Saímos em busca do cão. O tempo estava nublado e a chuva era forte.
- Vai por alí, que eu vou por aqui. - Mandou Dilan com os cabelos castanhos molhados. Ele tirava os mesmo do rosto.
- Não, você vem comigo. - Falei puxando sua mão. A chuva estava forte, nunca deixaria ele ir sozinho.
- Mas, Lory. - retrucou tentando se soltar. O segurei mais forte, ele não vai sozinho.
- Pare! Apenas me obedeça. Vamos juntos. - Declarei o encarando séria.
- Ok... - Concordou balançando a cabeça. Ele encarou minha mão e a apertou mais forte. - Vamos correr mais uma vez juntos pelas ruas de Umbrella City. - Contou num sorriso, mais que sorriso.
- Vamos, baixinho. - Afirmei o encarando com um sorriso inevitável nos lábios. O puxei para mais perto com as mãos trêmulas. Começamos a correr. Observei cada canto, até ver algo passando rapidamente por nós.
- Por alí! - Falou apontando para um beco, nós corremos até o mesmo. As ruas estavam vazias. A cena era: Uma menina e um menino de cabelos castanhos encharcados, correndo com as mãos dadas, por um beco, enquanto chovia fortemente.
As mãos do rapaz eram quentes. Acabo me recordando dessa sensação, mas antes ele era baixinho e eu o puxava para todo canto. Minhas mãos eram bem maiores que as dele, mas agora as delas cobrem as minhas. Essa pensamento me fez corar. - Você realmente cresceu... - Falei quase num sussurro. Acho que o mesmo não me escutou, pois o som da chuva estava forte. Que bom que ele não escutou...
Dilan passou a língua nos lábios, enquanto procurava o cachorro com nervosismo. O mesmo ainda segurava minha mão com força.
- Relaxa, eu não vou fugir. - Afirmei o encarando, não pude evitar de deixar um sorriso brincalhão dominar meus lábios.
- Espero... - O menino de cabelos encharcados respondeu com um tom de serenidade, fazendo meu coração perder duas batidas, enquanto seus olhos fitavam os meus.
Balancei a cabeça em afirmação sem conseguir falar. Como eu me odeio quando isso acontece.
Voltamos a correr. A chuva diminuía lentamente, até que aos poucos acabou.
- Finalmente. - Declarou Dilan passando a mão nos cabelos encharcados. Eu o olhava com cuidado, observando as "ondinhas" que apareceram em seu cabelo.
- Voc... - ia falar algo, quando Dilan me interrompeu de forma rápida
- Espera, está escutando isso? - Perguntou tentando escutar o som atentamente. Ele permanecia calado e parecia concentrado, eu fiz o mesmo. Eu escutei claramente um latido não tão alto, então isso significava que ele estava perto o suficiente para ser escutado. Comecei a procurar pelos cantos, até que vi algo com pelos escuros.
- Alí! - Era Smuff atrás de uma moto, o mesmo estava encolhido e tremendo. - Smuff! - Gritei seu nome, enquanto me ajoelhava no chão molhado. O pequeno vira-lata correu para meus braços de forma rápida. O segurei carinhosamente e me levantei, dando de cara com os olhos brilhantes de Dilan.
- Filho! - Exclamou admirando o cão de forma aliviada. Ele deu carinho no animalzinho que ficou feliz com seu toque. - Ah... - Um pequeno murmuro saiu de sua boca e seus olhos observavam algo com atenção. O rapaz ficou vermelho de repente. - V- você cresceu... - Afirmou ainda fitando algo. Seus olhos tinham um brilho estranho e em seus lábios um sorriso malicioso... Mas o Din não sorri maliciosamente... Que merda é essa!?
- Que? - Me guiei pelo olhar do garoto e parei na minha camisa branca... Ela estava transparente... Dava para ver todo meu sutiã! Olhei novamente para o rosto do menino de cabelos castanhos que parecia estar gostando da imagem. - Não creio! - Gritei, chamado sua atenção que antes estava no sutiã preto e logo depois batendo a palma da minha mão, em seu rosto.
Minha mão foi em seu nariz e logo umas palavras saíram da sua boca.
- Meu nariz! - Reclamou de forma alta. Sua mão estava sobre o lugar atingindo e quando ele tirou ela de cima, meu sangue ferveu e novamente a raiva encheu meu eu.
