Fools in love

By montgomry

101K 2.1K 1.1K

Do you think things would have been different if you had kids? (Meredith) * * * Após entrar em casa em um dia... More

Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capitulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48

Capítulo 1

4.9K 121 30
By montgomry

Mark Sloan atravessou a porta de um dos centros cirúrgicos do Hospital Mount Sinai para encontrar com o melhor amigo de pé cercado por uma equipe de médicos que observavam enquanto ele estava concentrado em frente a um cérebro exposto. Rapidamente tirou a touca cirúrgica do bolso do uniforme verde escuro e colocou sobre os seus cabelos, para que não corresse o risco de contaminar o ambiente esterilizado; em seguida puxou uma das máscaras brancas próximas a porta e adentrou a sala de cirurgias.

- Derek, o que é aquele recado que você deixou com a minha secretária? _ perguntou colocando a máscara em frente ao seu rosto sem realmente colocá-la.

Tinha planos para aquela noite e não acreditava que o melhor amigo estava prestes a acabar com eles.

- Você não precisa passar a noite inteira com ela _ Derek explicou sem tirar os olhos do trabalho _ Só fica lá até a Addison chegar em casa.

Ele sabia que já era noite e que àquele minuto deveria estar trocando de roupa para encontrar com a sua filha de cinco anos de idade, que já deveria está sentada ao lado da babá em uma das cadeiras de esperas do hospital. Mas naquele dia, novamente tudo tinha saído fora do planejado e ele teria que, mais uma vez, quebrar a promessa que tinha feito a sua filha de levá-la pra casa e passar mais tempo com ela. O que nos últimos tempos não havia sido possível. No entanto ele tinha a Mark, seu melhor amigo, e, para a sua sorte, Mark adorava crianças muito mais do que adorava mulheres.

- Eu tinha planos para essa noite que não incluíam chás de princesas ou qualquer coisa que sua filha goste de fazer _ o rapaz reclamou.

- Você é o padrinho dela e... Você sabe que não é difícil cuidar dela. Você só precisa dar alguma coisa pra ela comer, depois colocar ela na cama _ Derek respondeu _ Eu tenho certeza que a Addison vai chegar em casa antes de ela ir pra cama, pode ficar tranquilo.

- Eu não quero, ok?!

- Qual é o problema, Mark? Ela fez algumas coisas nas outras vezes que você cuidou dela?

- Não é isso...

- É o quê então?

Mark ficou em silêncio.

- Nada... Só que você tem que ficar com ela. Ela é a sua filha.

- Ela disse alguma coisa pra você _ Derek afirmou tirando os olhos do cérebro do paciente para olhar para o amigo.

Conhecia a filha que tinha. Sabia que na maioria das vezes Katie não tinha filtro para falar o que pensava. Exatamente como Amelia. Mas o que ela poderia ter dito para deixar Mark desconfortável? Ele não era o tipo de pessoa que ficava desconfortável.

- O que ela disse?!

- Ela não disse nada, ela é um amor... É só que... Você tem que arranjar mais tempo para a sua família.

- Lição de moral agora não... Você vai ficar com ela?

- Derek, eu acho melhor não. Você quer que eu procure alguém para substituir você? Eu posso...

- Porque você não quer ficar com a minha filha? O que tem de errado com ela? _ o neurocirurgião perguntou, sabendo que, mesmo disfarçadamente, a equipe prestava atenção na conversa e ele não gostava daquilo.

- Não é a Katie, eu já disse...

- É o quê então?!

"É a sua mulher..." Mark respondeu mentalmente. Derek continuou esperando a resposta.

- Ok. Eu vou levar ela pra casa _ ele respondeu, antes que Derek desconfiasse de algo.

Mark nunca foi bom em mentir pra ele.

- Mas essa a última vez que eu vou fazer isso _ afirmou _ Você tem que arranjar mais tempo para sua família.

- Ok, Mark. Vou seguir o seu conselho... Vai rápido porque ela já deve estar aí.

Mark saiu do centro cirúrgico jogando a máscara em um cesto de lixo e reclamando mentalmente por, mais uma vez, não ter conseguido dizer não ao melhor amigo. Ele trocou o uniforme em um instante e se dirigiu para o hall principal, onde sabia que encontraria a menininha de cabelos escuros e pele clara sentada ao lado da moça loira de cabelos ondulados. Tinha que confessar que era uma moça bonita e interessante, mas dessa vez tinha que se comportar respeitosamente.

- Tio Mark! _ a menina exclamou assim que o viu.

