Esse Garoto é o Caos Vol.2 [C...

By HannaBradley

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[SEGUNDO LIVRO DE ESSA GAROTA É O CAOS] Ele não consegue esquecê-la. Ela não é mais a mesma. Nunca passou pe... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 21

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By HannaBradley

KRISTEN

      Entrei no hospital às pressas. Minhas mãos estavam tremendo e minha voz também se encontrava trêmula. Saber de Noah não foi tão difícil, perguntei a primeira enfermeira que vi. Estava afobada e nervosa. Jason estava me acompanhando, mas não sabia como me deixar mais calma. Ninguém saberia. Ninguém poderia.

   Subi as escadas quase caindo. Nada me importava. Só tinha um objetivo: Chegar até Noah. Era só isso o que me importava. Tentava mentalizar o seu sorriso e os seus comentários sarcásticos, dizendo a mim mesma que ele estava bem e que nada passou de um susto. Eu queria chorar de alívio. Por Deus! Eu tinha que chorar de alívio. Não podia ser outra coisa. Não podia. Jamais. Não poderia. Como poderia?

  Virei no corredor seguinte, seguindo as orientações dadas pela enfermeira. Não consegui seguir até o final quando vi Ethan encostado na parede. Seu olhar era tão perturbador que me causou medo. As lágrimas jorravam de seus olhos e seu maxilar tremia. Levei a mão nos lábios e as lágrimas desceram com tudo. Eu nutri, o caminho todo até aqui,  esperanças de que não fosse nada grave. Mas estava óbvio que me enganei. Meu Deus.

— Kristen, se acalme. — Jason passou o braço em volta do meu ombro tentando me confortar. Mas de nada adiantou.

   As palavras dele não conseguiam me acalmar. Nada conseguiria me acalmar. Corri até Ethan, que cravou o olhar no meu. Nunca o tinha visto daquele jeito. Arrasado e detonado.

— Ethan! O que houve?! — minha voz estava sobrecarregada de dor e os olhos, encharcados e sem previsão de ficarem secos. Estava desmoronando antes mesmo de saber o que havia acontecido.

— Noah sofreu um acidente. Foi atropelado. — reuniu forças para me contar. Suas mãos seguraram o meu ombro, tentando se apoiar.

A respiração começou a me faltar. A agonia invadiu cada célula do meu corpo. Estava tremendo. Estava arrepiada. Domada pelo medo. Pelo meu maior medo.

— Ele está bem, não está? — perguntei, tentando ter fé. Tentando ter expectativa de que ainda veria o meu loiro sarcástico e de olhos azuis.

   Ethan não conseguia me responder. Ele estava um caos. Estava a ponto de desmaiar. E eu também. Minhas pernas ficaram bambas e a comecei a me sentir insana. Morta.

— ETHAN! — gritei desesperada com ele. O agarrei pelos ombros e o sacudi. — Ele está bem, não está? Ethan!

— Eles estão tentando fazer tudo o que podem, mas não deram esperanças. O acidente foi feio. — me explicou, após se assustar com o meu estado surtado. — Kristen... Disseram para nos prepararmos para o pior.

   Aquilo foi como ter todos os órgãos arrancados do corpo ainda vivo. Sentia como se fosse perder a razão, o juízo, a qualquer instante.

— Cadê o médico!? — me exaltei ao perguntar. Estava possessa. Fora de mim.

— Kristen, mantenha a calma. — pediu Jason após me ver daquele estado. Descontrolada.

— Não me manda ter calma!! — esbravejei. Como eu poderia ter calma? Como eu poderia perder o Noah? Como isso aconteceu? Como?

  Todas eram perguntas sem respostas. Já me senti horrível muitas vezes, mas essa era sem dúvidas uma das piores. Eu mataria qualquer um que me mandasse ter calma de novo. Não tinha como ter calma! Não tinha!

   Uma enfermeira surgiu no meu campo de visão, não me contive e a agarrei pelo braço. A pobre coitada se assustou com a minha agressividade. Mas que se dane. Era necessário. Era Noah.

— O que é isso? O que está acontecendo? — seus olhos amedrontados até poderiam me causar dó ou pena, mas não. Nada. Não nesse momento.

