- ale yang on -
Logo avisando: o começo deste capítulo será um breve flashback de uma pequena parte da infância do Fai Chen. Preparem o coração e boa leitura.
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AVISO: contém índices de tortura física.
A partir do momento que Hu Long mencionou o clã Wei, as lembranças, que um dia permaneceram guardadas no inconsciente de Fai Chen, retornaram e em uma velocidade impossível de se conter.
Fai Chen tinha 13 anos de idade e diante de tantos problemas financeiros, graças às ações de seu pai desonesto, começou a ser utilizado como troca de mercadorias obviamente para gerar grande lucro, que possivelmente pudesse levar o clã Fai novamente a um patamar de grande poder de domínio. Graças a essa ideia de expansão, Fai Xin, o líder do clã, e justamente o pai da criança do infortúnio, vendeu-o por uma noite para um outro clã, que estava sendo conhecido por ser o clã mais sábio de todos e extremamente bem-sucedido nas batalhas cruzadas até agora, o clã Wei.
Wei Ming, o líder do clã, interessou-se pela propaganda feita por Fai Xin sobre seu filho e como teste o líder sábio comprou por uma noite o garoto com o dom da verdade e caso seu plano desse certo pagaria em quantia viva o dinheiro e daria ao líder Fai um de seus territórios, criando uma longa aliança entre ambos.
No dia que Fai Chen foi levado, gritos angustiados puderam ser ouvidos de sua mãe e lágrimas dolorosas de sua pequena irmã, que por mais que tivesse uma diferença de idade, era muito apegada a seu irmão mais velho e em qualquer momento sem ele se sentia vulnerável e com medo de seu próprio pai.
Fai Chen, que na época era só uma criança, não podendo negar a posição de seu pai, subiu no cavalo de um dos guerreiros que foi buscá-lo e finalmente o levou para a casa principal do clã Wei, conhecida como "Lagoa das Estrelas", por conta do extenso lago que cobria a casa e quando a noite chegava, as estrelas refletiam no local graças a água tão limpa e pura. Assim, chegando no território, Fai Chen não pode deixar de notar esse lago, tão mágico aos olhos da criança, que quase nunca poderia ver tal obra da Natureza. O guerreiro que estava com ele fez um breve carinho em sua cabeça, abrindo um sorriso, conforme andavam para a porta central da casa.
"Aqui você não precisará utilizar vendas. Não se preocupe em colocá-las, está bem?", o guerreiro disse, abrindo a porta e realizando, imediatamente, uma reverência ao homem sentado em um grande trono. Fai Chen estava tão encantado com o local que se esqueceu por breves minutos a etiqueta ao ver um líder em sua frente.
O garoto olhou cada detalhe das paredes e percebeu que tinha diversos desenhos nas mesmas. Algumas partes mostrando uma mulher com um cetro, em outras haviam dois homens cruzando espadas e bem no final uma representação do homem que estava sentado ao trono e ao lado um garotinho de cabelos acinzentados.
"Parece que o Jovem Mestre Fai gostou das pinturas. São belas, não é mesmo?", Wei Ming começa a dizer, se levantando de seu trono e caminhando em direção ao garoto fascinado.
Wei Ming era o tipo de líder que faria qualquer homem ou mulher cair aos seus pés. Seus olhos eram castanhos claros, sua pele era pálida e seus cabelos castanhos acobreados eram longos e presos, com uma trança delicada. Ele, aos olhos exteriores, aparentava ser um homem adorável e gentil, sem um pingo de maldade em seu coração.
Mas assim que Fai Chen cruzou seus olhos com os do líder, seu corpo todo petrificou.
"O que foi, jovem? Não concordou com minha frase sobre as pinturas? Isso me entristece. Porém, cada um tem seu devido gosto artístico", um sorriso perverso surgiu em seu rosto e logo quando já estava bem próximo ao garoto, tocou seu rosto de uma forma delicada, mas com segundas intenções e Fai Chen conseguia sentir bem isso. "Você será meu, essa noite. Espero que me traga resultados, Fai Chen."
O garoto, com medo, afirmou com a cabeça e tentou se afastar do homem, mas seu braço foi pego, com um tanto de força. Mas não foi pelo líder, e sim pelo guerreiro que continuava ao seu lado. Diferente de Wei Ming, o guerreiro olhou para o garoto e sorriu, de um jeito honesto, para tranquilizar o jovem com seus futuros trabalhos noturnos.
