"Para quantas pessoas gostarem de você, haverá pessoas que não gostam de você. Aos olhos deles, nada do que você faz é certo; então, por que você não é apenas você e as pessoas que gostam de você vão te amar ainda mais? O filtro do seu coração precisa subir de nível!"
- Xiao Zhan -
Universidade de Pequim, dois dias antes do acidente de WuXian...
O cão labrador caminhava ao lado de seu dono, seguro pela guia o homem não muito alto esboçava um leve sorriso gentil a cada aluno que passava o cumprimentando.
—Bom dia, professor XingChen. – Um grupo falou em coro.
— Bom dia. – Sorrindo curvou leve a cabeça.
Caminhava com a bengala e Lua, sua cadela que era treinada para guia-lo. Apesar de ser cego, XingChen era muito independente e um dos mais renomados professores da Universidade. Lecionava História e Filosofia, áreas aos quais tinha verdadeira paixão.
— Pai! – Uma voz apesar de delicada chamou-lhe atenção. – Nossa pai, estou cansada de esperar. – Resmungando a garota se aproximou de XingChen. – Lua, menina boazinha trouxe nosso pai em segurança, boa garota. – Afagou a orelha da cadela.
— A-Qing, estou chegando no horário de sempre. – Estendeu a mão para a filha. – Já assistiu a primeira aula?
— Claro, afinal somente o professor Ron para fazer a gente acordar as 5 h. da manhã para assistir uma aula chata de economia. – Qing esboçava uma face de desanimo. A jovem deixou o pai segurar em seu braço enquanto caminhavam.
— Não reclame tanto. – XingChen recolheu sua bengala dobrável e seguiu ao lado dela até o prédio principal da faculdade. – Vou passar primeiro na sala dos professores, você segue para sua próxima aula.
— Ah, esta bem... – Bufou. – Outra aula chata de estatísticas.
Eles subiam as escadarias do prédio quando ouviram um sorriso e passos se aproximando.
— Bom dia, professor XingChen.
Qing que antes sorria, ficou séria e manteve a face erguida para o que se aproximava.
— Bom dia professor Yang. – XingChen cumprimentou o professor.
Xue Yang olhou para a garota e piscou o olho direito esboçando em seguida um leve sorriso no canto dos lábios
Qing baixou o olhar e virou o rosto, sentiu um arrepio com aquele gesto do professor de matemática e estatísticas.
— Bom dia. – Murmurou.
— Quer que lhe acompanhe até a sala dos professores XingChen?
— Não precisa. – Qing rapidamente respondeu e acenando para o outro começou a andar arrastando o pai. – Vamos pai, te deixo lá e vou para a aula. – Ela olhava por cima do ombro o outro professor.
— Calma A-Qing, professor Yang estava sendo gentil. – Arrastado pela filha ouviu Lua ao seu lado começar a rosnar. – Lua. – Em tom de ordem a fez se calar.
— Gentil! – Emburrada a garota continuou arrastando o pai. – Gentil minha bunda...
— A-Qing!!! – XingChen falou com ela em tom severo. – Olha os modos.
— Desculpa, pai. – A garota engoliu seco e falou para ele. – Até Lua não gosta dele, seja cauteloso e não fale com ele sem alguém por perto.
— Nossa, você fala como se o professor Yang fosse me atacar. – XingChen virou o rosto para o som da voz de sua filha. – Ele é recém chegado a faculdade, foi muito recomendado e um brilhante professor de matemática.
— E olha você como se realmente fosse te devorar... – A garota parou no corredor de frente a sala dos professores. – Eu vejo os olhares dele para meu pai, você não vê e por isso não faz ideia do que estou falando. – Suspirou fundo quando viu aparecer no final do corredor o professor Yang. – Pai, por favor, nunca fique sozinho com esse homem.
— Quanta cisma, ele sempre foi agradável comigo. – XingChen achava exagero da filha, mas uma pontada de receio aparecia todas às vezes que Lua rosnava para o professor.
— Promete pai? Por favor! – Ela olhava para o homem que se aproximava sorrateiro com os olhos fixos nela e em seu pai. – Não fica sozinho com ele.
— Para de bobagens, eu nunca estou sozinho Lua esta comigo. – Sorriu e estendeu a mão ao seu lado para tocar a cabeça de sua cadela guia.
A cadela balançou o rabo e sentada ao lado deles virou o rosto para olhar o homem que se aproximava lentamente. Qing se abaixou e afagou a orelha de Lua e estreitou os olhos para o professor Yang, dizendo por fim ao animal.
— Lua se esse homem tocar no papai, morda-o com tudo. – Sussurrou a cadela.
