Secrets Segunda Temporada

By sweetcabello21

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Quatro anos após o casamento, Lauren e Camila decidem aumentar a família e dar a David, o primogênito do clã... More

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Capítulo XLII
Capítulo XLIII
Capítulo XLIV
Capítulo XLV

Capítulo XLI

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By sweetcabello21

Olha que não demorou muito \o/

Gente, eu não tenho palavras para agradecer cada comentário, cada crítica, cada elogio, cada briga... Ainda não decidi, mas provavelmente encerre no capítulo XLV, ainda não sei se farei capítulos bônus, estou pensando, mas desde já quero pedir desculpas pelas demoras, por capítulos pequenos e pelos inúmeros dramas... Queria dizer que você são incríveis!

Erros corrijo depois.... Nos vemos em breve (eu espero).

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Lauren POV

O domingo chegou tão rápido quanto o sábado passou, após a vitória do time do meu filho, que ganhou por 3 a 1, sendo um gol dele, nós passamos a tarde na casa da minha irmã junto com o marido dela, meu irmão, minha mãe, que fizeram uma surpresa ao David e a mim ao aparecerem sem avisar no jogo. Dinah também passou a tarde conosco junto com os meninos, porque ela é intrometida e se convida para tudo, mas mesmo sempre pegando no meu pé apenas para me irritar, ela como mãe sempre me trazia gargalhadas, menos quando queria empurrar um dos gêmeos para minha filha, isso me deixava extremamente irritada porque ela era minha pequena.

Passava das nove da manhã, Camila estava na cozinha com David, os dois faziam carne recheada com legumes ao molho madeira, Anabella e eu estávamos na sala, porém minha caçula dormia serenamente no carrinho de bebê, e eu aproveitava para babar por cada pequeno traço dela, tão idêntico à Camila, e também, ler alguns e-mails do escritório.

A manhã de domingo basicamente se resumiu a Camila e David enfurnados na cozinha, ele totalmente no céu por estar cozinhando com a mãe e trocando dicas e segredos, já eu fiquei me desdobrando para uma pequena garota exigente que já não queria só ficar deitada, mas andar pela casa para redescobrir o mundo a cada olhar, como se tudo fosse novo. Bastava está acordada e ela exigia toda a atenção para ela. Minha filha não tinha sossego, quando enjoava de uma posição começava a chorar ou quando eu parava de andar, ela voltava a reclamar me deixando angustiada e cansada porque cada dia que passava mais pesada ficava e eu acreditava que não tinha mais estrutura para carregar sete quilos de fofura, gostosura e reclamação.

Depois de muito passear por todos os cantos possíveis da casa, Bella começou a reclamar de fome, Camila apareceu para alimentar nossa pequena esfomeada que logo caiu no sono e eu pude respirar aliviada, os músculos do meu braço também agradeceram ao saber que minha bolinha de cabelos negros adormecia serena nos braços da mãe, que logo a colocou no carrinho de bebê. Aproveitei para ligar a televisão e procurar algum jogo para assistir.

Por volta das onze horas a campainha tocou, Anabella ainda dormia, então aproveitei para ir rapidamente atender sabendo que era Rachel e seus pais.

- Bom... - parei assim que vi Cristian. - Por que está de vestido? - perguntei achando muito cômico o vestido floral de alcinha que ele usava contrastando com seus olhos cor de mel.

- Eu sempre quis saber como ficava em alguns vestidos, mas nunca encontrei algo que me motivasse...

- Mentira. – Peterson o cortou. - Sempre com medo do que os outros iam falar, por isso nunca usou!

- Ainda nessa de se importar com a opinião alheia, viado?

- Às vezes é mais forte que eu. – respondeu dando de ombros, neguei com a cabeça e dei espaço para eles entrarem.

- Bom dia. - disse aos dois, dando espaço para entrarem. - Vamos entrando. Bom dia princesa. – cumprimentei Rachel, que usava um vestido branco com inúmeras borboletas, All Star rosa cano curto e um boné branco com o símbolo da Nike também rosa. – Você está linda! - o boné estava ao contrário.

