07:13
- Então galerinha, a botânica é uma área da biologia que se estuda as plantas, também chamada de metáfita. - ouço ele falar e já coloco meu celular para gravar, só para garantir.
Professor Diego pega o piloto e escreve no quadro tudo o que falou em forma de mapa-mental.
Pego o meu caderno e o meu estojo fazendo o mesmo esquema de lápis, porque ele é doido e eu sei que ele vai colocar coisa por cima de coisa.
Ódio de professor que faz isso, o caderno fica parecendo um cocô, que nem a minha vida.
- O Reino Plantae se caracteriza em eucarionte mas vocês saberiam me dizer o por quê?
- Porque ela tem membrana nuclear. - Igor, o nerd da sala fala.
- Pipipi popopo. - ouço Guga sussurrar e eu rio baixo negando com a cabeça.
- Certíssimo Igor, ela também se classifica por ser multicelular, todas são autótrofos, ou seja, fazem a fotossíntese. Tem tecidos verdadeiros e sua reserva é o amido.
Copio tudo já cansada dessa aula.
- São representadas por quatro grupos: briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas. Eu vou querer um slide sobre elas mas nada de pegar em Wikipedia ou Yahoo tá bom? Aqui têm quantas pessoas?
- 28, professor.
- Ótimo, eu vou querer 4 grupos de 7 pessoas. Mas eu vou sortear, quatro pessoas por favor.
Guga, Erick, Patrícia e Alana se levantam indo até o professor.
- Gustavo 1, Erick 2, Patrícia 3 e Alana 4. Anotem o número de vocês ok? - ele fala e vai para a fila perto da porta.
Graças a Deus sou do grupo 1, pena que a Cami foi para o grupo da recalcada da Alana.
Essa idiota só presta para fofocar.
No grupo em que estou tem: Guga, Henrique, Pietro, João, Paloma e Valentina.
Decidimos fazer na sexta-feira às 14:30 na minha casa e para quem vai para o baile já fica lá.
O sinal toca e todos saem da sala, fico para pegar meu celular e guardar minhas coisas.
- Você não vai? - ouço a voz de Guga e vejo ele encostado no batente da porta.
- Calma, tô indo.
Guardo o celular no bolso e saio da sala fechando a porta.
Caminho com Guga até o auditório onde vejo a escola toda, do 6° ao 3° ano.
Não estou entendendo absolutamente nada.
- Aqui! - Cami grita acenando a mão e nós dois vamos até lá sentando nas cadeiras.
- O que estamos fazendo aqui? - pergunto.
- Acho que vai ser sobre a viagem. - Pietro fala e eu afirmo.
Deve ser isso mesmo, graças a Deus as aulas vão acabar daqui a três meses.
Eu vou estar perto do quinto mês de gestação, mal vejo a hora de ver a minha barriga crescer.
Adolescentes grávidas? Nunca critiquei.
Mas quem imaginaria que eu, pura e de Deus engravidaria.
Pura? De Deus? Só falta falar
que é a própria Maria
Cala a boquinha rs
- Bom dia, alunos do colégio *** - a direitora Ayla fala - Como todos sabem, todo fim de ano fazemos uma curta viagem para a diversão de vocês. Vai aí com vocês um comunicado para os pais semana que vem.
O agente de viagens, Caio, vai passar em cada sala para explicar melhor. Obrigada, podem voltar para suas respectivas salas.
Assim que ela termina de falar todo mundo levanta para ir embora o que faz uma bagunça enorme.
E eu continuo sentadinha aguardando bem plena esse povo ir embora.
Cami senta ao meu lado com o maior sorriso que ela pode dar.
- O que foi criatura? - pergunto assustada.
- Eu já estou ansiosa, vamos dormir nos mesmos quartos viu? E tem que comprar roupa, que dia podemos ir no shopping? Vou começar a fazer dieta.
- Calma Camila! Nossos pais ainda nem autorizaram e ainda falta menos de 1 mês para a viagem meu anjo. - falo segurando o rosto dela - Vem, vamos para a sala. - a puxo até a saída do auditório.
Seguimos para a sala morrendo de amores com a turminha do 6°.
Quero viajar com eles, meus novos filhos.
Pena que a escola divide.
Pena? Bagunça, gritaria, todas as salas?
É, desculpa, voei longe aqui.
Obrigada por colocar meus pés no chão
Chego na minha sala vendo que o professor ainda não chegou graças a Deus.
Me sento na mesa junto a Cami que não parava um segundo de falar nessa viagem.