Ela levantou e pulou no colo dele.

Mark não tinha filhos, por isso era muito apegado a filha de seu melhor amigo. Já que Derek era como um irmão, ele realmente considerava que Katie fosse sua sobrinha. Rodou a menina no ar, em seguida colocou-a no chão.

- Como você está?! _ perguntou.

- Estou bem. Estou esperando o meu pai.

- Ih! Seu pai está vestido de super cirurgião, na sala de cirurgias, salvando a vida do papai de alguém.

- Ele vai demorar? _ a menina perguntou.

- Eu vou levar você pra casa, macaquinha _ Mark respondeu sabendo que ia desapontá-la.

- De novo? Mas meu pai tinha prometido...

- Eu sei, macaquinha, mas... Você sabe como é, não sabe? _ ele perguntou ajeitando alguns fios de cabelos atrás da orelha dela _ Ele logo vai está em casa e a sua mãe também. Vamos lá?

- Você falou com a minha mãe?

- Não. Ainda não falei com ela hoje, mas o seu pai disse que ela vai chegar cedo.

Katie assentiu e se despediu da babá para seguir com o padrinho. Não tinha saída. Mark levou-a em seu colo até seu carro, em seguida dirigiu para a Brownstone em que os amigos moravam em Manhattan. Era próximo ao hospital, então eles não demoraram a chegar. Ele abriu a porta da frente com as chaves de Katie e eles entraram.

Para todos parecia impensável que uma menina de cinco anos tivesse todas as chaves de casa, mas para Katie aquilo era parte de sua vida desde que se entendia por gente. Seus pais eram grandes cirurgiões, quase sem tempo pra nada, era mais que normal que ela tivesse um pouco mais de responsabilidades consigo mesma do quê seus coleguinhas de escola. Carregava as chaves de casa para voltar pra lá com a babá caso precisasse, mas na maioria das vezes a babá a entregava para Addison ou Derek em no hospital ao fim do turno deles. Era a forma mais eficiente que Derek havia sugerido para mantê-la ocupada e com a mente sempre em atividade. Segundo o pensamento dele, ela era inteligente demais para ficar em casa apenas assistindo TV e esperando que eles chegassem, deveria ficar em um ambiente educacional, uma creche depois da escola. Addison achava que era demais, mas o marido era o cara que entende de cérebros e Katie tinha um cérebro especial.

Mark ligou a luz da sala e tirou o seu casaco pendurando-o no cabide, enquanto Katie sentava-se no sofá, deixando sua mochila de lado. Ela logo pegou o controle e ligou a TV.

- O que você acha de a gente pedir uma pizza? _ ele perguntou sentando ao lado dela.

- A gente pode?

- Não sei... Porque não poderia?

- Mamãe diz que faz mal pra saúde comer pizza antes de dormir. Ela está errada?

- Não, macaquinha. Sua mãe não está errada, mas eu tenho certeza que você come bem todos os dias, então jantar pizza uma vez na vida não pode matar você, pode?!

Katie riu fazendo uma negativa com a cabeça.

- Vamos lá pedir uma pizza _ Mark disse animado tirando o celular do bolso _ De qual sabor você prefere?

A menina não respondeu, apenas continuou lançando ao tio um olhar triste, que fazia com que o coração dele se quebrasse em pedaços.

- Vamos lá, macaquinha! Eu sei que você preferia que seu pai estivesse aqui com você no meu lugar, mas você sabe... Eu posso substituir seu pai nisso, mas não no centro cirúrgico.

- Mas ele tinha prometido...

- Sim, ele tinha prometido por ele, não pela pessoa que está precisando dele. Ele não planejou isso. Ele queria muito estar aqui com você. Coloca um sorriso nesse rosto porque eu vou pedir a nossa pizza que vai ser de...?

- Queijo!

- Isso! _ Mark exclamou estendendo a mão para ela bater.

Katie bateu, mas ainda ficou triste assistindo TV enquanto Mark falava ao telefone pedindo a pizza. Depois que ele deixou o aparelho de lado, pediu a ajuda da menina para levar o que eles precisavam para comer na sala. É claro que ele realmente não precisava da ajuda dela para pegar dois copos e dois pares de guardanapos para esperar pela pizza, mas ele precisava distraí-la com alguma coisa.

- Tio Mark, você vai trabalhar amanhã?

- Amanhã é sábado. Tio Mark não trabalha no sábado, macaquinha. Por quê? _ ele perguntou.

- Você pode ir comigo ao Central Park?

- E porque você não vai com o seu pai e a sua mãe?

