5inco | ✓

By nicolescreve

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(Sobre Amores e Amizades, #1) Quando o último ano do ensino médio começou, Maria Luísa Alves teve certeza que... More

Sobre amores e amizades:
Central de informação ao leitor:
Personagens:
Playlist:
Introdução:
1: Bem vindo ao Basso
2: Conversas estranhas
3: Saia justa
4: Retornos
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
5: Kia e Lia, Lia e Kia
6: Revanche
7: Blecaute
8: Flash, Mozart, Snow e Zeus
9: Conspiração
11: Quem não cola...
12: OTP
13: Metáfora
14: Qual é o time?
15: Choque de realidade
16: Escolhas
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
17: Dia do chiclete
18: Anna em: o retorno maldito
19: Ariel
20: Carrossel
21: Augusto é o coelhinho
22: Ciúmes
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
BÔNUS: AUGUSTO MARQUES
23: Surtando
BÔNUS: RODRIGO CASTRO
24: Olha a explosão
25: Maravilhosa confusão
26: Fim?
27: Bad blood
BÔNUS: THOMAS BASSO
28: Novas sensações, doces emoções
29: Só diga sim, sim, sim
30: Fofoqueiros
31: Sem chance
32: Descobertas
33: Perto
BÔNUS: RAFAEL CUNHA
BÔNUS ESPECIAL: DIA DO AMIGO
34: Compatibilidade
35: Raiva
36: Cartas na mesa
BÔNUS: FELIPE ALVES
THE ARTISTS AWARDS
37: Família
38: Adeus para a foto
39: Sobre vestibulares, faculdades e o futuro
40: Respiração cachorrinho
41: Surpresa? Surpresa!
42: 5inco
43: Sentimentos x distância
44: Até o fim...
Agradecimentos:

10: Espelho de classe

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By nicolescreve

"Pessoas evoluídas não sentem ciúmes. Depois dessa minha frase, para entender perfeitamente que eu não sou uma pessoa evoluída. ── Rafael."

Augusto é o tipo de pessoa que gosta de dar conselhos.

Em qualquer hora e em qualquer lugar.

Ele acha que é muito melhor conselheiro e ouvinte do que sendo a pessoa que desabafa sobre seus problemas ou dúvidas. E, em algumas ocasiões, ele realmente é um conselheiro maravilhoso. Principalmente nas situações que alguém pede os conselhos dele. Nesses casos, Augusto Marques é o melhor tipo de conselheiro que existe nesse mundo.

Infelizmente, ele não está sendo esse tipo de pessoa nos últimos dias.

Na verdade, ele vem sendo aquele tipo de pessoa que o Pedro é: o tipo de pessoa que se intromete na vida alheia. Bem ao estilo daquelas vizinhas fofoqueiras ou tias avós que só aparecem nas festas em família para causar discórdia.

Augusto é a versão adolescente delas.

Nunca me importei com os conselhos do meu melhor amigo. Nunca mesmo. Augusto tinha razão quando dizia que era melhor conselheiro do que pessoa que desabafa; Ele possuía alguma coisa que sempre despertava nos momentos de psicólogo dele. A pessoa poderia aparecer com um problema ao estilo o naufrágio do Titanic, mas Augusto sempre iria achar uma solução para o problema dela. Ou teria um conselho tão sensacional que o fato do Titanic estar afundando nem seria mais considerado um problema de verdade.

O problema de Augusto ultimamente vem sido o problema de se meter. Se engana quem pensa que ele adquiriu essa personalidade com todo mundo. A sortuda fui eu. Somente e unicamente eu.

No fundo, eu sabia que Augusto começou a se meter demais apenas porque queria me ajudar a lidar com a volta de Felipe e Rafael. Ele deveria achar que eu acabaria surtando em algum momento por causa disso. Só que... Não dava mais. O quanto menos Felipe e Rafael fossem mencionados, mais fácil seria de lidar com eles. Ou com a volta deles.

