DOCE CORAÇÃO - Livro I - Amor...

By JfbBauer

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Degustação do livro publicado na Amazon. Quando Grace se muda para a casa do novo marido de sua mãe não esper... More

Sinopse
Apresentação
Prólogo
Doce Rebeldia - parte 1
Doce Rebeldia - parte 2
Doce Amizade - parte 1
Doce Romance - parte 1
Doce Romance - parte 2
Doce Encanto - Parte 1
Doce Encanto - parte 2
Doce Paixão - Parte 1
Doce Coração - Livro 1 - Amor Proibido - O que te espera na Amazon!
A continuação. Doce Coração Livro II Verdadeiro Amor

Doce Amizade - parte 2

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By JfbBauer


Doce Amizade

Grace


Nico é o rapaz mais afetuoso que eu já conheci. Educado, simpático. Não foi à toa que me apeguei a ele tão logo me mudei para a residência dos Travelli. Na época em que Jason era um idiota comigo, era com ele que eu contava para dar muitas risadas. Amava a suavidade dos seus olhos azuis. Ele é lindo por dentro e por fora. Era também o cara perfeito para ser seu namorado. É claro que nunca pensei em nós dois dessa forma. Nico é quatro anos mais velho que eu, não iria querer nada com uma pirralha como eu. Mas não era por isso que jamais aconteceria nada entre nós, não aconteceria nada por que ele era meu o verdadeiro amigo.

Por isso agora, as vésperas dele ir embora de casa, para a capital do estado para estudar na faculdade, eu estou um pouco triste. Com quem eu iria rir e conversas sobre as besteiras que se passava na minha cabeça? É claro havia minha mãe e Monica, mas era diferente. Eu não tenho nenhum amigo homem, e gosto de ter Nico por perto.

Não é justo, é obvio. Eu devo estar feliz por ele. Ele será um grande advogado, eu tenho certeza.

Então, naquela semana aproveitei todo o tempo que tinha para gastar com meu amigo. Fomos ao shopping. Eu, ele e Monica. Assistimos filmes no meu quarto, um hábito nosso.

Algumas lágrimas escaparam quando me despedi dele e não fico com vergonha de demonstrar meu afeto por ele. Mesmo que tivéssemos nos conhecido há poucos meses.

— Se cuida, princesa, e me ligue sempre que precisar. Serei um bom ouvinte como sempre — ele brinca.

— Você tem que estudar, e se divertir também, não posso ficar te enchendo com minhas tolices.

— É sério, Grace. Me liga.

— Tudo bem, — concordo, — e você veja se arruma uma namorada, você vai ficar menos chato quando arrumar alguém — falo divertida.

Nico ri, e me abraçou, afetuosamente. Percebo naquele momento que Jason nos observava atentamente.

Quando Nico está próximo do irmão, já de saída ouvi meu amigo dizer:

— Cuide dela.

E a resposta de Jason me surpreende.

— Pode deixar.

Naquela noite que Nico partiu, sem conseguir dormir levanto para ir tomar água. Está mais frio que os últimos dias e por isso estou com meu pijama de inverno.

Saio pelo corredor, e não dou muitos passos quando a porta do quarto de Jason se abre. Ele me olha e levanta uma sobrancelha.

— Sem conseguir dormir?

Balanço a cabeça afirmativamente. Estava chateada não adiantava negar.

— Sente falta dele?

— Sim, muita... ele é meu melhor amigo.

Foi a vez dele concordar.

— Ele é meu melhor amigo também — diz pensativo. — Vem aqui — indica seu quarto, — quero te mostrar uma coisa.

Estreito os olhos, desconfiada. Jason sorri.

— Não tenha medo.

Não tenho medo, quer dizer, eu tenho, não dele, mas do que ele me faz sentir.

Fico um pouco envergonhada quando percebo meu simplório pijama. Mas acabo me aproximando de Jason. Minha mãe havia me falado várias vezes que eu deveria ser autentica e não querer ser outras pessoas. E no fim eu sou apenas uma menina de quinze anos não adianta querer aparentar outra coisa.