- Porque eu não sei se eles vão querer... Quer dizer, eu não sei se o meu pai vai querer. Se ele não for pro hospital, talvez ele queira ficar em casa, porque vai está cansado.

- Vamos fazer assim: você insiste muito com o seu pai. Ai se não tiver mais jeito mesmo, eu venho buscar você. Ok?!

A menina assentiu sorrindo. Em seguida surpreendeu Mark com um abraço.

- Eu te amo, tio Mark.

- Eu também te amo, macaquinha.

Eles logo ouviram o som da campainha e Mark correu até a porta para pegar a pizza, que colocou ao meio da mesa de centro para que eles pudesses comer a vontade. Katie se divertia enquanto Mark sujava seu rosto de molho e fazia caretas para que ele fotografasse com o celular.

Ainda que não tivesse planejado que aquela noite terminasse daquela maneira, Mark se divertiu com Katie e por um momento se sentiu privilegiado por aquele momento. Poucas vezes em sua vida se sentiu em vantagem a Derek, mas agora poderia dizer que se sentia em vantagem por viver com a filha dele momentos que ele deveria viver. Não que Derek fosse um péssimo pai, todos sabiam o quanto ele amava a filha e o quanto ele sempre foi dedicado a ela, mas estava em um momento difícil da carreira. Por algum motivo, nos últimos 2 anos ele tem se dedicado ao trabalho mais do que costumava.

Naquele dia não demorou muito para que Katie sentisse o cansaço abatendo seu corpo. Mark ajudou com o pijama e embrulhou-a na cama depois de dar um beijo na sua testa. A menina olhou nos olhos azuis do padrinho e sorriu antes de bocejar.

- Está morrendo de sono... _ Mark comentou.

- Tio Mark, se você quiser ir pra sua casa depois que eu dormir, você pode. A mamãe vai chegar daqui a pouco.

Mark sorriu e acariciou os cabelos negros da afilhada.

- Dorme despreocupada, macaquinha. Tio Mark jamais deixaria você sozinha em casa.

Ele ficou ali até que percebesse que ela já tinha dormido. Então desceu para limpar a bagunça que eles tinham feito na sala. Estava colocando os guardanapos de papel sujos dentro da caixa redonda de pizza, quando ouviu a chave mexendo do lado de fora para abrir a porta, em seguida a maçaneta girando. Ele parou o que estava fazendo para ver Addison e Derek chegando em casa, mas apenas Addison atravessou a porta, com um semblante cansado, descendo dos sapatos de salto que ela nunca deixava de usar. Ela deixou a bolsa e o casaco de lado em cima de um móvel e sentiu um arrepio ao encontrar com Mark em pé na sua sala, onde supostamente ela esperava que Derek estivesse.

- Mark?!

- Oi, Addie.

- Derek está lá em cima com Katie? _ ela perguntou.

- Não... Ele ainda não chegou.

"É óbvio que ainda não chegou" Addison imaginou antes de engolir em seco. Aquilo já era quase rotina.

- Mas ele disse que ia trazer ela pra casa hoje...

- Ele ficou preso em uma cirurgia, então eu trouxe ela pra casa. Ela está dormindo.

- Se ele tivesse me avisando que não ia poder vim, eu teria dado um jeito de sair mais cedo do trabalho.

- Acho que não estava nos planos dele.

Nunca estava, mas Addison assentiu, tão decepcionada quando a filha pela ausência do marido. Mark percebeu e internamente lamentou por aquilo. Odiava ter que presenciar o sofrimento pelo qual a família do melhor amigo tinha que passar por causa do descaso dele. Ele e Addison nunca foram amigos próximos. Pra ela, ele sempre foi o melhor amigo do seu marido que, querendo ou não, ela teria que aguentar todos os finais de semana na sala de sua casa. Isso acontecia desde a época de faculdade, quando ela e Derek eram apenas namorados e Mark aparecia nos lugares onde eles estavam para falar sobre partidas de futebol, corridas de carros, campeonato do Yankees ou qualquer coisa que ela não tinha o menor interesse. Mas apesar de, na maior parte do tempo, Addison ter atribuído a ele a imagem de mulherengo, irresponsável e insensível, nos últimos meses ela tinha descoberto um novo lado de Mark. O lado que, por mais incrível que pudesse parecer, ela queria que Derek tivesse.