Gentilmente naquela manhã, eu tive que pedir para Augusto parar de tentar me ajudar e voltar a ser ele mesmo e não uma cópia do Pedro. Ele ficou meio ofendido quanto a comparação e até tentou se explicar, mas eu apenas disse à ele que não me importava com os conselhos dele. Ao contrário, eles eram muito bem-vindos quando eu os pedia.

Ele pareceu entender meu ponto e disse que iria dosar sua cota de conselhos para mim e apenas os dar quando eu pedisse. Ele ainda chegou a brincar que começaria a cobrar pelos conselhos e eu, como boa amiga, dei uns dois tapas na sua cabeça, o chamando de volta para realidade.

Mais uma típica manhã em que vamos para o colégio juntos.

Assim que colocamos nossos pés no Basso, Augusto se despediu apressado de mim e correu até Bruna que estava sentada perto de uma das árvores, distraída enquanto lia alguma coisa em seu caderno. Mas ela logo parou de dar atenção ao que estava escrito ali e grudou sua atenção em Augusto. Aqueles dois... Uma verdadeira lástima não estarem mais juntos.

─ Posso saber no que tanto você pensa logo às sete e meia da manhã?

Dois braços circularam minha cintura de maneira firme e um queixo foi apoiado na minha cabeça. Rodrigo tinha essa mania de chegar me abraçando pelas costas de surpresa. Eu não podia dizer que não gostava daquilo, ao contrário, eu amava.

─ Naqueles dois ali serem perfeitos um para o outro. ─ apontei para Bruna e Augusto. ─ Bom dia, Digo.

Ele me virou em sua direção e conectou nossos lábios em um daqueles beijos que me fazia esquecer que estávamos em uma instituição pública de ensino e cercada de vários alunos curiosos e fofoqueiros. Ainda bem que Rodrigo sempre foi a voz da razão entre nós dois e tratou de desacelerar aquele beijo até que estivéssemos apenas abraçados.

─ Tem gente olhando pra cá. ─ com um suspiro falso, Rodrigo estreitou seus braços ainda mais ao meu redor e eu apenas o encarei entediada, já sabendo suas próximas palavras. ─ O preço que eu pago por sair com a garota mais bonita desse colégio...

A minha risada explodiu facilmente depois daquilo e Rodrigo me acompanhou. Parecíamos dois abobados rindo naquele momento. Mas minhas risadas morreram no momento em que Felipe e Rafael passaram ao nosso lado e Rodrigo e eu fomos os alvos das atenções dele.

Rodrigo e eu que estávamos abraçados.

Antes que aquele momento ficasse ainda mais estranho, arrastei Rodrigo para dentro do colégio e apenas parei de andar quando chegamos na minha sala. Longe do olhar inquisidor de Felipe e bem longe de Rafael. Dessa maneira, meus olhos ficariam fixados apenas em Rodrigo e nada mais além do que ele.

Eu precisava refrear de alguma maneira essa minha mania de ficar encarando Rafael no colégio de alguma maneira. Aquilo já estava ficando... Ridículo. Era como se eu não tivesse mais controle dos meus atos quando o assunto se tratava de Rafael.

─ Só te vi correr dessa maneira aquela vez que você e o Pedro resolveram sair tocando campainhas alheias no ano passado. ─ me enconstei na parede ao lado da porta e soltei nossas mãos. Estava na hora de contar algumas novidades para Rodrigo. ─ Aquele era o seu irmão, não era?

─ Rodrigo.... ─ ele colocou as mãos apoiadas na parede e me deixou presa ali, com seu olhar curioso preso ao meu. ─ É, aquele é o meu irmão e o outro garoto é o Rafael.

Rodrigo rapidamente se afastou de mim e eu descobri que por mais comentados que Felipe e Rafael estejam sendo durante aquele momento, Rodrigo não sabia que o Rafael que havia voltado era o mesmo Rafael que, bom... Ele sabia da história.

