Jogo de Máscaras

Bởi AliceHAlamo

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Não era para ser difícil ou perigoso, era para ser relaxante e prazeroso, apenas isso. Que ironia... Como se... Xem Thêm

Capítulo 1 - Vista sua Máscara
Capítulo 2 - Tire sua máscara de inocente
Capítulo 3 - Tire sua máscara de puritano
Capítulo 4 - Vista sua máscara de bom amigo
Capítulo 5 - Vista sua máscara de bom partido
Capítulo 6 - Tire sua máscara de cara paciente
Capítulo 7 - Vista sua verdadeira máscara
Capítulo 8 - Vista sua máscara de felicidade
Capítulo 9 - Tire sua máscara de insegurança
Capítulo 10 - Vista sua primeira máscara
Capítulo 11 - Tire a máscara dos outros
Capítulo 12 - Vista sua máscara de enfermeiro
Capítulo 13 - Tire sua máscara de frieza
Capítulo 14 - Vista sua máscara de Mentiroso
Capítulo 15 - Vista sua máscara de protetor
Capítulo 16 - Vista sua máscara de Sasuke
Capítulo 17 - Vista sua máscara de honestidade
Capítulo 18 - Tire a máscara do seu adversário
Capítulo 19 - Vista sua máscara de Apaix-..., quer dizer, de viciado
Capítulo 20 - Vista sua máscara de cumplicidade
Capítulo 21 - Tire sua máscara de sob controle
Capítulo 22 - Tirem suas máscaras sociais
Capítulo 23 - Vista sua máscara de traído
Capítulo 24 - Tirem suas máscaras de protegidos
Capítulo 25 - Vista sua máscara de bom entendedor
Capítulo 27 - Vistam suas máscaras de aliados
Capítulo 28 - Tire sua máscara de encurralado, ainda há saída
Capítulo 29 - Vista sua máscara de John Dillinger
Capítulo 30 - Tire sua máscara de amigo leal
Capítulo 31 - Vista sua máscara de desespero
Capítulo 32 - Vista sua máscara de Giselle
Capítulo 33 - Vista sua máscara de precaução
Capítulo 34 - O cair das máscaras

Capítulo 26 - Vista sua máscara de ingênuo

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Bởi AliceHAlamo

Sakura acordou por causa do despertador sobre seu criado-mudo, às quatro da manhã. Abriu os olhos e perdeu mais de dez minutos deitada, olhando o teto fixamente como se ele pudesse lhe dar alguma resposta. Normalmente, quando tinha algum problema, ligava para Itachi, e eles então passariam horas rindo e tentando achar um meio de contornar a situação, contudo, o problema era que dessa vez estava chateada com o amigo. Sasuke? Até dava para entender apesar de tudo, ele não queria se envolver e preferia que ela se resolvesse com Hinata, já que o assunto não lhe cabia, mas, ainda assim....

Jogou a coberta com força para longe do corpo e levantou-se. Não sabia exatamente com o que estava mais magoada, com Hinata por mentir para si ou por seus amigos saberem a verdade e não lhe contarem. Não estava apaixonada por Hinata, gostava da companhia dela e tinha sim cogitado continuar saindo com ela e ver até onde aquilo tudo iria, mas, mesmo assim, a mentira pesava. Talvez se soubesse desde o início... Não. Se fosse honesta consigo mesma, sabia que mesmo que soubesse desde o começo sobre a profissão de Hinata, ainda iria continuar com aquele bolo entalado na garganta.

Quando as pessoas te perguntam sobre preconceito, se você possui ou não, a sua resposta de cara é negar, dizer que é aberto para tudo e que cada um tem o direito de ter a sua vida como bem quiser, mas a verdade não é essa. Você só sabe se possui ou não um preconceito até que se esbarra nele, até ser forçado a voltar os olhos para si mesmo e avaliar suas ações e decisões. E, Sakura, naquele exato momento, sabia que a maior parte da sua revolta era gerada pelo preconceito contra a profissão de Hinata.

