Ele se aproxima lentamente, e me puxa para um beijo. Céus! Sua boca se move lentamente sobre a minha, como se saboreasse cada parte. Ele se levanta e assim fica melhor pra mim, então começo a passar minhas mãos pelo seu abdômen exposto.
Eu estava ali me entregando como sempre faço quando estou com um homem. Mas esse não é qualquer homem! Nossos beijos ao mesmo tempo que são calmos, são urgentes e estão me levando a loucura. Sentir ele assim, perto de mim, me desejando, tocando em meu corpo, é... O telefone da minha sala começa a tocar, me lembrando de onde estou e com quem estou!
“Puta que pariu!”
“Que foi?”
“Estava beijando meu chefe!”
“E estava adorando!”
Saio de perto dele, vou até sua mesa e puxo a ligação da minha sala.
- Sommer Gross Entertainment, boa noite, senhorita Dawson falando, o que deseja? – Eu atendo tentando me recompor.
- O Theo está ai? – A voz de uma mulher fala com uma certa raiva.
- Sim, quem deseja? – Eu o olho, ele está aéreo, pensativo, eu diria até petrificado no mesmo lugar.
- É a esposa dele, passa pra ele agora! – Ela diz autoritária.
“Droga! Droga! Droga! Droga! Mil vezes droga!”
“Calma, ela não sabe de nada!”
- Senhor Gross, é sua esposa! – Eu digo um pouco irônica, estendo o telefone, ele me olha com os olhos arregalados.
Ele pega o telefone e suspira.
- Se não se importa estou indo embora. – Eu digo indo para minha sala.
“Acabei de beijar alguém comprometido...”
“Você adorou, para de reclamar!”
“Ele é meu chefe...”
“É homem, é muito gostoso!”
“Casado! Entendeu? Casado!”
- Ângela o que deseja? - Escuto ele dizer antes de fechar a porta da minha sala.
Solto um suspiro, junto minhas coisas e saio da sala. Ele para de falar e me olha.
- Luhísa precisamos conversar...
Solto um longo suspiro - Amanhã. - Ele me encara novamente, eu escuto um burburinho no telefone.
- Boa noite senhor Gross. – Digo e saio da sua sala, sem esperar sua resposta.
Dou graças a Deus que a Vanessa não está na recepção, não gostei dela e não quero falar com ninguém agora.
Merda! O que eu fiz? Eu me perguntava enquanto estava no elevador. Sem perceber levo minha mão a minha boca e me lembro do beijo que acabei de dar no meu chefe. Eu beijei meu chefe que é casado! E agora? Suspiro. Só me resta uma coisa, não, eu não vou me demitir, preciso do trabalho, mas isso nunca mais vai acontecer...
“Sei!”
Suspiro novamente, preciso esquecer isso. Já sei! Preciso beber...
“É segunda feira!”
“Como se você se importasse!”
“É, não me importo...”
É isso que vou fazer, beber, assim que sai do prédio Gross avisto um bar na esquina, esse serve, afinal meu carro está na garagem da Gross. Assim que entro átrio vários olhares, sorrio com isso! É isso que eu gosto, os homens me desejando. Mas não me envolvo com homens comprometidos. Sento-me no balcão.
- Um Bourbon – Eu peço para o garçom, preciso de algo forte.
- Dia difícil? – Uma voz sedutora, forte me pergunta.
Quando me viro vejo um homem muito bonito, negro, sorriso perfeito, olhos azuis acinzentados. Meu Deus que homem!
“Eu quero esse hoje!”
“Eu também...”
- Um pouco – Eu digo de uma forma sedutora, me virando totalmente para ele e cruzando minhas pernas – E você o que faz aqui? – Eu pego meu copo e bebo todo seu conteúdo de uma vez sem fazer careta.
- Eu sou o dono daqui, mas venho muito pouco aqui – Ele diz sorrindo, e que sorriso perfeito – Mas acho que valeu a pena ter vindo hoje...
- Acho que concordo com você – Eu digo e sorrio de lado – Luhísa...
- Michael, mas pode e deve me chamar de Mike – Ele diz sorrindo pra mim.
- Então Mike, me paga uma bebida? – Eu pergunto passando as mãos em sua jaqueta.
- Vai continuar no Bourbon ou quer algo mais leve? – Ele pergunta.
- Vamos beber aqui ou em outro lugar? – Eu pergunto maliciosa e depois mordo meu lábio inferior.
- Isso depende do que você tem em mente – Ele diz malicioso e dá aquele sorriso de tirar o folego.
Eu me levanto e ele acompanha todos os meus movimentos, me aproximo dele, chegando bem perto, escuto sua respiração falhar e sorrio. Ganhei esse!
- Eu tenho muitas coisas em mente – Eu digo sedutora – Mas nenhuma dá para fazer aqui no seu bar – Eu sussurro em seu ouvido.