O animal parecia entender bem aquelas palavras e mesmo balançando o rabo ao receber o afago, tinha um brilho diferente no olhar para o professor Yang, era um brilho de predador para sua presa.
— A-Qing, hora de ir a aula.
No mesmo momento, a porta da sala dos professores se abriu, saindo do lugar um homem alto e elegante parou ao ver a dupla parada no corredor.
— Professor XingChen, bom dia... – Ele se aproximou sorrindo. – Srta. Qing, bom dia.
— Reitor Song, bom dia. – Qing sentiu um enorme alívio ao se deparar com o reitor. – Agora posso ir para a aula tranquila. – Saltitante, aproximou do pai e deu um beijo na sua bochecha. – Até mais tarde no almoço, pai.
— A-Qing, se comporte. – XingChen virou o rosto para o lado onde sabia da presença do reitor Song Lan. – Ela anda protetora demais.
Song Lan se aproximou e sussurrou ao outro.
— Eu também...
XingChen inspirou e sua face alva tomou um leve tom rosado.
— Bom dia Reitor Song. – Xue Yang que assistia a cena enquanto andava lentamente até eles, cumprimentou o reitor.
— Bom dia professor Yang. – Song olhava-o com a face inexpressiva, apesar da voz esboçar um tom gentil.
Xue Yang passou por eles e entrou na sala dos professores, ainda tinha um olhar fixo em XingChen quando a porta se fechou.
— XingChen, vamos tomar um chá? – Olhou o relógio em seu pulso. – Ainda temos uns minutos antes da sua aula.
— Claro, Lan. – XingChen estendeu a mão e apoiou no braço do outro.
— Eu estou curioso. – Song olhava-o carinhosamente enquanto caminhavam para a área de refeições da faculdade.
— Qual seria a sua curiosidade? – A face clara voltou a tomar um tom rubro suave.
— Conversou sobre nós com Qing?
XingChen chegou a arfar levemente com aquela pergunta ao ponto de aperta o antebraço do outro nervoso com a possibilidade de outros ouvirem o que falavam.
— Lan, aqui não é local.
— Desculpe Chen, vamos falar sobre isso em um momento mais reservado. – Murmurou ao seu amado com brilho nos olhos. – Sente-se, vou buscar nosso chá. – O deixou sentar-se na cadeira e se afastou para a cantina.
— Ora, ora, ora... Vieram tomar um chá e nem me convidaram... – As palavras de tom debochado ecoaram ao lado de XingChen, logo em seguida Xue Yang sentou na outra cadeira vazia. – Professor XingChen, assim fico achando que querem me ver longe.
— Impressão sua professor Yang. – XingChen ficou tenso e se ajeitou na cadeira. – O reitor o convidaria se não tivesse entrado na sala dos professores.
— Certo, eu entrei logo em seguida, como poderia ter sido convidado?! – Xue Yang apoiou o cotovelo na mesa e em seguida a mão no queixo. — No entanto, penso que não se importariam que me sente com vocês para o chá.
— Não há com o que se importar professor Yang. – Song Lan se aproxima com dois copos de chá e alguns bolinhos. – Infelizmente não imaginei que estaria aqui e somente comprei dois.
Xue Yang sorrindo deu um leve tapa na mesa e levantou.
— Vou comprar o meu e sentar com meus colegas docentes. – Sorrindo seguiu para o balcão da lanchonete.
— Não gosto dos olhares que ele tem sobre você. – Song estendeu o copo de chá e pegou suavemente a mão de XingChen para o entregar.
— Eu não sei exatamente que olhar é esse, mas tento evitar maiores problemas já que ao que parece além de A-Qing, Lan estar sendo protetor demais.
Song Lan apesar de conversar com XingChen seus olhos não saiam de cima de Xue Yang.
— É algo que você deva reconsiderar, primeiro quem reclamou foi eu e você com sua inocência ainda me chamou de ciumento. – Tomou um gole do chá. – Sua filha vive reclamando, parou para pensar que estamos certos?
XingChen bebericou pequenos goles de chá, seu coração saltou levemente no peito ao ouvir o receio de Song.
— Eu não falei com A-Qing aqui na faculdade, da mesma forma que não falarei com você Lan. – Bebeu outro pequeno gole do chá. – Afinal, o alvo de vocês estar se aproximando e pode escutar falando dele. – XingChen sorriu e virou a face para a direção do outro professor.
— Eu dei azar a fila estava enorme para o chá. – Xue Yang senta e leva o copo aos lábios, depois do primeiro gole volta a tagarelar. – O reitor Song poderia adiantar a reunião dessa semana?
