- Liza... Eu não sabia, ele disse que... - Gemma me olhou confusa e percebi que ela realmente estava falando a verdade. Ela não sabia que Harry estaria ali.
- Tudo bem. Eu só... - Olhei para a casa azul. - Eu vou voltar. Não posso ficar.
- Você não precisa ir. - ela pegou minha mão. - Pelo menos entre para dar oi para minha mãe, ela está morrendo de saudade, se você quiser eu te levo depois. - ela sorriu me encorajando.
- Tudo bem, mas só para dar oi. - me rendi soltando o cinto e ela estacionou o carro na frente da casa.
Respirei fundo antes de descer do carro, me sentia uma intrusa de certa forma. E sabia que Candice iria odiar minha presença ali.
- Relaxa, vamos entrar. - Gemma entrelaçou seu braço ao meu e fomos em direção a casa.
- Gem, apenas um oi, ok? Eu não quero ser uma intrusa na família de vocês.
- Sim, sim, só um oi. - ela me puxou pelas escadas da entrada. O cheiro de canela preencheu minhas narinas. Escutei risadas vindo de algum cômodo da casa, e Gemma sorriu para mim me tranquilizando enquanto pendurávamos nossos casacos. - Vem, eles estão na sala. - me puxou mais uma vez.
O cheiro ficou mais forte quando entramos em um ambiente maior. A lareira estava acesa, e em volta as pessoas rindo. A sala tinha dois sofás brancos e grandes, um poltrona no canto, e em cima da lareira uma grande tv. Prateleiras com porta retratos eram espalhadas pelas paredes. Anne e Robin estavam abraçados no sofá com uma xícara na mão cada um e ele estava na poltrona. Suas pernas estavam esticadas e ele ria de alguma coisa. Eu senti tanta falta do seu sorriso. Ele estava com uma calça de moletom cinza, uma camiseta branca e meias também brancas. Ele estava tão confortável, como nunca havia visto antes.
- Olhem quem eu achei perdida no caminho. - Gemma falou alto atraindo atenção de todos. E então eu notei, Candice não estava ali.
- Ai meu deus, querida! - Anne largou sua xícara na mesa de centro e veio até mim. - Que saudades. - Ela me abraçou apertado e eu retribui. Sentia muita falta dela.
- Eu também senti. - ela se afastou sorrindo. - Me desculpe não retornar as ligações.
- Capaz! Você está aqui agora, estou tão feliz. - me abraçou mais uma vez. - Meus bebês reunidos. - ela olhou para os irmãos na poltrona onde Harry estava sentado e Gemma estava sentada no braço do estofado agora. Senti uma batida falhar quando ouvi as palavras. Meus bebês. Anne era como uma mãe para mim, e ouvir essas palavras fez meu coração explodir de amor.
- Elizabeth, também ganho abraço? - Robin veio sorrindo até mim. O abracei na mesma intensidade. Ela era um homem incrível, e assim como Anne me fazia eu sentir em casa. Eles eram família.
- Que saudade de vocês. - Olhei para os dois que sorriram. Anne fez um carinho no meu cabelo.
- Oi. - escutei sua voz rouca atrás de mim. Me virei devagar e sorri fraco.
- Oi.
- Não sabia que iria... - ele foi interrompido por passos fortes na escada. Me virei para o barulho e Candice a descia. A loira parecia que estava mais linda do que já foi algum dia. Mordi o interior de minha bochecha nervosa.
- Gemma! Você chegou. - ela não tinha me visto ainda. Abraçou a cunhada e sorriu. Quando se virou seu sorriso desfez em questão de milésimos. - Elizabeth. - sua voz pronunciou meu nome com desprezo.
- Olá! Como está? - sorri tentando parecer simpática e tentando não deixar o clima pior do que tinha ficado.
- Estamos bem. - ela sorriu indo para o colo de Harry e colocou a mão na sua barriga. Engoli seco.
- Então... - Anne começou. - Liza, venha, vou mostrar o seu quarto. - ela tocou meu ombro sorrindo gentil.
Olhei para Harry nesse momento, ele olhava para o nada. Como se estivesse perdido em pensamentos.
- Eu não vou ficar. - E então seu olhar foi para mim.
- Mas amanhã é véspera de natal. Queríamos tanto que você estivesse aqui. - Dessa vez Robin falou.
- Eu sei, mas... - mordi o lábio. - Eu tenho algumas coisas do trabalho para fazer. - tentei ser o mais convincente possível. Eu estava tão desconfortável. Notei o olhar que Gemma deu a Harry e ele levantou os ombros. - Mas muito obrigada pelo convite, mesmo. - Me virei para Gemma pronta para arrasta-lá para fora da casa e fazê-la me levar para Londres o mais rápido possível.
- Ninguém trabalha no feriado, Liza. - Harry disse. Ótimo. Joguei a desculpa do trabalho na frente de para quem eu trabalho. Esperta do caralho.
- Sim, mas... - fui interrompida mais uma vez.