- Humm – Ele diz gemendo quando mordo o lóbulo de sua orelha – Quero você! – Ele diz puxando minha cintura, me prendendo a ele, sorrio com isso.
- É comprometido? – Eu pergunto de repente.
- Totalmente solteiro, há exatamente três dias – Ele diz rindo o que me faz rir – Assinei o divórcio sexta.
- Isso é bom – Eu digo quando ele dá um beijo em meu pescoço. – Então o que está esperando para me ter? – Eu pergunto o fazendo olhar em meus olhos.
Então ele me beija, um beijo intenso, sedutor, feroz. Seus funcionários nos olhos espantados.
- Meu apartamento? – Ele pergunta quando precisamos de ar.
- Sim, estão todos nos olhando – Eu digo baixinho e rindo.
- Eles nunca me viram com alguém desde que anunciei minha separação! – ele diz calmamente.
- Sou a primeira? – Eu pergunto enquanto saímos do bar.
- Sim, não me sentia a vontade enquanto ainda estava casado – Ele diz ainda tranquilo.
- Entendo – Eu digo, e realmente entendo.
Então tudo vem a tona novamente. Eu tinha ficado com alguém comprometido, pior eu havia gostado de beija-lo. Foi quando eu o vi saindo do prédio Gross, ele estava com seu motorista e estava distante, pude perceber um momento ele colocando as mãos nos lábios.
“Será que ele estava pensando em mim?”
“Claro, seu chefinho adorou ter te beijado.”
“Estou louca, ele não está pensando em mim e sim na esposa.”
“Conta outra mentira, sabe que ele gostou...”
- Tem medo de moto? – Mike pergunta enquanto está com o capacete estendido pra mim, eu faço que não com a cabeça – Que bom, vamos?
- Vamos – Eu digo e subo na moto com ele.
Acordo atordoada, quando olho para o lado, me lembro da noite que tive, e que noite, olho no relógio, quatro horas da manhã, preciso ir embora. Pego as minhas roupas, sem fazer barulho, me visto, pego meu bloco de anotações e uma caneta na minha bolsa, e digito uma mensagem para Mike. Saio do seu apartamento, vejo o movimento e nada de taxi, então ligo para meu taxista particular.
- Pierre – Eu digo quando ele atende – Tem como vir me buscar?
Claro que ele vem, passa o endereço, por incrível que parece ele só demora quinze minutos. Enquanto estou no taxi, resolvo ver o que meu chefe tem para hoje, para ver o quanto vou poder fugir dele. No celular tem três mensagens dele.
Theo Gross: Luhísa precisamos conversar sobre o que aconteceu hoje!
Claro que precisamos, mas vou evitar isso pela manhã toda pelo menos. Leio à segunda.
Theo Gross: Realmente precisamos conversar sobre o que aconteceu, se puder me ligar...
Não vou te ligar chefinho, mesmo que eu quisesse essa conversa, ela não seria por telefone.
Theo Gross: Luhísa você terá que ir uma reunião comigo as oito da manhã, não se atrase! E lembre-se precisamos conversar.
Nossa ele é insistente. Checo o tablete para ver os e-mails e sua agenda pessoal, e graças a Deus está ao meu favor.
- Chegamos Luhísa – Pierre me avisa.
- Obrigada Pierre, não sei o que eu faria sem você – Eu digo entregando o dinheiro da corrida – Pierre você pode me pegar as sete e meia? Meu carro ficou no serviço...
- Claro Luhísa, sete e meia estou aqui. – Ele diz sorrindo. – Bom dia.
- Bom dia Pierre – Eu me despeço.
Subo para meu apartamento, são quase cinco da manhã, e às seis e meia tenho que me arrumar. Então resolvo não dormir. Ligo a tv e escolho um filme qualquer para ver, preparo um café delicioso, e me sento para ver o filme. Meu celular desperta e sigo para meu banho, hoje o dia está frio, olho pela janela e vejo que está nevando de leve. Escolho uma roupa mais quente, mas como a Gross tem aquecedor, não quero morrer.
- Não vai acontecer mais nada – Eu digo me olhando no espelho – Gostosa como sempre – Eu dou uma voltinha.
Escolhi uma blusa de frio, mas que deixa a barriga de fora, porém como coloquei uma saia de cintura alta, não mostra nada, a saia fica a um palmo e meio a cima do joelho, coloco uma meia rastão, e minhas botas favoritas. Decido que vou de cabelo solto, fica melhor com meu look. Pego um sobretudo que combina com minha roupa, coloco meus óculos escuros azuis, pego minha pasta. E desço para ir pro trabalho, Pierre já está me esperando, e logo chegamos a Gross.
Quando estou chegando na recepção, meu telefone toca, olho no visor e sorrio, aposto que é Mike, deixei meu numero para ele ligar. Vanessa me olha, como se quisesse me matar, mas nem ligo para ela, e atendo meu telefone.
- Alô – Eu digo.
- Que feio hein Leninha, me deixar acordando sozinho... – Mike diz rindo.