    O seu crachá a identificava como Nataly. Pois bem...

— Eu quero notícias de como estar Noah Keller! — falei alterada e apavorada ao mesmo tempo. Mas já sei bem como os hospitais funcionam, até os mais sofisticados. Eles pedem tempo. Mas eu não estava disposta a esperar. Eu queria e queria agora.

— Por enquanto não podemos dar mais nenhuma notícia. Ele está na sala de cirurgia, senhorita. — me informou com os olhos apreensivos e a voz amedrontada.

— Eu quero saber! Entra lá naquela droga de sala e pergunte ao médico! Faça alguma coisa, mas traga-me notícias dele! Agora! — a soltei com arranco.

— E-Eu vou ver o que posso fazer. — a tal de Nataly praticamente saiu correndo quando a soltei. Não devia fazer aquilo. A pobre coitada não tinha culpa, mas eu não ligava mais para a minha postura. Só ligava para Noah. Somente Noah me importava. Eu não podia viver sem ele. Sem ele, não tinha mais nada. Noah é tudo o que eu tenho.

— Noah vai ficar bem, Kristen. — Jason tentou ( e falhou ) me animar, a me dar esperanças. A quem queria enganar? Eu conhecia muito mais da vida do que ele. Sabia o que era perder alguém para a morte. Não era batalha justa. Mas Noah é forte. Eu sei que é.

Parecia que estava me sufocando. Não sei o que era, mas não estava conseguindo raciocinar direito. Não conseguia. Não era possível. O mundo estava desmoronando e não havia nada o que pudesse fazer. Nada.

Apenas senti um conforto quando olhei para o início do corredor, que foi por onde entrei, e vi Christopher. Ele estava acompanhado pela Ana, mas isso não tinha importância. Foi apenas ele que meus olhos focaram e os dele a mim. Seu olhar entrou em conexão com o meu e vi que ele sabia exatamente do que eu precisava. Largou Ana e correu até a mim, me envolvendo em um abraço profundo e terno. Não disse uma palavra. Apenas me abraçou. Enterrei o meu rosto em seu peito e desabei.

A dor que estava dentro de mim fazia o meu peito arder. Me agarrei nele com força e chorei. Chorei muito. Christopher me passava conforto, segurança e apoio. Me sentia segura em seus braços. Ele não precisava dizer uma palavra, mas apenas pela maneira que seus braços me envolviam e o seu rosto apoiado na minha cabeça, sabia exatamente o que dizia. Ele acreditava que tudo ia acabar bem. Mesmo em silêncio e apenas em conexão de energia, fazia com que também acreditasse nisso.

— Kris — murmurou contra a minha cabeça — Noah é o cara mais foda que existe. Um acidente não é nada para ele. Ele é forte e é guerreiro. Vai sair dessa. Não existe nada que seja um obstáculo para Noah.

— Eu não posso perder ele, Christopher. — não me soltei dele. Continuei firme em seus braços. Sem ligar para mais nada.

— E não vai. — ele acreditava no que dizia. Tinha fé por nós dois.

O abracei forte. Foi só naquele momento que me senti um pouco mais calma e mais certeira. Noah era forte. Ele era um guerreiro. Sairia dessa. Noah Keller dribla qualquer coisa. Ele é meu tudo. Preciso dele.

Ficamos ali, quase uma hora. Naquela mesma posição, sem dizer uma palavra sequer. Nenhum dos presentes na sala. O silêncio predominou.

— O médico! — a voz esperançosa de Ethan foi a única coisa que fez com que largasse Christopher imediatamente.

O doutor se aproximou de nós com a sua prancheta na mão. Sua expressão era indecifrável. Acho que de todos os médicos são. Talvez faça parte da profissão ou do costume de dar notícias ruins as pessoas. Eu não sei. Mas odiava não poder me preparar, nem que fosse um pouco, para o que ia acontecer. Para o que ele ia falar.

— Como Noah está? — apressei-me e o cerquei. Precisava saber. Tinha que saber.