Ela tinha noção clara disso, enraivecia-se ainda mais por não acreditar em como logo ela podia reagir daquela forma, contudo, esta era a verdade. Como resolver então? Preconceitos não mudam de um dia para o outro. Não tinha como ela sorrir e fingir que estava tudo bem, isso não seria justo nem com ela nem com Hinata. Também não podia simplesmente se afastar de Hinata! Seria horrível de sua parte, uma atitude cruel e mesquinha, não combinava em nada com ela e se odiaria por fazer aquilo com alguém tão doce quanto Hinata.

Como agir então? Como?

Engoliu o café da manhã sem fome alguma enquanto se amaldiçoava por ter esquecido o celular na casa de Sasuke. Àquela hora, os jornais já estavam impressos e sendo distribuídos pela cidade. Não sabia se o que havia feito tinha dado certo e suas mãos tremeram ao pegar o notebook para conferir se a página online do Jornal havia postado alguma coisa. Se tivesse dado certo, seria demitida, sabia disso, mas não é como se houvesse agido de todo impensadamente.

Do que adiantaria ficar naquele lugar afinal? Estava quase certa de que Pain tinha sido pago para não aprovar matérias desfavoráveis a Neji e a Orochimaru, e se isso tinha acontecido dessa vez, o que impediria de ocorrer de novo? Além disso, havia entrado no jornalismo com um objetivo: espalhar histórias e fatos. Qual o prazer de se fazer isso com mãos ávidas por calarem sua boca?

Suspirou pesadamente ao ver que nada havia sido publicado ainda. Desligou o notebook e começou a aprontar-se para o que seria, provavelmente, seu último dia de trabalho. Pegou a chave do carro e dirigiu até o jornal ciente de que estava indo mais cedo que o de costume. Estacionou em sua vaga usual e franziu o cenho quando, enquanto caminhava para o elevador, reconheceu a moto de Sasuke.

Olhou ao redor e decidiu ir até a entrada principal do prédio antes de pegar o elevador, já que, se Sasuke estivesse ali, com certeza teria sido barrado pela segurança e não teria conseguido subir até o andar do Jornal. Procurou-o entre as poucas pessoas que circulavam por ali de manhã e não demorou a identificar Itachi cutucando o irmão e apontando em sua direção.

Cruzou os braços, brincando com o peso do corpo sobre o salto. Ok, ainda estava bem chateada com eles, mas não queria parar de falar com eles. Itachi caminhava com uma expressão culpada, e Sasuke... bem, ele parecia o de sempre, no entanto um pouco incomodado, como se soubesse que devia se desculpar, mas não visse mesmo a razão para aquilo já que, diferente dela, ele não via problema algum na profissão de Hinata.

Eles pararam à sua frente, e Sasuke apenas retirou a mão do bolso, revelando o celular que ela havia esquecido na noite anterior. Itachi revirou os olhos e deu um passo para frente, segurando a mão de Sakura para obter a atenção dela.

— Nos desculpe... achamos que Hinata estava esperando a hora certa para te contar. Não queríamos atrapalhar — ele falou, calmo, mas com a expressão levemente marcada pela preocupação. — Sasuke...

— Não achei que você fosse ficar tão magoada com isso — Sasuke respondeu, sincero, e deu de ombros quando Itachi o olhou em repreensão. — E ainda acho que você deveria falar com Hinata.

— Sasuke..

— Tudo bem, tudo bem — Sakura falou, agitando a mão no ar em um gesto de descaso. — Vamos deixar isso quieto por enquanto, ok? Agora por que vieram aqui a essa hora? Não foi para pedirem desculpas ou devolver o celular, foi?

Sasuke riu, anasalado, e estendeu a sacola que carregava consigo.

— Sua matéria saiu no jornal. E seu celular não parou de tocar desde às três e meia da manhã — ele explicou com um sorriso vitorioso no rosto e ficava ao lado de Sakura enquanto ela abria na página da matéria. — Pronta para a demissão?

Ela sorriu, balançando a cabeça incrédula enquanto Itachi os observava com censura.

Não sei se consigo encarar Pain depois disso... Acha que ele vai gritar muito? — ela perguntou, rindo de nervoso, durante o caminho até o elevador.

— Não faz o tipo dele. — Sasuke deu de ombros.

— Se ele realmente te demitir, nos mande uma mensagem. Vamos te esperar aqui embaixo, temos que te atualizar de algumas coisas — Itachi comunicou, segurando a porta do elevador para que ela não se fechasse.