- Bom dia, tia Lauren. - Rachel respondeu, puxando-me para um beijo na bochecha, aproveitei e a abracei. – Obrigada. – agradeceu o elogio, seu rosto estava avermelhado, achei aquilo adorável, deixando-a mais linda por causa dos cabelos ruivos e das sardas.

- Camila e David estão na cozinha. - fechei a porta. – Estão fazendo o almoço. – expliquei.

- Já estou aqui. - a voz de David se fez presente atrás de mim. - Tio Cristian...

- Fiquei legal nessa roupa? - David negou com a cabeça.

- Essa tonalidade não combina com o senhor. – foi sincero.

- Eu não disse! - Cristian falou exasperado, olhando para o marido, Peterson deu de ombros. - Se eu tivesse vindo com o preto seria melhor.

- Para mim você é lindo usando um vestido floral ou preto...

- Preto é sempre uma boa escolha! - David disse como se fosse óbvio, depois olhou para a amiga. - Oi Rachel. - aproximou-se e beijou suas bochechas.

- Oi D.

- Bom dia, tios! - cumprimentou os dois com um abraço.

- Você está linda com essa roupa. – David comentou admirando a amiga, percebi Cristian cutucando o marido para que eles observassem a interação, rolei os olhos.

- Você achou? – perguntou tímida. – Escolhi a primeira roupa que vi.

- Mentira. – Peterson pigarreou, fingindo uma tosse depois, mas os dois não pareciam notar.

- E olha... – David levantou o pé. – Também estou de All Star só que o meu é branco... Mama Camila e eu estamos usando o nosso! – David usava uma bermuda preta, All Star branco e o uniforme amarelo da seleção brasileira. – Você trouxe? – mudou de assunto. Sua amiga concordou com a cabeça, pediu a mochila ao Peterson, que a carregava nas costas e retirou uma boneca.

- David, amor... – a voz da Camila surgiu no corredor. – Você veio falar com sua mãe e... Olá! – cumprimentou de longe ao ver a família da Rachel. – Não sabia que tinham chegado. – disse ao se aproximar.

- Não tem 5 minutos que chegamos. – Cristian explicou.

- Bonito vestido. – Camila e ele se abraçaram. – Mas... – pareceu avaliar. – Não gostei como o corte caiu no seu corpo. – avaliou o amigo de cima a baixo. – Te deixou sem bunda. – deu um tapa na bunda do amigo.

- Idiota. – ele resmungou.

- Oi Peter! – abraçou o outro pai de Rachel. – E cadê minha princesa ruiva mais linda desse mundo? – Rachel abraçou Camila apertado lotando seu rosto de beijos. – Quanto amor! – disse satisfeita. – Vontade de apertar e não soltar mais.

- Cadê a Anabella? – a menina perguntou.

- Está dormindo na sala! – comentei.

- Posso acordá-la? – David pediu.

- Nem pensar. – o cortei. Mas nunca que o deixaria acordá-la, pois não era ele que teria que se desdobrar em cinco para colocá-la para dormir ou fazer o choro cessar.

- Eu tenho que voltar a cozinha para olhar as panelas... – Camila disse ao soltar Rachel. – Eu só vim buscar meu ajudante, mas como vocês já estão aqui... Ele está liberado. – apertou a bochecha dele, que resmungou em resposta. – Vidinha... Leva os rapazes até a sala, não demoro muito e pareço... – os meninos começaram a subir as escadas. – O almoço será servido ao meio dia. – gritou para eles. – Desçam com as mãos lavadas!

Camila voltou para a cozinha enquanto eu tirei os nossos convidados do hall de entrada para a sala da televisão onde minha filha dormia tranquilamente, Cristian foi direto a minha menina para admirá-la dormindo.

- Você está com um cheiro ótimo, perfume novo? – Peterson brincou.

- Sim... – entrei na onda.

- É meio cítrico? – ele colocou a mão no queixo parecendo pensar sobre. – Não sei, tem um quê de azedo. – pareceu concluir, rolei os olhos e sentei ao seu lado, empurrando seu corpo com os ombros pela piada.

- Depois que se tem filho tudo em você cheira a leite. – Cristian explanou, saindo de perto da Bella e indo sentar-se. – Saudades de quando nossa menina era um bebê. – falou saudoso ao marido.

- No caso de Lauren a leite azedo. – o outro debochou.