Eu nunca tinha entrado no quarto dele. Nunca tinha entrado em um quarto de um garoto. Então era nítida a minha curiosidade.

Havia entrado no quarto de Nico, mas o dele não vale já que o via quase como um irmão. Estar no quarto de Jason é diferente.

À primeira vista, parece um quarto comum, mas é o quarto dele e apenas isso já me faz querer suspirar como uma bobona.

Discretamente começo a avaliar o ambiente. O que mais chama a atenção eram os diversos cartazes de corridas de moto. Havia muitos deles.

— Quem é esse que aparece em todas essas motos? — pergunto, curiosa.

A imagem do homem na moto se repete em vários pôsteres.

— Valentino Rossi, conhece?

— Não — eu sorrio.

— Ele é um multicampeão da motovelocidade. Quero conhecê-lo um dia ou quem sabe...

— Quer ser piloto?

— É apenas um sonho, Grace.

— Acredito que os sonhos existam para nos impulsionar em ir em busca deles.

— Talvez, mas eu tenho que fazer algo primeiro.

—Algo? Tipo o quê?!

Ele não responde, e vai até a janela. Ele a abre e me olha.

— Vem!

— O quê?! —Pergunto sem entender — quer que eu saia pela janela?

Ele sorri, e eu balanço a cabeça em negação.

— Nem pensar.

— Venha, Grace... não vou deixar você se machucar. O telhado é forte.

Me aproximo e vejo que sairíamos pelo telhado da varanda, não parece muito perigoso mesmo assim não estou confiante.

— Não vou sair por ai, Jason.

Ele pega minha mão e olha nos meus olhos.

— Eu não deixaria nada de mal acontecer com você. Venha comigo, confie em mim.

Aqueles olhos castanhos tão expressivos me convencem.

— Tudo bem, mas me segura. Não me deixe cair, Jason.

— Não vou.

E assim, segurando minha mão, saímos para a noite fria. Alguns passos inseguros depois eu vejo no telhado uma manta e almofadas. Era quase uma cama.

— O que é isso?

Ele me ajuda a sentar sobre a manta e logo se junta a mim.

— Eu e minha mãe vínhamos aqui olhar as estrelas. Sempre que estávamos com insônia fazíamos isso.

—Isso é bacana.

Ele se deita e eu faço o mesmo. Acima de nós as estrelas pareciam formar um manto brilhante.

— Nossa! Isso é lindo – digo abismada com tamanha beleza.

— É sim. Em alguns dias tem lua também, fica ainda mais bonito.

Viro o rosto e olho para ele. A luz fraca da noite deixa a pele dele ainda mais morena. Ele está incrivelmente bonito.

— Porque me trouxe aqui?

Ele dá de ombros.

— Eu queria dividir esse lugar com alguém e pensei que poderia ser com você.

Eu sorrio.

—Então somos amigos agora? —Pergunto.

— Se você quiser, sim.

— Eu quero — confesso.

Eu quero mais, mas terei que me contentar com a amizade de Jason. Fico tocada pelo gesto dele, com certeza ele sabe que eu estou triste pela partida de Nico, e quis me oferecer sua amizade.

— Então sua mãe lhe trazia aqui?

— Sim — ele diz apenas.

Eu sei que o assunto sobre a mãe dele não é algo que ele queira abordar, então me arrependo de tocar naquele tema.

— Ela era diferente sabe? Diferente das outras mães... não sei explicar. Era uma mulher incrível...

— Eu acredito que sim — não consigo segurar minhas próximas palavras — Sabe por que ela foi embora?

— Deve ser por que não suportava mais viver conosco.

A dor era nítida em sua voz.

— Não deve ser isso, Jason. Tenho certeza que ela o ama.

— Tanto faz, eu... não ligo mais.

É mentira. É óbvio que ele sente a falta dela, mas eu não quis insistir mais. Não quero estragar esse momento.

— O que irá fazer... digo, na faculdade? —Pergunto, mudando de assunto. E no fim, estou curiosa, jamais falamos sobre aquilo. Bem nós pouco falamos um com o outro até este momento.