A proximidade com Mark começou depois que se tornaram frequentes os pedidos que Derek fazia para que o amigo o substituísse em algumas atividades com Katie, em seguida na família, até chegar ao ponto de mandá-lo em compromissos que ele tinha com ela. Mark era um homem charmoso, inteligente, bem-humorado, que cuidava de Katie quando Derek não podia cuidar, que segurava suas mãos quando Derek não podia segurar nada além de um bisturi, que conversava com ela sobre todos os assuntos e fazia com que ela se sentia à vontade, ouvida e atendida. Quando conversava com ele, ela não se perguntava se estava incomodando, não precisava medir suas palavras ou se preocupar se ele queria ou não conversar sobre aquele assunto. Na maioria das vezes era ele quem puxava o assunto. Era pedir demais desejar que ela não confundisse todas as cantadas que ele costumava dizer para todas as mulheres, os olhares, a atenção, e tomasse aquilo como verdade em um momento em que ela estava tão carente. Seria demais também pedir a Mark que não prestasse atenção que a mulher que o amigo não valorizava, era uma das mais bonitas que ele já viu na vida. Nunca pensou em ter com alguém o tipo de relação que eles tinham, mas também nunca negou que acreditava desde o início que Addison era demais pra Derek.

Certa vez aconteceu um beijo e eles prometeram que aquele momento seria esquecido pra sempre. Desde então um elefante gigante de culpa tomava conta de todo lugar que os dois estavam juntos. Então naquele momento não seria diferente. Eles estavam de frente um pro outro, se olhando, sem saber o que dizer. Ele, obviamente, estava com pena dela por Derek ter vacilado mais uma vez, mas se sentia um pouco desconfortável em ver como ela tentava disfarçar aquilo.

- Eu... Eu estou limpando aqui a bagunça que a gente fez _ comentou _ Vou pra casa assim que terminar.

- Ok... Eu vou tomar um banho... _ se interrompeu assim que percebeu que havia falado algo que não devia.

Então engoliu em seco.

- Eu quero dizer... Eu vou subir. Bate a porta quando você sair, que depois eu desço pra trancar.

Mark concordou, Addison pegou os sapatos no chão e subiu as escadas. Assim que ela entrou em seu quarto, largou o sapato no chão e encostou-se contra a porta fechando os olhos. Não conseguia acreditar que Derek tinha descumprido mais uma promessa e lhe colocado novamente naquela situação. Ela andou até o banheiro e logo tirou a roupa para entrar embaixo do chuveiro. Ficou parada por alguns, com os braços e ombros relaxados, sentindo a água quente descer pela sua cabeça, tentando esquecer todos os seus problemas ou não pensar em qualquer coisa relacionada ao trabalho, mas quando fechou os olhos para tentar relaxar mais um pouco, lembrou de Mark e do primeiro e único beijo que eles tiveram.

"Ela ficou sem reação em sentir a respiração quente de Mark cada vez mais próxima ao seu rosto. Àquela altura não tinha mais noção se era ela que estava se aproximando dele ou ele dela, apenas sentia os olhos azuis cada vez mais perto; em seguida viu os olhos se fechando e os lábios macios sugando os seus, fazendo com que ela não resistisse e fechasse seus olhos também. O beijo durou alguns segundos, que poderiam ser uma eternidade ao contar pelo quanto ela se perdeu em sentir a língua dele acariciando a sua de forma diferente. Diferente não só da de Derek, a qual ela estava acostumava a sentir há mais de 11 anos, mas também da forma como ele estava a beijado, com uma mão acariciando seu pescoço de forma carinhosa, querendo que ela sentisse algo além do desejo. Um gesto de delicadeza que há tempos ela não sentia vindo de Derek. Ela tinha consciência que estava se perdendo e antes que aquilo acontecesse, ela afastou os lábios dele, exibindo um semblante assustado, torcendo para que tudo aquilo fosse um pesadelo.

- Isso não deveria ter acontecido _ ela disse.

- Desculpa, Addie...

- Não... Fui eu... Desculpa.

- Não foi você. Fui eu. Desculpa.

Ela fez uma negativa com a cabeça, ainda confusa.

- Eu não sei o que está acontecendo... Eu só... Estou chateada com Derek. Ele disse que estaria aqui, a Katie está chateada com ele de novo... Desculpa, Mark.

- Vamos esquecer que isso aconteceu, ok?! _ ele sugeriu segurando as mãos dela tentando acalmá-la.

Addison respirou fundo algumas vezes, acalmando-se com aquele gesto, mas logo percebeu que tinha se não deveria e puxou a mão para evitar o contato com ele.

- Volta pra casa, Mark. Por favor. Eu preciso ficar sozinha.