- Em minha defesa... – parei e rolei os olhos. – Não preciso me defender. – conclui. – Só estou fedendo a golfo. – resmunguei. – Ana me presenteou com isso antes de dormir e quando se é mãe não temos o privilégio de querer está limpa todos os minutos dos dias...

- Uma vez Rachel me golfou quando eu tinha acabado de sair do banho, eu a peguei porque Cris estava apertado para ir ao banheiro, e no dia eu tinha que ir para uma entrevista de emprego e lá fui eu trocar de roupa, mas o cheiro continuava e lembro que estava tão desesperado que praticamente mergulhei o perfume em mim... – coçou a cabeça nostálgico, e sorriu terno para o marido, entrelaçando as mãos. – Eu acabei tão perfumado que por onde passava as pessoas faziam careta.

- Então Lauren, nunca misture perfume com cheiro de golfo. – Cristian disse, dando-me essa dica.

- Anotado. – respondi gostando de saber daquilo.

- Um outro banho é a solução mais viável mesmo que seja um trabalho e mais tempo gasto. – Peterson explicou, acenei em concordância.

- E como foi a entrevista? – questionei interessada.

- Foi ótima, apesar do desconforto que eu estava causando na sala... – coçou a braba. – Só descobri depois que estava com um mês lá. – riu, negando com a cabeça. - Eu trabalhava com meu pai, mas ele era um lobo em pele de cordeiro, nunca foi amigável com nenhum namorado meu...

- Ele me detestava! – Cris interrompeu.

- Para Jefferson Wood um homem deveria agir como um homem e na linguagem dele era ser um ser arrogante, prepotente, invasivo, pedante, opressor e muito mais... Quando ele soube que Cristian e eu estávamos em buscar e oficializar nosso relacionamento ele tornou meu trabalho um inferno me sobrecarregando de todas as formas possíveis e isso piorou quando adotamos a Rachel, eu precisava respirar... Chegava em casa tenso, irritado...

- Pete e eu tínhamos entrado em um acordo, eu preferi lagar o emprego para ficar em casa e cuidar da nossa pequena, que tinha cinco meses quando conseguimos a adoção...

- E como cuidar de criança não é como brincar com boneca, eu pedi demissão e procurei um emprego de meio período para ajudar ele... – beijou o dorso da mão do marido.

- Foi a melhor coisa que ele fez.

- Eu tirei um peso, uma carga invisível que esmagava lentamente meu relacionamento e cortei todos os vínculos com meu pai... Rachel só tem contato com a avó!

- Theresa Wood. – eu disse ao lembrar o nome da mãe de Peter. – Ela me deve um chá com bolos. – resmunguei. - Amo os bolos e doces que ela faz... – mordi o lábio inferior quando lembrei.

- Você dizer isso a ela! – Peter comentou.

- Rachel não tem contato com sua família? – olhei para Cris.

- Meus pais me expulsaram de casa quando eu tinha dezesseis ao sair do armário... – engoli em seco, mas meu amigo parecia não se incomodar em falar sobre o assunto. – Eu tenho um irmão mais velho que me odeia, ele deve ser o membro fundador do clube macho chato e escroto... Ele é só um heterossexual babaca que precisa sempre expor sua sexualidade. – explanou. – A última notícia que tive dele tinha finalmente casado, depois de milhares de relacionamentos e três filhos de mulheres diferentes, e ele é um péssimo pai, não tenho dúvida. Da minha família ainda tenho contato com minha irmã mais nova, mas ela é de uma igreja e o marido é o reverendo e não é muito meu fã, mas digamos que ela me visita, muito pouco, mas ela ainda acompanha o desenvolvimento da Rachel. – acenei em concordância.

- Que assunto mais deprimente. – Peter resmungou, após um pequeno silêncio. Ele puxou o corpo do marido e beijou delicadamente sua bochecha. – A família da Rachel somos nós... Papai Cris, papai Pete, vovó Theresa, você, Camila, David...