— Eu... ainda não sei...

Fico em silêncio, não sei o que mais falar para puxar conversa, eu não sou muito boa nisso.

— E você? — Jason pergunta.

— Eu?

— O que irá estudar na faculdade?

—Ah,bem, mamãe e eu pensamos que seria bom que eu fizesse direito.

Jason estreita os olhos.

— Achei que faria a faculdade de artes plásticas, não sei acho que ouvi Nico dizer que você pintava ou algo assim.

Eu abro meu maior sorriso.

— Sim, eu pinto. Amo pintar.

— Então por que não estudar algo nessa área?

—Mamãe acha que preciso de algo mais sólido como carreira profissional.

— E você vai fazer o que ela quer?

— Não é o que ela quer, Jason, eu também quero... isso.

Ele me avalia por um tempo.

— Não acredito. Acho que se dependesse apenas de você não escolheria estudar direito.

Eu fico quieta. Bem lá no fundo acho que ele tem razão.

— Não precisa fazer isso para agradar sua mãe.

— Que mal há em eu querer agradar minha mãe? Eu a amo, ela fez tudo por mim...

Ele bufou e voltou a olhar para o céu.

— Eu é que não deixaria ninguém decidir o que devo ou não fazer.

— As pessoas são diferentes, Jason, e ela é minha mãe, só quer o meu bem.

Ele não entenderia. Ninguém entenderia o que já passamos. Somente eu e minha mãe sabíamos como foi nossa vida. Em como ainda pode ser difícil...

—Eu vi sua relação com sua mãe. – Jason fala depois de um tempo em silêncio. — Ela é... legal.

— Ela é minha melhor amiga — afirmo.

— Mesmo assim acho que você deveria fazer aquilo que tem vontade. Mas isso sou eu — ele disse olhando para o céu estrelado. —Você faz o que achar melhor para sua vida.

Depois daquela noite, virou um hábito entre nós. Quase todas as noites eu e Jason nos encontrávamos e deitávamos sob as estrelas na manta que ele colocava no telhado.

Conversávamos sobre nossos dias sobre nossos desejos. Evitávamos assuntos mais complexos ou que pudessem nos magoar como a morte do meu pai e a partida da mãe dele. A cada dia, ou melhor, a cada noite ficávamos cada vez mais próximos. Nossa amizade se fortalecendo.

Na escola apesar de sentarmos lado a lado, não tínhamos tempo para conversar. Os professores estavam pegando pesado para nos preparar para o vestibular no ano seguinte. No intervalo, Jason dava atenção aos seus amigos e a algumas garotas com quem ele costumava trocar alguns fluídos corporais entre as aulas, ou ao final delas. Eu não gostava disso. Eu odeio na verdade. Por isso ansiava que a noite chegasse, pois então ele seria apenas meu. Mesmo que fosse apenas como amigo.

— Queria tanto que meu pai me devolvesse minha moto.

Jason comenta depois de um tempo em que estávamos deitados na manta apreciando a lua cheia que nos dera a graça de sua aparição aquela noite.

— Ele prometeu que se eu fosse um bom garoto ele a recuperaria para mim.

— Porque não pede a ele... com jeito, Jason, não com a cara de emburrado que você faz quando está perto do seu pai — eu falo.

Ele me encara, fechando o semblante.

— Eu não faço cara de emburrado — defendeu-se.

— Faz sim, na verdade está fazendo agora mesmo — falo não segurando o riso.

Ele bufa, mas depois sorri.

Dias depois quando estávamos jantando, Jason recebeu sua tão sonhada recompensa por ser um "bom garoto".

— Fala para ele — mamãe diz para seu marido. Ela está misteriosa.

Eu e Jason nos entreolhamos sem entender nada.

— Jason... filho... bem você tem se mostrado... diferente, nas últimas semanas, quer dizer, mais parecido com o filho que conheço, e bem... — Nestor hesita— espero não me arrepender disso, mas eu lhe fiz uma promessa e sua moto está garagem...

Os olhos de Jason brilham.

— Está falando sério?

— Filho, espero que não use até fazer sua carta de motorista, mas como prometi... ela está de volta.

