Secrets Segunda Temporada

By sweetcabello21

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Quatro anos após o casamento, Lauren e Camila decidem aumentar a família e dar a David, o primogênito do clã... More

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capítulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Capítulo XLI
Capítulo XLII
Capítulo XLIII
Capítulo XLIV
Capítulo XLV

Capítulo XXVI

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By sweetcabello21

I'm back!

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Lauren POV

Muitos adultos têm medo do escuro, pois é na ausência da luz, que seus monstros aparecem, é no anoitecer que as máscaras caem e os sorrisos desaparecem, é no escuro que uma parte traiçoeira da sua mente te faz querer cair ou tenta te deixar no chão.

Os medos do passado sugarão sua energia, suas falhas levarão sua positividade e o reflexo no espelho carregará sua paz, seus monstros engolirão sua autoestima, deixando refletido apenas uma carcaça que finge sorrisos.

Não existe hora certa para começar a mudar, não existe a pessoa certa que te guiará a mudança, então seja sua mudança. Encare seus medos, encare suas fraquezas, encare seu "eu", e, arranque cada pensamento negativo que compõe seu ser. Perdoe seu passado, seus erros, perdoe os que te julgaram, mas principalmente se perdoe. Cada pequena cicatriz, na alma e no corpo, é uma lembrança das batalhas que venceu e perdeu, mas ao mesmo tempo é o registro nítido que você ainda está vivo, uma lembrança de que por mais doloroso que tenha sido seus momentos, você transpôs tais adversidades.

Olhe-se no espelho e orgulhe-se do que vê, do seu reflexo e da sua alma. Faça as pazes consigo mesmo, ame-se apesar das imperfeições, no fim do dia todos temos monstros a enfrentar debaixo da cama. Encare seus medos e seja sua força, seja sua coragem, seja o motor que te faz seguir.

- Eu consigo ouvir esses gritos irritantes de positividade. – o meu reflexo debochou. Era como ver outra Lauren personificada em minha frente. – E isso não vai servir de nada, como mesmo disse no fim do dia, o seu passado ainda pesará em suas costas.

- Você está certa em uma coisa, não importa o caminho que eu trilhe, nada mudará meu passado, mas isso não significa que ele ainda pese em minhas costas. – imitei seu sorriso debochado.

Flashback on

Meu corpo estava queimando em febre, eu me encolhia ao máximo, mas ainda assim, o frio abraçava meu corpo. Ouvi duas batidas suaves na porta e imaginei que fosse Camila, mas uma silhueta magra apareceu em meu campo de visão, semicerrei os olhos quando a luz acendeu, cobrindo minha cara com o lençol em seguida.

- Você está acabada, amiga. – a voz de Veronica preencheu suavemente o ambiente.

- É só um resfriado. – resmunguei, minha voz saiu abafada porque escondi meu rosto no colchão.

- E eu pensando que te daria uma surra no boliche parece que a vida decidiu dar a surra no meu lugar. – senti um lado da cama afundar, tirei o rosto do colchão, descobri minha cara e abri os olhos lentamente, vendo-a sentada próximo a mim. – Você não está branca como de costume, parece meio verde... – entortou a cara como se me olhasse em um misto de nojo e preocupação.

- Obrigada por me deixar confortável... – puxei mais o lençol para baixo, cobrindo-me até os seios. - Sinto-me muito melhor, algo mais a acrescentar? – bufei.

- Deixe-me pensar... – me encarou com a mão no queixo. – Você parece muito abatida, com olheiras, com o cabelo seco, está realmente um lixo. – negou com a cabeça. – O que aconteceu com minha amiga?

- É só um resfriado, ontem eu... – parei assim que percebi Vero negando com a cabeça.

- Não falo disso.

- Fala de quê? - franzi o cenho em confusão, mas em seguida entendi o que ela quis dizer. – Não sei... – suspirei exausta após um longo minuto, tudo que queria saber era o que tinha acontecido comigo.