Sakura percebeu o sorriso de Sasuke sumir e o modo como Itachi pareceu mais sério naquele momento. Assentiu para os amigos e esperou que Itachi soltasse a porta do elevador para que pressionasse o botão de seu andar.

Se dissesse que estava confiante, mentiria. Apesar de ter a completa ciência de que agira certo, seu coração estava disparado, o sangue corria gelado pelas veias à medida que compreendia que estava com medo. Medo? Sim, medo. Ficaria desempregada por ter sido honesta, por ter tomado uma atitude até que nobre, contudo, no país que vivia, nobreza não pagava contas, não arranjava novos trabalhos, não salvava ninguém. Só de pensar na quantidade de currículos que teria que começar a enviar... Deus... Onde havia se metido?

Saiu do elevador assim que as portas se abriram para não perder a coragem. Havia pouca gente no andar, uma vez que o horário deles só começava mesmo às sete. Entretanto, Pain já estava ali, falando nervosamente ao telefone. Hesitou, parada entre as mesas, quando o viu chutar alguma coisa dentro da sala após desligar o telefone, que não tardou a tocar de novo, e de novo, e de novo.

Preferia ficar ali, parada, observando Pain a discutir com alguém que ela não sabia quem era, contudo, ele a tinha visto. Não precisava ser um gênio para entender que precisava ir imediatamente à sala dele. Andou, insegura, a princípio, mas, conforme se aproximava da porta, decidiu erguer a cabeça. A errada não era ela, era ele. Não tinha por que abaixar a cabeça para ele e temê-lo.

— Bom dia, chefe. — Ela sorriu ao fechar a porta da sala atrás de si.

— Você tem noção do que você fez? — ele perguntou, áspero, e lhe estendeu o jornal. — Você tem noção das consequências disto aqui??

Sakura engoliu em seco e respirou fundo antes de olhar para o rosto colérico de Pain.

— Você passou por cima da minha decisão e invadiu o meu e-mail! Onde é que você estava com a cabeça, Sakura?

— Por que recusou a matéria? — ela perguntou, sem se mostrar abalada.

Pain bufou e andou de um lado para o outro, massageando as têmporas.

— Não havia espaço na página, eu disse isso ontem. Custava esperar? Poderíamos ter revisto a matéria para o jornal de amanhã!

— Mesmo? — ela questionou, não convencida daquilo. — Iríamos mesmo rever a matéria, Pain?

Ele a encarou, sério, e cruzou os braços ao apoiar o corpo na mesa atrás dele.

— O que está insinuando, Sakura? — A pergunta soou perigosa, como se fosse um aviso para que ela não cruzasse aquela linha.

Sakura riu, irônica, e, antes que pudesse responder o que queria, ouviu as batidas na porta. Deidara. Sorriu para o amigo, e Pain fez um breve sinal para que ele entrasse.

— Com licença. Houve um problema com a área de moda, Pain, disseram que é urgente — Deidara falou de modo afoito.

— Tudo bem, já terminamos por aqui mesmo.

— Já? — Sakura indagou, surpresa.

— Sim, está demitida. Passe no RH e faça o favor de sair do prédio — Pain respondeu, ríspido, e saiu da sala sem olhar para trás.

Sakura estalou a língua no céu da boca e quis rebater, porém Deidara a segurou pelo punho e começou a andar, apressadamente, por entre as mesas.

— Você e Sasuke não conseguem ficar fora de problema? — ele indagou, nervoso, quando chegaram à mesa dela.

Sakura percebeu as mãos dele tremendo enquanto ele ajudava a colocar os pertences dela em uma caixa, que já havia pego antes mesmo de buscá-la na sala de Pain.

— Deidara... seu rosto... o que...

— Eu achei que só Sasuke era o imprudente do grupo! Por que você fez isso? — ele indagou, visivelmente alterado. — Não era óbvio que Pain ia te demitir? E agora, e agora? Porra, Sakura!

— Do que você está falando? — ela perguntou, confusa, quando ele terminou de fechar a caixa.

— Passa no RH. Depois eu explico, mas, por enquanto, por favor mantenha você e o Sasuke longe de problemas! Pelo menos até eu saber o tamanho da cagada que você fez.