Ele assentiu, acariciando o ombro dela e levantou-se para sair. Addison respirou como que aliviada quando ouviu a porta da sala fechando e jogou o corpo contra o sofá para relaxar; olhou pro teto e mais uma vez se perguntou o que estava acontecendo com ela. Então sentiu alguém sentando ao seu lado no sofá e rapidamente se voltou para ver de quem se tratava. Sentiu pânico em pensar que Katie estava acordada e pudesse ver o que acabara de acontecer entre ela e o melhor amigo de seu pai, mas era Amelia quem estava ali. Ela lhe olhava como se tivesse com pena, como se pudesse ler toda a confusão que se passava em sua cabeça e dissesse: "Você não precisa se sentir culpada por nada" e aquilo assustou Addison. Ela lembrou que apenas recordava da porta se fechando quando Mark saiu, mas não lembrava da porta se abrindo para Amelia entrar, então lançou a cunhada um olhar de curiosidade.

- Addie, está tudo bem _ a garota respondeu _ Eu não vou contar pra ninguém.

Addison sentiu-se arrepiar e naquele momento teve certeza que seu rosto estava corado. Aproximou o corpo da cunhada e abraçou-a. De todas as quatro irmãs do seu marido, Amelia sempre foi aquela com quem mais teve intimidade, por mais que ela fosse a mais nova, por mais que Nancy fosse ginecologista como ela e as outras duas estarem sempre presentes em sua casa.

- O que eu fiz? _ ela se perguntou em um sussurro.

- O Derek não estava aqui... O Mark estava _ Amelia respondeu acariciando os cabelos vermelhos da cunhada que chorava baixinho em seu ombro _ Ele estava aqui... Só isso."

Addison abriu os olhos. Nunca se perdoou por aquele dia. Nunca soube ser como Amelia para diminuir seus erros ao ponto de torná-los insignificante. No dia do ocorrido foi difícil dormir ao lado de Derek, ainda que ele dormisse de costas pra ela desmaiado de cansaço do trabalho. Com o tempo ela se convenceu da insignificância daquele beijo, mas aquela era uma missão quase impossível com Mark na sua casa sempre que seu marido não estava.

Ela deixou que a água escorresse só por mais alguns segundos para tirar o que restava de sabonete. Então desligou o chuveiro e puxou uma toalha pera secar seu cabelo, em seguida colocou-se confortável dentro de um roupão limpo e macio. Após sair do box, ela olhou para a sua imagem no espelho e respirou fundo. Estava tudo embaçado por causa do vapor de água quente. Saiu do banheiro e decidiu andar até o quarto da filha para dar-lhe um beijo de boa noite. Enquanto caminhava pelo corredor estreito, com a cabeça baixa, ela se sentiu esbarrar com algo e, antes que caísse pra trás, sentiu uma mão forte segurando os seus dois braços. Levantou os olhos e encontrou com o rosto de Mark muito próximo ao seu. Talvez eles nunca tivessem ficado tão próximos desde aquele beijo.

- Desculpa... _ ele disse largando o braço dela depois de deixá-la equilibrada.

Ela não pode dizer nada.

- Eu ia avisar pra você que eu estou saindo _ Mark continuou sem conseguir tirar os olhos dos dela.

Addison ficou em silêncio, olhando pro rapaz. Sem querer desviou o olhar e se pegou olhando para os lábios dele, mas logo voltou a olhar pro nada.

- Eu estava indo ver a Katie...

Foi interrompida por uma puxada brusca em sua cintura e os lábios que invadiram os seus. Mark não conseguiu resistir em tê-la tão perto. A primeiro momento ela resistiu, tentou empurrá-lo, mas os braços fortes dele lhe prendiam de forma apertada na cintura e no fundo ela não queria resistir, então ela relaxou e deixou com que sua língua se movimentasse em sintonia com a dele, alimentando todo o desejo que havia sido interrompido naquele dia, há alguns meses atrás. Mark conduziu-a em alguns passos, até colocá-la contra uma parede e continuou beijando-a. Addison gemeu baixo em seus lábios e estranhou quando sentiu as mãos dele passando em seus ombros, puxando pra baixo o roupão que ela estava usando. Por mais que tentasse dizer pra si mesmo que aquilo era errado, pra Mark aquilo era mais forte que ele, era instintivo, irracional. Levou uma das mãos aos seios da mulher a sua frente e aquilo fez com que ela apertasse os olhos.

- Não faz isso... _ ela sussurrou muito baixo com os olhos fechados _ Para... Por favor...