— Ele está bem? — Ethan perguntou em seguida, ficando ao meu lado. — Doutor, me diga que ele está bem. Pelo amor de Deus. — o desespero se encontrava explícito em sua voz. Eu o compreendia.

    O médico suspirou e se preparou para dizer seja lá o que fosse. Isso era um péssimo sinal.

— Noah está vivo. — começou dizendo, mas não comemoramos, ainda havia o "mas" em seu rosto. Sabíamos que não havia acabado. — Porém, entrou em coma. Fizemos todo o possível para mantê-lo aqui.

Em coma.
Em coma... Em coma...

   Essas palavras ficaram ecoando pela minha mente e eu não queria acreditar. Não era possível. Não. Isso era um pesadelo. Tinha que ser. Não havia outra explicação. O médico continuou dizendo mais algumas coisas, mas minha mente tinha saído do ar. Ethan voltou a chorar e vi a razão se perder de novo. O ar não estava mais passando pela garganta. Nem sei se meus pulmões estavam funcionando. As vozes dos outros pareciam ecos na minha cabeça. Minha visão ficou turva e simplesmente não estava sentindo mais nada. As lágrimas saíam dos meus olhos sem nenhum consentimento. Simplesmente saíam.

— Kristen... — ouvi Christopher me chamar. Sua voz parecia estar vindo de longe, mas ele estava bem ao meu lado. — Você está bem? — suas mãos seguraram os meus braços.

   Não consegui responder mais nada. Não tinha jeito. Tudo o que conseguia pensar era que Noah não estava aqui. Noah estava em coma. Isso era... Meu Deus. Jamais conseguiria imaginar Noah em uma cama de hospital, deitado e sem vida. Com os olhos fechados e sem previsão de quando seriam abertos.

— Kristen, fala comigo. — Christopher insistiu. Sua voz me pareceu ainda mais distante.

   Minhas pernas perderam o movimento e a minha visão escureceu. Nada mais. Apenas uma escuridão domando a minha mente, se apossando dela e me tirando do controle. Apenas... escuridão.

       Uma luz branca dificultou que os meus olhos se abrissem com facilidade. A minha garganta estava seca e o meu corpo dolorido. Grunhi com desconforto, embora onde quer que seja que estivesse deitada, era bem confortável. Minha cabeça estava doendo. Parecia que uma manada de elefantes havia passado por cima dela.

— Ela acordou! — ouvi Ethan dizer. A voz dele, assim como de Noah, eram únicas. Não tinha como se confundir.

   Me esforcei para abrir os olhos direito. Precisava ver tudo com clareza. A luz não facilitou, mas consegui encarar os rostos que estavam na sala. Ethan, Jason, Ana e Christopher. Eu estava deitada em uma cama de hospital. Eu estava... Por um instante pensei que estivesse sonhando e que Noah não tinha sofrido nenhum acidente. Queria que fosse eu. Christopher deu um salto do banco e caminhou até mim, todo preocupado.

— Ei, você está bem? — segurou a minha mão. Ele não se preocupou com o fato da namorada estar bem atrás dele. — Você acabou desmaiando.

— Hã, estou. — sentei-me na cama e esfreguei o rosto. Precisava despertar. — O que aconteceu com Noah? O médico disse em quanto tempo ele sai do coma? — perguntei imediatamente. Não tinha tempo para despertar.

— O médico não deu mais informações. Agora ele está conversando com os pais do Noah em particular. Os pais dele queriam receber a informação primeiro. A mãe e o pai tem o nariz em pé. Não sei nem como podem ser pais do Noah. — falou com uma pitada de humor. Queria descontrair do momento de tensão. Christopher sempre queria fazer com que me sentisse melhor.

— Nem Noah gostava deles. — comentei enquanto me colocava de pé. Precisava saber de algo. Agora eu tinha um sobrenome poderoso e iria usá-lo se necessário.

— O que está fazendo? — Christopher me questionou ao me ver inquieta.

— Vou procurar um jeito de saber do Noah. Quero que os pais dele se fodam. Os cretinos não dão a mínima para Noah e acham que possuem algum direito de saber as coisas primeiro. — calcei os meus sapatos com rapidez.

