Mini Romances - Light

By JotaKev

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Finalizado! Coleção de Mini Histórias de Romance. Afetividade entre pessoas. LGBT, ou não. Não haverá distin... More

Apresentação
Ceci e Duarte - Parte I
Ceci e Duarte - Parte II
Ceci e Duarte - Parte Final Feliz
Liebe Blumenau - Parte I
Liebe Blumenau - Parte II
Liebe Blumenau - Parte Final Feliz
Suzi Ohana - Parte I
Suzi Ohana - Parte II
Suzi Ohana - Parte Final Feliz
Anjinho arretado e o Urso dobrado - Parte I
Anjinho arretado e o Urso dobrado - Parte II
Anjinho arretado e o Urso dobrado - Parte Final Feliz
Gabriel, cravo e canela - Parte II
Gabriel, cravo e canela - Parte Final Feliz
Sexy Clichê - Parte I
Sexy Clichê - Parte II
Sexy Clichê - Parte Final Feliz

Gabriel, cravo e canela - Parte I

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By JotaKev

Dedico ao leitor Gabriel_Sant que me autorizou a usá-lo (no melhor sentido) como inspiração para o personagem Gabriel. 

*************

Fiz amizade pela internet, através de um aplicativo de leitura, com um cara de SC e no começo só nos esbarrávamos nos comentários nas mesmas histórias, pois ambos amamos contos com lobisomens, fadas e outras criaturas mágicas. Seu nome é Júnior (ele prefere), pessoa que sempre me deixou super a vontade para falar de coisas mais íntimas, pequenas confissões de segredos que eu tinha vergonha até de pensar. Ele sempre me pôs pra cima quando eu me lamentava a respeito de algo com minha aparência ou com relação às minhas escolhas, sobre o que estudar ou o que escolher pro meu futuro.

Tudo que eu tinha era o nome J.Júnior e o ícone com um bonequinho, que ele copiou do meu próprio perfil e algumas pessoas até shippavam, achando que tínhamos alguma coisa além da amizade e o carinho que eu sei que temos um pelo outro.

Eu confesso que nutri uma paixão platônica por uns tempos, mas ele dizia com calma que tinha alguém e que era muito fiel ao cara.

Nas conversas pelo "privado" do próprio aplicativo, muitas vezes ficávamos até tarde da noite a confessar coisas bobas, eu sobre meus crushes, ele sobre seus gatos que dividiam a cama com seu boy e nós dois, de verdade, não sabíamos o que estava além disso, eu alimentava uma esperança e ele, eu não sabia...

Finalmente, depois de tantos papos amigos, amizade, amizade e mais um pouco disso, eu decidi que não dava pra esperar que o "bonequinho" caminhasse um passo em minha direção, ele não viria na minha direção. Nunca.

Eu morava no RJ, mas confesso que já tinha pensado em ir pra SC. Queria ficar mais perto do Abi ou interagir com o Bando, que é o seu grupo de amigos e, bem, o Júnior não me dava esperanças, nem sacava o quanto estava na sua, então parti para um lance mais físico, pois queria sentir uma pele na minha pele. Uma boca na minha, uma rol... essas coisas mais íntimas também...

Namorei uns tempos, mas não estava escrito que ia durar, não durou. Pode não ser o amor da nossa vida, mas a gente sofre do mesmo jeito, o apego acontece, a dor da separação acontece também. Eu quis ficar por uns tempos longe de tudo. Sem face, sem Wattpad, sem grupo de Whats ou redes sociais que me fariam tropeçar no ex ou no crush catarinense.

Admito que estava apaixonado pelo cara e evitar é a melhor coisa. A gente cria uma distância segura, depois levanta uma muralha protetora, coloca artilharia pesada atrás desses muros e quando acha que pode por a cara pra fora do esconderijo, tem uma pá de mensagens de quem???

Do Júnior!

O "bisho" tava com saudade. Sentiu falta e deixou uma mensagem por dia no privado, tanto que tive que tirar uma hora pra ler tudo, era muita coisa. 

Porcaria. Isso só aquece e fomenta a esperança que era pra continuar "amordaçada" e "amarrada" no quartinho escuro do coração.