Aquele Rafael?

Aquele Rafael.

Enquanto Rodrigo absorvia a informação nova que eu havia atirado para cima dele, me perguntava quais eram os seus pensamentos sobre o assunto.

─ Você vai querer terminar? ─ foi a única pergunta que ele me lançou depois daquele tempo em silêncio. ─ Já que agora ele voltou, eu não quero ser a pedra que impeça vocês a ficarem juntos.

Rodrigo não fazia ideia de quantas pedras existiam entre Rafael e eu para que algo entre nós pudesse acontecer. Não eram nem pedras: rochas definiam melhor.

─ Posso saber qual porcaria a sua irmã colocou no seu café para você falar uma bobagem dessas? ─ circulei meus braços ao redor do seu pescoço e aproximei nossos rostos. ─ Eu não vou terminar com você apenas porque o Rafael voltou e você... Você nunca vai ser uma pedra no meu caminho, entendeu? Nunca.

─ Mas, Malu...

─ A gente termina agora se for isso que você quer. Eu não quero, você quer? ─ ele negou com a cabeça ao mesmo tempo que firmava suas mãos na minha cintura. ─ Então... Acho que estamos entendidos, sim?

E como resposta, Rodrigo beijou novamente e eu virei manteiga derretida nos seus braços.

Nós teríamos que conversar muito ainda sobre o assunto Rafael, mas naquele momento... Naquele momento Rafael e nem ninguém apareceu nos meus pensamentos. Aquele era o nosso momento e ele teria durado muito mais, caso o sinal indicando o começo das aulas daquele dia não tivesse soado.

E caso Thomas não tivesse aparecido e fingido um ataque de tosse muito falso.

─ Vamos nessa, Rodrigo? ─ Thomas apareceu na porta da minha sala e o ar ficou mais pesado. Acho que não tínhamos superado o episódio da minha casa ainda. ─ Oi, Maria Luísa.

─ Thomas.

Impessoal como todas às vezes; Desconfortável como todas às vezes.

Rodrigo me deu um beijo na bochecha e saiu na companhia de Thomas, indo em direção até a aula de educação física deles naquele dia e me deixando sozinha, parada na porta da minha sala de aula.

─ Oi.

Levantei meu olhar em direção a voz de Rafael e o encontrei parado à minha frente.

Era meio óbvio que ele queria entrar dentro da sala de uma vez e eu, parada ali feito uma árvore que havia criado raízes, estava atrapalhando a sua passagem.

─ Desculpa, não quis atrapalhar a sua passagem. ─ dei um passo para o lado, deixando a passagem de Rafael livre. De Rafael e de qualquer pessoa. ─ Pode passar.

─ Não falei com você por causa disso. Só dei oi porque... Bem, é o jeito de começar uma conversa, não é?

Ele sorriu em minha direção e foi como se o mundo ao meu redor não existisse. Foi como se Rafael fosse tudo que existisse e eu não gostei nadinha de me sentir daquela maneira. Não adiantava ficar fazendo discursos e mais discursos para ele sobre o fato de não sermos mais amigos se toda vez que Rafael se aproximasse, eu me deixasse levar por sentimentos que nem deveriam existir mais.

Que nem deveriam ter surgido, sendo sincera.

─ Oi, Rafael. ─ o sinal bateu outra vez e eu levei isso como um sinal de que a nossa conversa não deveria passar daquilo. ─ Tchau, Rafael. A nossa aula vai começar agora.

Entrei na sala sendo seguido de perto por ele e me sentei na minha carteira de costume. Tamanha foi a minha surpresa quando Rafael sentou logo à minha direita, lugar que antes era da Júlia, mas que, até aquele momento, não tinha aparecido na sala de aula.

─ A Júlia senta aí.