- Isso está indo longe demais. – disse séria.

- Minha cabeça está uma confusão e eu não sei como sair dela, sinto-me uma completa incompetente diante as adversidades da vida... – perdi a fala.

- Você sempre foi tão forte e decidida, quando se tornou esse gatinho assustado?

- Quando eu percebi que nunca serei suficiente.

- Quem disse isso? – perguntou irritada.

- Ninguém, meu passado me grita constantemente. Eu não sou cega e nem surda, nada que eu faço vai apagar o que eu fiz, as marcas são profundas...

- Baboseira. – cortou-me. – Passado é passado! – gesticulou teatralmente, puxou o ar e me encarou. – Você precisa deixar o passado no devido lugar dele... – acariciou meu rosto.

- Como? – perguntei. – Como vou fazer isso se ele é uma enorme mancha negra, é como se minha vida fosse uma tela branca e no meio do processo eu derramasse sem querer uma quantidade significativa de tinta e manchasse grande parte da tela... Não importa o que eu faça, aquela mancha vai continuar lá!

- Sim, eu sei! – exclamou, Vero se aproximou e beijou minha testa. – Mas nada te impede de fazer uma bela arte abstrata com esse quadro manchado. – sorriu vitoriosamente, seus dedos acariciando minha bochecha. – Então deixe de reclamar, faça sua obra de arte em meio as suas manchas e cicatrizes. – deu de ombro. – Você tem razão, há certos erros e escolhas que não dá para apagar, mas não é impossível conviver com eles.

- Quando você se tornou filósofa? – dei um meio sorriso sacana.

Flashback off

- Ainda assim você continuará com essa marca permanente, e eu estarei todos os dias para te lembrar do quanto é um fracasso como pessoa... Não esqueça, eu sou você! – frisou a palavra você. – Eu conheço seus medos, suas falhas e todo seu caminho trilhado, eu sou sua parte obscura, eu sou sua verdadeira cara por mais que você use uma máscara atrás da outra...

- Você fala demais, e isso não me afeta mais... – dei de ombros, tais palavras já não me afetavam. - E de todo seu discurso, uma única coisa me chamou a atenção. – ela me encarou, esperando por minha resposta. Meu sorriso se alargou, um sentimento bom invadia meu peito e por mais que olhar para meu verdadeiro "eu" fosse assustador, havia assuntos que eu precisava encerrar. – Você disse, eu sou você, desculpe, mas se equivocou, essa frase é minha porque você não é eu, eu que sou você...

- É a mesma coisa. – respondeu irritada.

- Na verdade não. – pausei de forma dramática. – Eu sou você, sou eu que conheço seus medos, sou eu que sei suas fraquezas, e está na hora de superar isso, as pessoas já superaram, eu já superei, você deveria superar... – a Lauren refletida em meu espelho armou uma carranca. – Eu que sei o que passa na sua cabeça e digo que isso não nos afeta mais... Supere, eu já superei. – ela abriu a boca para contra argumentar, mas eu continuei falando. – As marcas em nosso passado são grandes e inapagáveis, eu sei, mas uma amiga me mostrou que ainda é possível fazer algo belo mesmo que pareça estragado, basta querer, eu quero, por que você não tenta? – ergui um pouco a mão como se a convidasse.

- Não seja ridícula, nós não temos amigos... Eles, que você chama de amigos, falam de você, te julgam, te crucificam... Você só tem a mim e aos nossos medos. Nada que fizer apagará o que foi dito ou as feridas que foram abertas! – neguei com a cabeça, era extremamente difícil não vacilar ou cair diante daquelas palavras, mas eu estava decidida, eu precisava vencer aquela pequena, mas significante batalha contra meu lado sombrio para começar minha caminhada rumo a mudança.