O nome do Júnior poderia ser qualquer nome, talvez nem começasse com a letra J. Mas arranquei dele com custo e finalmente (Glória a Deuxxx), ele disse que se chamava Joel, igual ao seu pai, que já fora vereador na cidade onde ele vive, por isso usava um apelido genérico que jamais seria associado com a figura pública do velho preconceituoso ou mesmo a sua, já que ele era um carinha muito tímido.

"— Como você é?"— comecei assim e ele se descreveu fisicamente conforme um dos personagens do conto chamado Amor Virginiano de um autor que gosto. "— Ruivo?"

"— Ninguém é perfeito." — ele reclama. Fala que sempre odiou o cabelo cor de cobre escuro, seu jeito aguado e as pintinhas no rosto.

Pra ir pro Whats, ele me fez jurar que não contaria a ninguém que tinha seu contato e assim, nos aproximamos mais. A amizade acabou ficando mais doce, mais fraternal e eu perdi um pouco do tesão que antes residia no mistério. 

Pior que aconteceu uma coisa louca quando eu parei de cobiçar o cara... ele meio que começou a correr atrás... Me disse que estava morando em Blumenau para ficar mais perto do seu boy e que o outro não estava muito "aí" pro esforço dele. Não foi fácil receber uma fotinho sua, queria ver pelado também, mas daí, já era demais. Tô brincando.

Ainda abrindo o coração, contou que a casa era da família, mas que dividia a despesa com um colega do Mato Grosso, o Paulinho. Se definiu como um cara caseirão, fechado (e muito meigo, na minha opinião), já o Cassiano (boy dele) era só o oposto que simplesmente não dava certo. Mas ele estava sossegado com o cara, levando de boa e aceitando. O máximo que eu poderia fazer era aconselhar e se ele quisesse ouvir, beleza... se não quisesse, problema dele, porque eu tenho mais o que fazer. Mentira, sou um amor de pessoa.

Um ano nessas amizade/ligações, amizade/segredos, amizade/choro, amizade/cumplicidade, ficamos muito íntimos que ele me incentivou a meter a cara no mundo e me aventurar um pouco, já que eu precisava estudar e uma nova perspectiva para o futuro profissional.

Ele ofereceu a própria casa, já compartilhada (com Paulinho) para eu morar com eles, rachar a despesa e conhecer SC. Eu aceitei na hora. Então descobri que poderia fazer o processo seletivo na área da saúde e pegar um emprego naquela região, caso eu desse sorte. Júnior pegou todas as informações que eu precisaria para fazer a prova, pagamento de taxa e tudo mais. Eu me motivei muito.

Não preciso dizer que sair da casa dos meus pais, doeu mais que tudo. Só que no Rio, percebi que não era mais pra mim, eu queria pelo menos uma aventura e para minha vida isso seria muito importante, nem que eu voltasse depois de uns seis meses. Eu teria tentado.

Passa voando... É o que pensamos quando não envolve a saudade.

Conhecer o cara rendeu muita choradeira, abraços e um clima gostoso que não sei descrever. Eu queria morar no abraço dele para sempre. E por falar no Júnior, sua aparência é exatamente como ele se descreveu, mais pro tipo discreto e ao contrário da suposta feiura que lhe causava complexo, eu o achei bem gato. E ele também pesou o mesmo sobre eu e me disse logo de cara que eu era um "pedaço moreno de mau caminho".

Já o Paulo, Paulíssimo, faz Edu e Fih do Diva Depressão parecerem dois héteros perto das suas viadagens. Porque manas, eu sou gay, mas Paulinho é muito mais... afinal gay traduzido do inglês significa ALEGRE! Somos alegres demais, amém!

Mesmo que Júnior não pagasse aluguel, fiquei preocupado com a parte financeira, óbvio. Não queria aceitar morar de favor, também não podia gastar uns 40% ou mais do meu salário com moradia e ele me cobrou um valor superbaixo pelo quarto, ajudando as minhas despesas ficarem mais leves.  Era uma casa simples com três quartos, mobília de loja popular, apenas um banheiro, luxo zero, mas que continha a delícia do clima de um lar de verdade.

