O mundo irá mudar
Nós vamos crescer, vamos aprender a ser
A ser incompletos...
Steven
Eu sempre soube que Hanna não batia bem da cabeça. Porém quando encontrei aquelas cartas, eu quis proteger ela. Prometi que ficaria de olho nela, que iria cuidar dela. Não iria permitir que ela sofreria em um hospício. Mas falhei. Permiti que ela fizesse coisas cruéis. Sei que não foi só com Katy que ela aprontou. E por mais que eu tinha certeza que tudo que aconteceu entre Katy e Zac, foi culpa de Hanna, ouvir ela confessar tudo, me deu náuseas. E eu não planejei que meus pais vissem ela confessando tudo. Foi surpresa para mim, quando vi todos na porta ouvindo tudo. Se tivesse planejado, não sairia com tamanha perfeição. Espero que Alex perceba o erro que cometeu. Ele sempre fora tão grudado com Katy. A conhecia como ninguém, e duvidou dela, acreditou em Hanna. Assim que desci as escadas, e deixei Hanna com meus pais, eu escutei meu pai gritando. E ver ele tendo uma atitude assim, foi completamente inesperado. Ele sempre foi tão reservado. Estava indo em direção a garagem para pegar meu carro, e vi que ele me chamava. Sua aparência colocaria qualquer um para correr, é possível sentir a ira que emanava do seu corpo. Depois de vários insultos, entro no carro e vou buscar por Katy. Eu prometi a mim mesmo, que vou protegê-la. Eu ainda estou me segurando para não ir até a casa de Zac, e o arrebentar. Como ele pode achar que tem algo entre Katy e eu? Eu ainda não sei, como ele ficou sabendo, o que disseram a ele, ou o que ele realmente viu. Mas só sendo um grande babaca, para achar que Katy faria algo do tipo. Está escrito na testa dela, o quanto ela pertence a ele. Em partes me sinto responsável por tudo isso. Se eu não tivesse a convencido ir até aquele jantar idiota, nada disso teria acontecido. Ela estaria feliz agora com Zac. Mas eu a convenci a ir, vi ela sendo humilhada por toda a minha família, até mesmo pelo imbecil do Alex. Ele deveria ter sido o primeiro a cuidar dela, a acreditar nela e não em Hanna. Mas parece que Hanna além de todas as suas maldades, fez neles também uma lavagem cerebral. Chego no hotel, e coloco as coisas de Katy no carro. Vamos para o aeroporto, e ela vai completamente em silêncio. Eu me sinto mal quando olho em seu rosto. E eu ainda nem tive chance de contar, toda a armação de Hanna, que Zac realmente é inocente. Temo que ela se sinta mal. Sua dor é visível demais. Chegamos ao aeroporto, tomamos um café e sentamos. esperando o nosso voo. Quando vejo Katy sair correndo chorando. De imediato não entendo do que se trata. Até olhar para frente, e ver Zac beijando Amber. Mas que droga é essa? O que deu em todo mundo? Eu os observo, assim que eles terminam de se beijar, ele segura seu rosto, e sussurra algo. Maldito canalha imbecil. Procuro por Katy, e não me importo quando entro no banheiro feminino.
-Katy. Eu... eu... sinto muito. Você está bem? - Digo abraçando ela. Seus olhos estão ainda mais vermelhos por conta do choro.
-Estou. Agora estou. - Ela diz, dando o sorriso mais cínico e forçado que já vi em toda a minha vida. - Vamos se não vamos perder o voo. E você vai se encrencar por estar no banheiro feminino. - Ela diz soando ser forte.
-Katy, vamos falar com ele. Vamos explicar tudo o que aconteceu. Você tem esse direito!
-Steven. Obrigada. Mas assim que eu entrar naquele avião acabou. Fica aqui. Eu não quero mais. Não preciso de mais motivos para me machucar. Por favor, deixa isso tudo para lá. Ele já seguiu em frente, e eu também vou seguir. Eu preciso seguir.
-Mas tem algo sobre ele, que eu preciso te contar. - Ela enxuga uma última lágrima.
-Não, não tem. Acabou aqui. Não quero mais ouvir nem o nome dele. - Ela diz, e eu a abraço derrotado. E eu realmente queria que ela tivesse sido forte como suas palavras. Que ela tivesse deixado tudo para trás. Ela não merecia tanto sofrimento. Mas não foi o que aconteceu. Assim que chegamos em Londres, ela tentou seguir em frente. Ela sorria durante o dia, e chorava durante a noite. Eu esperei o momento certo para contar a ela sobre Hanna e Zac. Contar que Zac realmente era inocente. Mas não sei até que ponto isso abalaria Katy. Eu sabia que ela estava chateada, que ela ainda estava triste por conta dele. Mas também via o quanto ela estava se esforçando para parecer forte. A cada vez que a campainha tocava, eu via a expectativa de ser ele em seus olhos. Até mesmo quando ela sabia, que a campainha iria tocar, por conta das pizzas que pedíamos. Quase um mês depois de tudo o que houve, eu ainda não havia conseguido contar a ela, a verdade. Até que a campainha tocou. E dessa vez, não esperávamos nada. Ela foi completamente trêmula até a porta. Eu vi o desespero em seus olhos. E quando ela abriu, vi a decepção crescer neles também. O porteiro entregava a ela, uma caixa grande. Fui até a porta, e peguei a caixa. Ela me olhava sem entender, não sabia do que se tratava. Até que abri junto com ela. Na caixa havia todas as coisas dela, que estava no apartamento de Zac. Roupas, fotos e presentes. E foi aí que eu vi, o quão babaca ele era. Com uma atitude completamente infantil. Ela sentou no chão e chorou. Ali eu vi que ela chorou toda a dor que ela sentia. Toda a tristeza que ela tentava esconder.