— Porra, pai! Obrigado.

Mamãe fica vermelha pela escolha de palavras de Jason, mas acaba sorrindo.

Ele se levanta, inquieto.

— Vou olhar minha moto.

— Não terminou seu jantar ainda, querido — mamãe tenta argumentar,

— Está tudo bem, Luiza, não estou mais com fome — ele responde e então me olha— quer vir? Conhecer minha moto?

— Claro — respondi feliz por ele me convidar.

Quando saímos da mesma pude vislumbrar minha mãe e o pai de Jason sorrindo. Eles gostavam que estivéssemos nos dando bem. Com certeza imaginavam que uma camaradagem existisse entre mime Jason, assim como foi comigo e Nico. O que eles não sabem é que meus sentimentos eram bem mais profundos do que imaginam.

— Porra! Aí está você, suçuarana! — Jason exclama.

Eu gargalho.

— Suçu... o quê?!

—Suçuarana! Significa onça. Minha moto quando eu a piloto, parece uma fera, uma onça brava que precisa ser domada

- Ah.

Não entendo nada de onças e muito menos de motos.

Os olhos de Jason se detiveram em cada detalhe de sua moto como se avaliasse se ela estava totalmente inteira.

— Acho que está perfeita. Só vou saber mesmo quando puder andar...

— E você vai? —Pergunto curiosa em saber se irá desobedecer seu pai.

— Eu quero... quero muito mesmo, mas acho que vou esperar. O velho me trouxe ela como prometeu não custa nada eu pegar leve.

Fico orgulhosa dele.

— Acho que você está certo.

Naquela noite, olhando as estrelas do telhado ele me conta que havia conseguido um emprego de meio turno na oficina de motos de um amigo do seu pai. Seu maior desejo é entender tudo de motocicletas, sua grande paixão.

Nestor havia ficado feliz pelo filho estar criando responsabilidades, e eu, estou feliz apenas porque Jason está feliz.

*

O dicionário diz sobre ódio: Aversão inveterada e absoluta; raiva; rancor; antipatia.

Eu nunca havia pensado muito sobre a palavra, mas agora no chão em frente à escola com todos os alunos olhando para mim após ser propositalmente derrubada por Sofia Perez, a garota mais insuportável da escola, eu tenho certeza de que tenho esse sentimento por ela. Ódio. A odeio.

Tento juntar meu material espalhado pelo chão. Logo Monica vem em meu socorro me ajudando a catar minhas coisas.

— O que você fez para a loira siliconada te derrubar desse jeito? —Minha amiga pergunta em voz baixa.

— Não sei...

Eu estou mentindo, eu sei muito bem porque Sofia esbarrou em mim de propósito.

Ela e Jason estão ficando juntos há mais ou menos um mês, e na escola cada vez que estão juntos e eu apareço Jason a deixa para vir falar comigo.

Às vezes era alguma besteira que apenas me faz sorrir, mas parece que isso não deixa feliz a "miss simpatia" da escola. Bem, eu também não fiquei feliz quando Jason não me convidou para ir vermos as estrelas por duas noites seguidas porque havia saído para encontrá-la, então se eu podia ficar sem Jason no tempo em que ele era meu, ela também poderia ficar sem ele por alguns segundos.

Mas agora era diferente. Não era só a cara feia dela que eu tenho que aturar. Agora ela está partindo para a agressão física. Por mais tímida que eu fosse, e também uma pessoa que não gostava de confrontos tanto verbais quanto físicos, isso não pode ficar assim.

— Sua mão está sangrando — Monica comenta.

Percebo um arranhão pequeno, com certeza ocorreu na minha tentativa de não cair de cara no chão após ser empurrada por Sofia.

— Tudo bem, Monica, não está doendo.

A oportunidade de tirar aquela história a limpo aconteceu na hora do intervalo entre as aulas. Na mesa mais popular da escola, Sofia estava sentada no colo de Jason como costumava fazer desde que começara a ser a "garota da vez".