Sakura pegou a caixa das mãos dele e balbuciou qualquer coisa enquanto o via se afastar para atender o telefone com uma expressão temerosa. Dirigiu-se ao RH e não demorou a fazer toda a burocracia necessária. Enviou uma mensagem para Sasuke e o encontrou com Itachi assim que chegou ao térreo do prédio.

— Sua culpa, você leva a caixa — ela falou para Sasuke ao soltar a caixa nas mãos dele.

— Você está bem? — Itachi perguntou ao passar o braço pelos ombros dela.

— Achei que ficaria pior, mas, sim, estou bem. E agora? Para onde vamos?

— Sua casa. Vamos conversar enquanto faço um café da manhã decente para comermos, o que acha? — ele perguntou, e Sakura sorriu com aquilo.

— Uma ótima ideia.

* * *

O som dos celulares tocando os acordaram às cinco da manhã. Neji ignorou, abraçando as costas de Ten-Ten e escondendo o rosto nos cabelos chocolate dela. Ela, por sua vez, não teve a mesma sorte em ignorar o aparelho barulhento, primeiro porque estava enjoada e precisava levantar-se da mesma forma, segundo porque, para os dois celulares estarem tocando àquela hora, alguma coisa havia acontecido com certeza.

Soltou-se com cuidado dos braços de Neji e o ouviu resmungar em protesto. Sentou-se, estendendo o braço para pegar o celular no criado-mudo, e choramingou ao ver o número de Sai na tela.

— Neji... olhe seu celular — ela falou ao cutucá-lo. — Neji, olha logo.

Ele suspirou pesadamente e estendeu o braço para o criado-mudo sem nem abrir os olhos. Pegou o celular e recusou a chamada ao ver o número de Hiashi.

— Hiashi — respondeu, sonolento.

Ten-Ten levantou-se e atendeu o telefone, era melhor saber o que estava acontecendo por Sai do que por Hiashi, pelo menos daria tempo de preparar-se.

— Bom dia, Sai, o que houve?

Bom dia. Saiu uma reportagem pela manhã. Hiashi está bem irritado.

Que jornal?

O mesmo de antes. A notícia já está online.

Obrigada. Vou dar uma olhada antes de falar com Hiashi.

Desligou o telefone depressa e abriu o site do jornal que tanto estava lhe dando dor de cabeça nos últimos meses. A notícia em si não era sobre Neji, era sobre Orochimaru, contudo, estabelecia muitas relações com a agenda de Neji, evidenciando o modo como as aparições públicas dos dois candidatos começaram a se intercalar perfeitamente e até mesmo a diminuição de embates realizados entre os dois partidos. Sem contar que aquela matéria trazia um enorme flashback de tudo o que Orochimaru já havia feito durante e fora do mandato. Aquilo não era bom...

O ruim de uma notícia daquelas era que era um efeito dominó. Assim que ela é divulgada, outros jornais, revistas e meios midiáticos, no dia seguinte, começariam a publicar notícias semelhantes, mostrando ao público que também conhecem aquele fato e garantindo assim seus clientes.

Não havia muito o que fazer agora. Hiashi com certeza tentaria falar com quem conhecia nas grandes emissoras para abafar o que poderia vir a ser um escândalo e averiguaria como aquela notícia havia sido publicada uma vez que tinha feito Pain demitir Sasuke para evitar justamente aquele tipo de situação.

Sakura Haruno. Esse era o nome assinado na matéria. Quem era Sakura Haruno?? Digitou o nome rapidamente no celular, buscando informações, e levantou-se abruptamente para correr ao banheiro bem a tempo de impedir um desastre.

— Enjoo matinal, ótimo, era só o que faltava — resmungou ao limpar a boca.

— Você está bem? — Ouviu Neji perguntar atrás de si, enquanto dava descarga e ia à pia para lavar a boca.

— Estou, não se preocupe. Veja o meu celular por favor, confira se a busca achou algo útil — pediu e começou a escovar os dentes, observando Neji pelo espelho.

— Sakura Haruno? Achou algumas fotos, perfis em redes sociais, artigos publicados, eventos — ele respondeu e coçou os olhos com sono. — Ah... tem uma foto interessante aqui. Ela é amiga do tal Sasuke.