Todos temos medo, todos temos marcas profundas, mas cabe a cada um decidir vencer o seu "eu" interior ou ser engolido por ele, eu estava quase sendo engolida por minha cabeça, porém havia decidido não me entregar tão facilmente como estava me entregando, eu precisava mudar, então começaria revendo conceitos sobre mim.

O problema do passado é que não se apaga; mas o futuro a gente molda.

- Suas palavras são tão venenosas que me pergunto como não sufoca nelas. – constatei.

- Isso são desculpas. – cortou meu discurso. – No fundo, você sabe que suas marcas e erros são eternas. Nada vai mudar o que foi dito e o que foi feito!

- Eu trilhei caminhos e conheci pessoas que me deixaram marcas que não podem ser escondidas, muito menos apagadas. – admiti, um sorriso vitorioso nasceu no rosto do meu reflexo. – Mas há uma beleza incomum em meio a tantas marcas, antes eu não a enxergava, mas hoje...

- Hoje o quê? – questionou com certa irritação.

- Hoje eu consigo amar cada pequena linha de imperfeição em minha pele, em minha alma. – sorri timidamente. - O tempo passou, as pessoas mudaram e eu decidi que não posso ficar presa a marcas do passado...

Flashback on

- Eu estou falando sério... – rolou os olhos em meio ao resmungo. – Você precisa sair desse mudo caótico e distorcido em que vive. – suspirou frustrada. – Eu quero aquela Lauren exibida, forte, decidida, autentica... Eu quero minha amiga, que quase caiu por muitas vezes, que foi uma babaca também, mas que soube admitir cada pequena falha e lutou para ser melhor... Eu quero seu melhor, eu quero a Lauren que sempre foi!

- Eu sempre fui fraca, apenas não me admitia cair, até meu pai morrer e eu desmoronar diante meus medos... Eu nunca fui perfeita, eu cometi erros atrás de erros por longos anos e hoje minha mente me bombardeia com palavras autodepreciativas, eu sou meu pior inimigo... – levantei-me, encostando-me a cabeceira.

- Enfrente-se. – respondeu como se fosse algo óbvio e fácil.

- Eu tento... – engoli em seco ao lembrar da minha conversa com o reflexo em meu espelho. – Mas não é uma batalha da qual estou pronta para vencer. – baixei a cabeça envergonhada.

- Não seja fraca Jauregui... – retrucou. – Você tem uma família, é hora de acordar para vida... Uma mulher, um filho e uma criança a caminho e todos precisam de você. Está na hora de acordar para vida, de viver, de enfrentar seus monstros, de se enfrentar.

- Como faço quando tenho um passado...

- Foda-se o passado. – elevou a voz irritada. – Enquanto remói o que já passou, você perde o presente e não constrói um futuro... Eu sei que não deve ser fácil, eu digo porque me culpei por dias tudo que omiti, mas nada vai trazer àqueles dias, nenhum pensamento por mais forte que seja vai retirar essas marcas da sua vida... Eu já disse, faça das suas rasuras uma bela composição, um lindo quadro, torne suas palavras obscuras um tocante poema... Agora não fique sentada esperando que o mundo se alinhe para que consiga se enfrentar. Não sacrifique sua vida diante dos medos, enfrente-se.

- Eu não tenho forças caralho. – respondi irritada. – Eu tento, mas os pensamentos negativos continuam lá, e eu não consigo encarar um espelho sem ter medo das marcas que ele reflete... – passei as mãos no cabelo totalmente frustrada comigo mesmo. – Eu estou tentando, eu juro, mas as palavras continuam a me perfurar ou rasgar ainda mais as feridas abertas... – Vero tentou falar, mas gesticulei para que ela esperasse. – Eu quero me enfrentar, eu quero fazes as pazes comigo e com meu coração. – disse sincera. - Eu olho no espelho e tento aceitar quem eu sou, eu tento uma reconexão com a Lauren refletida nele, mas como me enfrento? – perguntei desesperada. - No fim ela conhece minhas falhas e sabe o que dizer para tentar me afundar...