— Eles são os pais. Os médicos não vão nos deixar entrar na sala. — Ethan avisou. Seu rosto e seus olhos estavam inchados e vermelho. Ele tinha chorado muito.

— Eu vou entrar. Nem que pra isso tenha que meter a surra em alguém. É o Noah. — caminhei com confiança até a porta e o restante me seguiu.

  Ethan me mostrou onde ficava a sala e então, simplesmente entrei e os olhares curiosos vieram para mim. O médico estava sentado em uma cadeira de couro em uma enorme mesa e os pais nas cadeiras ao lado. Não tinha como negar. Noah herdou as feições da mãe. Eram idênticas.

— Não pode entrar aqui. Os pais do paciente pediram para ter uma conversa particular sobre o quadro do filho. — o médico levantou-se da cadeira e assumiu uma postura autoritária.

Como se isso fosse me deter...

— Eu não vou sair merda nenhuma. — afrontei. Não tinha nada a perder. Nada. Estava no meu limite.

Os pais de Noah se levantaram e se aproximaram. Eles estavam com reprovação na expressão, enfurecidos.

— Escute aqui garota, Noah é meu filho! Você não tem que se meter nisso. — a mãe dele tentou me ofender. Hipócrita.

— Eu só não posso, como vou! — mantive firme a minha decisão.

— Saia daqui! A sua presença não é conveniente! — a senhora decidiu realmente bater de frente comigo. Azar o dela.

Não fiz mais nenhuma cerimônia. A agarrei pela gola da blusa social branca que ela combinava com uma saia azul. Isso lhe amedrontou. Ótimo.

A senhora é que não é conveniente! — quase cuspi na cara dela.

— Vá chamar os seguranças! — o médico pediu para a enfermeira que havia entrado na sala. Na verdade, não foi um pedido, foi uma ordem.

— Eu não faria isso se fosse você. — o ameacei e a enfermeira parou bem na porta — Não se esqueça, doutor, que eu tenho poder o suficiente para te tirar do cargo. Tenho tanta grana que posso fechar essa porra de hospital. Posso fazer com que nenhum outro te contrate!

— E só para acrescentar... Eu sou um Harvey. São dois sobrenomes de peso. — Christopher me apoiou.

— Eu também tenho um sobrenome. — a mãe de Noah também quis peitar.

— Ah, qual é? — debochei com uma risada — O top de linha é o seu filho, vocês não tem porra nenhuma de reconhecimento. O pouco que tiver é por ser mãe dele. Na verdade, uma péssima mãe. A senhora e o seu marido são dois desgraçados e que não dão a mínima para o Noah. Se estão aqui, é porque querem fazer ceninha para a mídia quando lhes perguntarem sobre o quadro do Noah. Aposto que vão até tirar um lencinho do bolso. A senhora não está em posição de exigir nada. É uma cretina, uma cachorra sem noção. Vá se foder com esse papinho maternal. — a sacudi com raiva — Não tente me afrontar. Na hierarquia social, estou mais acima de você do que imagina. Posso ferrar com tudo quando eu quiser.

— Ninguém vai chamar os seguranças? — o pai de Noah olhou para o médico e para a enfermeira que se mantinham em silêncio. Eles entenderam o recado. Que inteligentes. — Quer saber? Eu vou.

O pai dele começou a caminhar até a porta, mas Christopher entrou na frente, impedindo-o.

— Acho que não vai rolar. — zombou. Christopher não o deixaria sair dali.

— Acho melhor colaborar e não invocar o meu lado ruim, senhora Keller. — arqueei uma das sobrancelhas — Ou a mídia toda vai saber que a senhora e o senhor Keller são dois homofóbicos que nunca aceitaram o próprio filho, não de verdade. Apenas porque gostavam da imagem reconhecida dele e pelo dinheiro. Uma história muito diferente do que contam a mídia.

— Você não seria capaz... — duvidou com olhos arregalados e incrédulos.

— É claro que seria. É melhor baixar a bola, porque eu não mudo a roupa para quebrar a cara da senhora. Sua cretina, filha da mãe! — apertei a gola com mais força ainda. Já havia conseguido o meu propósito. A assustei.

— Você pode ficar. — cedeu por fim.

