"E venha o que vier eu vou estar... Pra sempre com você... "
Ericka: Não... -Disse chorando e deixando o caco de vidro cair no chão- Não teria coragem de tirar minha vida sabendo que também tiraria a vida do meu bebê. -Abraçou os joelhos.
Ficou chorando por alguns minutos até sentir uma leve brisa soprar. Olhou para todos os lados, era impossível ventar ali dentro com tudo fechado. Ela suspirou.
Ericka: Sinto seu perfume Luan... Ouço sua voz... -Sussurrou- Meu Deus, acho que estou delirando de fome e sede. -Disse passando a língua pelos lábios secos- Tenho tantas lembranças boas desse lugar... Nossa primeira noite de amor... A noite em que me vi sem aquela cicatriz horrível... O pedido de casamento... -Ergueu a mão olhando a aliança- Você doidinho porque contei que seria pai... E agora... Agora tudo isso parece distante, sinto que nunca mais nos veremos... -Disse se levantando com dificuldade- Sinto que nunca mais sentirei a felicidade que um dia senti ao seu lado... Ao lado de Bruna. Mas sou muito grata porque apesar de tudo fui feliz, fui a mulher mais feliz desse mundo ao seu lado Luan... E eu te amo por isso... Eu te amo... EU TE AMO LUAN!! EU TE AMOOOO!!
•••
Bruna: Luan? -Chamou abrindo a porta do quarto e o vendo dedilhar no violão- Sorocaba, Fernando e Anderson estão aí.
Ele a olhou cabisbaixo.
Luan: Já vou Bruna.
Ela assentiu e saiu, minutos depois Luan apareceu na sala.
Sorocaba: Luan meu parça! -Disse o abraçando forte.
Luan não disse nada, não tinha ânimo, não tinha forças para dizer nada.
Fernando: Viemos dar uma força.
Anderson: Alguma notícia?
Caio: Até o momento nada. -Respondeu enquanto Luan se sentava no sofá de cabeça baixa.
Sorocaba: Poxa Luan, não sabemos nem o que te dizer. Sabemos o quanto você ama Ericka, mas precisamos ter fé de que vamos conseguir encontra-la.
Ele apenas assentiu.
Anderson: É... Eu consegui adiar seus compromissos da semana mas... o show não tem como Luan. Você terá que fazê-lo ou então teremos que pagar uma multa muito alta.
Luan: Anderson... se ainda não percebeu, minha mulher e meu filho foram levados por um louco sem escrúpulo algum a um dia, e pode estar correndo sérios riscos. -Disse sarcástico- Não estou com cabeça para shows.
Eles ficaram em silêncio.
Marcos: Bom Luan, eu e Caio vamos sair e ver se conseguimos alguma pista do paradeiro deles, mas eu te peço que se ele ligar não faça nada sem nos consultar antes.
Luan apenas assentiu e os dois saíram acompanhados dos dois guardas.
Rafael: Princesa vamos tentar comer um pouco? -Disse indo até Bruna.
Bruna: Não Rafa, não tenho fome, quero ficar ao lado do Pi.
Rafael: É rápido Bruna, só para você não ficar fraca. -Insistiu.
Luan: Rafael tem razão Bruna. Vá comer um pouco, os rapazes vão me fazer companhia.
Bruna suspirou mas acabou aceitando e indo para a cozinha.
Sorocaba pegou o violão que trouxera com ele e se sentou ao lado de Luan.
Sorocaba: Que tal desabafar com seu melhor amigo? -Disse lhe dando o violão.
Luan o pegou e então começou a tocar, cantando a mesma música, Sempre com você.
•••
Ericka: EU TE AMO LUAN! EU TE AMO! -Continuava gritando.
Bernardo: CALE A BOCA SUA VADIA! -Gritou do outro lado.
Ericka não se importou e continuou a gritar que amava Luan. Já não tinha esperança em sair dali, iria morrer de qualquer forma, então gritaria para o mundo que seu amor era Luan.
Ericka: LUAAAANNNN! -Chorava- EU TE AMOOOO!
Nesse momento a porta do quarto foi aberta com violência. Ela se virou e no mesmo instante sentiu seu rosto arder ao levar um tapa de Bernardo.
Bernardo: Disse para calar a boca sua biscate!
Ela levou a mão ao rosto.
Ericka: Eu nunca vou deixar de dizer que o amo! EU O AMO! O AMO!
Bernardo cerrou os olhos e a pegou pelos cabelos a jogando contra uma das paredes. Ericka gemeu com o impacto contra seu corpo, sentiu seus ossos estralarem, mas não gritou, não daria esse gosto aquele louco.
Bernardo: Se acha a esperta não é? -Disse a puxando pelo braço- Depois que conheceu aquele médico atoa se esqueceu de tudo que já viveu não é? Pois então vou te lembrar quem sou eu!
Ericka estremeceu e sentiu outro tapa estalar em sua face.
Bernardo a pegou com fúria e a jogou contra o chão. Ela sentiu sua cabeça bater em algo duro, a dor foi lascinante, insuportável, mas nenhum grito saiu de sua boca, sua única reação foi abraçar sua barriga.
Bernardo: Está se fazendo de forte? Vamos ver até quando Vadia!
Ericka o olhou. Ele estava tirando o cinto da calça.
Ericka: Seu louco... -Murmurou sentindo gosto de sangue em sua boca- Eu te odeio! Huum...
Sentiu suas costas arderem com a cintada que ele lhe deu, seus olhos se encheram de lágrimas, que escorreram por sua face ao sentir outra cintada lhe ser desferida.