- Ah! Dilan! Vou te matar! - Declarei partindo para cima do garoto que tinha sangue descendo pelo nariz. O mesmo deu dois passos para trás de forma brusca e minha vontade se sentir sua pele sendo machucada por minhas mãos aumentou.
- Espera! Você entendeu errado! - Contou de forma desesperada. Ele colocou uma mão no nariz e a outra tentava fazer com que eu me afastasse. Num movimento rápido, pulei tentando dar um soco em seu braço, mas ele desviou. Senti algo extremamente quente sobre meu seio, o que fez meu corpo se estremecer.
- Ah... - O mesmo parecia um tomate, não sabia se era por causa do sangue, ou da vergonha. Me guiei novamente por seus olhos, até parar na mão dele sobre meu peito.
Fiquei paralisada esperando ele tirar sua mão, para eu acabar com a chances dele ter filhos. Mas ele apenas ficou vidrado com a boca meio aberta.
- Dilan! - Seu nome saiu de minha de forma alta e meu tom era pura repulsão. O menino rapidamente tirou sua mão de lá e se encolheu com os olhos arregalados.
- Desculpas! - Pediu com um grito fino. Com um movimento rápido dei um soco em seu braço e o mesmo segurou um grito.
...*...*...
- Eu não acredito que você fez isso. - Gritei com Smuff em meus braços e batendo o pé com raiva.
- Me desculpas, foi sem querer. - Afirmou o mesmo. Uma de suas mãos estava no nariz e a outra no braço. - Não foi porque eu quis. - Chiramingou assuando o nariz que ainda saia sangue.
- Eu vi a sua expressão, seu pevertido! - Declarei com raiva. O menino se encolheu no banco. Eu estava usando o casaco de frente, tampando meus braços, seios e barriga.
- Desculpas... - Pediu de cabeça baixa, apoiando os cotovelos nas pernas. Pingos caiam de seu cabelo encharcado. Eu não estava muito diferente, também estava toda encharcada, meu cabelo estava todo bagunçado e molhado, e minha maquiagem estava borrada.
- Acho que a chuva diminuiu. - Enquanto todas aquelas coisas estavam acontecendo, a chuva voltou. Agora estávamos num ponto de ônibus esperando a chuva abaixar. A mesma agora já estava calma.
- Vamos. - Falei me levantando sem encará-lo, enquanto segurava Smuff. Minhas mãos estavam trêmulas como todo restante do meu corpo. O vento estava frio e como estávamos encharcados, acabou piorando tudo.
- Espera. - Pediu puxando minha mão e me fazendo sentar. Encontrei seus olhos castanhos que pareciam preocupados.
- Que foi, seu merda? - Perguntei franzido as sobrancelhas com cara de bosta.
Ele ficou em silêncio e me encarava sério. Sua boca abriu, ele estava tentando falar algo. Ele tocou minha testa. - Acho que você está com febre. - Declarou. Senti sua pele meio gelada contra a minha, isso acabou fazendo eu sentir uma sensação estranha de contraste.
- Talvez. - Respondi tentando segurar uma tosse, mas foi em vão. Sua cabeça começou a fazer movimentos de negação enquanto passava a mão no rosto de forma frustada.
- Merda, foi minha culpa. - Afirmou tirando uns fios de cabelos do meu rosto com cuidado. Ele se levantou e começou a me puxar. Sua mão segurava a minha com carinho.
Encaro suas mãos, que agora eram grandes. Acabo rindo com isso. - Relaxa, estou bem. E a culpa não é sua, mas ainda não te perdoei por aquilo. - Contei sorrindo para o mesmo. Seus olhos me observaram com atenção por alguns segundos, mas logo seus lábios brincaram com um sorriso.
- Então terei que me esforçar mais. - Falou. Seus olhos castanhos se apoiavam sobre os meus. Suas mãos quentes fizerem eu parar de me tremer, mas uma nova sensação surgia em mim. Suspirei profundamente tentando não pensar nisso.
- Ok, então vamos! - Declarei soltando sua mão e começando a correr. Já me sentia bem melhor.
- Ei! Espera! - Gritou correndo atrás de mim. Meus tênis brancos estavam encharcados, mas acho que valeu a pena. Smuff latia, parecendo alegre em meus braços.