— Eu posso? — entonei bem o sarcasmo — Eu ficaria de qualquer jeito. — a soltei com força contra a parede e o marido veio correndo para abraçá-la.

O médico engoliu seco, ainda chocado com a cena que presenciara. Era muito para digerir, mas o recado foi dado. É o que importa.

— Queiram se sentar, por favor. — apontou para as cadeiras disponíveis e sentou-se na sua de couro.

Todos nós sentamos em volta da mesa enorme e eu fiquei bem ao lado do médico. Precisava saber de tudo. Tudo sobre Noah.

— Então, doutor, quando ele vai acordar? O que precisa para ele acordar? — perguntei sem dar nem tempo dele pensar ou raciocinar.

— Antes de você chegar — a senhora Keller começou dizendo — o médico havia nos dito que...

— Perguntei ao médico. Deixe ele responder. — a cortei grosseiramente. Eu sabia bem sobre aquela mulher e ela nunca foi alguém que Noah admirasse. Nunca. Nem ela e nem o marido.

— Bom — o médico raspou a garganta — , não é uma notícia fácil de ser dada, mas Noah sofreu graves lesões no cérebro após o acidente de carro e entrou em coma. Um coma que pode levar horas, dias, semanas, meses ou anos para acordar. Só que... — sua voz vacilou. Não era nada profissional. Talvez tivesse mais haver com a minha reação agressiva. Já estava destruída somente com essas palavras, mas aguardava por alguma parte que me desse esperança.

— Termina logo! — exigi com rispidez.

— As possibilidades de Noah acordar são praticamente mínimas. — encerrou com um olhar aflito.

Negação.

Uma palavra que escutei tantas vezes, mas nunca soube exatamente como era. Até agora. Eu queria chorar, gritar e bater em todos que olhassem para mim ou me dirigisse a palavra. Mas nada aconteceu. Só consegui ficar parada. Sem piscar. Apenas vazia.

— Mas tem chance. — disse como se me agarrasse a todos os fios de esperanças que ainda existem.

— Mínimas. — ressaltou o médico.

— Não importa! — falei alto — Se tem chance, por menores que sejam, existe possibilidade. Não vou desistir dele.

— Não vai manter o meu filho vivo só pela sua sanidade! — a mãe dele voltou a atacar.

— Diga mais uma palavra e eu juro que vou destroçar você, sua megera! — voltei a ameacá-la.

— Já deve ter tido casos como esses e pessoas sobreviveram, certo? — Christopher fez uma pergunta chave para o doutor.

— É claro. Casos raros. Mas é mais fácil quando se vê a situação em uma cena de filme na tv. Isso aqui não é ficção. É a realidade. Sei que pareço insensível e sem coração, mas é o meu trabalho. Não posso fornecer dúzias de esperanças quando na verdade o melhor que faço é deixar que as pessoas se preparem para o pior e quem sabe o destino seja piedoso e as surpreendam. — a sinceridade em sua voz foi a única coisa que o salvou de ir para a minha lista negra.

Noah ia conseguir. Ele sempre consegue. Ele tinha que conseguir.

— Vou contratar os melhores médicos. Vou trazê-los de que país for necessário, mas vou tirar Noah dessa. — falei com dureza e sobriedade, sem chorar. Não conseguia acreditar que isso estava acontecendo.

— Senhorita, esse hospital é um dos mais caros e com os melhores médicos capacitados. Temos todos os tratamentos que podem ajudar Noah nessa jornada que ele tem pela frente e quem sabe assim possa aumentar as chances de se recuperar. — tentou me tranquilizar. No fundo ele era uma boa pessoa.

— Eu quero que faça do possível ao impossível para trazê-lo de volta. Eu o quero de volta! — me levantei bruscamente — Me traz ele de volta, doutor!

— Vou fazer o que for humanamente possível para fazê-lo viver. — garantiu a mim.

Caminhei até a porta e saí. Não tinha mais nenhuma estrutura psicológica para isso. Quer dizer... Eu sequer acreditava que isso estava acontecendo. Não dava. Não consigo imaginar Noah sem vida. Preso a uma cama. Como pode isso? Não pode. É o Noah. A pessoa mais cheia de vida que conheço.