-Porque ele fez isso Steven? Porque? - Ela me dizia em soluços. - Eu estava ficando bem, eu estava. Mas ele tinha que fazer isso.
-Calma Katy. Ele realmente é um babaca. Não chore por favor. Isso tudo vai passar.
-Eu não deveria ter me entregado a ele dessa forma Steven. Eu o amei de corpo e alma, e olha o que ele fez! Ele me destruiu! Me quebrou por inteira!
-Katy... - Eu não sabia o que falar. Por um momento, pensei em todas as vezes que brinquei com os sentimentos de algumas garotas. E me senti um canalha por isso.
-Eu devia ter dado uma chance a Alex. Ele não iria fazer isso comigo. - Ela diz em soluços.
-Katy para! Não diga essas besteiras! Ai seria você quem partiria o coração dele, por não o amar. Se acalme vai ficar tudo bem. Tudo tem conserto. Eu te garanto. - Digo enquanto dou um beijo no topo da sua cabeça, apertando ela em meus braços. Um pouco depois que ela se acalmou, ela acabou adormecendo. Até dormindo, era visível a sua tristeza. E aquela culpa que eu sentia dentro de mim, tomou minha razão, tomou o meu corpo. Ela estava me corroendo por dentro. Até que decidi tomar uma decisão. Afinal, eu tinha uma grande parcela de culpa em tudo. Eu o procuraria, e falaria com ele. Explicaria a ele tudo o que aconteceu naquele dia. E sei que ele ama Katy. Sei que ele falaria com ela, e tudo ficaria bem. Eu sabia que o apartamento deles, eram perto. E foi fácil achar o mesmo. Toquei sua campainha, por incontáveis vezes. Escuto uma reclamação do lado de dentro, até que ele abre a porta, completamente irritado.
-O que você faz aqui? - Ele me pergunta, e visivelmente também não está bem. Mas é orgulhoso demais para ouvir Katy. Babaca orgulhoso.
-Eu vim falar com você Zac. Você saiu dizendo coisas a Katy, e não deu a ela, chance de se explicar. E depois manda aquela caixa com coisas dela. Tudo está errado!
-Steven, não estou surpreso com a sua visita. Já estou sabendo que vocês estão morando juntos. E se você veio para falar sobre ela, por favor dê o fora. Não tenho mais nada a ver com Katy.
-Eu não vou dar o fora daqui até você me escutar. Temos muito o que conversar. Eu sei sobre a Hanna. Sei toda a verdade, ela confessou tudo. E Katy e eu... - O muro de orgulho em minha frente, não deixa que eu termine de falar.
-Eu não quero saber Steven. Eu estou em outra. Katy já não é mais problema meu.
-Em outra o que Zac? Qualquer um que olhe para você, vê o quanto está mal. Se está em outra, porque mandou a porra daquela caixa? Para feri-la mais? Pra humilhar ela?
-Eu acabei de perder o meu pai. Você queria o que, chegar aqui e encontrar uma festa? E mandei mesmo, não faz sentido estar com outra pessoa, e ter coisas de Katy aqui. Não quero nada dela aqui. Não sou o típico colecionador de lembranças. Agora vai Steven, dá o fora daqui. Tenho mais o que fazer.
-Não Zac. Eu vim me explicar a você. E você vai me ouvir.
-Steven, você não tem mais nada para me explicar. Se eu fosse você, iria embora o mais rápido possível. Antes que chegue lá e encontre Katy esquentando a cama com outro. - Eu não consigo digerir suas palavras, e antes que me dê conta, já acertei o babaca em cheio no nariz. E minha surpresa é que ele não revida. Ele ri. Mas vejo ódio em seus olhos.
-Eu não vou entrar no seu jogo Steven. Não vou. Não sou mais tolo, não sou idiota como antes. - Agora sou eu quem ri, em descrença do que ele fala.
-Agora você está sendo um completo idiota. Você não merece Katy. Ela é boa demais para você. Você não é bom o suficiente para ela. - Digo já indo em direção a porta.
-E você é, não é? Bom o suficiente pra ela! - Ele diz, carregado de ódio.
-Vou fazer o impossível para ser! - Digo a ele, enquanto escuto ele me chamando de babaca, enquanto saio pela porta. E realmente eu sou um babaca. Sou um babaca por acreditar que ele me escutaria. Um babaca por achar que conseguiria ajudar Katy. Um babaca, por achar que tudo iria se acertar, e essa culpa dentro de mim, não me corroeria tanto. E durante o trajeto de volta para o apartamento da Katy, prometo a mim mesmo que vou protegê-la. Não vou deixar que ninguém magoe o coração dela novamente. Não vou contar a ela também sobre Hanna e Zac. Inocentar Zac a essa altura, não serviria de nada. Katy é tão doce, tão linda, tão forte. Percebo que eu nunca a observei com outros olhos. Eu nunca reparei nela dessa forma. Nunca a vi como mulher, sempre a vi como uma pirralha, como carinhosamente a chamo. Me dou conta, que nunca reparei a grande mulher que ela se tornou. Uma grande e linda mulher, que irei fazer de tudo para protegê-la. O tipo de mulher, que se bobear, eu me apaixonaria.