Vejo um homem entrar na sala e eu tapo a boca de Camila para prestar atenção nele.
- Bom dia galera, eu sou Caio Freire e sou o agente de viagens para as escolas. Tudo o que vocês precisam saber é que vai ser uma viagem maravilhosa, apenas 3 dias tá bom? O resto vou resolver com os pais de vocês. É isso, tchau! - ele fala rápido e saí da sala.
♦ ♦ ♦
Estou na última aula de hoje e tá um saco, olho para a cara da professora Liliane - de história - com nojo.
Me viro de costas olhando para Gustavo, eu não sei como mas ele tá prestando atenção na aula dela.
Pego seu lápis rabiscando a mesa dele com qualquer coisa que vinha na minha mente.
- Guga? - Oi bb. - Você vai no baile sexta?
- Vou, aliás sua cama já tem lugar reservado. - rio negando com a cabeça m
- Você sabe que o seu melhor amigo vai chegar nesse dia e vai querer "dormir" comigo. - falo fazendo aspas com os dedos.
- Transa no baile, a cama é minha e sua. - paro para olhar ele e depois caímos na gargalhada.
Ninguém entendeu nada.
Viro para o quadro de novo copiando o que essa cobra escreveu.
Desculpa insultar vocês assim, cobrinhas.
Assim que acabo de copiar levanto a mão.
- Alguma dúvida senhorita Bittencourt? - a puta da professora fala com deboche.
- Não senhora, eu quero ir ao banheiro. - falo sabendo que ela não vai deixar, ela me odeia.
- Só falta alguns minutos para acabar a aula, sente-se melhor mocinha.
- Obrigada! - falo me levantando e saindo da sala, qualquer coisa falo que estava com piriri.
A diretora Ayla é super de boas, nem vai reclamar por isso mesmo.
Só vai falar "que isso não se repita mais, entendeu mocinha? Pronto, pode ir para a sala"
Já até gravei.
Assim que bato a porta saio andando, vai que eu encontro alguém né.
Entro no banheiro e me olho no espelho, as olheiras mostram o quanto aquela aula idiota me dá sono.
Molho o rosto e enxugo sentindo a sombra de alguém atrás de mim.
Mas não é ninguém, então eu só saio do banheiro avoada.
Enquanto passeio pela escola ouço um barulho no quartinho de limpeza.
Olho pelo vidrinho vendo Felipe e Alana se comendo, eca.
Bato no vidro a fim de estragar o romance, rio quando eles tomam um susto.
Espero eles se ajeitarem e me afasto da porta vendo os dois sairem com sangue nos olhos.
- Felipinho? Se sujeitando a esse tipo de coisa. - falo e ele sorri amarelo.
- Tá chamando quem de coisa favelada? - rio debochada olhando para cara dessa mal amada.
- Olha aqui Alana, eu tô falando com ele sabe? É melhor ir para a sala, antes que a sua tiazinha fale para sua mamãe.
Ela revira os olhos e sai pisando forte.
- Vamos, Laura. - Felipe fala me puxando para a sala, eu nem queria voltar.
A professora olha para minha cara e volta a falar.
Assim que eu me sento o sinal toca, jogo tudo dentro da mochila e saio da sala com o povo fazendo aquela baderna.
Jogo minha mochila na arquibancada da quadra e me sento ao lado de Cami a abraçando.
Ela me abraça de volta rindo.
- Tu vai sexta? - pergunto me deitando no colo dela.
- Vai! - Gustavo fala se intrometendo - Eu busco ela e depois ela dorme na sua casa com nós três.
- Ousado não, se amostra. Que três?
- Eu queria transar com meu namorado mas parece que eu vou só dormir mesmo.
- Que baixaria! - a louca da Luana fala entrando na quadra.
- Tá louca é? Ouvindo a conversa dos outros. Tá aqui por quê? Não foi para casa não?
- Fui e tô aqui porque o seu Henrique tá meia hora te chamando, aí eu entrei para te buscar coisa.
Pego minhas coisas e me despeço de Guga e Cami e de uma galerinha que tava conversando no fundo.
Saio da escola vendo o carro de mamãe, corro antes que a bruxa da Luana entre na frente.
- Ah não Laura, saí agora!
- Tá louca é? Sou mais velha e além do mais eu estou grávida. Entra logo no carro.
Ela entra murmurando algo e eu reviro meus olhos profundamente.
...Assim que chegamos em casa, jogo minha mochila no sofá e corro para o banheiro.
Tiro minha roupa jogando no cesto de roupa suja e entro no box.