Eu estou focada neles há uns cinco minutos. O ódio novamente me entorpecendo. Não entendo o que Jason viu naquela loira peituda. Tudo bem, eu sei que ele era chegado nas mulheres de seios grandes, mas... Sofia era uma garota totalmente artificial tanto no físico como no caráter...

Eu não consigo entender.

Eu a odeio.

A odeio porque ela era bonita. Tão bonita quanto eu nunca ousaria pensar em ser.

A odeio por que ela era má. Não apenas comigo, mas também com as outras pessoas.

Mas eu a odeio. Principalmente, porque é ela que está nos braços de Jason.

Descobri então que o ciúme e o ódio andam de mãos dadas.

— O que você vai fazer? — Monica pergunta quando me levantei.

— Vou confrontá-la. —Falo tentando ser firme, mas eu estou nervosa.

— Agora? Na frente do Jason?

Eu confirmo e minha amiga abre um largo sorriso.

— Isso é algo que não posso perder — ela se levanta se colocando ao meu lado. — Vou te dar apoio moral.

Se eu não estivesse tão nervosa eu teria sorrido. Eu não gostava e não gosto de conflitos. Discussões nunca foram meu forte. Sempre esqueço o que dizer e saio perdendo. Mas dessa vez eu não iria me acovardar.

Enchendo-me de coragem começo a caminhar em direção a mesa de Jason e de seus amigos. Monica está firme ao meu lado o que me passa um pouco de segurança. Minha amiga de cabelos na cor azul jamais deixaria que algo de ruim acontecesse comigo.

Assim que paramos em frente à mesa toda a conversa e risos foi sumindo. Todos ficaram me olhando. Jason sorriu olhando para mim enquanto Sofia fez uma cara de enfado.

— Olha só, é a irmãzinha do Jason— um dos rapazes que eu sabia se chamar Renato, que fazia parte do bando de Jason, fala me olhando de um jeito que não gostei.

— Cala a boca, Renato. — Jason diz áspero e o tal Renato apenas ri. — Oi, Grace.

— Oi, Jason.

— Está precisando de algo? —Ele pergunta, gentil.

— Não... não estou precisando de nada, quer dizer, eu quero falar com a Sofia.

— Comigo? —Ela se fez de desentendida.

— Sim, com você. Quero saber por que me empurrou na entrada da escola hoje.

A cara da loira foi impagável, mas eu ainda estou nervosa para me aproveitar a situação.

— Como é? Você deve estar sonhando, meu bem, eu não fiz isso.

— Fez sim — afirmo. —Passou por mim como um furacão e me empurrou e eu... eu caí...

Não quero parecer patética, mas sinto vontade de chorar. Não entendo por que as pessoas são grossas umas com as outras. O mundo seria tão mais fácil se todos fossem mais educados, mais gentis. Eu procuro sempre ser gentil por isso não consigo entender quem não o faz.

Jason encarou Sofia a espera de uma explicação. Dava para notar como ela estava desconfortável com todos à espera do que ela diria.

— Olha, meu bem, se eu fiz isso foi sem querer e não te vi.

— Viu sim — novamente fui firme e fiquei orgulhosa de mim mesma. — Você olhou para trás e viu que era eu, e mesmo que se não fosse eu quando se esbarra em alguém o mínimo a se fazer é pedir desculpa.

Ela salta do colo de Jason e vem para cima de mim. Juro que minha vontade era de dar um passo para trás. Porém me mantive firme.

— Isso é mentira — grita.

Na mesma hora Monica deu um passo à frente e como era maior que eu, conseguiu encarar Sofia com altivez. Ficou cara a cara coma loira peituda.

—Você fez isso, sim. Eu vi. E Grace poderia ter se machucado por sorte só teve um arranhão. Vou te dar um aviso:fique longe de Grace. Se não tem confiança no seu taco para segurar o Jason não fique machucando a menina que não tem nada a ver com isso.

Monica soltou tudo alquilo, agarrou minha mão e me puxou para longe dali. Quando estávamos sozinhas ela me perguntou se eu estava bem.

— Sim, foi tudo bem.

— É foi, sim.

— Jason não falou nada — murmurei.