— Não é nada de extraordinário, precisamos somente ajustar alguns pontos da grade de disciplinas.
— Ah sim, ótimo. – Concordou, esgueirando o olhar a XingChen. – Eu tenho algumas ideias para as aulas, pretendo fazer algo mais dinâmico com os alunos.
— Isso é bom. – XingChen concordou. – É bom vivenciarem na prática o que aprendem na sala de aula.
— Exatamente. – Sorria para o outro ignorando a presença de Song Lan. – Professor XingChen faz muito dessa prática, adoraria umas dicas.
— Seria interessante, podemos combinar. – Sorriu-lhe gentil voltando a tomar o gole do chá.
— Maravilha! – Xue Yang bebe mais do chá em seguida se levanta. – Bom, estar na minha hora. – Curva a Song e se aproxima de XingChen. – Vou passar mais tarde na sua sala para combinarmos uma hora. – Sorriu olhando diretamente para o reitor Song. – Bom dia de aula professor XingChen. – Afastou deles caminhando com sorriso no canto dos lábios.
XingChen sentiu uma sensação estranha com aquele tom de voz do outro professor, tanto que um calafrio percorreu a sua espinha. Havia um ano que o professor Xue Yang havia sido altamente recomendado e aceito para lecionar na faculdade, desde então, vem tentando se aproximar de XingChen de todas as maneiras. No entanto, aquelas últimas semanas tinha sido ainda mais persistente deixando sua filha e seu namorado muito preocupados. Ele pressentia que tinha algo de errado com aquele professor, mas até então, não havia lhe feito nada de mal.
— Não vai marcar hora nenhuma com ele. – Song estava arfando de raiva.
— Calma, eu só falei por falar, não vou combinar nada com ele. – XingChen afastou a cadeira e levantou pegando a guia de sua cadela. — A minha aula vai começar.
— Eu lhe acompanho.
O dia seguiu normalmente, até o final da tarde quando finalmente se encerraram as aulas. XingChen estava guardando o material na sua pasta quando A-Qing chegou sorridente.
— Tudo pronto pai?
— Sim, encerrei por hoje.
A dupla saiu da sala e sendo guiado por Lua, XingChen segurava o braço de sua filha até saírem do prédio. E já no pátio principal ouviram a voz que menos queriam ouvir chamar por XingChen.
— Professor XingChen, não acredito que estava indo embora sem marcarmos nossa reunião? – Parou ao lado dele, olhando para a garota com sorriso sonso nos lábios.
— Professor Yang, minha agenda essa semana estar um pouco lotada.
— Ah poxa, é sério?
— Sinto muito, poderemos ver em outro momento, quando estiver mais folgado nos meus horários.
— Vamos pai, o ônibus que vai até o metrô vai passar e vamos perder. – Qing puxou o pai pelo braço.
— Não precisa me puxar, boa tarde professor Yang. – Curvou leve a cabeça ao outro seguindo junto a filha.
Xue Yang ficou parado no meio do pátio olhando ambos se afastarem, enquanto desembrulhava uma bala de caramelo. Seu olhar é intenso sob o professor cego.
— Pensa que vai se livrar de mim Daozhang, não... Você é minha recompensa depois de centenas de anos de espera. – Sorrindo virou-se para ir ao estacionamento onde estava estacionado seu carro.
*****
No ponto de ônibus, pai e filha conversavam despreocupados aguardando o transporte para leva-los ao metrô. Lua sentada ao lado deles mantinha uma postura de guarda quando um carro parou de frente a eles.
Xue Yang abriu a porta e olhou-os ainda sentado no acento segurando com uma mão o volante.
— Entrem. – Sorrindo saltou do carro, dando a volta e pegou o braço de XingChen. – Faço questão.
— Professor Yang, não precisa se preocupar o ônibus esta vindo. – Nervoso o outro pegou a mão da filha.
— Professor Yang ficamos gratos pela carona, mas pelo que sei não mora na mesma região que nós. – Qing agarrou o pulso do outro tentando soltar o braço do pai. – Por favor, não vamos incomodá-lo.
Qing imediatamente sentiu seu corpo paralisar e olhou o homem que arrastava seu pai para dentro do carro apreensiva ao tentar abrir a boca para falar sua voz não saiu.
Lua rosnou e tentou avançar em Xue Yang, mas foi paralisada da mesma forma que a garota.
— Entre no carro. – Xue Yang falou para a garota. – Coloque a cadela no banco de trás e sente ao seu lado.
As ordens dele foram ditadas e Qing apesar de ter consciência de tudo as executava automaticamente.
XingChen estava nervoso, seu corpo não respondia e sentiu totalmente preso naquele banco mesmo sem o cinco de segurança.
