Espero que todos durmam,
Para que eu possa enfim
Chorar, querendo assim
Que as tristezas me consumam!
Para meu aniversário, faltam ainda
Vinte e oito dias. Para então,
Sob as elegias de Ovídio,
Completar meus dezesseis. E,
Queria eu, d'uma única vez
Consumar meu suicídio!
Não te enganes! Que o meu mal
É tão simples e tão comum;
O que falta ao meu cantar,
Parece não se encontrar,
Não existir em lugar algum!
Para que meu sorriso
Torne-se sincero,
Falta-me, quem diria;
Amor, beleza... Esmero.
Falta-me companhia!
Algum sorriso por perto,
Alguém para me dizer:
"Raul, por favor, sorria!"
Para me tornar liberto,
E dessa minha melancolia
Dar-me carta de alforria!
Bradando meu desespero
Desisto de alheio amor. Com isso,
Espero por um momento derradeiro;
Culminância de tamanha sorte:
Deixar essa solidão com a morte
Desfalecendo em solene louvor!
Ah! Quem me dera morrer!
Mas me ocorre somente o contrário.
Em 28 dias, vão apenas me dizer:
"Feliz aniversário! ".