─ Trocaram ela de lugar ontem. ─ ele deu de ombros enquanto organizava seu material em cima da classe. ─ Agora ela senta na fileira da janela e eu sento aqui.

Cética de que as palavras de Rafael não eram verdadeiras, caminhei até onde o papel contendo o espelho da sala estava e fiquei realmente decepcionada quando comprovei com meus olhos que Rafael tinha razão: o espelho de classe havia sido refeito e, pelo visto, agora ele sentava ao meu lado.

Júlia apareceu na sala no momento em que eu ainda olhava para aquele papel e absorvia que todos os lugares tinham sido mudados, menos um. A classe toda havia sido organizada, mas o meu lugar não havia sido mudado.

─ Não vou poder mais conversar com você agora. ─ Júlia apoiou a cabeça no meu ombro e em uma sincronia perfeita soltamos um suspiro. ─ Já estou sentindo a sua falta, Malu.

─ Falando assim parece que vou trocar de turma. ─ ela soltou uma risada curta, mas não demorou para voltar a fechar a cara. ─ Eu sei, eu sei. Queria continuar pegando cola com você em biologia. Vou sentir sua falta também.

Presas naquele nosso momento dramático e tendo a nossa turma como testemunhas da nossa separação forçada, Júlia e eu nem percebemos o momento que a nossa professora de biologia tinha entrado na sala e nos olhava com uma cara de reprovação.

─ Senhoritas Sanchez e Alves, será que vocês poderiam parar de atrapalhar a minha aula e voltarem aos seus lugares?

Júlia em mais um dos seus momentos dramáticos, me abraçou e depois foi em direção ao seu lugar. Na janela. Umas quatro classes nos separavam agora e eu não conseguiria superar aquilo tão cedo.

Ainda mais sabendo que Rafael era quem ocupava o seu lugar.

Logo ao meu lado.

Eu precisava descobrir quem havia tido a bendita ideia de mexer no espelho de classe e feito essa bela sacanagem comigo.

[...]

Augusto e eu debatiamos sobre Harry Potter e a Câmara Secreta enquanto esperávamos a última aula do professor Paulo terminar e ele finalmente liberar a turma do primeiro ano. Enquanto Augusto batia na tecla de que o melhor filme e livro da saga é Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, eu afirmava com todas as letras que ele até poderia preferir o terceiro livro da saga, mas que não viesse tentar me convencer de que aquele era o melhor. Porque, fala sério, todo mundo sabe que o melhor livro - e filme - é a Câmara Secreta.

Foi um erro ─ no meu ponto de vista ─ ter pedido que Augusto me encontrasse assim que as aulas dele daquele dia terminassem para que me fizesse companhia na volta para casa. Eu e essa minha mania de não gostar de andar sozinha.

Precisava falar com o professor de química já que Júlia havia me falado que perdi um trabalho em duplas ontem. Ela ainda fez questão de pontuar que foi muito azar eu ter faltado ontem. Por isso estávamos os dois ali, naquele corredor vazio e debatendo nossos gostos pessoais como se um de nós fosse mudar a opinião do outro.

O sinal bateu e eu tive que esperar os alunos saírem da sala enquanto Augusto ainda falava falavava sobre Harry Potter e eu quis enfiar uma meia em sua boca. Assim que o último aluno passou pela porta, eu não esperei mais nenhum segundo para ir falar com o meu professor de química.

─ Professor, posso entrar?

─ Claro, Maria Luísa. Mi sala, su sala. ─ o professor Paulo estava sentando e rodeado por vários papéis, fez um gesto com as mãos e eu tratei de entrar. ─ Tenho certeza que a professora de espanhol de vocês me ouvisse agora iria ter um ataque do coração. Espanhol nunca foi o meu forte.

Eu quis dizer para o professor Paulo que, segunda a minha análise totalmente principiante, o único deslize que ele havia cometido tinha sido o de trocar "casa" por "sala". Mas a troca de palavras deve ter sido proposital, apenas para se adequar a nossa situação. Preferi apenas sorrir minimante em sua direção.

