Sam acordou num sobressalto, o coração acelerado, como se tivesse corrido uma maratona. Deu uma olhada em volta e levou um segundo para se localizar, pois ainda não estava acostumado àquele tipo de silêncio. Nos flats, por mais alto que estivessem, podia ouvir todo o barulho da rua, os carros passando, buzinas ocasionais e às vezes algumas vozes chegavam lá no alto, trechos de histórias que jamais saberia o desfecho. Mas ali era diferente. Ali os únicos ruídos que podia ouvir, se fizesse um pouco de esforço, era o de corujas sobressaltadas piando noite afora, e o vento que açoitava as janelas.
As persianas fechadas deixavam o quarto totalmente escuro, mas ele sabia que estava sozinho na cama. Esticou a mão apenas para confirmar que o lugar onde Caitriona deveria estar deitada estava vazio e gelado. Ela tinha levantado há um tempo já.
Levantou-se, vestiu uma calça larga e uma camiseta puída, pois mesmo com a calefação no máximo, a casa ainda parecia fria. Era começo de dezembro e o inverno ali, no topo da montanha, era mais intenso do que na cidade. Seguiu pelo corredor escuro, tateando pelas paredes. Sabia exatamente onde a encontraria.
A porta do quarto do bebê estava totalmente aberta, a luz acesa inundando o corredor quando entrou. Caitriona estava sentada num banquinho, em frente ao guarda-roupas branco, dobrando concentradamente uma pilha de roupinhas minúsculas, apoiando-as sobre a barriga proeminente. Tão concentradamente, que não notou quando ele entrou, parando atrás dela.
As paredes tinham sido pintadas há menos de dois dias e o cheiro da tinta cinza ainda era fragrante. Além do guarda-roupas, havia uma pilha de caixas numa parede e o berço semi-montado do outro lado, próximo à janela. Bem no meio do quarto tinha um tapete azul, daqueles bem macios, e uma poltrona confortável para amamentação.
Sam tocou-a nos ombros e ela teve um pequeno sobressalto, demorando um milésimo de segundo para perceber que era ele quem estava ali. Virou-se para ele, um sorriso fraco nos lábios.
— O que está fazendo acordada essa hora? — ele olhou para a janela, percebendo que ela estava totalmente aberta, e só então entendeu porque o quarto parecia tão gelado — E por que a janela está aberta nesse frio? Está louca, mulher? — foi até a janela, pronto para fechá-la quando Cait respondeu.
— O cheiro de tinta ainda está muito forte, quis arejar um pouco o quarto.
— Mas não pode fazer isso de dia? Vai morrer congelada — ele fechou a janela e voltou-se para ela, pegando sua mão, que estava super gelada — Você está toda gelada, amor — puxou-a para si, fazendo com que ela largasse o pequeno body que estava tentando dobrar.
Ela vestia um grosso pijama de inverno, e por cima dele, um roupão quentinho, mas estava realmente gelada.
— Eu nem percebi que estava tão frio — falou, enquanto ele a beijava ternamente no topo da cabeça — Levantei pela milésima vez para fazer xixi e não consegui mais dormir — contou — então resolvi ir arrumando as coisinhas do bebê... ainda tem tanta coisa para arrumar...
— Cait, você deve estar exausta, vamos voltar para cama, podemos arrumar isso aqui amanhã... eu ajudo — ele disse, sorrindo. Ela lançou um olhar divertido pra ele, como se o desafiasse a passar horas dobrando roupinhas minúsculas — O quê?
— É só que estou imaginando a cena — ela riu abertamente — de você dobrando roupas de bebê... parece tão...tão desproporcional — ela levou um tempo escolhendo a palavra para descrever o que imaginava.
— Desproporcional? — ele inquiriu, uma sobrancelha levantada.
— Olha o seu tamanho, Sam — ela afastou-se, pegando um dos bodies que tinha acabado de dobrar e colocou na mão dele — É do tamanho da sua mão! — riu com a comparação.
Ele pegou a roupinha, segurou com as duas mãos e deu uma boa olhada. Era tão pequena. Ele inspirou profundamente, e então sentou-se no banquinho que antes Cait ocupava, ainda olhando a roupinha.
— O que foi? — Caitriona perguntou, sem entender o que estava acontecendo.
— E-eu... eu lembro que quando o Finn nasceu — Sam começou a contar, referindo-se ao sobrinho — eu estava em Londres e demorei uns três meses para conseguir ir para Edimburgo conhecer ele... e ele era pequeno, era minúsculo, mas não assim... — ele parecia consternado, e então ocorreu a Caitriona que por mais que ela tivesse prática com bebês e crianças por conta dos sobrinhos, Sam não tinha quase nenhuma.
— Sam, querido, olhe aqui para mim — ela levou a mão ao queixo dele, erguendo sua cabeça para que a encarasse — Vamos ficar bem, você vai se acostumar logo logo.
— Mas e se eu não souber segurar, se eu não souber cuidar... e se eu machucar ele? — perguntou, a aflição em seus olhos.
— Você vai aprender rapidinho, e eu também — falou, tentando soar confiante — Não vamos sofrer por antecipação, sim?