- Lauren. – ela pronunciou meu nome com calma, seus olhos conectados aos meus, uma sensação de segurança pairava no ar, os castanhos escuros vibravam certezas. – As palavras são como veneno ou antidoto, cabe a você escolher o que injetar nas veias. – abri a boca sem muita ideia do que dizer, ela deu de ombros. – Eu tenho total certeza que você sabe o que fazer, só não demore muito para escolher, não espere por um longo período para depois acordar e decidir mudar, toda hora é uma hora boa para mudar... – duas batidas na porta foram ouvidas.

- Entre. – eu disse, meus olhos focados em minha amiga, mas o pensamento voltado para suas palavras.

- Estou segurando a bandeja, alguém pode abrir a porta. – Camila pediu, Vero se levantou e eu estiquei o corpo, querendo me livrar da pequena tensão provocada pela conversa.

Flashback off

Ouvi a voz do David junto com a da Camila soarem no ambiente ao lado, foquei os olhos no espelho e sorri por ainda a ver ali. Tinha sido um longo caminho e ainda trilharia muito, aquela pequena batalha era algo pequeno, mas que me levaria a coisas maravilhosas.

- Mama? – ouvi David me chamar.

- Um minuto amor, estou no banheiro. – respondi. Olhei novamente para o espelho e sorri timidamente. – Deixe-me mostrar o quanto somos maravilhosas e o quanto as pessoas nos amam... – sussurrei. O reflexo tornava-se lentamente embaçado, mas ainda vi sua pequena carranca. – Não há o que temer, o máximo que pode acontecer durante nossa jornada é tropeçarmos em algo extraordinário! – inspirei e expirei lentamente, sorri ao me ver ali, sorrindo que nem boba para o espelho, olhei para a porta do banheiro, havia outra batalha a enfrentar. Ouvi a risada da Camila e do David, meu sorriso se alargou. Mas essa batalha seria diferente, eu não queria a vitória, eu almejava uma paz definitiva.

- A senhora está melhor? – David perguntou assim que saí do banheiro. Meu filho estava deitado na cama, com a cabeça em cima da barriga da Camila, minha mulher estava com o corpo encostado a cabeceira ninando nosso filho.

- Bem melhor! – não conseguia esconder meu sorriso, Camila me olhou intrigada. – Vero, Lucy e Anne já foram? – sentei na ponta da cama, mas próximo a eles.

- Sim... – David respondeu triste. – Elas bem que podiam dormir aqui, mas tia Lucy disse que não podia. – um bico se formou na sua cara.

- Elas pensaram em vir aqui se despedir, mas acharam que estava dormindo e não queriam incomodar, mandaram lembranças. – Camila me olhava bem curiosa. – Mas David parecia muito triste e resmungão, alguém se divertiu tanto que não queria que a amiga fosse embora. – repentinamente a cara do meu filho ganhou uma coloração avermelhada.

- Aprontaram algo que devo me preocupar? – alcei a sobrancelha, David negou freneticamente com a cabeça. – Como foi o dia de vocês?

- Depois que a senhora veio para o quarto, após o almoço, junto com a tia Veronica e a tia Lucy, Mama Camila, Anne e eu ficamos na sala assistindo a um filme...

- Deixe-me adivinhar, Corredores Malucos? – perguntei divertida.

- Eu queria... – resmungou, virou a cara e a escondeu na barriga de Camila, beijando-a seguidas vezes. – Mas Anne e Mama queriam ver outro e eu acabei sendo massacrado pelo poder feminino. – sua voz saiu abafada por ainda estar com a cara na barriga da Camila, gargalhei da sua irritação.

- Eu fui limpar a cozinha junto com a Vero assim que o filme acabou. – Camila continuou, acariciava os cabelos de David, seus olhos estavam arregalados e isso me divertia de alguma forma, pois sabia que sua cabeça estava projetando inúmeras coisas. – Os meninos e Lucy subiram para jogar vídeo game... – David levantou o corpo rapidamente.