Monica me olhou com piedade.

— Esperava que ele te defendesse, não é?

Não sabia se era isso que eu esperava, mas alguma reação dele eu esperava sim. Não revelo esses pensamentos a Monica, mas ela me conhece e já está mais que ciente dos meus sentimentos pelo meu irmão postiço.

— Eu vou para a biblioteca — informo.

— Mas temos aula de química agora — Monica me avisa.

— Eu sei, mas eu não estou a fim de ver fórmulas agora. Vou para a biblioteca ver se encontro um livro.

— Grace Kelly cabulando aula, isso é algo a se anotar.

— Não estou cabulando aula, sua chata — eu rio, Monica tem esse efeito de sempre me fazer rir. — Te vejo na aula de inglês.

Já na biblioteca encontro meu livro favorito: Orgulho e Preconceito¹. Começo então a reviver a história de amor entre Mr. Darcy e Miss Bennett. Eu amo demais aquele livro e ele seria o parâmetro para leituras futuras.

Estou concentrada na leitura e por isso pulo assustada quando alguém se sentou ao meu lado. É Jason.

— O que está fazendo aqui? —Sussurro.

—Você não estava na aula. Monica disse que estava aqui.

Ele não respondeu a minha pergunta, mas não importa porque ele está aqui, comigo.

— Eu não estava no espírito para estudar química... — falo tímida olhando para o arranhão na minha mão.

Jason olha para o mesmo local. Ele pega gentilmente minha mão e um arrepio passa pelo meu corpo todo. Já estivemos perto um do outro várias vezes, mas não tão perto quanto agora. Ele já me tocou outras vezes, mas não do jeito que está tocando agora.

— Você se machucou... — ele murmura.

— Não... não é nada...

Ele acaricia o local que está ardendo um pouco. Então, como em um sonho, em câmera lenta ele leva minha mão até seus lábios e a beija. Bem no local do machucado.

O gesto é doce e ao mesmo tempo sedutor. Minha respiração se acelera. Posso jurar que no silêncio da biblioteca se pode ouvir minha respiração ofegante juntamente com meu coração disparado.

— Aquela vadia nunca mais irá machucar você.

As palavras dele me libertam do transe em que me encontrava.

— Sofia tem ciúmes de você... comigo.

— É, eu sei. – Ele respira fundo. – Desculpe àquela hora não ter dito nada... é que fiquei sem reação. Não esperava que Sofia pudesse fazer isso.

— Ela não é uma boa pessoa, Jason.

— Sim, eu descobri isso.

—Você merece mais do que essas garotas.

— Mereço? —Ele pergunta com seus lindos olhos castanhos grudados em mim.

— Sim, merece.

Merece alguém como eu, penso em dizer, mas fico calada.

Não sei o que há comigo hoje, mas sinto vontade de falar tudo o que eu não tinha coragem.

— Que tipo de garota eu mereço, Grace? —Ele instiga.

—Você... merece... alguém... — desvio o olhar tímida. — Você merece alguém que goste de você por ver suas verdadeiras qualidades — com coragem volto a olhar para ele.— Uma garota que goste de passar tempo com você, que ri de suas piadas idiotas, que se alegra por você estar feliz, que enxerga quem é você realmente, Jason.

Os olhos dele estavam brilhantes, e no tempo em que estive praticamente me declarando, sem perceber, nos aproximamos ainda mais. Eu posso sentir sua respiração no meu rosto, eu posso sentir o tão sonhado beijo se aproximando, então fecho os olhos a espera.

Estremeço quando a mão dele acaricia meu rosto.

— Grace...

A voz rouca de Jason me diz que sim, ele quer e vai me beijar, mas então tudo se desfaz como num passe de mágicas.

A bibliotecária se aproxima de nós para colocar um livro no lugar. Em segundos, Jason já não está mais próximo de mim. Ele não está mais em qualquer parte da biblioteca.

Fico me perguntando se tudo o que acontecera ali fora apenas fruto da minha imaginação aguçada pela leitura de orgulho e preconceito, ou se realmente acorrera de verdade. Não tenho as respostas.

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