não demorou em aparecer. Ela irrompeu na sala, segurando as saias do vestido acima dos tornozelos de maneira ofegante. Ronnie olhou para os Morley que tremiam de expectativa na sala e simplesmente sorriu. Um sorriso largo, alegre e notoriamente triunfante. Ela entrou na sala saltitante.

— Veronica! — anunciou para todos — Finalmente tive meu devido reconhecimento.

Daisy colocou dois biscoitos na boca de uma vez. Os outros ocupantes do outro sofá franziram igualmente o cenho.

— Não compreendo, Sra. Paine — lord Morley disse.

— Ah, milorde. Eliza disse que o nome da garotinha será Veronica Meredith em minha homenagem. Não é esplêndido? — ela sorriu — Temi que fosse realizar outra homenagem familiar, ou quem sabe algo para Samantha, Alicia, ou até Virginia já que estão próximas por causa das crianças. Quem sabe? Mas não. Ela olhou em meus olhos e disse que ela se chamaria Veronica como a mais amada amiga que ela pod...

O marquês se levantou. Os filhos fizeram a mesma coisa. A bandeja caiu.

— O bebê nasceu?! — Frederick sorriu — Uma menina? Como ninguém pensou em avisar ao pai da criança que o parto havia sido finalizado?!

A Sra. Paine ofegou.

— A criada já está vindo, milorde. Eu que desci as escadas correndo em razão do êxtase. Inclusive, Eliza quer muito ver você. Ela está totalmente consciente e com Veronica nos braços.

Frederick subiu as escadas em um lampejo de força. Deveria, porém, ter pedido para que nenhum de seus filhos fizesse o mesmo. O marquês bateu com cuidado na porta do quarto e espiou. Sua esposa estava na cama, meio deitada, meio sentada, com a pequena em seus braços.

Eliza sorriu.

— Ah. Boa tarde, Freddie.

— Lizzie... — ele se aproximou.

Ela inclinou um pouco o bebê para que o marido visse bem. Definitivamente mais um Morley. O mesmo nariz, a mesma boca, mas provavelmente os mesmos olhos da mãe. Todos eram assim. Extremamente parecidos com os pais de uma de uma maneira assustadoramente bela. O marquês se aproximou, sentando-se ao lado da cama dela com cuidado e tocando na pele suave do bebê com as costas do dedo. Ela moveu as mãozinhas, buscando algo no ar, e então encontrou o dedo indicador do pai.

O coração de Frederick se derreteu pela quinta vez.

— É tão bonita... Tão amada... — murmurou — Eu sei que nós deveríamos ter sido mais cuidadosos e prometo que serei depois disso, mas ainda assim... Não consigo sentir remorso algum, Lizzie. Ela é perfeita.

Liz sorriu, ajeitando os cobertores ao redor da filha para facilitar a respiração de Veronica.

— Sim, é perfeita. Assim como os outros, não?

— Eles acabaram de quebrar um de nossos vasos egípcios no andar debaixo, mas sim. Todos são perfeitos. Afinal, como poderiam ter algum defeito tendo uma mãe maravilhosa como essa?

— Oras, mas o pai deles também é um sujeito agradável.

Ele franziu o cenho.

— Agradável? Apenas agradável?

— Nicky ainda é muito nova, meu amor. Se eu começar a apontar todas suas qualidades com certeza vou me exceder perto dela — ela sorriu com o canto dos lábios — e se não respeitarmos o resguardo correto sua mãe irá amarrá-lo do outro lado dessa casa. E sim, ela é completamente capaz.

— Um beijo é suficiente.

Ele inclinou-se com cuidado sobre ela para tocar seus lábios. Sabia que a esposa estava exausta e segurava a filha entre os braços, mas era apenas um inocente roçar de lábios para lembrar um ao outro de seu amor. Mesmo com a rapidez do ato eles foram flagrados.

Julian grunhiu. O rapaz colocou a cabeça para dentro do quarto e segurou a porta, provavelmente para que nenhum dos irmãos avançasse.

— Podemos entrar? — indagou — Fiz as crianças prometerem que serão cuidadosas.

Eliza assentiu. Ela entregou Nicky para Frederick, assim ele poderia segurar a bebê mais perto dos filhos. Em segundos todos entraram no cômodo, cumprimentaram a mãe e aninharam-se ao redor deles na cama, admirando a nova integrante da família. Albert estava na frente do pai, Daisy também, porém ajoelhada. Cordelia permanecia de um lado e Julian do outro. Todos diziam olá para a pequena Veronica.

— Ela é tão bonitinha... — Cordelia sorriu.

— E pequena. — Julian completou.

— Olhem para o tamanho dessas mãozinhas... — Daisy fez com que a irmã segurasse seu dedo.

— O bebê! — Albert avançou — Minha irmãzinha, papai?

Albert era cuidadoso. Um verdadeiro cavalheiro. Na outra semana ele havia entregue uma flor para Belgium Holland, uma de suas vizinhas um pouco mais nova do que ele, sem influencia alguma. O garotinho tocou suavemente no rosto da irmã, acariciando-a com as mãos macias e rechonchudas. Provavelmente era o cansaço, mas Eliza acreditou ter visto Nicky sorrir.

Frederick olhou para o bebê com ternura. Sentiu seus olhos umedecerem e um sorriso involuntário nascer em seus lábios. Nunca, em toda sua vida, imaginou que poderia ser tão feliz quanto estava sendo. Se algum dia havia considerado o amor como algo destrutivo, estava enganado. O amor era a salvação dos homens. A maior dádiva que poderia ter existido em sua vida.

Simplesmente não conseguiria viver sem a companhia de Julian, sem o sorriso gentil de Cordelia, sem a altivez das palavras de Daisy, sem o carinho de Albert ou sem Eliza ao seu lado. Ah, e a pequena Veronica...

— Saiba de primeira mão que seu pai a ama muito. Sua mamãe também e com a mesma intensidade. E seus irmãos? Bem, eles provavelmente ainda vão te irritar durante a vida, mas o amor deles por você é tão grande que não pode ser medido. É infinito. — Frederick sussurrou — Você é oficialmente a caçula dos Morley. Bem-vinda a família, pequena. Há um mundo imenso esperando por você e se depender e nós, muito amor também.

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