- Eu ganhei da tia Lucy no modo mais difícil do Combate Ninja e venci três corridas na corrida de motos. - disse animado.

- Mas um passarinho verde me contou que você perdeu para a Anne no boxe. – sorriu, David torceu a cara.

- Mas... Mas... Só aconteceu porque a tia Vero ensinou os códigos para fazer sequências de golpes, se não... – David voltou a deitar, se ajeitou para colocar os braços em cima das coxas de sua mãe e deitar a cabeça em cima deles.

- David, eu já disse que uma menina pode ganhar de um menino no jogo... – comecei o discurso, mas ele me interrompeu.

- Eu sei, eu só não gosto quando roubam no jogo, isso não é uma forma justa de ganhar. – respondeu emburrado. – Mas... Mas... Aconteceu algo... – começou e parou em seguida.

- Mas o quê? – Camila instigou para que continuasse.

- Nada... – disse sem jeito.

- Nada mesmo? – perguntei, ele acenou em afirmativa. Aposto que está chateado porque Anne aprendeu vário códigos... – provoquei. David colocou um bico lindo no rosto.

- Eu vou dormir. – falou ainda com o bico, levantou o corpo e se espreguiçou todos.

- Que gatinho manhoso... – brinquei assim que meu filho gemeu preguiçosamente. Ele mexeu no cabelo de forma convencida, os bagunçando ainda mais.

- Boa noite Mama. – ajoelhou-se, e, beijou a bochecha de Camila, depois abaixou-se e beijou a barriga dela. – Boa noite Batatinha... Não quero te apressar, mas você está demorando muito para sair. – cutucou levemente alguns pontos da barriga da Camila. – Sei que aí dentro deve ser quentinho e seguro, mas aqui tem mais espaço. – abriu os braços, seus olhos sempre fixos a barriga. – Então não demora... – Camila beijou sua testa.

- Boa noite meu anjo. – respondeu. – Escove os dentes antes de dormir. - David engatinhou até próximo a mim e se jogou, sendo amparado por meus braços, ele gargalhou com meu reflexo.

- Você está bem pesado... – resmunguei.

- Boa noite Mama. – beijou meu pescoço seguidas vezes até chegar a minha bochecha. – Não vamos olhar as estrelas hoje?

- Hoje não meu amor. – acariciei seus cabelos. – Eu gosto de olhar as estrelas, mas percebi que mesmo sem olhá-las ainda terei meu pai me protegendo lá de cima, ele também está te protegendo.

- Vovô Mike deve ser o anjo mais forte do céu, aposto que ele chegou rindo e fazendo logo amizade com os outros... – parou como se lembrasse algo. - Ele disse uma vez que devemos ser simpáticos com todos porque nunca saberemos de quem precisaremos, aposto que ele fez uns contatos legais para ter uma visão privilegiada da nossa casa... – uma lágrima escorreu sem permissão, um misto de saudades e de orgulho daquele pequeno ser que me abraçava fortemente.

- Aposto que sim... – beijei sua testa. – Boa noite campeão... Nada de deixar roupas e coisas jogadas pelo chão... Eu te amo!

- Amo vocês. – disse e pulou para fora da cama, mandando beijos no ar antes de sair do quarto.

[...]

- Hoje o dia foi movimentado... – Camila disse ao abrir a porta do banheiro, após tomar seu banho, ela usava uma calcinha boxer preta e uma blusa bem folgada do Ramones, que já foi minha e ela tomou para si e agora estava bem surrada. Programou o despertador na hora de sempre e deitou-se na cama. Minhas mãos suavam. Começar aquela conversa era mais fácil em minha cabeça, colocar em palavras tudo o que estava sentido me assustava, e muito. – Você está sentindo algo? – sua voz saiu preocupada, imaginei que minha cara estivesse em pânico. – neguei com a cabeça, sem saber como começar. – Tem certeza? – a confusão em seu rosto era nítida.