Ela abriu os olhos e, por um momento, sua fantasia se transformou em realidade. Derek estava a sua frente, lhe tocando, aproximando o rosto do seu para mais um beijo. Addison voltou a fechar os olhos e agora puxou a camisa que Mark usava, deixando-a cair no chão. As mãos dele passeavam pelas suas costas nua, enquanto ela o puxava para o quarto abrindo o botão da calça jeans deixando-a deslizar pelas pernas dele. Mark se apressou para tirar a calça e logo adentrou o quarto tirando o que restava do roupão dela, deixando-a completamente nua.

***

Era quase 01:00 da manhã quando Derek chegou em casa. A primeira coisa estranha que ele percebeu foi a porta aberta àquela hora da noite. Sabia que Addison estava em casa porque o carro dela estava lá fora, mas sabia também que ela nunca deixaria a porta aberta em qualquer situação. Se preocupou em pensar que alguém pudesse ter entrado em sua casa para fazer algo com sua esposa e filha, então imediatamente subiu as escadas para conferir. Lá embaixo estava tudo normal, apesar de as luzes estarem ligadas.

Assim que ele andou em direção ao seu quarto viu uma camisa masculina jogada no chão do corredor e ele tinha certeza que não era nenhuma das dele. Andou mais alguns passos e viu uma calça jeans masculina, o que fez com que seu coração batesse em um ritmo um pouco mais acelerado, fazendo com que ele sentisse um pouco de medo pelo o que iria encontrar quando estivesse de frente com a porta de seu quarto. Por mais que parecesse óbvio, não tinha noção do que estava acontecendo. Era quase 01:00 da manhã, ele estava exausto depois de uma cirurgia difícil e aquilo era tão estranho que parecia um sonho. Abriu a porta e sentiu um arrepio muito forte com o que estava vendo: Mark, com o corpo por cima da esposa dele, que o envolvia com as pernas abertas, gemendo baixo, com os olhos fechados, passando as mãos nas costas dele enquanto sentia suas mãos tocando seu corpo. Ele quase teve certeza que era um pesadelo, até perceber que não sabia como despertar.

Nunca pensou que existisse um nível de choque anestesiasse todos os seus membros. Parecia uma paralisia que o colocava completamente impotente diante da situação. Queria falar alguma coisa, mas sua boca não se mexia; queria sair correndo, mas as pernas não obedeciam ao seu comando. Pensava que a melhor coisa que poderia acontecer naquele momento era que o chão se abrisse aos seus pés e lhe sugasse, porque aquele choque era como um castigo o obrigando a assistir tudo aquilo. Deu um passo pra trás para sair, mas sem querer esbarrou em alguma coisa que causou um barulho, mas como tudo estava tão silencioso, Mark e Addison olhavam e reagiram de forma tão assustada quanto ele.

- Derek... _ Addison disse.

Mark levantou da cama para caminhar até o melhor amigo. Foi uma reação impulsiva, mas a primeira e única que ele conseguiu ter. Derek jogou em cima dele a calça jeans que havia pegado no chão do corredor como se quisesse lhe atingir com outra coisa.

- Derek... Calma _ ele pediu estendendo o braço como se quisesse assegurar a distância do melhor amigo.

Óbvio, estava se preparado para ser agredido por ele há qualquer momento.

- Sai da minha casa! _ Derek disse lançando ao melhor amigo o olhar mais repleto de ódio que Mark vira em sua vida.

- Derek, eu...

- SAI DA MINHA CASA AGORA!!!

Addison pegou uma camisa que Derek tinha usado no dia anterior e jogado na poltrona ao lado da cama, e vestiu.

- Vai, Mark! Sai daqui _ ela disse.

- Mas Addie...

Ele segurava a calça para cobrir o pênis e estava preocupado com ela.

- Vai. Pode ir.

- Eu não vou deixar você cuidar disso sozinha, eu...

- Sai da minha casa! _ Derek disse puxando o amigo pelo braço.

- Derek, para... Ela não tem culpa... Fui eu...

Aquilo era algo que nunca tinha dito antes. Já tinha sido flagrado naquela situação antes, mas nunca preocupou como estava naquele momento.

- Derek, eu juro...

Mas Derek não queria ouvir seus juramentos. Empurrou-o pra fora do quarto e bateu a porta com raiva. Não pensou que poderia ter acordado Katie com aquilo, apenas voltou-se para a esposa, que estava sentada na cama. O corpo dela estava suado e agora ela usava uma camisa escura que, aquela sim, ele reconhecia, caía frouxa sobre seu corpo magro.