─ Então, veio até aqui por causa do trabalho em duplas que perdeu ontem, certo?

Fiquei meio sem graça por ele ter sacado meu objetivo tão rápido assim, mas ele já deveria estar acostumado ─ e muito ─ com esse tipo de coisa. Afinal, eu não fui a primeira e nem seria a última aluna dele a faltar aula em um dia importante e vir pedir por uma segunda chamada.

─ É. ─ ele parou de revirar as folhas que estavam em cima da mesa e passou a prestar atenção ao que eu falava. ─ Eu sei que foi irresponsável da minha parte faltar e ter perdido o trabalho ontem, mas eu quero e muito uma segunda chance para poder fazê-lo. Juro, professor: não vou faltar e perder esse trabalho de novo. Nem que seja no sábado. Ou pela tarde.

Por um segundo, ele ficou me encarando em um profundo silêncio e, no seguinte, começou a rir da minha cara. Ficaria meio confusa perante a sua reação, mas era do professor mais maluco do Basso que estávamos falando naquele momento.

─ Ah, Maria Luísa, você acha mesmo que vou querer encarar a fúria da sua professora de educação física se eu roubar você durante uma tarde ou que vou fazer você acordar cedo e vir para o colégio? Olá, eu sou o Paulo e não a Georgia. ─ ele fez um gesto engraçado com as mãos e veio em minha direção, deixando sua bagunça de papéis por um instante. ─ Eu vou passar o trabalho na 3C amanhã logo no primeiro período. Um colega seu também acabou faltando ontem e já vai fazer o trabalho por lá... É a sua segunda e última chance. Depois disso, todos os terceiros anos já vão ter feito os trabalhos.

─ Muito obrigado mesmo, professor! ─ Paulo deu um tapinha amigável no meu ombro e nos despedimos.

Enquanto ele voltava parecendo exausto para os seus papéis, praticamente sai saltitando de sua sala tamanha era a minha felicidade pela segunda chamada do trabalho não ser em um sábado ou durante a tarde. O professor de química pode ter usado Georgia como exemplo, mas ela não era a única que fazia essas maravilhas com os alunos.

─ E aí, ele vai passar o trabalho pra você? ─ Augusto me alcançou no corredor e caminhamos juntos para a saída do colégio. ─ Espero que não seja no sábado.... Acordar cedo no sábado só por causa de segunda chamada é horrível. Experiência própria.

─ Vai sim. Na verdade, vou fazer o trabalho amanhã e no primeiro período ─ completei distraída. ─ Na sua turma.

Continuei caminhando, mas dessa vez, sozinha. Virei para trás apenas para notar que Augusto havia parado de caminhar ao meu lado e agora parecia em choque. Um sorriso rasgava o seu rosto e, quando me dei conta o que aquele sorriso significava, já era muito tarde para correr.

Eu sei disso porque até tentei voltar a caminhar sozinha, mas meu melhor amigo pareceu acordar do seu transe e correu até me alcançar novamente.

─ Augusto... ─ tentei começar, porém ele não me deixou finalizar.

─ Isso é perfeito, Maria Luísa! Per-fei-to. Me lembra de agradecer e beijar os pés do Paulo amanhã. Na verdade, me lembra de beijar os pés da sua mãe por ela ter te feito faltar aula ontem. ─ ele parecia genuinamente feliz. ─ Você vai ser a minha dupla amanhã.

─ Você nem sabe se o trabalho vai ser em duplas, garoto.

─ Ah, ele vai ser sim. A Bruna comentou na hora do intervalo que na turma dela o trabalho tinha sido em duplas; Júlia passou a manhã de ontem inteira reclamando sobre o trabalho de química em duplas e você ter faltado. ─ ele apontou um dedo na minha direção. ─ É óbvio que o trabalho na minha turma também vai ser em duplas. Mais óbvio ainda que vamos fazer juntos.