- Desculpa. – as palavras saíram como vômito, totalmente sem permissão, mas aliviando parte daquele mal estar que me preenchia.

- Por que está pedindo desculpa? – perguntou assustada.

- Porque eu fiquei presa em alguma coisa no decorrer do caminho... – tentava ao máximo controlar minha mente para que as frases saíssem na ordem correta, mas estava tendo o efeito contrário e podia apostar que estava deixando-a assustada, mas minha mente trabalhava a mil, era uma enxurrada de coisas que queria sair, que finalmente se libertaria. – Eu tenho sido uma pessoa muito difícil esses dias, eu sei que não tem sido fácil...

- Não precisamos falar disso. – se apressou em dizer.

- Eu quero. – disse convicta. – Nós precisamos dessa conversa... – Camila acenou em afirmativa. – Durante todos esses anos eu tenho vivido na sombra dos meus erros, sobrevivendo das migalhas fornecidas pelo meu passado... Lembra-se de quando me chamou de irresponsável quando achou que eu esqueci o David na escola...

- Eu não quis dizer isso. – cortou-me apressadamente.

- Eu sei, e naquele dia, no fundo eu sabia que apesar do calor do momento tais palavras não foram programadas assim como, no dia da nossa briga, antes de saber que meu pai havia falecido, eu nunca quis cogitar a separação... – maneei a cabeça. – Talvez eu estivesse no auge da minha raiva e do desespero, talvez eu quisesse calar minha mente e colocar um ponto final em nossas constantes brigas, mas eu nunca em nenhum segundo sequer da minha vida de casada cogitei realmente uma separação. – esclareci. – Mas voltando ao foco... – sacudi a cabeça. – Desde àquele dia estamos vivendo momentos conturbados, e eu tenho sido muito relapsa com você, com meu filho e com a minha pequena. – olhei para a barriga da Camila e a acariciei. – Eu tenho perdido momentos e lindas memórias me afogando em feridas que deveriam ter sido cicatrizadas, eu peço desculpa por isso...

- Você não precisa. – ela entrelaçou nossas mãos. – Eu também não tenho sido uma boa mulher ao longo dos anos, tenho cometido erros atrás de erros e te jugando constantemente, eu nem me reconhecia, tudo isso precisou acontecer para que eu me encontrasse... Não peça desculpa quando também tenho culpa nessa merda, e, eu venho errado tanto que me sinto um lixo... – coloquei rapidamente o indicador em sua boca para que ela se calasse, negando com a cabeça.

- Você não é um lixo, eu não sou um lixo... Somos humanos e errar está na nossa genética, simples assim. - constatei. - Perfeição não existe, então chega de autodepreciação. Certo? – ela confirmou em um aceno. – E não diga eu não preciso pedir desculpas, pois eu preciso, mas eu estou pedindo desculpas não só a você, eu peço desculpas também a minha pessoa... – Camila levantou a sobrancelha confusa. – E eu me perdoo por tudo que passei e você deveria fazer o mesmo... – minha mão esquerda continuava acariciando sua barriga, meus olhos fixos nos seus, levantei minha mão direita e acariciei timidamente seu rosto, Camila deitou um pouco meu rosto para aproveitar mais das caricias. – Você também deveria se perdoar, não sabe o quanto isso faz bem à alma! – sorri timidamente. – Eu disse que precisava enfrentar algumas batalhas sozinhas... Eu precisava ouvir algumas verdades para finalmente decidir acordar desse torpor, eu precisei enfrentar o meu reflexo para não ter mais medo do que eu vejo e você tem sido extremamente paciente e forte, segurando nossa família sozinha, então peço desculpas por isso, mas prometo... – coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha. – Isso não acontecerá novamente... – olhei novamente para a barriga da minha mulher. – Mamãe está de volta à ativa, ainda não estou cem por cento princesa, mas estou aqui... - sorri e baixei para beijar aquela barriga saliente. Camila sorriu lindamente, seus olhos em um brilho apaixonante.