Não sabia dizer o que sentia. Talvez devesse sentir decepção, pois realmente não esperava que ela fosse capaz de fazer algo como isso, mas tudo o que ele conseguia sentir era raiva, muita raiva. Sentia raiva dela como nunca sentiu antes, como nunca pensou que pudesse sentir um dia. Até aquele momento tinha chegado em casa exausto, pronto para tomar um banho quente e se jogar na cama, mas o cansaço havia desaparecido completamente depois do choque que levara. Esperava que ela dissesse alguma coisa, qualquer coisa que o convencesse que aquilo não era real, que tinha sido um mal entendido ou que era um pesadelo, que ele acordaria. Queria qualquer coisa menos a realidade, mas o silêncio acabou com todas as suas esperanças, e as lágrimas que começaram a cair de seus olhos serviram como confirmação de suas suspeitas. A verdade é que nem ela mesma havia assimilado o que acabara de acontecer. Ele continuou olhando pra ela com raiva, até que institivamente andasse até o closet.

- Derek... _ ela disse finalmente saindo da cama para conferir o que ele faria.

Pegou a calcinha que estava no chão e vestiu o mais rápido que pode. Seguiu o marido, que tirava suas roupas do armário.

- Derek, o que você está fazendo? _ perguntou enquanto ele jogava os muitos vestidos de grife em cima da cama _ Derek, fala comigo!!!

Ele não conseguia dizer nada. Apenas pegou mais alguns vestidos, juntou aos que tinham em cima da cama e carregou-os no braço levando também o lençol.

- Derek, o que você está fazendo?! _ ela perguntou o seguindo _ Nós temos que conversar sobre isso! Você precisa me dar uma chance para explicar... O que você está fazendo com as minhas roupas?!

Ela o seguiu pelo corredor.

- Eu juro que só aconteceu uma vez! Eu sei que todo mundo diz isso, mas é verdade... _ ela agora o seguia pela escada _ Eu não sei o que dizer... Ele só... Ele só estava aqui! _ exclamou _ Ele só estava aqui!

Derek não acompanhou aquela linha de raciocínio.

- Você transa com meu melhor amigo e a única coisa que você tem a dizer é que ele estava aqui?! _ perguntou abrindo a porta da frente.

- Derek!!! _ ela exclamou ao vê-lo jogar suas roupas para fora de casa.

- Sai!

"O quê?" ela se perguntou, agora pensando que era um pesadelo.

- Não!

- Sai!!! _ ele ordenou apontando para a porta aberta.

- Eu não vou! _ ela disse sentando em um dos degraus da escada.

- SAI DA MINHA CASA AGORA!

- Não! Nós não desistimos! Eu vou ficar aqui!!! Nós não desistimos _ ela exclamou chorando enquanto ele se aproximava para pegá-la _ Nós temos que...

Ele a puxou pelo braço.

- NÃO!!! O que você está fazendo? _ perguntou se segurando no corrimão, mas ele era mais forte.

- Sai! _ ele disse a arrastando.

- O quê...? Derek!

Ele a jogou para fora de casa e bateu a porta.

- Não! _ Addison gemeu pressionando as mãos contra o vidro fosco da porta.

Estava chovendo lá fora e ele ouvia, misturado com o som os pingos de chuva caindo no chão, o gemido da sua esposa chorando batendo de leve na porta.

- Não... Derek, por favor...

Ele conseguia ver a silhueta dela em pé, tremendo um pouco por causa do frio.

- Por favor... _ ela chorou novamente.

Ele virou de costas e passou os olhos pelos dois lados da sala querendo ir pra qualquer lugar longe dela.

- Por favor... _ ela continuava chorando batendo na porta _ Por favor, Derek...

"O que está acontecendo?" ele se perguntou antes de respirar fundo. Aquilo tudo parecia um pesadelo.

- Por favor...

Ele virou e abriu a porta para encontrar com Addison com uma aparência completamente miserável. As roupas dela estavam jogadas em frente à casa e ela quase despida ali na porta. Deixou que ela entrasse.

- Desculpa... _ ela disse entre lágrimas _ Me desculpa... Você tem que me dar uma chance _ disse aproximando-se dele _ Você tem que me dá uma chance de mostrar o quanto eu estou arrependida...

Ele deixou que ela o abraçasse e, por mais que tentasse, não conseguiu retribuir ao abraço. Então, segurou-a pelos braços e afastou-a, muito mais quando viu que ela tentava o beijar. Esticou o braço para fechar a porta, passou a mão pelos seus cabelos volumosos, então tirou a aliança do dedo e colocou nas mãos dela.