Ten-Ten arqueou a sobrancelha, deixou a escova sobre a pia e lavou a boca. Secou as mãos e o rosto e se aproximou de Neji, arregalando os olhos ao se deparar com a foto.

— Filha da puta! Eu conheço esta mulher. Ela estava no evento daquele pintor de merda que Hiashi financiou, estava seguindo Hiashi e Orochimaru.

— A da bebida? — Neji perguntou, tentando se lembrar.

— Sim, ela mesmo! Eu disse que ela estava tentando ouvir a conversa...

— O que ela fez dessa vez?

Ten-Ten abriu a notícia mais uma vez e devolveu o celular para Neji enquanto voltava ao quarto para escolher a roupa que usaria no dia. Seria um dia complicado... ainda mais porque certamente Hiashi resolveria aparecer ali para que achassem uma conclusão viável para o problema.

— Odeio jornalistas — Neji resmungou, mal humorado. — Aposto que vão me lotar de perguntas sobre isso hoje no debate aberto.

— Pelo menos não é um debate com Orochimaru. Não se preocupe, o debate hoje é garantido, Tobirama não é um candidato de ameaça, ou você ou Orochimaru vão ser eleitos, não há o que temer. Lembra-se do que estudou sobre as propostas dele? Foque no quesito segurança, mostre as falhas e contorne a situação, certo?

Neji lavou o rosto e concordou. Tinha que se focar em Tobirama agora. Era um candidato pequeno, de um partido recém formado, com políticas e ideias até que boas, mas acometido pelo mal de toda eleição: ninguém vota em candidato desconhecido com políticas aparentemente "boas demais".

Tomou o café da manhã com Ten-Ten, sem pressa, ignorando o tio que constantemente ligava para seu celular. Não atenderia. Tudo do que menos precisava era ouvir Hiashi gritando antes de um debate. Despediu-se assim que o carro do partido parou em frente à casa para buscá-lo e, tão logo ele saiu, Ten-Ten despediu-se dos pais para voltar para casa.

Durante o trajeto, respirou fundo, o movimento do carro a deixava mal, piorava o enjoo e dava-lhe dor de cabeça, mas dor de cabeça pior era ver os carros de Hiashi estacionados dentro de sua casa. Pediu que o motorista parasse o carro por cinco minutos em frente à casa, antes de os portões serem abertos para entrarem. Precisava reestabelecer o fôlego e disfarçar o enjoo antes de se encontrar com Hiashi. Era inadmissível mostrar-se frágil justamente naquele momento.

Agradeceu a garrafa de água que o motorista lhe ofereceu ao notá-la levemente pálida e só permitiu que ele estacionasse dentro da propriedade quando sua cor voltou ao normal e o mal-estar passou. Assim que a porta do carro foi aberta e o pé pisou no solo, ouviu a porta da frente da casa ser aberta com violência.

— Vocês não sabem atender a porcaria do celular? — Hiashi gritou.

— Você não ligou para mim — ela respondeu, e era verdade, Hiashi havia tentado falar unicamente com Neji, não com ela. — O que te traz tão cedo à minha casa?

— Não se faça de sonsa, imagino que já tenha lido as notícias de hoje — ele cuspiu, ríspido, enquanto a acompanhava para dentro de casa.

— Sim, já li.

— E suponho que tenha preparado Neji para responder o que for preciso hoje.

— Neji sabe se virar sozinho, Hiashi — ela respondeu de forma branda. — O debate é só à uma hora. No momento, ele foi dar uma daquelas entrevistas na emissora que você recomendou, farão algo como um debate com o público às oito da manhã, então não acho que teremos problemas. São poucas as pessoas que leem jornal a essa hora da manhã. E, mesmo que perguntem a ele sobre a notícia que saiu, o maior alvo foi Orochimaru, não ele, não é muito difícil escapar desse tipo de questionamento.

— Vi que a jornalista conhece Sasuke Uchiha. Quando vi o nome na matéria, reconheci, ela estava na lista de pessoas próximas a ele — Hiashi falou, e Ten-Ten parou no meio da escada para olhá-lo.

— Achei que tivesse cuidado de tudo ontem. — Franziu o cenho, confusa.

— Não. Conclui uma parte ontem, a segunda será hoje ao meio dia e precisarei da sua ajuda.

