Uma década em uma noite [COM...

By LauraaMachado

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A última coisa da qual Bridget se lembra é do colegial. Minutos contados para que pudesse voltar para casa co... More

Projeto 1989
Prólogo
Capítulo 1 - Uma Década em uma Noite
Capítulo 2 - Coisinha Brilhante
Capítulo 3 - Voltando para Casa
Capítulo 4 - De Dezesseis a Vinte e Seis
Capítulo 5 - Ossos do Ofício
Capítulo 6 - Entre Tropeços
Capítulo 7 - Por Trás de Portas e Secretárias Eletrônicas
Capítulo 8 - Um Café e um Sorriso
Capítulo 9 - Trilha Sonora
Capítulo 11 - Costa Oeste
Capítulo 12 - Segredos Acidentais
Capítulo 13 - Vestido de Noiva
Capítulo 14 - Um Novo Caminho
Capítulo 15 - Fora de Risco
Epílogo
Personagens
Playlist da Bridget e do Thomas
Agradecimentos

Capítulo 10 - No Topo do Mundo

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By LauraaMachado

Baby, like we stood a chance
Two paper airplanes flying

Capítulo 10
No Topo do Mundo

Nunca entendi a diferença entre estar apaixonado por alguém e o amar de verdade. Sempre vi em filmes fazerem essa distinção, principalmente nas comédias românticas dos anos noventa, deixando entender sempre que estar apaixonado é menos, menos intenso, menos determinante.

Pois eu tinha certeza absoluta de que estava completamente apaixonada por Thomas e não havia nada de pouco intenso e determinante nisso. Pelo contrário, a cada andar que o elevador ia subindo, sentia mais a impressão de que estava caindo, de que estava a um passo de flutuar, de que minha vida nunca mais seria a mesma.

Como poderiam dizer que estar apaixonado não significava tanto assim?

Tirei seu bilhete do bolso, passando os olhos e os dedos outra vez por ele, o imaginando escrevendo naquela manhã e depois, como tinha escrito que faria, pulando a janela para que minha mãe não descobrisse que ele estava ali. Até ri sozinha outra vez, ainda que só tivesse visto a cena em minha mente. Como ele conseguia me fazer sentir como uma garotinha? E, ao mesmo tempo, uma mulher?

Tinha sido assim a noite inteira, mesmo quando nós fizemos uma pequena pausa entre música e amassos para comer, ele conseguia me fazer sentir como a mulher mais adulta e incrível do mundo e, ao menor dos olhares roubados, uma garotinha que tinha acabado de descobrir o que era felicidade.

Queria tê-lo visto de manhã, ter acordado com o barulho da minha mãe antes dele. Mas agora só estava ainda mais ansiosa para o encontrar de novo. Assim que o elevador chegou ao meu andar, senti o frio na minha barriga outra vez, enquanto guardava seu bilhete e revia meu plano em minha cabeça. Entraria em casa, tomaria banho e sairia para o hospital. Com alguma sorte, já que já passava dá uma da tarde, ele estaria lá. E, quem sabe, eu conseguiria ver em seus olhos a resposta para a pergunta que conseguia me arrepiar inteira, fosse de medo ou esperança:

Ele estava apaixonado por mim também?

Praticamente corri para abrir a porta do apartamento, torcendo para Max não estar por lá. Não sabia ainda o que faria em relação a ele e não queria decidir antes de ver Thomas de novo e descobrir o que a noite de ontem tinha significado para ele. Mas, quando entrei, percebi que minha apreensão deveria estar direcionada a outra pessoa.

"Aí está você!" Stacy, namorada de Adrian, exclamou, enquanto batia seus saltos no chão e vinha até mim. "Não me diga que você se esqueceu de nosso almoço?!"

Eu não tinha nada contra ela. Sem contar com o fato de que estava disposta a se relacionar com um cara que ainda nem estava divorciado - coisa que eu estava longe de poder julgar, principalmente agora, - ela era bastante inteligente, tinha sua própria empresa de cosméticos e entendia bem mais sobre economia do que alguém apostaria só pela sua aparência, bem mais do que eu. Mas ela estava desesperada demais para ser minha amiga, como se isso fosse provar que ela estava mesmo com Adrian, e, quando tinha marcado o almoço no outro sábado, eu só aceitei para que parasse de insistir.

E ainda fiz questão de me esquecer completamente durante a semana.

"Não, claro que não," menti.

Ela jogou seu cabelo ruivo por cima do ombro e fez um gesto com a mão que para que eu acelerasse. "Vamos, troque de roupa que nossa reserva é para daqui dez minutos."