- Que sabe futuramente esse laço de família fique mais forte. – comentou sugestivo. Peguei uma almofada e arremessei em sua direção, mas Peterson pegou antes que acertasse o outro. – Ouch. – resmungou mesmo assim. – Você sabe que minha filha tem um interesse real pelo seu filho e apesar de eu temer pelo coraçãozinho de minha princesa porque aqueles olhos e o sorriso galanteador são seus... – o encarei sem entender o que ele queria dizer com aquilo. – Eu shippo!

- Ridículo. – resmunguei.

- E aí como está a relação com a Camila? - Cristian indagou repentinamente, alçando a sobrancelha de forma sugestiva. Senti meu rosto corar.

- Não seja invasivo, homem! - Peterson ralhou, Cristian torceu a cara para o marido e voltou a atenção para mim. - Cristian! - resmungou.

- Me deixa, Pete... - disse manhoso. - Lauren e eu conversamos sobre isso e você sabe. - olhou para o marido, colocou a mão no peito e continuou. - O sonso para o papai aqui não. - voltou a olhar de forma interrogativa.

- Está bem, não estamos na nossa melhor forma sexual, até porque temos uma criança, um bebê que requer muita atenção e cuidado, mas conseguimos ter nossos momentos e estou muito feliz, lógico que sei que pode melhorar, mas no momento não tenho do que reclamar, não estou passando fome... - pisquei. - E quando como sou muito bem alimentada. - Cristian bateu palminhas, satisfeito com minha explicação, mas sabia que depois ele queria mais detalhes. - Tem dia que Camila não está no clima, com dor nas costas e entendo, até porque passar o dia com a Anabella não é fácil... São sete quilos. - cansei só em dizer o peso dela.

- Ela não parece ser muito gorda, só quando pegamos no colo temos ideia.

- Mas é porque, Pete, ela é grande, bem comprida para a idade dela. - Cris falou.

- E nos dias que ela está cansada e com dor nas costas você faz uma massagem?

- Mais é claro Peter! - respondi exasperada só pela ideia dele cogitar eu não ser uma boa companheira. - Não sou relapsa com minha mulher e nem com minha família. - pontuei. - Eu faço massagens, eu levo comida na cama e ainda a paparico muito...

- Que amorzinho... - Cris disse com uma voz fina, derretendo-se todo.

- Aposto que às vezes estão no clima e a filha magicamente pede por atenção. - Peter brincou, já totalmente interessado na conversa.

- Pior momento... - deixei meu corpo mole, escorregando pelo sofá e escondendo meu rosto com as mãos só de lembrar. - Quando isso acontece acabo sempre com fome. - coloquei um bico. Peter e Cris começaram a gargalhar.

- Cheguei. – Camila anunciou entrando no ambiente. – Do que falam? – sentou-se ao meu lado e encarou Cris e Peter que tentava controlar o riso.

- Trivialidades. – Peter respondeu, a ironia escorrendo por sua boca. Camila me encarou, apenas dei de ombros.

- Amor... Me ajuda colocando a mesa? – pediu. Levantei e confirmei com um pequeno gesto. – O almoço está quase pronto, falta apenas a carne ficar no ponto certo, mas não vai demorar muito... – ouvi ela explicar aos nossos amigos, depois que sai da sala já não ouvi mais do que falavam.

- David. Rachel. – gritei no começo da escada. – Lavar as mãos crianças! – ouvi os gritos das crianças confirmando e fui em direção à sala de jantar, abri um armário de madeira que tinha lá. No armário tinha as louças que usávamos quando recebíamos visitas em casa, comecei a pegar as coisas para organizar a mesa.

- Precisa de ajuda tia? – Rachel e David entraram junto, a menina logo se ofereceu. Passei a dar instrução aos meninos sobre o que queria e eles foram me ajudando a organizar a mesa, depois Camila pareceu com as saladas, o molho, o arroz, para que eu pudesse ir organizando na mesa. Por último, quando ficou pronto, ela trouxe a carne e pediu ajuda a David para que ele trouxesse as bebidas.

O almoço foi muito tranquilo. Era sempre muito prazeroso ter a família da Rachel conosco porque nos dava a sensação que o mundo era perfeito e não havia julgamento. Nós sempre mergulhávamos em nosso paraíso particular, duas famílias extremamente felizes sem nenhum julgamento, apenas amor e compreensão. A normalidade de um almoço em família, o respeito e carinho pelo outro, e acima de tudo a fé que em um futuro próximo isso estaria presente em muitos lares sem o medo, o desrespeito ou a inconstância que o preconceito trazia a muitos casais.