- Eu senti sua falta. – sussurrou como uma confissão.

- Eu também senti minha falta, mas finalmente me reencontrei... E eu senti fodidamente sua falta... – encostei nossas testas, uma lágrima desceu silenciosamente. – O caminho foi escuro, mas eu não teria me achado se tivesse desistido de mim. – admiti, meu coração batia aceleradamente, um misto de emoção sendo ativadas.

Eu sentia que estava prestes a desmoronar, mas de alegria.

- Eu tenho muito orgulho de você. – olhei para sua mão esquerda e uma ideia surgiu em minha cabeça, nascendo um sorriso em seguida.

- Camila, você pode tirar sua aliança? – ela se afastou rapidamente de mim totalmente assustada.

- Não! – exclamou. – Está brincando?

- Não... – respondi tirando a minha do meu dedo anelar esquerdo, Camila abriu a boca completamente horrorizada. – Confie em mim. – pedi, assim ela faz, com muita relutância tirou a aliança e me entregou. – Lembra-se de nossos votos? – ela afirmou, sorri com a lembrança. – Você me prometeu escrever uma linda história, nosso segundo volume e que aquela garotinha de coração partido se encantaria ainda mais com nossa história... – Camila confirmou, sua cara banhada por lágrimas. Beijei a sua aliança. – O casamento não é algo simples e estável, as pessoas se perdem durante a rotina e esquecem o significado disso. – ergui um pouco a aliança dela, segurando-a com a ponta dos dedos. – Mas esse pequeno objeto não é o símbolo mais palpável de nosso amor, você sabe qual é? – Camila negou com a cabeça. – Nossos filhos. – sorri ao dizer. – Nossas alianças selam um compromisso, mas nossos filhos são a representação física de nosso amor. Eu não estive presente durante a gestação de David, mas recuso-me a perder todo esse processo mágico que é a gravidez da Anabella. – beijei a aliança. – Nesse quarto, que compartilhamos momentos bons e ruins, eu te tomo novamente como minha esposa e minha mulher... – segurei a mão da Camila, que tremia levemente. – E faço novas juras para que nunca esqueças que pertenço exclusivamente a você... Karla Camila – minha mulher rolou os olhos e suprimiu um riso, alarguei meu sorriso. – Cabello Estrabao, a garotinha descobriu sobre o segundo volume e o comprou, mas na metade do livro ela se decepcionou por ser pior que o primeiro, seu coração, ainda partido, não merecia ler palavras tão tristes, ela não precisava afogar ainda mais ao ler nossa história, mas, mesmo com o coração despedaçado de forma irrecuperável, ela decidiu continuar a leitura até o fim, o que ela descobriu? Eu não sei ainda não cheguei ao final... – dei de ombros. - Mas o que estava escrito na capa de trás do livro?

- Essa história te ensinará lições valiosas, estas que você deve carregar no peito, pois talvez te ajudem quando estiver no jogo do amor, mas ela também te fará chorar como nunca chorou... Se é de felicidade ou tristeza saberá apenas quando ler. Aprecie o amor sem moderação. Ouse, ultrapasse limites, mas lembre-se: no jogo do amor é permitido trapacear apenas se for para ser feliz com quem se ama. – Camila relembrou e eu sorri orgulhosa, apesar dos anos e de tudo que vínhamos lutando, ela ainda tinha as palavras salvas no peito.

- Mas aprendi uma coisa, os livros sempre têm uma continuação e se nosso segundo volume não der certo, a gente escreve um terceiro, um quarto... Quantos forem necessários até que o, Felizes para Sempre, seja gravado em nossa história... Eu prometo continuar escrevendo e fazendo meu melhor para que acordes com um sorriso e durma também com um sorriso... Eu te amo exatamente como és! – terminei de colocar a aliança em seu dedo, beijando-a em seguida. Entreguei a minha e Camila sorriu e meio a lágrimas. Mordi meus lábios, sentindo-me novamente em meu casamento, nervosa por quais palavras ela usaria.