Deixei minha bolsa no sofá, completamente contrariada. Não queria por nada desistir de meu plano de ir encontrar Thomas, mas sabia que teria que adiá-lo, nem que fosse só para não ter que ouvir a voz aguda dela insistindo outra vez naquele almoço.

"Onde nós vamos mesmo?"



O elevador chegava ao andar número oitenta, e meu estômago embrulhava. Nunca diria que tinha medo de altura, mas tampouco me afastava tanto assim do chão.

"Achava que nós iríamos almoçar," falei, me encostando no fundo para ter um pouco mais de estabilidade.

"Nós vamos," Stacy respondeu.

"Então o que nós estamos fazendo aqui?" Meus olhos viraram na direção do número que continuava subindo. Andar 92, 93, 94.

Ai, meu deus. Quantos andares o Empire State tinha mesmo? Quando isso ia parar?

"Oras," Stacy enrolou seu braço em volta do meu, "eu estava pensando e percebi que você deve ter se esquecido de um dos melhores momentos da sua vida," falava, enquanto eu só conseguia olhar para o número e implorar para que ele parasse de crescer, "que foi, é cla-aro, quando nós nos conhecemos aqui em cima. Eu e Adrian encontramos você e Max para vermos a vista. Precisamos reviver esse momento."

Me ocorreu lhe perguntar se eu passei mal e vomitei em seu vestido da última vez como provavelmente faria nessa, mas meus pensamentos foram interrompidos quando senti o elevador parar.

Não sabia se ficava feliz ou não. Por um lado, não subiríamos nem um pouco mais. Por outro, só conseguia pensar na altura do buraco que estava abaixo de nós, ou seja, o prédio inteiro.

Cambaleei para fora, para a segurança, o mais rápido possível, batalhando por espaço com turistas. De todos ali, só Stacy e eu não carregávamos máquinas fotográficas ou mapas. Sempre tinha querido ser um deles, mas, naquele exato momento, queria estar no térreo. Precisava de tempo para me preparar para esse tipo de coisa, e Stacy não tinha me dado nenhum. Além disso, nós tínhamos conseguido pular todas as filas e, ao invés de irmos ver a vista do 86° andar, ela tinha feito questão de pararmos no último, o 102°.

"Não é lindo?" Ouvi a voz de Stacy, enquanto recuperava meu fôlego, apesar de estarmos ainda dentro da sala na qual os elevadores davam.

Está tudo bem, falei para mim mesma. Milhares de pessoas iam ali todos os dias, milhares de turistas, e nenhum caía.

Quer dizer, eu achava que não caíam. Será que alguém já tinha caído?

O observatório era pequeno e, apesar de termos conseguido pular as filas - provavelmente só por sermos namoradas de jogadores, - ainda estava bastante apertado lá. Ainda tinha turistas para todos os lados, fazendo ser impossível andar direito.

"Venha, dá para ver Manhattan toda aqui," Stacy pegou em minha mão e me puxou até que pudesse enrolar de novo seu braço em volta do meu e garantir que eu a seguiria para a área do observatório lá fora.

Assim que vi um espaço na beirada sendo liberado, me apressei para tomá-lo. "Tá, vamos ver isso logo," falei, presa entre uma mistura de medo e animação ao ver só um pequeno pedaço da vista entre turistas.

"Não!" Stacy me puxou de volta, e eu perdi meu lugar para um cara de boné, que deve ter vindo do norte da Europa, se fosse julgar pela brancura de seus braços. "Vamos mais para lá."

"Mais para lá não vai ter espaço," reclamei. "Pelo menos nós viemos antes de comer," continuei baixinho, só para mim mesma, enquanto nós virávamos para uma nova área do observatório e eu tentava controlar meu enjoo.

Para minha surpresa, Max estava ali, olhando na nossa direção, esperando por nós. Na hora, só pensei que era para reviver o tal momento do qual Stacy tinha falado e já até esperava ver Adrian. Mas então ele se abaixou em um joelho só.

E meu coração despencou dentro de mim.

"Bridget Marie Thorne," ele abriu o maior sorriso do mundo, tirando do bolso uma pequena caixinha.

Foi só então que eu percebi que, de todos os lugares apertados daquele observatório, nós estávamos em um estranhamente aberto e que todos os turistas em volta se viraram na nossa direção, cada um segurando uma plaquinha com uma letra, formando a frase: quer casar comigo?