- Desculpa, tenho uma reunião agora cedo... – Eu digo e começo a andar.
- Hum, que pena, pensei que ia te ter um pouco agora pela manhã – Ele diz todo sedutor e eu sorrio. – Mas tudo bem, só liguei para saber se está bem...
- Eu estou ótima, e você? – Eu pergunto.
- Frustrado por você não está aqui comigo – Ele diz e eu começo a rir, estou entrando na sala. – Mas você pode almoçar comigo que tal?
- Eu não sei, tenho um dia cheio – Eu digo.
- Está fugindo de mim? – Ele diz e eu rio novamente.
É quando eu noto que Theo está na sala, parado em pé, segurando uma pilha de papel, ele me olha de um jeito fascinado, me analisando. Fico sem graça.
- Preciso desligar, nos vemos mais tarde Mike – Eu me despeço de Mike indo direto para minha sala.
Retiro meu sobretudo e penduro na cadeira, retiro meus óculos o guardando na minha bolsa, jogo meus cabelos de lado, pego alguns papeis em minha mesa, que sei que Theo vai precisar na reunião e volto para sua sala.
- Bom dia senhor Gross – Eu digo sem o olha-lo – Onde será a reunião?
Se eu olhar em seus olhos azuis nesse momento, não vou resistir e vou acabar agarrando ele de novo, então preciso evita-lo até a hora que eu me sentir segura para conversar com ele.
- Bom dia, será na principal... Luhísa... – Ele tente dizer algo, mas eu logo o corto.
- Senhor Gross, depois conversamos, se não iremos nos atrasar – Eu digo indo na direção da porta.
Vamos o caminho em silencio, percebo Vanessa comer Theo com os olhos, o que me faz revirar os olhos no mesmo instante. Kyle e Camile saem rindo juntos de sua sala, Camile se espanta ao ver Theo.
- Theo o que ouve? – Ela pergunta quando já estamos só nós quatro no corredor.
- Briguei com Alan ontem – Ele diz dando de ombros.
- Como assim? – Ela pergunta espantada.
- Senhor Gross, aqui estão os papeis que estavam comigo, eu esqueci algo na sala, eu volto já – Eu digo me lembrando que esqueci o tablete e o celular.
Eu entrego os papeis a ele e volto para sala, quando estou saindo Camile entra.
- O que aconteceu? – ela pergunta cruzando os braços.
- Nada, só esqueci o celular e o tablete – Eu digo dando de ombros.
- Não estou falando disso, estou falando de você e do Theo – Ela diz batendo os pés.
- Nada – Eu digo.
- Luhísa não minta pra mim, você dois estavam tensos, e você estava evitando ele, até o chamou de Gross. – Ela diz me encarando.
- E é assim que devo chama-lo – Eu digo.
“Não querida, você pode chama-lo do que quiser, principalmente quando ele tiver na nossa cama!”
- Já pode me contar o que ouve... Se não você não sai daqui – Ela diz ficando na frente da porta.
- Temos reunião agora, lembra? – Eu digo já com raiva.
- O que aconteceu? Porque ele brigou com o irmão? – Ela pergunta novamente.
- Quer saber? – Eu pergunto e ela faz que sim com a cabeça.
- Nós nos beijamos, mas isso não vai voltar a acontecer – Eu digo com pra ela com raiva e ela me olha surpresa. – Eu não sei porque isso aconteceu, mas simplesmente aconteceu, mas depois voltamos para realidade, e agora estou evitando ele. Satisfeita?
- Meu Deus, eu não acredito nisso... – Camile diz vindo em minha direção – Imagino como deve estar se sentindo amiga. – Ela me abraça.
- Não, você não imagina. Meu Deus ele é casado, e eu nunca fiquei com alguém comprometido. Eu só podia estar louca ontem – Eu digo fechando os olhos.
- Luhísa, não fica assim, vocês precisam conversar, esse clima é ruim – Ela diz me abraçando mais forte. – Agora vamos, temos uma reunião.
- Ah, muito obrigada, por me fazer me lembrar de tudo, e ainda me levar para ficar olhando para cara dele – Eu digo debochada.
- Luhísa, é normal isso, mas vocês vão conversar, e isso não vai voltar acontecer como você quer - ela diz e saímos da sala.
- Senhorita Nagel, nenhuma ligação deve interromper a reunião – Camile diz autoritária.
Chegamos à sala de reuniões e entramos sem fazer barulho, eu me sento ao lado do Theo e Camile ao lado do Kyle. A reunião é muito interessante, é a mostra de novos produtos, novas propostas, eu adoro isso. Minha manhã passou totalmente sem momentos para pensar, o que eu adorei, mas quando está na hora do almoço meu coração gela. Theo entra em minha sala e tranca a porta.
- Só vamos sair daqui depois de conversamos – Ele diz sério e me encarando.
“Humm, só nós dois, trancados nessa sala...”