Então, sou formado no curso Técnico de Enfermagem, mas queria mudar e não prosseguir pela área da saúde, só que o Júnior e o Paulinho colocaram pilha em mim pra fazer a prova do seletivo da Prefeitura. Sério, eu torci para meu nome não sair no edital público, quando o Paulinho grita:

— Manaaaaaaaaaa! Você ficou em segundo lugar! Ai que orgulho, migaaaa!

Eu fiquei triste/feliz/apavorado, se tem como me encaixar nos três ao mesmo tempo. Queria ter um motivo pra voltar para o colo da mãe. Tava feliz e orgulhoso de mim, porque ter ficado em segundo lugar. E apavorado quando pensei que eu estava com um pé dentro do hospital de alta complexidade, tão renomado.

Preparei minha documentação, me apresentei no dia em que fui convocado, fiz os exames que pediram e finalmente, com frio na barriga, comecei a trabalhar naquele hospital.

Ninguém faz festa quando a gente chega e nem dá muita importância, então coube a mim, abrir meu caminho no meio daquelas pessoas. Por algum motivo, me empurraram o turno 12x36, pior que adorei e dava pra descansar bem na folga. É basicamente trabalhar direto das dezenove da noite até as sete da manhã do outro dia, folgar um dia inteiro e só voltar na noite do dia seguinte. Mesmo assim é corrido. Eu já tinha trabalhado com isso logo que terminei meu curso técnico, então sabia como várias coisas funcionavam. Mas preferia obedecer ao padrão que a enfermeira chefe exigia e logo nos entendemos muito bem para trabalhar.

— Gabi, tem os quartos 900 até 907 que são teus essa semana. Tem um senhor ali que pode perturbar um pouco, mas não estressa com ele, me chame. Eu lido com o seu Jordão. Certinho, guri?

Era assim que Margarete me tratava, na verdade a todos os que trabalhavam em seu turno. Ela tinha mais de cinquenta anos e essa tranquilidade vem provavelmente da maturidade, porque estava na área há muitos anos. Já eu, sinceramente não sabia se ia aguentar seis meses ali e às vezes tinha medo até que renovassem meu contrato por mais seis.

Tinha vários tipos de médico:

O tipo bacana. Ama o que faz e é humilde na maneira de nos tratar, trata bem a todos e a gente faz vaquinha pra dar uma caneca bem cara no aniversário dele;

O tipo grosso. A gente nem se apega porque ele é assim com todo mundo, amamos falar mal desses pelas costas e adoramos odiá-los;

O tipo gato padrão. Tranquilo, mas metido demais que só se reporta à chefe, tem pinta daquelas gays ricas dos Instagrans e nunca lê ou pronuncia nosso nome bordado no jaleco, que é pra nós não acharmos que temos intimidade com eles;

O tipo "macaco velho". Esse acha que nós também somos médicos e falam conosco, coisas complexas demais e não têm muita paciência. Desses a gente corre e nem fala mal, porque eles sentem qualquer aversão de nossa parte. Experiência, né;

O tipo chamativo. Gato por fora e meio cavalo por dentro, é o crush de quase todo gay que está no mesmo barco que eu. Geralmente é casado... Dá pra confundir com o Tipo Gato, só que mais másculo.

Esse último era o gastroenterologista, doutor Augusto. Alto, fortão e gostoso, que entrava andando a passos rápidos e firmes, falando alto, cheio de arrogância desnecessária, nem olhava direito na nossa cara e só falava com a Marga. Pior... como ele e minha chefe são nativos de Blumenau e descendentes de alemães, muitas vezes conversavam naquele idioma que eu não aprendi. Ainda bem que tinha um ou dois colegas que me contavam sobre os arranca rabos dos dois. Mas naquele dia falaram em português e deu de entender que o seu Jordão era o assunto. 

O homem que eu só trocava o soro na madrugada, estava sendo preparado para outra cirurgia no intestino e parece que reclamou de algo justo no turno que eu fazia.

— Chama aqui. — o médico falou furioso.

— Não, eu converso com ele.

— Quem é o Gabriel? —  ele fala entredentes...

Merda!


**************

continua...

(mais tarde tem os outros capítulos ... weeeeeee)

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