A Tempo [completa]

By JulietGeorgia

4.5K 631 909

A tempo. Locução musical que significa devolver uma peça ao andamento inicial, depois de aceleração ou retard... More

One Shot to the Brain
Right Back at the Eye of the Storm
Welcome to Breaktown
I Don't Even Know Her Name
Don't Go Saying That You're Ok
The Sky Is Falling All Over Again
And I Waited for You (Conteúdo Adulto)
I Feel the Heat on the Rise (Conteúdo Adulto)
Until the Sun Falls from the Sky
Do You Want to Be My Own?
Here We Go Around Again
Dive into the Endless Dark and Deep
The Fabric Is about to Fray
A Little Back and Forth Lately
Don't Go Telling Me Lies Tonight
Go If You Wanna Go (Conteúdo Adulto)
We Can Dance All Night
Tell Me that You Love Me
The Passion's Burning High (Conteúdo Adulto)
The Day that Our Love Died
It Must Be the End of the Road
You and Me and Us and Now

Can't Stop, Can't Break

184 26 29
By JulietGeorgia

          

Eu beijo Taylor para não pensar. Nunca, nem nas minhas projeções mais pessimistas, imaginei que tudo isso fosse acontecer. Estou exausta, esgotada. Não sei o que fazer com todas as coisas que estão acontecendo dentro de mim. Elaboro uma lista mental da quantidade de cagadas que consegui realizar em dois dias e me alarmo. Traí meu noivo, quebrei minhas promessas, menti para minha melhor amiga. Como se não bastasse, não consigo mais encontrar dentro de mim a dor que Taylor me infligiu mesmo a distância nos últimos anos ou o ódio que cultivei. É como existissem duas versões dele, e eu estivesse ali me entregando àquela que me salva e não à que me mata. Está tudo de ponta cabeça.

Toco a boca dele com meus dedos enquanto nos beijamos. Ele me abraça, envolvendo minha cintura por inteiro com um dos braços. Eu preciso parar. Empurro seu peito levemente. Ao mesmo tempo que o afasto, sinto meu corpo se inclinar na direção dele. Meu cérebro e minha mão o expulsam, meu coração e minha boca o procuram. Meu rosto está molhado das lágrimas que caíram e meu nariz está bloqueado com o choro que eu ainda seguro. Seus polegares acariciam minha bochecha, meus olhos. Ele novamente me pega pela cintura, mas dessa vez me levanta. Eu não tenho forças, eu sou uma boneca de pano.

_ Vem, vou te levar embora.

Acordo e protesto. _Não! Eu não vou pra lugar nenhum com você.

Ele está bem debaixo de uma das lâmpadas. As rugas em torno dos seus olhos estão marcadas, como as perninhas de uma aranha, e o cabelo tem fios loiros bagunçados em todas as direções. O semblante dele é sério, os olhos estão fundos.

_ Lay... Eu só quero te levar até o seu hotel, a casa da Ellie... Onde você estiver. - ele soa derrotado.

Eu olho ao meu redor. A pressão da caixa plástica onde eu estava sentada até agora finalmente faz minhas coxas começarem a latejar. Dou alguns passos e sinto o interior das minhas pernas escorregarem com o atrito. Eu realmente fiz aquilo. Estou com vergonha de colocar minha calcinha. Taylor percebe e se vira. Eu me visto. Ele se arruma. Saímos pelos fundos e ando com ele até o carro. Um Galaxy antigo, vermelho e lindo. Ele sempre gostou de carros velhos. Sorrio por dentro.

Ninguém fala uma palavra até a casa de Ellie. Quando chegamos, ele desliga o motor.

_ Pronto. - é a única coisa que ele diz.

Eu não desço. Ele não pede que eu saia. O silêncio é ensurdecedor. Dentro de mim, há um vulcão prestes a entrar em erupção. 

_ Por favor... - ele começa cauteloso - você pode me ouvir?

Todo o problema não é poder ouvi-lo. Eu consigo ouvi-lo. Eu não quero ouvi-lo. A voz de Taylor, como sempre foi, abre o mar dentro do meu peito. Eu perco o discernimento. Já sentiu o pânico te dominar? Como ele te cobre como uma manta negra quente, impedindo seu cérebro de trabalhar e seus pulmões de respirarem. Era isso que eu sentia desde que voltei, desde o nosso primeiro e imprevisto encontro. E, ao mesmo tempo, como se estivesse enfeitiçada, não consigo lutar. Meu corpo passa a reagir como se cada instante longe dele fosse um momento perdido. Eu aparento indiferença, mas só estou tentando prolongar minha estadia ao lado dele.

Não respondo. Posso escutar o farfalhar que as mãos dele fazem ao segurar os próprios cabelos. Ele solta uma risada abafada.

_ Estou com muito medo de falar, na verdade.

Olho para o lado. O homem sentado ao volante é tão diferente do amor da minha vida. Mas ainda é ele, com o mesmo sorriso, o mesmo olhar, o mesmo jeito de levantar as sobrancelhas e fechar os olhos quando quer explicar alguma coisa. O negócio é que eu deveria me comportar do jeito que havia me preparado: com desdém.  Mas não consigo.

Penso em falar, mordo a boca e desisto. Ele continua.