Não sei bem quando, mas ia desmoronar. Só precisava deixar a ficha cair e aceitar a verdade. Mas a verdade era a realidade. E a realidade é uma droga sem fim!

Nos reunimos todos na sala de espera. Ethan parecia também estar em negação. Ele amava Noah. Como não amar? Ele é um cara perfeito. Um cara dos sonhos. Estávamos nós dois, um sentado de frente para o outro. Compartilhando a mesma dor. Talvez em sincronias diferentes.

Ficamos ali, parados, mais de quarenta minutos. Não podíamos ver Noah hoje. Ele precisava se recuperar da cirurgia e embora não fosse abrir os olhos, o médico não nos deixou vê-lo e me disse isso da forma mais mansa possível. Acho que ele temia que eu o agredisse por isso.

A porta se abriu, fazendo um barulho que interrompia o silêncio feito por todos. Era a mãe de Noah. A senhora venenosa e chupa fama.

— Acabei de conversar com os policiais. Eles vão querer falar com alguns de vocês. — nos informou sem muita empolgação ou boa vontade.

Policiais?

— Policiais? No caso do Noah? — fiquei confusa. Até onde sei, o motorista que o atropelou fugiu. Sempre típico.

— Eles disseram que algumas testemunhas tinham certeza de que o acidente foi planeado. Pela maneira que aconteceu. Disseram que o dono do carro o tinha como um alvo. Parecia ter certeza de que queria acertar Noah. — explicou melhor a situação.

Eu paralisei dos pés a cabeça. Paralisei. Fazia muito sentido. Eu tinha certeza disso. De quem era e o motivo de fazer. Aquilo me devastou por dentro. Fez a minha alma arder. O meu coração se fragilizar e o surgimento de um sentimento estranho. O olhar de Ethan se encontrou ao meu e nós dois soubemos de quem se tratava. De quem era a culpa. A única pessoa que teria a coragem machucar Noah. Troy. Era ele. No fundo do meu coração, sabia que era ele quem tinha provocado o acidente de Noah. Troy costumava encarar e bater nos valentões que o desafiavam, mas em certos tipos de situações, o cretino não revidava. Troy esperava a pessoa baixar a guarda e então, o atacava. Ele é traiçoeiro. Um completo imbecil.

   Fiquei de pé e com um objetivo em mente: Contar a polícia quem era o culpado. Porém, antes mesmo que tivesse a chance de dar mais um passo, Ethan se levantou e me segurou pelo braço, impendido-me de ir até lá. Ele sabia.

— O que está fazendo? — questionei o seu gesto enquanto revezava o olhar entre o rosto dele e a sua mão no meu braço, o agarrando com firmeza.

  Ethan não disse nada e me levou até o canto da sala. Os outros devem ter estranhado, mas não tinha importância.

— Ficou maluca? — disse após soltar o meu braço.

— Ethan, foi o Troy. Temos que contar a polícia! — passei os dedos pelo cabelo, afastando as mechas loiras para trás.

— Kristen, raciocina comigo — engoliu seco. Estava tão nervoso quando eu — , Noah poderia ter colocado ele na cadeia e não colocou. Sabe por quê? Porque não adianta. O cara tem uma ficha criminal extensa e está em liberdade. Acha mesmo que isso é uma opção? Troy tem grana agora.

— É, mas nós temos sobrenomes importantes, não é? Tem que valer alguma coisa. — me encontrava completamente atordoada. Os sentimentos estavam uma bagunça na minha cabeça.

— Kristen, nesse tipo de situação, não importa quem seja. Só importa a grana. Não temos provas contra Troy e além do mais, a vida do Noah está em jogo. Acho que esse desgraçado merece muito mais do que ir para a prisão. Ele merece sofrer. — mostrou o seu posicionamento diante da situação que estávamos enfrentando.

Ethan tinha razão. A cadeia era pouco para aquele desgraçado. Pouco. Troy merecia ter a pele arrancada com uma faca. Merecia ter todos os ossos do corpo quebrado. As tripas arrancadas bem diante dos seus olhos. Isso era o que ele merecia.