Eu não desejava o mundo, apenas queria meu direito de ir e vir sem restrições, eu queria está no mundo e não ser tratada como o círculo dentro do quadrado, pois as pessoas devem entender que somos formas geométricas distintas e não há problema em não se enquadrar. O rótulo deve ser usado em objetos, não em pessoas, e não há nada de errado em um homem gostar de outro homem ou gostar de homens e mulheres assim como uma mulher pode gostar apenas de mulheres ou apenas de homens ou dos dois. Não é indecisão, não é sacanagem, não é promiscuidade, não é falta de vergonha. E quando a grande maioria opressora passar a idealizar isso, o mundo caminhará para uma nova era. De compreensão, respeito, empatia, e principalmente, de amor.

- Por que essa carinha sonhadora? – Camila me analisava atentamente, nada escapava dos olhos dela e talvez meu tímido sorriso entregava o quanto estava satisfeita com aquele momento. Ela tinha Anabella nos braços, que acordou com fome e agora mamava enquanto a mãe comia. Minha mulher parecia não ter problemas em comer lentamente enquanto nossa pequena comia, quando se é mãe aprendemos a nos contorcer, a ser malabaristas, palhaças, domadoras de medo. Somos muitas em um único corpo.

- Almoços assim me deixam felizes! – explanei.

- Eu entendo bem o que diz. – Peter segurou com firmeza a mão do marido, que em resposta sorriu ternamente. Uma cumplicidade admirável. Rachel sorriu boba pela troca de amor silenciosa dos pais. – Nos dá a esperança que o mundo possa realmente entrar no caminho certo...

- Temos que ter esperança. – David se pronunciou ao colocar os talheres em cima de seu prato. – Não podemos jogar a toalha ou deixar que os opressores calem nossas vozes ou diminua nossa felicidade por julgarem – abriu aspas com as mãos. – errado.

- A sagacidade, e, a oratória desse menino me assusta. – Cristian brincou. – Mas não tiro sua razão, David. – concordou. - Por mais que pareça difícil luat contra o preconceito ou assustador em como o ódio é espalhado com mais facilidade que o amor, não devemos desistir nem deixar a esperança de lado...

- Devemos regar cada semente que for plantada para que um dia floresça mentes adubadas de amor e respeito. – Peter completou. Olhou para filha e sorriu orgulhoso. – Mas estamos no caminho certo e tenho certeza que as próximas gerações serão melhores que a nossa. – Rachel encolheu o corpo, envergonhada. David que estava ao seu lado, a puxou bruscamente para um abraço de lado, mas bem apertado e como ela não esperava por aquilo acabou ficando mais vermelha do que já estava.

- Rachel teve realmente uma ideia magnífica. – pontuou, pegando seu copo e bebendo um pouco de suco.

- Que ideia? – Camila perguntou, curiosa nos olhares que rondavam a mesa em direção a ruivinha.

- Eu não contei? – nosso filho perguntou parecendo surpreso, Camila e eu engamos com a cabe, sem realmente saber do que ele falava. – Não acredito que não contei a maior revolução da escola? – bateu na testa, culpando-se por isso.

- Preparem-se que acredito que brevemente teremos uma reunião de pais conservadores querendo derrubar a escola ou destituir o diretor. – Cristian desdenhou. Camila e eu nos entreolhamos ainda sem entender. Ela ajeitou Anabella nos braços para que pudesse arrotar. - Vocês lembram do episódio lastimável daquelas pragas?

- CRISTIAN. – Peter ralhou. – Não tenha esse tipo de comportamento na frente das crianças! - Cris pensou em revidar, mas calou-se diante do intenso olhar do marido. Peterson olhou para as crianças. – Não repitam isso. – ordenou sério, os meninos confirmaram tensos com a situação, Camila e eu continuávamos sem entender. Ele olhou para a gente e tomou a palavra. – Cristian se referia ao episódio de preconceito que os meninos sofreram...

- Não gosto nem de lembrar. – resmunguei baixo ao pensar naquele fatídico dia e em como David ficou destruído com o que ouviu e presenciou.

