100 Cuecas!

By FabioLinderoff

37.4K 1.9K 4.8K

Toda história tem um começo, meio e as vezes precisa ter um fim. Após uma década de espera, Fábio Linderoff e... More

Vem aí...
Dedicatória
Nota do autor
Prefácio
Fábio Linderoff apresenta
100 CUECAS!
Momento 1
Momento 3
ALMEJANDO OS HOLOFOTES
ATO I - CRAVING FOR THE SPOTLIGHTS
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
O SHOW CONTINUA
ATO II - THE SHOW GOES ON
Interlúdio 1
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Interlúdio 2
Lições de vida
100 Cuecas! Book Soundtrack

Momento 2

1K 77 33
By FabioLinderoff


7 meses antes


"When you've got worries all the noise and the hurry

Seems to help, I know ... downtown"


Estados Unidos da América. Washington DC. Aeroporto Internacional Washington Dulles. Noite fria e chuvosa. Pessoas. Carrinhos. Bagagens. Painéis. Informações. Propagandas. Guichês. Uniformes. Saudações. Anúncios pelos auto-falantes. Língua Inglesa. Passaporte. Mãos nervosas.

Impaciente. Odiava ter que esperar. Eu batia com o passaporte que prendia o meu bilhete de embarque na mão. Era um olho no saguão e o outro nas telas que anunciavam que o status do meu voo já estava em Now Boarding.

— Caralho, viu! – Praguejei, tirando o gorro da cabeça. Embora estivesse frio, aquela situação estava me deixando com calor.

Não tinha como ficar esperando ali mais nenhum segundo senão quem ia se prejudicar seria eu. Fui até o portão de embarque e eles conferiram os meus documentos e o meu bilhete. Por fim, liberaram a minha entrada no finger. Antes de seguir em direção a aeronave, ainda olhei para trás na esperança de ver a maldita pessoa correndo pedindo para que eu a esperasse, mas isso não aconteceu.

Depois de ser recepcionado pela tripulação, segui pelo corredor do Boeing 777 até o meu assento. Quase todos os lugares já estavam preenchidos. A maioria dos passageiros estavam sentados, mexendo em celulares, lendo livros, folheando revistas, apertando botões da tela touchscreen do banco adjacente, plugando fones de ouvidos ou afivelando o cinto. Outros estavam em pé procurando o assento correto, como eu ou guardando bagagens nos compartimentos.

Coloquei minha mochila em um desses compartimentos que as aeromoças chamavam de bin, pedi licença em Inglês para uma senhora que já estava no assento do corredor, o do meio permanecia vago já que a pessoa que deveria preenchê-lo estava atrasada, e eu me acomodei no meu assento ao lado da janela.

Olhei para fora e a chuva fustigava a fuselagem do avião. A luz verde na ponta da asa estava acesa indicando que eu estava do lado direito da aeronave, o strobe piscava intermitentemente e uma outra aeronave taxiava bem próximo. Fechei a janela, entrelacei os dedos, fechei os olhos e me soltei no encosto.

— Cadê você? – Perguntei em voz alta sem esperar resposta.

— Achou que eu não conseguiria, não é? – Ouvi uma voz familiar dizer em português a minha esquerda.

Dani estava colocando sua bagagem no compartimento, com um sorriso no rosto como se nada tivesse acontecido.

— Você é louca? Perdeu a noção do tempo? Já estava com medo de você não conseguir embarcar. Você não responde as minhas mensagens!

— Fique quietinho antes que eu faça essa chuva piorar, querido. Aí você vai ver o que é medo. – Ela brincou dando uma piscadela, socando as coisas no bin Excuse me, sorry. – Ela disse ao passar pela senhora e se jogar no assento ao meu lado desabotoando seu faux fur coat.

Dani olhou pra mim com um sorriso enorme e enquanto prendia os cabelos em um rabo de cavalo. Deu-me um selinho na boca e disse:

— Preparado para voltar?

— Não. Não sei se eu estou preparado...

— Ah não, chega! Crise existencial agora não, pelo amor de Deus, hein. Já conversamos mil vezes sobre isso, Fábio!

Me arrumei no banco e fiquei calado.

— Sabe quem me adicionou no Facebook? - Ela perguntou.

Permaneci calado.

— Michele.

— Não sei quem é. —Respondi sem fazer o mínimo esforço de tentar lembrar.

— Claro que sabe, doido. A Michele, aquela negona da Meto. Que me ajudou a caçar você e o Paulo na semana do bicho, lembra?

— Como esquecer? Lá se foram 7 anos e tudo ainda está vivo na minha memória. — Falei com desdém. Afinal, muitas coisas eu gostaria de esquecer e não de lembrar.

— Sete anos? Caramba, tudo isso já? Mas então, ela está grávida da segunda filhinha. Quero ver se consigo dar um pulo na casa dela nessas férias antes de voltar pra cá. E você? Tem falado com alguém?

— Com o Daniel. Quero dizer, mais com o Daniel.

— Só com o Daniel?

Silêncio.

— Que saudade do Dani! — Ela falou para preencher o silêncio — Ele me disse que tem uma novidade para me contar. Quero só ver quando a gente se encontrar. Espero que dê tudo certo com os horários dos voos.

— Deve ser sobre o...