- Derek...

- Eu vou e você fica... Amanhã eu venho pegar as minhas coisas _ ele disse.

- Não... _ ela gemeu _ Nós podemos sobreviver... Nós podemos sobreviver a isso... _ argumentou tentando fazê-lo entender _ Nós somos Addison&Derek... Nós podemos sobreviver a isso.

- Eu não posso ficar aqui... Eu olho pra você e sinto náuseas... Eu...

Derek tentou, por mais de uma vez, colocar pra fora as palavras que estavam presas em sua garganta, mas lhe doía o peito dizer aquilo.

- Nós... Nós... Nós não somos mais Addison&Derek.

Addison sentiu-se arrepiar com o que acabara de ouvir.

- Se você for agora, nós não teremos como superar isso... Se você... Se você for agora, nós não teremos mais uma chance _ ela argumentou agora em total desespero _ Nós não temos mais chance? _ perguntou ainda sem acreditar que um deslize estava colocando toda a sua vida em colapso.

Derek fez uma negativa com a cabeça, andou até a porta e saiu. Addison abaixou-se no chão chorando, sem acreditar no que tinha feito, mas em alguns segundos ouviu a porta se abrindo novamente e surpreendeu-se com Derek entrando com suas roupas molhadas. Ele jogou tudo próximo a porta e subiu as escadas.

- Der... _ ela o seguiu esperançosa.

Viu quando ele entrou no quarto da filha deles e pegou a criança desacordada em seus braços. Então se deu conta do que estava acontecendo.

- Derek... O que você pensa que está fazendo?! _ ela perguntou enquanto ele pegava a mochila da filha, que provavelmente tinha só o material que ela levava para ficar com a srta. Gómez depois da escola.

Katie se mexeu nos braços do pai e abriu os olhos para tentar entender o que estava acontecendo, mas tudo o que conseguiu assimilar foi o esboço da mãe chorando às costas do pai, vestindo apenas uma camisa escura, enquanto Derek a levava pelo corredor.

- Derek... Você não vai levar ela, está me ouvindo?! _ Addison perguntou o seguindo agora pela escada _ Derek!!!

- Mamãe... _ a menina gemeu ainda sonolenta.

- Me dá ela, Derek _ Addison pediu segurando a mão da sua filha _ Você não vai levar a minha filha!!!

Katie despertou e se ajeitou no colo do pai.

- Shiii... Volta a dormir, meu amorzinho _ Derek pediu voltando a pressionar o rosto da filha em seu ombro, enquanto eles faziam o caminho até a porta.

- Não, Derek... _ Addison pediu o seguindo pelas escadas molhadas _ Derek...

Ele colocou a filha no banco de trás do seu carro e bateu a porta. A menina havia despertado agora, mas parecia confusa com tudo. Addison segurou-o pela manga do casaco, que ele não tivera tempo de tirar quando chegou em casa, e tentou impedir que ele saísse.

- Você não vai levar ela... Por favor, Derek. Deixa ela comigo _ ela implorou chorando.

- Mamãe! _ Katie chamou batendo no vidro do carro, enquanto Derek tentava fazer com que a esposa soltasse seu braço.

- Ela não quer ir, Derek! Por favor!

Ele deu um último puxão em seu braço, fazendo com os dedos de Addison se soltassem de seu sobretudo. Então entrou no carro e logo rodou a chave para ligar.

- Papai, o que está acontecendo? _ a menina perguntou, parecendo assustada com o que estava acontecendo.

Ela percebeu uma lágrima descendo no rosto do pai, que ele logo limpou, mas Addison batia na janela parecendo desesperada, pedindo para que Derek abrisse a porta, mas logo ele saiu com o veículo.

- Não!!! NÃÃÃÃÃOO!!! Katie! KATIIIIIIIIIIIE!!! _ ela gritou correndo atrás do carro.

Mas não conseguiria alcançar.

- KATIEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!    

Continue Reading

You'll Also Like

Kings - The Consequence By Ly

Historical Fiction

3.2K 270 7
"Os Olhos são inúteis quando a mente é cega, e o coração fraco" - autor desconhecido
566K 38K 54
Onde o capitão do BOPE Roberto Nascimento é obcecado por Hayla Almeida uma estudante de psicologia e fará de tudo para que ela seja sua. perfil da fa...
2.4M 228K 86
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.
2.4K 130 18
Ele era o chefe de operações de uma organização policial que investigava corrupção dentro da instituição, e ela era um dos principais suspeitos do es...