- Lembra que os meninos ficaram encarregados de escrever uma redação de cinco laudas sobre violência na escola. – eu acenei em concordância, lembrando que ajudei David na produção do mesmo. – Rachel não escreveu sobre... Tanto Cristian como eu tentamos ajudá-la, mas ela orgulhosa como é disse que não precisava e já sabia sobre o que fazer... Só quando o diretor nos chamou novamente é que tomamos conhecimento sobre do que se tratava a redação dela. – a cada palavra de Peterson, a filha parecia se encolher de vergonha enquanto um sorriso orgulhoso só crescia no rosto do meu filho. – Ela escreveu sobre empatia!

- Na verdade sobre troca de papeis e se colocar como o outro para entender sua dor e as dificuldades que passa. – Cristian prosseguiu. – O diretor não queria aceitar o trabalho e queria forçá-la a fazer outro seguindo a linha ordenada, violência na escola... Rachel foi firme em seus argumentos como nunca vi e ela disse que a empatia traria amor e respeito, então propôs um trabalho para a turma dela que tinha certeza que como resultado seria a diminuição no bullying... O senhor White ficou interessado, mas ao ouvir a ideia pulou longe... Desde então Cristian e eu juntamente com essa mente brilhando. – indicou a filha. – Estamos pressionando ele até que finalmente ele cedeu!

- Graças! – Cristian levantou as duas mãos para o teto.

- E que proposta é essa? – Camila já perguntou sem paciência. Ana começava a cochilar em seus braços, pois minha mulher a balançava de forma serena. – Quer dizer, que trabalho... – corrigiu-se.

- A turma será dividida em – fez aspas com as mãos. – casais para criar um filho... – levantei a sobrancelha sem entender aquilo, parecia um trabalho comum mesmo que incomum. Durante uma semana as duplas vão criar uma criança, que pode ser um boneco ou uma boneca. – David explicava avidamente. – Para a aula de redação vamos entregar uma redação sobre os desafios de criar uma criança, para as aulas de inglês vamos trabalhar alguns gêneros textuais e leitura de livros relacionado a diversidade existente na composição de cada família, em matemática trabalharemos adição, subtração e divisão com problemas matemáticos ligados a idas ao supermercados e compras de coisas para bebê, em geografia vamos trabalhar bairro e cidade partindo da moradia de cada – fez aspa novamente. – casal, observando pontos de referências para chegar de uma casa a outra, em história vamos ver as mudanças na família de antigamente e na de hoje... Durante a semana toda, nas aulas, nós estaremos voltados a criação de nossos filhos.

- Ainda não entendi o ponto central ou o diferencial do trabalho. – Camila se manifestou.

- Quando David falou casais não quis se referir a um menino e uma menina... O sorteio foi livre para a estrutura familiar e para os bonecos... – Rachel falou de forma tímida. – O meu marido é o Bruno e nós temos um menino, mas no sorteio teve meninas juntas e meninos também.

- Eu sou divorciado. – David disse animado. – No sorteio eu saí com o Charles, não sei se as senhoras se lembram dele, ele faz natação comigo... ele tem muitas sardas, faz natação por causa da asma. – pensei em dizer que não lembrava, mas um estalo me veio à cabeça e acabei por lembrar de quem ele falava. – Como ele faz milhares de aulas extraclasse... Violão, violino, natação, esgrima, sapateado. – coçou a cabeça. – Não teremos muito tempo por nos ver, então entramos em um consenso e compartilharemos a guarda de nossa menina. – Camila estava de boca aberta, surpresa e admirada com tanta informação que recebíamos. – Rachel e Bruno serão casados para o trabalho delas, já eu e Charles bolamos a história da nossa família... – explicava tranquilamente. – Nós casamos muito cedo, o trabalho, as amizades, os estudos fizeram com que nosso casamento não durasse muito e pouco tempo depois da adoção da Valentina. – olhou para nós duas. – Esse é o nome da neta de vocês. – disse como se falasse algo trivial, minha mente fervilhava com tanta informação. – Mantemos uma boa relação e nos dias pares eu fico com ela, e nos dias ímpares, ele!