Ele dobrou o body e colocou sobre os outros, então puxou Cait para seu colo, tentando se distrair. Colocou a mão sobre a barriga dela, afagando-a com carinho enquanto beijava seu pescoço, fazendo com que ela se arrepiasse.
— Vamos para cama então? — Sam perguntou, expirando na nuca dela, percebendo que isso também a arrepiava.
— Eu estou sem nenhum pouquinho de sono — Caitriona falou, sorrindo de lado.
— Mas eu não disse para irmos dormir, eu disse para irmos para a cama — ele ergueu as sobrancelhas de forma sugestiva.
— Eu tenho uma ideia melhor — ela disse, apontando para o tapete recém-colocado.
Ele deu uma boa olhada, ponderou por um segundo e então balançou a cabeça em negação.
— Por que não? — ela questionou, sem entender.
— O tapete pode até ser macio, mas vamos combinar que não seria confortável... para você — a última parte ele hesitou antes de falar, com medo que ela fosse se sentir ofendida.
— Bem... é, realmente não é ideal, mas tenho certeza que podemos dar um jeito — ela parecia pensar, analisando as possibilidades.
Eles não tinham inaugurado a casa ainda. O dia fora intenso, e por mais que Cait não pudesse efetivamente ajudar na mudança, ela passou o dia andando pra lá e pra cá, orientando todo mundo sobre onde colocar as coisas. No fim do dia ela parecia se arrastar, uma das mãos apoiando as costas e a outra segurando a barriga. Então quando finalmente ficaram sozinhos, ela apenas tomou um banho quente e apagou na cama, acordando apenas para ir ao banheiro de tempo em tempo.
— Vamos para a cama — Sam falou, passando um dos braços por baixo das pernas dela, o outro apoiando suas costas e levantou-a no colo. Fez uma careta de esforço enquanto ela passava os braços ao redor de seu pescoço, o olhar divertido — Jesus, Caitriona, como você está pesada!
— Cala a boca, Sam — ela disse, dando-lhe um beijo enquanto ele atravessava o corredor à passadas largas, gemendo de forma teatral.
Então ele soltou-a sobre a cama de forma delicada, ergueu a blusa de seu pijama, revelando a barriga dura e deu um beijinho ali. Abaixou a calça dela e a calcinha, e ela deu um risinho enquanto ele jogava ambas no chão, junto com suas próprias calças, cueca e camiseta. Cait tirou num movimento prático a blusa do pijama, revelando os seios, cada dia mais fartos. Sam sorriu em adoração.
— Vire-se — ele disse, entregando um travesseiro para que ela apoiasse sobre si, ficando de quatro na ponta da cama. Ela soltou os cabelos e deu uma piscadinha, olhando para ele.
Sam baixou-se e deu uma mordida em cada uma de suas nádegas, arrancando gemidos baixos de prazer. Em seguida, levou uma das mãos ao seu centro, encontrando-a molhada, e então massageou seu ponto de prazer, enfiando um ou dois dedos nela de tempos em tempos, até que Caitriona implorasse pela penetração. Só então ele colou seu quadril à bunda dela, aprovando a altura da cama nova, e penetrou-a com força. Ela gritou seu nome em resposta, e arqueou a coluna, espalhando os cabelos negros sobre as costas nuas.
Ele apoiou uma das mãos em sua cintura, e com a outra, juntou um tanto de seus cabelos e puxou. Nem forte demais, nem fraco demais, apenas o suficiente para que ela continuasse gritando, enquanto ele se concentrava nos movimentos de vai-vém, até que ambos chegassem ao clímax, os corpos vibrando.
Caitriona deitou de lado na cama, e Sam escorregou para seu lado, envolvendo-a num abraço e puxando o edredom sobre eles. Ficaram em silêncio por um longo tempo, aproveitando a sensação de prazer prolongado.
— Eu sonhei com o bebê — Sam contou, fazendo com que Cait, que estava quase pegando no sono, se sobressaltasse — Na verdade, não foi bem com o bebê...
— Como assim? — ela perguntou, sonolenta.
— Eram três crianças — ele disse, lembrando-se do sonho com clareza — que estavam correndo ali no quintal, perto da piscina... e estava um dia tão lindo, tão ensolarado, e eu estava correndo com elas...
— Três? — inquiriu, incrédula. Depois dos transtornos que estava passando nessa gravidez, cheia de incertezas, agulhadas, exames e cuidados, ela não pretendia ter mais filhos — Um só está bom, né Sam?!
— Ah, está ótimo, Cait... estou apenas contando o sonho — ele riu, afagando a cabeça dela, que tinha os olhos arregalados.
— Bem, dizem que aquilo que você sonha na primeira noite dormida numa casa nova pode se tornar realidade — ela explicou, lembrando-se que ouvira a mãe falar aquilo inúmeras vezes — mas três é demais, Sam.
Ele sorriu, imaginando que seria muito feliz com três filhos, mas que se fosse apenas um, seria igualmente completo. E então se lembrou do que quase acontecera, minutos antes.
— No quarto do bebê, Caitriona? — Sam perguntou, ela levou um segundo para entender de que se tratava.
— Ele jamais saberia, Sam — ela disse, sorrindo e imaginando as coisas que gostaria de fazer naquele tapete. Não era uma santa, afinal.