Fai Chen, por mais que desejasse não ver a verdade dentro daquele guerreiro, a partir do momento que seus olhos cruzaram aos do mais velho, conseguiu ver algo, que encheu seu coração, puro, de mágoas.
O guerreiro tinha acabado de perder um filho. Então, provavelmente, estava tratando Fai Chen de uma forma gentil por causa da saudade de seu pequeno, que não teve nem sequer um quarto de vida concluído.
"Já que o garoto é medroso, traga-o para minha sala. O prisioneiro que será interrogado já está lá", o líder Wei falou, virando-se de costas para o garoto e para o guerreiro, indo em direção a sala que os instruiu.
Fai Chen, ainda com um sentimento de angústia no peito, pegou a mão do guerreiro e apertou-a, mostrando um pouco de seus sentimentos.
"Está com medo do líder Wei?", o guerreiro questionou-o, ficando de joelhos perante ao garotinho e olhando compreensivo.
"Ele... Matou muitas pessoas...E-Eu... Não quero fazer parte disso...", Fai Chen falhou ao dizer, graças ao choro contido. "Eu não quero... Ser usado dessa forma..."
"O líder Wei, por mais perverso que você o tenha visto, sabe o verdadeiro significado de limites. Não se preocupe. Agora... Vamos, antes que ele fique zangado", o guerreiro respondeu, com o mesmo tom de voz anterior, sem nenhuma mudança, o que, claramente, chamou a atenção do jovem, que estava tão diferente dele.
Assim que os dois entraram na sala que Wei Ming havia ordenado, Fai Chen quis gritar. A sala estava cheia de espadas, chicotes de diversos tipos, coroas com espinhos e ferros. O que mais lhe causou pavor foi um machado que estava na frente de um homem sangrando no chão.
Wei Ming já estava sentado em uma cadeira, comendo uvas enquanto ria do homem tentando levantar e falhando miseravelmente.
"Oh, vocês chegaram. Ótimo. Vamos começar o julgamento", Wei Ming disse olhando para Fai Chen. O líder assobiou e de repente quatro homens com mantas negras apareceram logo atrás de Fai Chen e do guerreiro ao seu lado, o que causou pânico dentro do coração do mais novo. "Eles estão aqui para assisti-lo, Fai Chen. Não se preocupe. O astro é você, venha aqui. "
Wei Ming apontou para uma almofada que estava à frente do homem ensanguentado. O garoto, sentou de pernas cruzadas na almofada e olhou para o coitado que estava diante dele.
"Levantem esse prisioneiro de merda. Não tenho a noite toda."
Dois homens que vestiam as mantas pretas seguraram os braços do prisioneiro, levantando seu corpo e imediatamente causando um choque pro pequeno Fai Chen. O homem à sua frente estava com os lábios cortados, dentes quebrados, a testa sangrando, diversas pancadas em seus ombros nus e o que mais trouxe medo em Fai Chen, foram as marcas de mãos no pescoço. Ele estava com o pé na cova, prestes a morrer a qualquer momento.
"Fai Chen, olhe para esse traidor. Eu exijo a verdade sobre ele."
O garoto, ainda assustado, não conseguia raciocinar nada ou focar seus olhos nos do outro. Então, o líder, já perdendo a paciência, levantou-se e chutou as costas da criança medrosa, fazendo-o cair bem próximo ao prisioneiro.
"Você quer se tornar alguém como ele? Diferente do clã Hong, eu não tenho tanto costume de usar a tortura corporal, e sim psicológica. E pode ter certeza, jovenzinho, você não gostaria de descobrir do que sou capaz", a voz de Wei Ming era tenebrosa, deixando Fai Chen com mais medo. "Vamos, descubra a verdade."
"E-Eu...", Fai Chen gaguejou, levantando-se aos poucos e ficando de joelhos para o homem, que o olhava de uma forma tão dolorosa.
"Líder Wei, a criança está com medo."
Fai Chen virou seu rosto e viu aquele mesmo guerreiro que o tratou bem dizer, mas dessa vez seu rosto estava como o dele. Cheio de terror e medo. "Por que o homem estava assim? Era por causa de Wei Ming? O que há com essa mudança? ", pensava Fai Chen, tremendo ainda mais.