— Minha ajuda? — ela estranhou, desconfiada. — Como?

— Teremos uma visita. Entenderá quando ela chegar. Quanto a Sakura, depois, no almoço, decidiremos o que fazer.

Ten-Ten estreitou o olhar à medida que Hiashi se distanciava com um sorriso... provocativo? Arrogante? Ele estava planejando algo; melhor, tinha planejado já. Estava um passo atrás dele, e isso nunca havia sido boa coisa.

Era sete e meia ainda. Usaria o tempo para pesquisar um pouco sobre Sakura e ver o tipo de relação que ela possuía com Sasuke. Não podia deixar falhas para Hiashi explorar, e era preferível ela mesma cuidar de Sakura antes que Hiashi começasse a tomar medidas mais extremas.

* * *

Sakura riu quando Itachi simplesmente negou um pedaço de pão para Pandora, fazendo a cachorra começar a cutucá-lo com a patinha enquanto o mirava com seu melhor olhar pidão. Entretanto, Itachi era o único da casa vacinado contra as manhas de Pandora e, assim, simplesmente acariciou-lhe a cabeça envolta pelo terrível "abajur" e a ignorou.

— Nem pense nisso — ele advertiu Sakura ao vê-la descer uma das mãos para debaixo da mesa.

Sakura revirou os olhos e soltou o pedaço de pão sobre a mesa, desculpando-se com a cachorra em seguida.

Sasuke voltou à cozinha naquele momento e, indiferente ao que se passava, atirou um generoso pedaço de pão no ar, à uma altura baixa para que Pandora não precisasse pular, e acariciou a cabeça dela quando a viu pegar o petisco de primeira. Sakura riu, e Itachi bufou antes de voltar a atenção para o próprio café da manhã.

— Pronta para assistir a Neji Hyuga na televisão? — Sakura brincou ao se levantar e ir para sala jogar-se no sofá.

— Aposto que não veremos nada demais, só um político de merda falando bosta — Sasuke resmungou ao se sentar.

Sakura riu e esperou o amigo terminar de se ajeitar para então deitar a cabeça no colo dele a despeito do olhar irritado que recebia.

— Vem logo, Itachi! — Sakura gritou.

— Um momento — Itachi pediu e caminhou pela casa com o celular no ouvido enquanto procurava um lugar mais silencioso para ouvir o que a outra pessoa falava.

Sasuke e Sakura permaneceram atentos. Itachi estava com uma expressão preocupada e olhou para o relógio duas vezes. Ele parecia incomodado, e Sasuke reconheceu aquela postura: trabalho. Viu-o desligar o celular e voltar para o quarto. Em quinze minutos, Itachi apareceu novamente na sala, calça branca, sapato branco, camisa clara por baixo do casaco e uma bolsa escura onde Sasuke sabia que estavam o estetoscópio e o esfigmomanômetro, no mínimo.

— Vou ter que sair — Itachi anunciou.

— O que houve? — Sasuke perguntou. Não era comum Itachi aceitar trabalho quando estava de férias.

— Matsuri precisa de um favor, e estamos devendo um a ela por aquele dia que Ten-Ten deu entrada no hospital, lembra?

— Que horas você volta? — Sakura indagou.

— Não sei. Pelo que entendi, são uns cinco pacientes, casos domiciliares. Se eu não voltar antes do meio dia, vão sem mim para o evento. Encontro vocês lá qualquer coisa.

Sasuke assentiu e Sakura esperou até que Itachi saísse para poder bater a mão no sofá e deixar Pandora deitar ao lado dela enquanto tirava o maldito "abajur" que ela utilizava.

— Prontinho, garota, vamos ver a merda que Neji Hyuga vai falar dessa vez.

* * *

Neji terminou a entrevista, satisfeito. Quando viu a luz de "ao vivo" se apagar, cumprimentou os âncoras da emissora com um sorriso educado e ajeitou o terno ao sair do estúdio de gravação. As perguntas haviam sido simples e apenas duas foram sobre a matéria de Sakura Haruno. Com sorte, conseguira responder de modo a não se incluir na política de Orochimaru nem dar a entender que possuía qualquer aliança com o partido de oposição.