Todos sorriam. Todos. Enquanto eu me sentia ainda mais enjoada que antes, eles sorriam, achando aquilo a coisa mais linda do mundo, a mais romântica. Um pedido de casamento no topo do Empire State, no minúsculo espaço batalhado entre turistas, conseguindo estranhos para ajudá-lo. Max realmente era um campeão nessas coisas. E eu continuava sentindo que estava prestes a passar mal.

Ele abriu a caixinha, respondendo a minha pergunta do que tinha pensado e feito quando viu que eu tinha deixado a aliança para trás.

"Obrigado por ter me dado a honra de te conhecer e te conquistar, duas vezes," ele já vinha falando desde que tinha se ajoelhado, mas eu tinha bloqueado suas palavras. Só o ouvi mesmo quando voltei a focar em seu rosto. "Não é a primeira vez que peço, mas eu realmente preciso saber se você aceita se casar comigo," seus olhos estavam cheios de expectativa, cheios de esperança.

Talvez, se não fosse por isso, eu simplesmente teria gritado NÃO! Sentia que tudo em mim deixava bem claro que eu estava cada vez mais distante dele, cada vez mais distante daquele casamento. Nem que o Thomas não fosse um fator, nem que eu não soubesse ou não estivesse completamente apaixonada por ele, o que Max esperava de mim? Que com um final de semana já tivesse me conquistado o suficiente para que eu aceitasse me casar com ele? Que minha falta de lembranças não importava? Que todo o resto da minha vida, todo o resto que eu devia a ele seria o bastante para eu dizer SIM?

"Eu," comecei, sentindo minha cabeça rodar. Me estiquei para apoiar na parede. "Você, Max," eu respirava fundo, mas o ar parecia rarefeito demais para fazer qualquer diferença dentro de mim. Pisquei fundo os olhos, torcendo para tudo ter desaparecido quando eu os abrisse outra vez.

Mas não. Eles ainda estavam lá, os turistas segurando as placas, Max ajoelhado no chão. Todos esperando minha resposta, ou qualquer reação.

"Você é maravilhoso," falei, soando bem menos como uma recusa do que eu queria. Mas minha tontura parecia aumentar a cada segundo, me obrigando a apoiar também em Stacy.

"Você está legal?" Eu a ouvi perguntar, mas tinha meus olhos fechados.

"Sim, só," tentava raciocinar em vão, "foi inesperado." Completei, me virei para olhar para Max. "Me dá dois segundos para recuperar meu fôlego?" Consegui sorrir e, ainda que ele se levantasse, não protestou.

E eu saí dali. Me espremi entre turistas que não estavam participando, deixei que Stacy me seguisse, mas saí dali, voltei para a área dos elevadores.

Meu plano era só ficar ali dentro por alguns minutos para formular uma resposta que fizesse sentido. Aquilo era cedo demais. Precisava de um pouco mais de tempo, talvez um lugar mais próximo do chão em cima do qual me decidir. Max era maravilhoso, só não oportuno. E, apesar de que eu ainda não tinha nenhuma intenção de realmente deixá-lo para trás, quando vi que o elevador que levaria um grupo de pessoas de volta para o térreo estava prestes a sair, antes que tivesse tempo de considerar minha decisão, entrei nele.

A última coisa que vi antes das portas fecharem foi o rosto confuso e indignado de Stacy.



Era rápido demais. Será que ele não entendia isso? Só fazia três semanas que eu tinha acordado em um hospital sem nem me lembrar de um segundo que tinha passado do lado dele em que tinha sido feliz. Três semanas atrás, eu o odiava, queria que deixasse de existir, ou que pelo menos eu tivesse me tornado invisível para ele. Não importava quantos anos nós tivéssemos namorado nessa última década, eu só conseguia me lembrar dessas últimas semanas. Era rápido demais. Será que ele não podia esperar mais um mês? Ou dois? Ou só até eu descobrir se Thomas também gostava de mim?

Ele não entendia. Minha mãe não entendia. Meu pai não atendia meu telefone. Savanah estava ocupada demais em um jantar na casa de Melissa Lockwood para falar comigo agora. Mas ela também não entenderia, não quando eu nem sabia se podia lhe contar sobre Thomas. E quem mais eu tinha na minha vida? Quem mais saberia me dizer o que fazer? Quem conseguiria me fazer encarar a realidade e tomar uma atitude?

"Última chamada para o voo 4307 com destino a São Francisco," ouvi avisarem enquanto eu terminava de passar pelo detector de metais.

Só ela entenderia. Eu precisava de Leanne e não deixaria que ela me ignorasse agora.

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