_ Isso tudo é... Eu realmente achei que nunca mais fosse te ver. Quer dizer, agora, eu sabia que ia te ver no casamento, mas não assim. E é... um pouco, não sei.

_ Louco?

Ele ri. _ É. Louco. Eu estou feliz porque você está aqui, sabe? Mas eu não estou entendendo nada do que está acontecendo. Lay, você precisa me ajudar aqui.

_ Eu também não estou entendendo nada.

_ Estou falando sério, Layla. Você sumiu por sete anos inteiros.

_ E você está dizendo que a "culpa" pelo que aconteceu é minha?

_ Ninguém tem culpa... É como se fosse impossível não acontecer. Eu nem sei explicar.

Suspiro. Eu entendo. Está muito complicado esclarecer qualquer coisa ali.

_ Layla... Olha pra mim.

Eu obedeço.

_ O que aconteceu? Por favor, eu preciso saber. Se a gente vai continuar com isso, eu preciso saber.

Continuar com isso. Meu Deus. Continuar com isso. Como assim? O que é isso? O que eu estou fazendo? Como eu posso ser tão ruim? Eu sou comprometida. Eu tenho planos de me casar com outra pessoa. Nós construímos esses planos juntos. Em um mundo em que não havia Taylor me chacoalhando, me beijando e me comendo em depósitos de bar. Todos esses pensamentos, porém, passam pela minha mente como se eu estivesse zapeando uma TV. A única coisa que eu sei é que preciso contar tantas coisas para ele. Mas não sei como, não quero, ele não merece, eu tenho noivo, o que estou fazendo, preciso fugir.

Eu quebro.

Enterro o rosto nas mãos e choro como uma criança perdida. Meu lamento é alto, eu soluço. Um perfeito escândalo. Sinto a mão dele buscar meu ombro, eu o agarro. Quando percebo, estou em seu colo, minhas lágrimas molham sua camisa. Eu não posso falar, eu só choro nos braços dele, eu choro como se fosse a última coisa que eu vou fazer. Taylor me abraça, ele beija meus cabelos. Ele me pede perdão pelo que fez e pelo que nem sabe que fez. E eu só quero morrer.

_ Doeu tanto. Doeu tanto.

Eu me ouço falar, mas não estou certa de que ele escuta ou se entende. Não sei quanto tempo passo em posição fetal, sobre ele. Mas, quando as lágrimas secam, e a impressão é que elas só pararam de cair porque de fato não há mais nada dentro de mim. Finalmente me acalmo. Consigo praticamente ouvir meu cérebro voltando a trabalhar, como uma máquina enferrujada. Eu preciso esclarecer tudo com ele, eu preciso parar com aquilo.

A grande questão é como? Porque, com a cabeça apoiada no seu peito, eu não quero contar que há um noivo na minha vida, nem explicar o que Taylor fez para quase me matar de tristeza anos atrás, muito menos sair dali.

_ Tay...

Eu olho para cima e vejo seus olhos arregalados, suplicantes, apavorados. Homens não conseguem ver mulheres chorando mesmo. Me endireito, até que nossos rostos fiquem algo na mesma altura, mas continuo sobre suas pernas.

_ Eu não consigo conversar sobre isso agora.

Ele balança a cabeça, incrédulo, e levanta as sobrancelhas. Eu me apresso, minha voz sai analasada:

_ Não, não, por favor! Mas você tem razão, a gente precisa conversar. Há muitas coisas a serem faladas.

Minha mão age por conta própria e toca a barba por fazer dele. Ele toma a minha palma e a beija. Estamos claramente agindo como dois adolescentes que não pensam nas consequências de nada. Eu simplesmente não me importo mais.

_ Só não agora.

_ Ok. - os olhos dele me penetram.

Outra vez, ele limpa meu rosto. E me beija com cuidado. Não há mais nada. Não há certezas, não há ódio. Mas ainda há os fatos. E eles eu não posso apagar. Sinto a torrente de insegurança me tomar. Há menos de uma hora, Taylor disse que me amava. A única coisa que eu consigo pensar é que não sobreviverei se for mentira. Por falta de forças, não brigo mais. Nem com todo o turbilhão que me afoga nem com ele. Nos despedimos como um casal. Com beijos e a promessa de se ver no dia seguinte.

Mando uma mensagem para Ellie, dizendo que não se preocupe, mas, em vez de responder, ela aparece cinco minutos depois. Eu tenho certeza que ela sabe, pelo jeito como me abraça já esperando que eu me despedace. Pela segunda vez, me deixo desfazer em choro. Talvez eu não consiga arrumar todos os meus problemas naquela noite, mas vou consertar o fato de que menti para minha melhor amiga.

E, então, conto tudo.

Continue Reading

You'll Also Like

119K 8.8K 69
Ana Flávia e Gustavo, após experiências dolorosas em relacionamentos anteriores, se encontram em circunstâncias difíceis e se apoiam mutuamente em um...
8.6K 605 19
Lista de imagines envolvendo Bada Lee, cada história terá uma temática diferente das quais serão totalmente fictícias.
37.7K 2.3K 29
🔞 +18 🔞 😈(Esse livro é um Dark Romance)😈 Lara é uma jovem quase comum com traumas que desconhece, vivendo em uma cidade movimentada e cheia de s...
911K 9.7K 10
(+18) Um reality onde o foco é exibir para o mundo os prazeres carnais.