Lancei um sorriso debochado para Augusto que apenas devolveu um revirar de olhos. Somos pessoas muito maduras, claramente.

Mesmo antes dele abrir a boca eu já sabia que Augusto seria a minha dupla naquele trabalho de química. Ele e química não tem química nenhuma. Ao contrário da matéria e de mim. Palavras do próprio, não minhas.

Enquanto Augusto possuía esse seu problema com química, eu me dava bem com a matéria e não era segredo para ninguém. Assim como eu sabia que não era nenhuma novidade ele querer usar da minha facilidade para tirar uma nota razoável.

Para Augusto, qualquer nota em química que não fosse um gordo e redondo zero, servia.

─ É bom saber que a minha opinião conta alguma coisa aqui. ─ Augusto passou um dos seus braços pelo meu ombro e ainda bagunçou meu cabelo com a mão livre. ─ Como você é sútil, Augusto.

Enquanto íamos caminhando até a minha casa, Augusto só faltava explodir de felicidade e começar a dançar Ragatanga pelas ruas. Eu não sabia em que lugar enfiar a minha cara. As pessoas nos olhavam com a típica cara de desaprovação, outras apenas soltavam risadas contidas pelo comportamento de Augusto.

Ele parou de ser um pouco ─ talvez muito ─ maluco e começou a caminhar normalmente pela rua. Mas fazendo o cosplay do gato da Alice com aquele sorriso imenso cortando seu rosto.

─ Rafael viu você com o Rodrigo hoje. ─ Augusto comentou distraído enquanto chutava uma pedrinha. ─ Ele perguntou se ele era o seu namorado e há quanto tempo vocês estavam juntos.

Eu sei que a minha próxima ação não foi nada digna, mas não tive como evitar.

Meus olhos se arregalaram de tal maneira e meu coração falhou uma batida.

─ E você disse?

─ Dois anos. ─ ele deu de ombros, mas lançou um olhar esquisito na minha direção. ─ Disse que vocês estavam juntos há mais ou menos dois anos... Fiz mal?

Soltei um suspiro e foi nesse momento que chegamos no portão da minha casa.

─ Óbvio que não, Guto. ─ procurei pela minha chave na mochila como uma desculpa para não demonstrar para Augusto o meu nevorsismo naquela situação. Ele não precisava saber sobre isso. ─ Mais cedo ou mais tarde, um deles iria me ver com o Rodrigo e ia ficar curioso e perguntar. Sem neura.

─ Rafael não ficou curioso, Malu. Ele ficou com ciúmes.

Augusto falou aquilo tão sério, mas tão sério que, por meio minuto, eu cheguei a acreditar na possibilidade de Rafael sentindo ciúmes de mim. Meu coração transbordou daquele sentimento bendito que nem deveria existir mais, mas transbordou. E, nesse meio minuto, criei várias e várias cenas onde Rafael vinha na minha direção, pedia por uma segunda chance e eu dizia que não poderíamos ser amigos novamente. Então ele ria da minha cara e dizia que não queria uma segunda chance como meu amigo, mas sim como outra coisa... Coisa essa que Rodrigo era.

Ele me confidenciaria que sentia ciúmes de Rodrigo e que sentia muito por ter ido embora da maneira que foi. Eu sorriria com aquilo e me jogaria nos seus braços, dizendo que aquelas eram as palavras que esperei três anos para escutar. Rafael me apertaria contra si e mais uma vez iria pedir desculpas, mas dessa vez por demorado tanto para fazer isso.

Eu diria para ele esquecer de tudo aquilo e que o passado não importava mais. Os meus olhos brilhariam ainda mais quando ele me olhase daquela maneira e segurasse meu queixo, trazendo meu rosto de encontro ao seu e então ele...

Não.

Pode parar com essa palhaçada agora mesmo.