- Te peguei! - Dilan pegou meu braço suavemente - É melhor você não se esforçar demais, você está com febre. - Afirmou com um sorriso sapeca nos lábios e logo ele se abaixou.
- Espera... - Um pressentimento veio em minha cabeça e eu já sabia o que ele queria fazer.
- Vem cá, Lory. - Ele me levantou e me jogou sobre seus ombros. O mesmo me segurava de forma firme mais com cuidado. Um de seus braços estava em minhas pernas e o outro em minhas costas. - Sempre quis fazer isso. - Um sorriso vitorioso dominava seus lábios e seus olhos brilhavam mais que qualquer astro, não pude evitar de sorri junto. Ele finalmente conseguiu o que tanto queria. Quando éramos menores, ele sempre falava que queria me carregar, mas era muito baixo e fraco para isso. Boas memórias...
- Seu merdinha! Me coloca no chão! - Pedi batendo em seu ombro.
- Não. - Ele me respondei com um sorriso fofo nos lábios, que abalou minha vontade se sair de lá. Dilan começou a correr pelas ruas comigo em seus braços. Não, isso não!
- Para! Eu vou cair! - Declarei segurando fortemente em sua roupa. - A situação que eu estava era estranha, estava sendo carregada, enquanto segurava um cão e ao mesmo tempo estava encharcada e chovia cada vez mais. Mas eu sentia uma coisa boa, um sentimento muito bom. Não conseguia parar de sorrir.
- Aguente mais um pouco. - Pediu correndo mais rápido fazendo eu quase arrancar sua blusa. O rapaz me segurava com força. Ele correu por algum tempo e eu tentava não prestar atenção no cheiro maravilhoso que ele emanava. O menino começou a correr mais rápido ainda. - Chegamos. - Afirmou parando bruscamente. Dilan me colocou no chão. Finalmente podia sentir o chão, meus pés firmes, mas uma tontura ainda me dominava.
- Seu idiota! - Falei dando um soquinho nele. Seus olhos se fecharam com força e logo depois se abriram.
- Agressiva. - Declarou estalando o pescoço de forma brusca. Eu sempre me assusto com isso.
- Sou mesmo. - Respondi dando língua. - Me virei para frente e vi uma linda casa. A mesma era branca e tinha detalhes lindos. - Uau... - Murmurei admirada.
- Eu sei, é bonita. - Admitiu admirando a casa como se fosse a primeira vez. Que carinha fofa...
A chuva que estava diminuindo, voltou com tudo, fazendo o menino segurar meu braço com força. - Merda! - O garoto fez uma careta estranha. - Vamos, entre logo! - O mesmo me empurrou. Quando vi já estava dentro da casa luxuosa.
- Ei! - Me virei para o garoto. - Ninguém disse que eu queria entrar na sua casa! - Declarei pisando forte com o pé no chão.
- Ok então, desculpas mal agradecida. - Falou fazendo referência. - Você gostaria de entrar na minha casa? - Perguntou me encarando nos olhos.
- Já estou dentro mesmo. - retruquei dando de ombros, o que fez ele balançar a cabeça.
- Sei. - Dilan tinha um sorriso divertido nos lábios. Ele fechou a porta e colocou a chave em cima de um armário. - Ok... Você vai tomar banho primeiro ou eu vou? - Perguntou encarando a chave. Meu coração deu um pulo com sua pergunta e um grito automático saiu de meus lábios.
- Que!? E- eu não vou tomar banho na sua casa! - Minhas bochechas estavam queimando, não sabia se era pela febre ou pelo comentário do rapaz. Acho que pelos dois. Eu acho...
- Ma-mas você precisa, se não você vai ficar resfriada. - Falou com seriedade e finalmente encontrando meus olhos. Suas bochechas estava super vermelhas, mas mesmo assim ele estava tentando fazer eu mudar de ideia. Mesmo morrendo de vergonha, ainda estava preocupado comigo.
Merda...
- Ok... Eu tomo banho, mas você vai ter que ficar no andar de cima, bem longe do banheiro. - Confirmei vermelha, enquanto colocava Smuff no chão, numa tentativa se não ter que olhar para seu rosto.
Ele ficou calado, olhei para seu rosto de relei. O mesmo parecia perdido.
"V-você cresceu..."
Genteeee! Espero que vocês tenham gostado! Me esforcei bastante nesse capítulo.
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Amu ocês, beijos da tia Mogridd❤✨