Ligo o chuveiro na água gelada mesmo, tá um calor.
Pego o shampoo lavando meu cabelo, tá precisando mais que tudo.
Termino de tomar banho e saio com meu roupão super estiloso.
Saio do banheiro e vou direto para o closet, pego meu pijama e jogo na cama.
Calço minhas pantufas de unicórnio e desço as escadas cantando é isso aí - Ana Carolina.
Entro na cozinha pegando morango e chantilly, depois como comida de verdade.
Saio da cozinha e me deparo com as minhas tias que são tudo fofoqueira, opa.
- Filha, não vai falar com a suas tias não? - ela pergunta me olhando com aquele olhar dela.
- Claro! Oi tias. - falo sonsa sorrindo.
Me sento ao lado de mamãe observando elas, tô só esperando elas abrirem a boca.
- Soube que está grávida sobrinha. - tia Clara fala olhando para minha barriga.
- Pois é, do futuro herdeiro do Vidigal. E a Vivi, como tá com aquele traficante de merda?
Mamãe me olha de cara feia, não tenho culpa se essa burguesa safada gosta de falar das filhas dos outros enquanto a dela é pior.
Não que eu não goste da minha prima mas foi escolher logo um lixo que maltrata ela de todas as formas possíveis.
Mas já que ela o ama e ninguém tira isso dá cabeça dela não podemos fazer nada.
- Tá lá com o marido dela, agora o primeiro neto do Thiago não deveria ser o herdeiro do Alemão?
- Bom, eu nem queria meu filho envolvido mas tenho certeza que vai ter herdeiro de sobra nesse morro.
- Quem começou essa história toda foi sua mãe querida, casando com o dono do Alemão. - tia Ana Laura fala.
- Graças a Deus, pelo menos meu pai é um homem de verdade não um banana que nem o marido de vocês! Eu amo meus tios mas eles são nada que nem vocês.
Assim que termino de falar mamãe sorri e tenta mudar de assunto.
Papai sai do escritório com meus tios e meus primos, inclusive Gabriel nunca mais o vi.
Me levanto abraçando ele e os outros, saio da sala antes que comecem a falar coisa.
Subi para meu quarto colocando meu pijama, pego meu celular e o meu carregador.
Ouço batidas na porta e eu peço para entrar, meus queridos priminhos.
- O que vocês querem? - falo deixando o celular de lado.
- Sair de perto dos adultos talvez. - Enrico fala.
- Nunca mais foi na minha casa. - Pietro diz se jogando na cama ao meu lado e eu faço cafuné nele.
- Para que? Ouvir sua mãezinha falar o quanto eu cresci e me tornei igualzinha a minha vó.
- Para me ver sua bruxa! Aliás você poderia passar os contatos das suas amigas né? Aquela Giovanna, é uma delícia.
- Seu nojento, não fala assim que ela não é um pedaço de carne.
- É para comer de qualquer jeito. - ele fala e eu reviro os olhos com seu modo de machinho escroto.
Me levanto da cama e saio do lado de fora indo para a sacada, os meninos vem comigo.
Olho lá para baixo vendo o movimento do morro.
Tem algumas crianças brincando e alguns velhinhos no banco.
Dou risada quando a criança cai, se sou eu caio e ainda apanho da minha mãe.
- Sua baleia! - ouço alguém gritar lá embaixo assim que vejo que é Gio dou dedo para ela.
- Gostosa! - Pietro grita me envergonhando.
Bato em seu peitoral e saio correndo até a porta de casa.
- Amiga, corre enquanto é tempo. - falo e ela ri ainda vermelha.
- Quem é aquele princeso?
- Prazer, Pietro! - ele fala aparecendo do nada.
Percebo que vou ficar de vela aqui, essa piranha não aguenta ver carne nova no pedaço que já quer atacar.
Entro em casa e me sento ao lado de papai que me olha já sabendo que estou brava.
- Sabe que fica linda com seu nariz vermelho. O que está te irritando?
- A safada da Giovanna tá lá se agarrando com o Pietro.
- E o que tem demais? Deixa a menina beijar.
- Se sou eu, o senhor que matar e fazer o caralho a quatro né?
- Vou costurar essa sua boca suja, sobe para o quarto e vai dormir. - Mas papai... - Sobe agora!
Bufo de raiva não entendendo qual que é a dele, subo e entro no meu quarto batendo a porta forte.
Me jogo na cama esperando que o sono venha logo.
Continua...
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Demorei né amoras, perdão. Espero que gostem desse capítulo, já já posto o próximo.