- Por favor, fique conosco. - Anne sorriu gentil. Seus olhos pidões me fizeram suspirar. Apenas concordei com a cabeça e seu sorriso aumentou. Os olhos de Candice rolaram e Harry deu um sorrisinho enquanto a abraçava pela cintura. Meu estômago revirou. - Venha, vou mostrar o seu quarto. - segui Anne escada a cima ainda em silêncio. O corredor cheio de portas brancas era largo e tinha um belo tapete escuro. Anne abriu a última porta e dei de cara com um quarto simples e elegante.
- Obrigada. - larguei minha bolsa na cadeira próxima a cama. - Eu só não queria atrapalhar. - ela sentou na ponta da cama e me olhou.
- Você faz parte dessa família, nunca irá atrapalhar. - sentei ao seu lado e brinquei com meus dedos. Senti meu nariz arder e suspirei. - Ah, querida. Venha cá. - ela me abraçou e eu retribui apertado. - Sinto muito pelo que aconteceu. - sussurrou fazendo carinho no meu cabelo.
E então eu desabei. Desabei por todos esses dias em que fiquei sozinha sentindo a falta de Harry. Desabei por saber que agora, era impossível tê-lo como eu queria. Desabei porque eu tinha perdido meu melhor amigo e não havia nada que eu pudesse fazer para mudar isso. Lágrimas descontroladas se arrastavam pelo meu rosto e soluços faziam eu dar leves pulos. Eu sabia que isso iria acontecer em algum momento, eu só esperava que não fosse no mesmo lugar em que ele estaria com a sua namorada grávida. Me apertei mais em Anne e não sentia nunca o choro diminuir. Ela passava sua mão nas minhas costas tentando me acalmar.
- Me desculpe. - Funguei me afastando. Soluço. - Eu só... - coloquei meu rosto entre minhas mãos e mais uma vez o choro descontrolado veio. Eu simplesmente não conseguia parar.
- Ah, meu amor. Vai passar. - ela tirou as mãos do meu rosto e as pegou. - Eu sei como é difícil, acredite. Um dia...
- Mãe, Robin está... - Harry parou na porta e travou quando me olhou naquele estado.
- Eu já vou descer. - ela disse ainda me olhando. Me levantei limpando as lágrimas com as costas da mão.
- Pode ir. Está tudo bem. - sorri entre lágrimas e ela balançou a cabeça. Deixou um beijo na minha testa antes de sair do quarto.
Harry ainda estava na porta me olhando.
- Você precisa de algo? - perguntei, minha voz rouca saiu como um sussurro.
- Você está bem? - ele se aproximou. Seu cheiro me atingiu em cheio e eu só desejava o abraçar. Lembranças dos dois dias em que ficamos juntos me atingiram e mais uma vez eu estava soluçando.
- Eu só preciso... de um tempo.
- Liza... - se aproximou mais um pouco. Eu recuei encostando na cadeira.
- Por favor. - sussurrei. - Só me deixe.
Sua mão foi para meu rosto limpando as lágrimas. Eu sentia falta do seu toque. Seus olhos me observavam atentadamente e seu semblante era triste. Fechei os olhos deixando lágrimas caírem enquanto ele ainda mantinha sua mão ali. Imaginar uma vida sem Harry Styles, era a pior coisa que eu já fiz na vida.
- Sinto muito. - sussurrou perto de mim.
- Eu sinto falta... - seus olhos estavam marejados enquanto me observava naquele estado. - Eu realmente sinto falta do que quase tivemos. - minha voz saiu baixa, quase imperceptível.
Minhas mãos foram para meu rosto novamente tentando controlar os soluços e ele me puxou para si. Estava encostada no seu peito e ele passou a mão pelas minhas costas enquanto murmurava coisas que eu não compreendia. O som do meu choro era baixo, mas ainda sim perceptível e estar assim com ele me rasgava por dentro. Senti um beijo no topo da minha cabeça e suspirei tentando me controlar.
- Me desculpe. - me afastei e ele continuava com aquele olhar triste. - Gemma pediu para eu vir, ela achou que você iria passar o natal com os pais de Candice, só por isso eu vim. Eu não quero causar confusão.
- Nós mudamos os planos. - sua voz era cautelosa. - Você não causa confusão. Eu quero que você fique com a gente. Afinal, eu havia convidado primeiro, lembra? - ele deu um sorrisinho e eu concordei com a cabeça. - Sinto muito.
Eu apenas balancei a cabeça. Sua mão estava no meu braço. Minha pele formigava com o seu toque. Ele se aproximou novamente enquanto mantinha os olhos fixos nos meus e sua mão subiu para meu rosto.
- Eu sinto tanto a sua falta. Você não faz ideia. - sussurrou e sua testa agora estava colada na minha. Fechei os olhos sentindo algumas lágrimas caírem sob sua confissão e ele suspirou. Sua respiração bateu na minha boca e então minha não foi para o seu rosto. E senti algo molhado. Abri os olhos e vi uma lágrima solitária arrastar pelo seu rosto. Harry estava chorando. - Sinto muito. - murmurou e subiu sua boca para minha testa deixando um beijo demorado e logo se virou saindo do quarto sem olhar para trás.