— Então vamos mentir para a polícia? — reconsiderei depois de refletir mais sobre o assunto.

— Se você concordar... vamos. — disse de modo decisivo e firme.

      Assim fizemos. Mentimos para a polícia quando nos interrogaram sobre ter alguém que pudesse querer fazer algum mal a Noah. Foi difícil dizer aquilo, sabendo que não era verdade. Mas Ethan tinha razão. Noah estava por um fio e tudo era culpa de Troy. Estava morta por dentro. Uma agonia dominava o meu peito e a impotência era um dos demônios que teria que encarar. Sentia como se fosse desabar, desmoronar e morrer a qualquer instante. Meus olhos pesavam, mas as lágrimas não saiam. Eu simplesmente não conseguia acreditar que não veria mais Noah de olhos abertos. Não conseguia acreditar que as suas chances eram pequenas. Simplesmente não dava. Ainda sentia que quando chegasse em casa ele estaria lá, de roupão e de pantufas me esperando. Praticamente podia projetar a imagem dele com um pote de sorvete em cima da minha cama.

   Hoje não o veria. O médico recomendou que ele ficasse em observação e sem nenhuma visita. Eu não entendi nada. O que poderia atrapalhar Noah em vê-lo se ele não abriria os olhos? Resolvi não questionar. Era da saúde de Noah que estávamos falando. Faria de tudo para ajudá-lo a passar por isso. Fui para a casa pegar algumas coisas para passar algumas noites no hospital e algumas coisas para Noah. Tudo o que pudesse deixá-lo mais confortável para quando acordasse. Ele ia acordar. Tinha que acordar.

Parei no hall da minha casa e fiquei imóvel. Olhando para o nada. Sem expressão. A ficha começou a cair. Noah não estava ali. Ele não ia voltar. Ele poderia nunca mais voltar. — as lágrimas começaram a descer dos meus olhos, que ainda nem piscavam. — Não conseguiria seguir em frente sem Noah. Sem ele não. Eu amo esse cara. Ele não pode me deixar. O que eu vou fazer sem ele?

Como seria a minha vida sem ele?

Não seria nada.

Caí de joelhos no chão. Meu coração pareceu ter entrado em erupção. Jurava que ele estava tremendo dentro de mim. As lágrimas caíram sem piedade e a dor mais dolorosa que um ser humano é capaz de sentir, me rasgou por dentro. A culpa era minha. Noah se envolveu nisso por minha causa. Ele me protegeu. Foi ele ao meu lado contra o universo. Desde que Noah entrou na minha vida, não a imaginei sem ele. Não. Não. Isso não podia estar acontecendo. Droga! Não!

Eu chorei de soluçar. Chorei do fundo da alma. Se Noah partisse, eu partiria com ele. Minha alma não segue adiante sem ele. É impossível. Noah é minha família. Minha única família. Não... Noah, por favor! Fica comigo! Não me deixa não!

Tudo era culpa minha. Eu tinha sentenciado à morte dele. Deveria ter matado Troy quando tive a chance. Deveria ter matado. Preferia comemorar a morte dele do que lamentar pela do Noah. Talvez devesse ter deixado Noah matá-lo daquela vez. Deveria. Que estúpida que eu fui! — dei um soco na minha própria cabeça. Eu queria me punir. Eu tinha matado o meu melhor amigo. Era culpa minha.

Não.

Noah ia sobreviver. Ele ia. Noah é forte. Noah é foda. Porra. Ele era síntese de tudo relacionado a ser forte. Ele ia sobreviver. Ele tinha que sobreviver.

Mas quer saber? Não é tarde demais. — sequei as lágrimas e me levantei. — Errei uma vez. Não ia errar de novo. Sabia exatamente o que fazer. Caminhei até a cozinha com passos firmes e decididos. Aquilo terminava ali.

Abri a gaveta do enorme armário e peguei uma faca. A faca era enorme e de corte afiado. Ela seria a minha arma. Meu rosto refletia na parte cortante. Em breve refletiria o sangue de Troy. Esse desgraçado escolheu o alvo errado. Ele mexeu com a única pessoa capaz de me fazer virar monstro. Era o fim desse cretino.

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