"Guerreiro Zhan, está indo contra minhas ações?", Líder Wei questionou-o, batendo palmas e indo em sua direção. Ao chegar diante dele, o líder abriu um sorriso e pegou sua espada com a mão direita. Com a mão esquerda, abriu a boca do guerreiro, quebrando rapidamente o seu maxilar. "Acho que você ficaria mais agradável mudo. Viu, Fai Chen? É isso que pessoas que tentam te ajudar ganham."
A lembrança de Fai Chen foi cortada, graças aos chamados vindo de uma voz conhecida e que ele já está começando a se acostumar de ouvir. Hu Long.
"Cegueta? Cegueta? Ei, não me ignore! É sério, você está bem? Cegueta? Responda agora ou terei que jogar água na sua cara."
Por conta dessa quebra de pensamentos, o cultivador teve uma leve dor de cabeça, o que o deixou sem vontade de responder o jovem, que por um momento tornou-se extremamente preocupado com sua saúde.
"Tome logo sua sopa ou vai esfriar. Não irei perguntar mais nada de seu passado, já entendi que mesmo com minhas perguntas você não me responderá. "
"Hu Zhuang, como conseguiu pagar a estadia do quarto?"
"Sério? Você me deixa falando sozinho por minutos e só me responde agora? Perguntando sobre isso? Eu consegui bastante dinheiro com as apostas, não roubei nada e a dona desse estabelecimento deu um desconto...", Hu Zhuang parou de falar, o que causou uma confusão em sua frase final. "Puta merda, eu preciso me esconder. "
"Hum? Como assim? ", Fai Chen o questionou, continuando a tomar sua sopa e tentando voltar a sua paz interior, esquecendo de suas lembranças.
"Estou vendo Wei Huli se aproximando e se ele me ver eu estou completamente fodido."
"Espera, quem é Wei Huli?"
"Não me faça perguntas agora, eu estou quase cagando nas calças. Vou me esconder no banheiro, já volto. "
Hu Long se levantou da cadeira e como um raio de luz correu para bem longe da mesa em que estava com Fai Chen. O cultivador suspirou bem decepcionado com a falta de respostas sobre esse misterioso homem que Hu Long tem tanto pavor.
Enquanto o homem calmo terminava sua sopa, ele escutou a porta do estabelecimento abrindo e seguidamente daquela ação sentiu um cheiro diferente. Era um perfume que lembrava pêssego, tornando-se bem agradável em suas narinas.
Hu Long tinha uma visão de águia, esse homem que acabara de entrar era Wei Huli, mas por conta da venda nos olhos de Fai Chen, ele não conseguia ver suas características, porém deduziu logo que fosse o homem que Hu Long tentava evitar o contato.
Por outro lado, Wei Huli ao entrar no local de domínio imediatamente levou seus olhos de tons roxos para o homem vendado, que terminava de tomar sua sopa. Em outras palavras, o cultivador chamou a atenção de Wei Huli, um jovem que tinha cabelos acinzentados e que por mais que odiasse sua aparência chamativa, trazia diversos olhares de damas para o mesmo.
O Jovem Mestre Wei, de qualquer maneira, não ousou se aproximar do cultivador e apenas subiu para o andar de cima, no qual encontravam-se os quartos de hóspedes.
"Essa foi por pouco", a voz de Hu Long retornou à frente de Fai Chen, quase o assustando.
"Por que há tanto medo de um jovem tão cheiroso como Wei Huli?", Fai Chen perguntou, soltando um riso baixo e abaixando seu rosto.
"Cheiro? Ah sim. Wei Huli tem um cheiro bem diferente, mas esse detalhe não é importante. De qualquer forma, ele é um dos homens mais inteligentes que eu já conheci. Sinceramente, as estratégias de guerra que utiliza.... É como se fosse uma arte. Então, consequentemente, conquista mais territórios do que o clã Hong."
"Está certo. Mas por que o medo?"
"Não tenho medo dele. O problema é sobre sua companhia. Ele nunca anda sozinho. A maioria das vezes que ele aparece no meio das pessoas comuns, está acompanhado de Hong Shaoran. O cara que conseguiu ganhar meu ódio desde o dia que comecei a matar pessoas por suas ordens."
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- ale yang on -
O capítulo foi um pouco mais longo do que os outros, mas espero que tenham gostado!
Até domingo!