- Lauren Michelle Jauregui Morgado. – ela fechou os olhos por um longo minuto me deixando totalmente apreensiva. – Confesso que não esperava refazer os votos antes das bodas de prata, mas – colocou parte da aliança em meu dedo. – Casamento é isso, é fazer novos votos, relembrar velhos e fortalecer laços... – disse entre risos. - Fui pega de surpresa e não sei muito o que dizer. – sorriu sem jeito. – Então vou repetir exatamente o que meu coração sussurra... Lauren, eu me apaixonei por você no exato momento em que te vi, talvez tenha sido seu jeito descontraído ou porque exalava segurança, mas à medida que te conhecia percebia que não era perfeita e que alguns medos te assombravam, então caí ainda mais de amores porque tudo que eu queria fazer era te colocar no colo e te ninar para o resto da vida... A vida nos deu o mesmo mapa, mas seguimos por caminhos opostos, só que nos encontramos após longos anos afastadas e o amor é isso, não importa o que aconteça, você sempre vai se reencontrar, o amor é um poderoso imã que te arrasta contra sua vontade para quem se ama... Eu fui arrastada para você e não importa o que aconteça, eu sempre serei arrastada, sabe por quê? Porque meu lugar é ao seu lado. Separadas somos peças sem sentido, juntas somos um lindo quebra-cabeça... Nós rimos, nós choramos, nós brigamos e nos amamos, mas no fim do dia é em seu corpo que quero me aninhar, é em seus braços que quero me proteger... Escrevi seu nome em meu coração e assim te aprisionei a mim e me aprisionei a você... – um milhão de imagem passavam em minha cabeça, relembrando nossos melhores e piores momentos, cada risada, cada grito. As lágrimas desciam descontroladamente, meu coração batia ritmado e forte e eu me sentia tão amada e bem comigo mesmo que a qualquer momento explodiria em paz, em amor e confiança, em não estava em meu melhor momento, ainda precisaria lutar muito, mas eu tinha minha família, meus amigos e minha força de vontade. Com eles nada parecia ser impossível de ser conquistado. - Eu te amo exatamente como és! – Camila colocou a aliança e a beijou ternamente, sequei algumas lágrimas com a outra mão.

Parecíamos duas adolescentes prestes a dar um primeiro beijo, e, talvez fosse nosso primeiro beijo, beijá-la sempre seria como a primeira vez. Sorri envergonhada e me aproximei, colando nossas testas.

O primeiro gosto que senti foi o salgado das suas lágrimas, mas sorri com o contato macio dos seus lábios nos meus, não tínhamos pressa, era a redescoberta de como nossos lábios se encaixavam perfeitamente bem. Levei minhas mãos ao seu rosto, acariciando com todo o cuidado como se segurasse a coisa mais preciosa do mundo. Camila colocou as mãos em meus ombros, perdendo-se em meus cabelos. Gemi manhosa ao sentir seus dedos acariciarem minha nuca, minha mulher aproveitou e serpenteou a língua para minha boca, coisa que eu aceitei de bom grado, meu corpo se arrepiou com o contato e meu coração disparou ainda mais. Como em uma dança lenta, nossas bocas se moviam em sincronia, encaixadas perfeitamente e assim permanecemos até que o ar se fez necessário. Sorri tímida e ao mesmo tempo abobalhada ao separarmos nossas bocas, meu corpo estava completamente leve, sentia-me flutuando em emoções.

- Eu te amo. – sussurrei, enchendo-a de selinhos.

- Eu também te amo.

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Bom chegamos ao fim da fase triste da fic, espero que no fundo tenham absorvido algo do que quis passar, nem que seja 1%. Amo vocês, sejam sinceros.... Como estamos?

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