Ele era forte e batia sem dó nem piedade como se quisesse lhe arrancar a pele das costas. E depois de intermináveis minutos ele parou. Se abaixou ao lado de Ericka que chorava de dor.
Bernardo: De nada adiantou tirar a cicatriz do passado. -Disse pegando em seus cabelos e os puxando- Agora você ganhou outras bem piores!
Ele soltou sua cabeça a batendo no chão e saiu do quarto e só então Ericka se permitiu chorar e gemer de dor.
Suas costas ardiam, sua cabeça doía, sentia o sangue escorrer por suas costas.
Ericka: Mas sinto que você ainda está aqui meu bebê... -Disse chorando ainda abraçando sua barriga- Mas até quando?
Suspirou e tentou se levantar, o grito de dor foi inevitável. Seu corpo doía tanto que seus ossos pareciam estarem quebrados, o que havia restado de sua blusa estava grudando nos ferimentos de suas costas.
Respirou fundo e com muito esforço conseguiu se sentar. Sua boca sangrava por conta dos tapas que recebera. Criou coragem, contou até três e então tirou o farrapo de blusa que vestia. Chorou e gemeu ao sentir o pano se desgrudar de sua pele, se levantou e foi até a porta mais ele a havia trancado.
Ericka: Preciso sair daqui... -Disse chorando- Não posso desistir tão facilmente, preciso lutar por você meu filho! Mas como?
Se encostou na porta mas logo se arrependeu ao sentir seus machucados arderem. Encarou o quarto escuro e de repente viu uma luz piscar no chão e logo se apagar.
Ficou encarando o lugar e instantes depois a luz piscou de novo.
Ericka: Meu Deus... -Sussurrou cambaleando até o lugar- É um celular! -Disse pegando o aparelho- Deve ter caído enquanto esse monstro me batia. Meu Deus... -Abriu o celular chorando de alegria e esperança- Bateria fraca, tomara que dê pelo menos para dizer onde estou. -Olhou para porta.
Se Bernardo desse falta do celular logo voltaria ali, tinha que ser rápida.
Ericka: O número... Qual é o número droga! Lembra Ericka! Lembra!
•••
Luan: " E venha o que vier eu vou estar... Pra sempre com você... "
Luan acabou de cantar e começou a chorar. Sorocaba o abraçou.
Sorocaba: Calma menino.
Luan: Ele deve estar batendo nela... Minha Ericka está sofrendo e eu não posso fazer nada. -Disse entre soluços - Meu filho corre risco e eu não posso fazer nada!
Fernando: Quem disse que não? Você pode ter fé, pode pedir pra Deus os proteger.
Luan: Eu a amo tanto... O que será da minha vida se o pior acontecer?
Anderson: Você não pode pensar no pior. Pense que logo logo ela estará aqui, sã e salva.
Sorocaba: Lembra do texto que você escreveu? Lembra? -Luan assentiu- Então, isso tudo vai passar cara. É só ter fé.
Bruna: Que tal rezarmos? -Bruna que ouvia tudo da cozinha entrou na sala.
Andou até o irmão e estendeu a mão para ele. Luan suspirou e a segurou se levantando. Sorocaba, Fernando, Anderson e Rafael também deram as mãos e assim formaram um círculo.
Bruna: Vamos pedir com toda nossa fé que a Ericka esteja bem, para que ele volte logo a nos alegrar com sua presença... Vamos pedir com toda nossa fé.
E então eles iniciaram uma prece. Luan chorava intensamente, sentia que suas forças eram poucas, assim como suas esperanças, mas ao mesmo tempo sentia que seu amor só aumentava, sentia como se ela estivesse ali, ao seu lado, sussurrando que tudo iria acabar em breve.
Depois da prece feita, oraram um pai nosso.
Luan: Deus... Sinto que minhas forças estão indo embora... Sinto que a esperança me abandona... Mas eu deposito minha fé no Senhor. E eu sei que o Senhor sempre tem o melhor para nós, seus filhos, por isso te peço, com toda a fé que me resta, não me tire ela... a traga de volta pra mim. Nos deixe viver esse amor que o senhor escreveu para nossas vidas... Amém.
Nesse momento o telefone tocou. Todos olharam para o aparelho e depois para Luan que correu para o atender.
Luan: Alô? -Atendeu desesperado.
__ Lu... -Uma voz fraca e debilitada soou do outro lado- Lu é você?
Luan sentiu as forças abandonarem seu corpo.
Luan: Ericka?! Amor! Meu Deus é você... -Ele chorava.
Todos na sala suspiraram aliviados, porém receosos.
Bruna: É ela? AI MEU DEUS, É ELA! -Exclamou abraçando Rafael.
Sorocaba: Luan pergunta onde ela está!
Luan: Amor você está me ouvindo? Você está bem? Aquele desgraçado fez algo com você?!
Ericka: Lu eu tenho que ser rápida amor... -Disse chorando aliviada por ouvir a voz dele.
Luan: Fiquei com tanto medo de te perder... Me diz onde você está que eu estou indo te buscar.
Ericka: Amor não venha sozinho... Eu estou no sítio... O seu sítio, esse louco me trouxe para cá e-
A porta do quarto onde Ericka estava se abriu.
Bernardo: VAGABUNDA! -Foi até ela e pegou o celular lhe dando um tapa.
Ela gritou.
Luan: Ericka? ERICKA?! -Ouviu outro grito e a ligação sendo encerrada.