- Meus Deus. – foi a única coisa que Camila conseguiu dizer. – Nós temos uma neta. – todo ambiente caiu na gargalhada.

- Não acredito, o mundo ainda pode ter jeito. – falei maravilhada.

- E eu tenho um neto lindo. – Cristian debochou, respondendo a Camila. – O nome dele é Samuel Messi.

- Samuel Messi?!? – Camila e eu falamos juntas.

- Porque o menino que foi sorteado para ser o marido da Rachel nesse trabalho é apaixonado por futebol, foi ele que escolheu o nome do filho... – olhou para a filha. – Ainda estou chateado que ela o deixou escolher. – negou com a cabeça.

- Não é um nome feio. – ela se defendeu. – E de certa forma combinou, melhor que Cristiano Neymar que ele queira escolher. – deu de ombros.

- Bem melhor. – seu pai confirmou.

- Então aquela boneca que você perguntou se ela trouxe é a do trabalho? – perguntei, lembrando-me da conversa de mais cedo, David concordou.

- No caminho, nós passamos na casa de Charles e a pegamos. – Rachel disse. – Recebemos as instruções semana passada e amanhã o trabalho começa a valer, na sexta foi dividido as duplas e cada um recebeu uma agenda de anotações de coisas, um diário do casal e do bebê. A ideia é perceber os diversos... Qual a palavra a professora usou?

- Rearranjo. – David a lembrou.

- Isso... Perceber os rearranjos familiares e tentar se colocar no lugar do outro além de passar a ver uma família com dois pais, duas mães, só uma mãe, só um pai como algo normal...

- Estou sem palavras com tudo isso... Estou feliz, esperançosa, mas ao mesmo tempo com medo do que vai acontecer quando os pais conservadores resolverem colocar a escola a baixo por causa desse trabalho fenomenal. – nós, os adultos, nos entreolhamos sabendo que a areia estava descendo na ampulheta e era questão de tempo até termos pais enfurecidos contra nossas filhos, engoli em seco, ao pensar nas coisas cruéis que poderiam fazer, Camila negou com a cabeça, ela me olhou fixamente nos olhos, ela sabia o que eu estava pensando, mas tudo que emanava daquelas orbes castanhas era tranquilidade, de alguma forma ela sabia que ficaria tudo bem e que Peterson, Cristian, ela e eu não deixaríamos nada atingir nossos filhos.

- Será uma semana interessante. – Cristian disse, finalizando o assunto. David e Rachel cochichavam, pareciam já estarem presos em um mundo só deles.

- Amor, coloca a pequena no berço enquanto eu recolho a mesa. – levantei para pegar minha menina.

- Nós ajudamos a retirar a mesa. – Peter levantou-se em seguida e seu marido fez o mesmo.

- Rachel e eu vamos trazer a sobremesa. – David disse, pulando da cadeira e sendo seguido pela amiga, peguei minha filha no colo.

- Não vai ser uma semana fácil. – Camila sussurrou, concordamos em silêncio. – Mas é uma oportunidade única de fazer algumas pessoas abrirem as mentes ou ao menos fazer que a futura geração não seja tão preconceituosa.

- Eu tenho medo da represaria que nossos meninos vão sobre. – Cristian falou nervoso, mordendo o lábio em seguida.

- Não pense nisso... Estaremos lá para eles e nada os atingirá. – Peter explanou.

- Só consigo pensar em uma coisa. – pontuei. – Eu sou avó. – todos gargalharam, e o clima pesado se esvaiu. – Nunca pensei em uma situação dessas... Vou surtar, meu filho é só um menino e de repente já é divorciado. – choraminguei. – E com filho! – a ideia, mesmo sendo só um projeto da escola, me assustava.

- Algo me diz que Lauren vai enlouquecer. – Peterson debochou.

- Não duvido nada. – Camila concordou.

A semana mal tinha começado e já nos reservava inúmeras surpresas, mas o amor e a união fariam a gente passar por qualquer adversidade que surgisse. Um dia o mundo evoluirá ao ponto de preocupações como as que rondavam nossas cabeça, com relação ao trabalho sobre mudança no contexto familiar, seriam irrelevantes, pois teríamos pessoas que respeitavam e toleravam o que julgavam ser diferente. 

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E aí, como estamos?

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