— Hey! Quieto! Quero saber da boca dele. Fofoqueiro! – Ela disse se olhando no espelho que trouxe na nécessaire enquanto passava pó e retocava o batom —A primeira coisa que quero fazer quando chegar ao Brasil é dar um trato nessa juba horrível.

Dani virou um pouco o espelho e me olhou através dele.

— Olha esse seu cabelo tingido e desbotado! Não vai pintar, cortar, não querido? Sua franja já está quase passando do nariz. Tira esse cabelo do rosto. Parece que está sempre se escondendo. Por isso sua testa vive com espinhas. A gente já passou dos trinta, bee. Já passamos dessa fase. Olha esse cabelo! Óleo puro! —Ela falava e me cutucava — E você nem pra tirar esse bigode e esse cavanhaque? Quem você acha que é? Jack Sparrow Surfistinha? Kurt Cobain caiçara?

Nesse momento a nossa aeronave começou a taxiar. Sinais de afivelar os cintos acenderam e as instruções de voo começaram a passar nos monitores presos nos encostos dos assentos a frente.

Et c'est parti! Como diria o nosso amigo Jean. — Ela disse fechando o espelho com um cleck. Deu uma piscadela e afivelou seu cinto de segurança toda sorridente. Danielle estava ansiosa com a viagem de volta. Eu não.

— Dani, será que estou fazendo a coisa certa? Será que não é cedo para voltar?

Dani segurou meu queixo e me olhando nos olhos, com seu nariz encostado no meu, disse:

— Demorou para que a gente voltasse, querido. E agora não adianta mais pensar nisso. Já estamos voltando e digo mais, nós estamos voltando pra causar! É ou não é? Nós vamos...

— Arrasar? — Completei sem nenhuma empolgação, usando a gíria que ela adorava inserir nas nossas conversas.

— Arrasar, Fabinho? Que termo mais gay, logo você... — Ela disse apertando os olhos e meneando a cabeça, como se fosse uma mãe dando bronca.

— Eu sou gay, porra! – Disse já fechando o cenho.

— Não! Você é um macho-viado-heteronormativo-gay. —Ela corrigiu com os olhos fechados e dedo em riste.

— Isso mesmo. Sou um cueca-gay. — Abri um sorriso de lado. O meu famoso "sorriso pois é".

— Mas a gente não vai só arrasar. A gente vai botar pra foder! Fo-der! Está entendendo?

A senhora ao lado da Dani a olhou com cara de quem chupou limão. Dani, deu um sorriso de lado e falou:

Sorry.

— Eu sou Brasileira, querida. — A senhora disse com a voz rouca e tão trêmula quanto a da Aracy da Top Therm. — E bote pra foder mesmo enquanto é tempo, na minha idade nem isso dá pra fazer mais direito.

Rimos.

A aeronave acelerou e em pouco tempo levantou voo. Ergui a janela e ainda chovia. O avião manobrou e o tapete de luzes que era Washington DC pôde ser visto através da abertura ovalada. Parecia uma pintura de Monet.

— Sete anos. — Eu falei — Se a nossa relação passar dos sete significa que seremos amigos para sempre, sabia?

— Sim. E se o meu namoro com a Érica passar pela crise dos sete, significa que eu e ela seremos felizes para sempre. — Ela falou, piscando rapidamente as pálpebras como se fosse uma fadinha.

— Nem me fale de namoro que o buraco que se abre no meu estômago é tão grande que eu tenho receio de eu, você, e essa porra toda sermos sugados para dentro de mim mesmo.

— Ainda sentindo isso, bee? Desabafa mais. Continua me contando de onde a gente parou ontem.

— Nem lembro até onde te contei, estávamos bêbados. Desde que eu cheguei nos Estados Unidos eu falo disso, né? Mesmo depois de tudo que vivi aqui, isso não sai da minha cabeça.

— Foda-se! Conte tudo de novo, quero saber dos detalhes agora que você está são. Quero os detalhes mais sórdidos! Temos horas de voo e uma conexão pela frente. Acho que dá tempo de me contar tudo e ainda prevermos o que vai acontecer quando chegarmos no Brasil.

—Onde eu parei? Você se lembra?

— No dia da sua apresentação no Hell Here.

— O nome do bar era Hello There, pra começo de história. É bom começar desse dia mesmo. Se não me falha a memória foi nesse dia que eu pensei bastante sobre o caminho que trouxe o Roger até a mim. Foi durante essa apresentação que tive os piores surtos de alucinações. Eu estava muito mal, Dani. Como eu te disse ontem, naquela época eu estava vivendo no fundo do poço mesmo. Eu cheguei no bar de táxi...

Continue Reading

You'll Also Like

40.7K 1.6K 25
...
32.7K 1.4K 90
Ariana é uma garota de 23 anos que mora com sua mãe e seu irmão mais novo no Rio de Janeiro. Ari faz faculdade de Fisioterapia Esportiva em um turno...
337K 20.2K 76
Selene Coppolo, uma jovem e talentosa dançarina de 21 anos, brilha sob as luzes da boate mais exclusiva de Florença. O que poucos sabem é que a boate...
675K 24.1K 72
Imagines com os personagens de House Of The Dragon ☆ ᵃˢ ʰᶦˢᵗᵒʳᶦᵃˢ ˢᵃ̃ᵒ ᵈᵒ ᵗᵘᵐᵇˡʳ