— Muito bem, todos pronto? – Xue Yang sorriu ao entrar no carro e colocar o cinto, olhou pelo retrovisor a garota que, nesse momento, tinha lágrimas escorrendo na face. – Será um belo passeio.
XingChen engoliu seco e abriu levemente os lábios para falar, mas sua voz não saiu, em seu peito o coração batia forte apavorado.
— Não se preocupem, estamos saindo em viagem como uma linda família feliz hahahahahahahahaha... – Xue Yang ligou o carro e partiu saindo da região do campus da faculdade e seguindo pela rodovia principal.
Duas semanas depois do acidente de WuXian...
— Como é? – WuXian caminhava mancando levemente com a bota ortopédica pelo corredor da faculdade, carregando nas costas sua mochila olhando apreensivo para Cheng. – Que história louca é essa Cheng?
— É o que estou contando, nem precisa se preocupar com a cadela do professor XingChen, vá entregar seu trabalho para o professor substituto. – Cheng tomava um gole do chá gelado que comprou na lanchonete do refeitório. – Seu acidente tomou tanto nossa preocupação que não cheguei a comentar, o professor sumiu, aliás ele, a filha e a cadela.
— Como sumiu? – WuXian achava estranha aquela situação.
— Sumiu e não só eles ao que parece o professor Yang também. A polícia está investigando, o reitor Song acusou-o de ser o responsável pelo desaparecimento.
— Minha nossa, o professor XingChen é um cara tão legal. – WuXian parou na porta da sala de aula e bateu pedindo licença para entrar, Ao receber a confirmação do professor em sala, voltou a face para o irmão e disse: – Espera aqui vou entregar o trabalho.
Cheng concordou e ficou encostado ao lado da porta esperando, poucos minutos depois WuXian voltou e ajeitando a mochila nas costas disse:
— Entreguei todos os trabalhos, agora me conta o resto dessa história.
— Vamos para casa, temos ainda que arrumar as malas para esse fim de semana. – Cheng acenou com a cabeça e continuou a falar. – Segundo rumores pelos corredores, o professor Yang vivia assediando o professor XingChen, sempre em volta dele e sendo até inconveniente. Algumas amigas da Qing, relataram que ela vivia reclamando dos olhares estranhos que o professor Yang tinha para o seu pai.
— Hum e por isso deduziram que ele que desapareceu com pai e filha?
— O reitor prestou depoimento e acusou ele, contou dos assédios e perseguições contínuas durante o ano, mas até então, ele não acreditava que o cara faria algo. – Cheng estendeu a mão para WuXian apoiar e descer as escadas. – Além do mais o professor Yang sumiu no mesmo dia, coincidência demais.
— Realmente, e se lembra que eu achava estranho esse professor de matemática? – WuXian recordava de momentos em aulas que pegava o professor olhando-o. – Ele tinha um olhar esquisito para mim.
— Hum, você comentou, mas muita gente o achava esquisito. – Cheng parou no ponto do ônibus quando o veículo se aproximava. – A polícia vai descobrir o que aconteceu, resta para nós rezarmos para que nada de ruim tenha acontecido.
— Hurum... – WuXian entrou seguindo Cheng dentro do ônibus.
Aquela história de alguma forma mexeu com WuXian, sentia uma leve dor no peito lembrando do rosto do professor XingChen. Desde que chegou na faculdade havia pego uma afinidade muito grande com esse professor, todos os dias, mesmo que não fosse aula dele ia visita-lo e conversavam por algumas horas. Ele realmente estava sentido com o que soube e tentou se tranquilizar mentalmente confiando que a polícia logo descobriria o paradeiro de pai e filha.
Continua...
Olá pessoas lindas,
Eu espero não ter deixado vocês tão nervosos, mas enfim o vilão apareceu e Xue Yang vai tocar terror em The Idol =X
Bjuss
Universidade de Pequim
O campus da universidade, que se estende por mais de 270 hectares, fica no chamado "Jardim de Yan" (ou Yan Yuan, em mandarim), próximo ao Palácio de Verão de Pequim. É nesse cenário que se encontra uma das universidades mais importantes da Ásia, em especial nas áreas ligadas às Ciências – das básicas às aplicadas.
A instituição é conhecida como "Harvard chinesa", e a fama é mais do que merecida. A PKU tem números que surpreendem: tem convênios com mais de 200 universidades ao redor do mundo, possui a maior biblioteca universitária da Ásia (com mais de 9 milhões de livros), 242 programas de pós e mestrado e outros 212 de doutorado. Olhando os números, dá para ter uma dimensão da importância da universidade, que foi a primeira da história moderna da China.