O relógio do pulso indicava dez horas, poderia ir para casa e depois ao debate, contudo, só de saber por Ten-Ten que Hiashi o aguardava o fez desistir da ideia. Em vez disso, hesitou ao encarar a mensagem a outra mensagem em seu aparelho: Naruto. Massageou a nuca e refletiu por alguns segundos.

Saiu apressado da emissora e passou o endereço da cafeteria onde Naruto dissera que estaria. Mandou que o carro não esperasse na frente do estabelecimento e foi discreto ao entrar, verificando se não havia nenhum maldito jornalista por perto. Avistou Naruto sentado em uma mesa aos fundos e, ao lado, em outra mesa, reconheceu Hinata e Gaara, conversando enquanto tomavam tranquilamente um café.

— O que quer? — perguntou, impaciente, ao sentar-se em frente à Naruto.

— Bom dia, Neji — Naruto respondeu, irônico. — Foi tudo bem na emissora?

— Corte o papo furado, Naruto.

— Seu tio mandou meu contrato para a minha faculdade, além disso, ele mandou o de Hinata para a família dela e encomendou uma surra para Gaara, a mesma que ele tinha mandado para mim. Sabe o que isso significa? Pensei que você havia dito que seu tio não me faria nada.

— Antes ou depois de você levar aquele jornalista até Kiba? — Neji perguntou sarcástico.

— O quê? — Naruto perguntou, aturdido. — Eu não o levei até Kiba, ele já sabia!

Neji balançou a cabeça, descrente.

— Pare de se meter onde não é chamado e Hiashi não fará mais nada. É simples.

Naruto ficou sério, encarando Neji com decepção.

— Você vai se tornar igualzinho a ele, sabia? — comentou, baixo, desiludido, e Neji o encarou irritado.

— Não ouse me comparar a ele...

— Então desfaça o que ele fez. A minha faculdade é importante para mim, você sabe muito bem disso! E eu não quero ter que me transferir ou trancar o curso. Eu entrei e me mantive lá por mérito próprio, não é justo perder o curso porque aquela maldita diretora é conservadora.

Neji se levantou e passou a mão pelo cabelo enquanto soltava o ar pela boca.

— Mantenha-se fora dos meus assuntos. Vou resolver sua faculdade, mas é a última vez. Não vou mais interferir por você, então pare de se intrometer onde não deve.

— Fala como se me fizesse um favor quando sabe tão bem quanto eu que não é assim! — Naruto se levantou, os punhos cerrados enquanto encarava Neji com seriedade.

— Este assunto está encerrado, Naruto, bem como qualquer outro que tínhamos, entendeu?

— Espero que perceba que tipo de pessoa está se tornando antes que seja tarde, Neji.

— Sim, sim, claro — Neji ironizou ao dar-lhe as costas e andar para a saída do local.

Naruto suspirou e olhou para Hinata ao seu lado. Ela virou o celular da mesa e parou a gravação enquanto Gaara tamborilava os dedos no gesso do braço esquerdo.

— Ele não disse nada útil — Gaara reclamou.

— Ele não confia mais em mim, óbvio que não diria, eu disse que vir aqui seria perda de tempo — Naruto comentou, exasperado ao se sentar na mesa com os amigos.

— Não foi total perda de tempo — Hinata falou ao guardar o celular. — Pelo menos, ele, além de deixar claro que vocês dois não vão mais se encontrar, vai ao menos resolver a sua faculdade.

— O que é contraditório. Se Hiashi fez isso para manter Naruto longe, por que Neji vai resolver?

— Porque Neji não concorda com Hiashi em muitas coisas, Gaara — Naruto respondeu. — Provavelmente, ele nem sabia das últimas decisões de Hiashi. Sim, eu sei, ele sabia que o tio iria fazer algo, mas não o que.

— E isso faz diferença? — Gaara debochou ao mostrar o braço.

— Mostra que Neji tem o mínimo de bom senso — Hinata comentou. — Mas concordo com Gaara, Naruto. O fato de ele estar fazendo isso por você não tira a culpa dele, só mostra que um dia ele se importou com você a ponto de não te querer mal, só isso.

— Eu sei. Enfim, vamos sair daqui. Sasuke disse que passaria em casa às onze e acho que vamos nos atrasar se não sairmos agora.

Hinata se levantou e foi ao caixa para pagar a comanda enquanto eles caminhavam já para fora do estabelecimento para ligar o carro.

Naruto deu as chaves para Gaara e sentou-se no banco de trás, sozinho. Saber que seus assuntos com Neji estavam acabados era um alívio, mas não desaparecia com a decepção pelo caminho escolhido pelo político. Esperava que Neji pudesse abrir os olhos, redimir-se pelo que havia feito... Utópico. Tinha que admitir, Hinata estava certa, ele era mesmo ingênuo demais.

* * *

Itachi sorriu para Matsuri quando saíram da quarta casa. O médico que devia acompanhar a enfermeira havia sido chamado para um congresso e, por isso, não podia a acompanhar nas consultas daquele dia.

— Meu Deus, já é quase meio dia — ela falou ao seu lado, espantada, e Itachi disfarçou o fato de já ter percebido há mais de uma hora a pressa dela. Também, não havia como não perceber uma vez que ela olhava para o pulso a cada dez minutos.

— Você tem algum compromisso? — perguntou para ser educado.

— Preciso buscar minha sobrinha na creche — ela falou, envergonhada.

— Pode ir. Eu faço a última consulta sozinho, não se preocupe — respondeu, solícito, embora se perguntasse por que ela não havia deixado outra pessoa para buscar a sobrinha se sabia que estaria trabalhando. Odiava quando as pessoas não tinham responsabilidade.

— Obrigada — ela respondeu. — Vou te deixar na casa, tudo bem? Você pode voltar de táxi?

Itachi entrou no carro e colocou o cinto enquanto respondia que sim. Matsuri batia os dedos no volante e dirigia de forma distraída, dava até mesmo vontade de assumir o volante, contudo, achou que ela se ofenderia caso se oferecesse.

— Não posso parar na frente da casa, vou ter que te deixar perto. Mas não se preocupe, vai ter gente já esperando.

Itachi suspirou audivelmente. Pessoas ricas e suas manias esquisitas... Assim que Matsuri parou o carro, ele avistou dois seguranças que o levariam até a casa. Cumprimentou-os educadamente e estranhou ao ver Matsuri partir sem nem ao menos se despedir. Caminharam até a casa que ficava próxima dali. Ela era bem parecida com as duas últimas, grande, bela, com uma arquitetura típica de quem tem dinheiro e quer mostrar isso aos vizinhos. Os seguranças entraram com ele e o deixaram no hall enquanto um dos empregados saía para avisar que havia chegado.

Enviou uma mensagem para Sasuke, desculpando-se por não conseguir chegar a tempo do evento. Droga, queria estar lá, principalmente para evitar que Sasuke fizesse algo precipitado...

Guardou o celular e ajeitou a postura ao ouvir o barulho de passos.

O choque em seu rosto com certeza foi mais escondido e discreto que o de Ten-Ten, que olhou para Hiashi ao seu lado certamente em busca de respostas. Itachi engoliu em seco. Aquilo não era coincidência, estava ali por ser irmão de Sasuke, Matsuri o havia levado ali propositalmente, o sorriso no rosto de Hiashi não negava aquilo.

— Ten-Ten, minha querida, este é Itachi, um médico muito recomendado por uma das enfermeiras que cuidou de você no hospital, lembra-se? — Hiashi falou ao se aproximar.

— Um médico, Hiashi? Mas eu já estou bem, esqueceu-se? — ela perguntou, tentando disfarçar o incômodo.

— Sim, mas cuidado com a família nunca é demais — Hiashi respondeu, e Itachi percebeu a mentira do mesmo modo como notou que Ten-Ten apertava o tecido do vestido discretamente. Ela não estava nada feliz de vê-lo ali. Por quê? — Itachi Uchiha, estou certo? — Hiashi estendeu a mão para cumprimentá-lo.

Ten-Ten arregalou ainda mais os olhos, e Itachi estendeu a mão enquanto tentava entender o que se passava ali. Ela fez o mesmo, cumprimentando-o educadamente com um sorriso vacilante e a mão gelada.

— Pronto, vamos para a sala? Assim, creio que Itachi poderá te examinar melhor, Ten-Ten.

— Claro. — Ela apontou o caminho. — Por aqui, Itachi...

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