A minha mente é muito fértil.

Sacudi aqueles pensamentos para bem longe e tive vontade de rir da minha ingenuidade. E da ingenuidade de Augusto. Era óbvio que Rafael não tinha sentido ciúmes de me ver com Rodrigo porque ele não sentia nada por mim.

A minha mente tinha parar com toda essa história de ficar inventando cenas como essa antes que eu acabasse enlouquecendo. O pior nisso tudo é que, no que se trata sobre Rafael e sobre meus sentimentos por ele, meu cérebro fazia questão de trabalhar junto com meu coração e eu não tinha uma voz da razão. Eles formavam uma dupla perfeita na arte de me fazer sonhar com cenas como essa. E eu só me ferrava com isso.

─ Ah, Augusto, você é mesmo muito engraçado. Rafael com ciúmes de mim? Essa com certeza é a piada do ano. ─ praticamente corri os passos que me separavam da porta de entrada da minha casa tendo meu melhor amigo grudado em mim. ─ Você quer entrar e almoçar?

─ Malu, eu juro! Ele estava com ciúmes de você e...

─ Não. Chega disso, por favor. Você quer almoçar ou não quer, Augusto? ─ perguntei nervosa.

Ele sentiu a minha tensão e talvez fosse se preparar para lançar sua psicologia barata disfarçada de conselhos para cima de mim, mas se lembrou no último momento do meu pedido carinhoso de horas mais cedo e apenas se calou.

─ Não, vou almoçar com o meu pai hoje. ─ ele coçou a cabeça desconfortável e eu coloquei a chave na fechadura, pronta para entrar dentro de casa e esquecer o assunto "Rafael" de uma vez por todas. Pelo menos durante aquela tarde. ─ Então, certinho pra amanhã, né? Você vai fazer o trabalho comigo?

─ Augusto, é meio óbvio que nós vamos fazer o trabalho juntos. ─ sorri em sua direção e meu melhor amigo comemorou minhas palavras fazendo a dancinha do Ragatanga para valer dessa vez. ─ Mas você precisa fazer uma coisinha apenas...

─ Faço qualquer coisa, Maluquete amor da minha vida e razão do meu viver.

Revirei os olhos, dando um graças a Deus em pensamento por Augusto só me chamar daquela maneira quando precisava de alguma coisa.

─ Você vai ter que chegar no horário amanhã. É sério. Não vou poder fazer o trabalho por você caso não esteja lá. Então... Chega cedo, criatura.

Em mais um gesto inesperado, ele começou a beijar meu rosto e me apertar em um abraço enquanto falava inúmeros "sim, sim, sim" e eu quase morria sufocada. Augusto conseguia ser muito desnecessário em alguns momentos.

Finalmente ele me largou e eu pude abrir a porta da minha casa. Porém antes de entrar e fechar a porta, pude ouvir a voz de Augusto do portão me chamando novamente. Coloquei a cabeça para fora e não contive a risada:

─ Vejo você amanhã bem cedinho, chefe.

E eu pagaria para ver Augusto Marques chegando certo pela primeira vez na vida em uma aula de química.

#

Ois, maravilhosas, tudo bem com vocês? Eu espero que sim <3

Não sei se todo mundo leu o avisinho que eu postei, mas vou reforçar ele: meu notebook deu pau e eu ainda não tenho previsão de quando ele volta. Eu também tinha falado que não ia reescrever nada com base em rascunhos, mas acabei decidindo reescrever sim. Até que gostei do resultado final, viu?

Eu espero do fundo do meu coração que meu notebook volte logo! louca pra chegar na melhor parte da primeira fase de 5inco que se inicia no capítulo 10. Gente, sério, não sei lidar ahahah

Ah, esse no gif é como imagino o Rafaelzinho. Nos capítulos passados também tem gifs, mas acabei nem explicando. Mas decidi que vou começar a fazer minis N/As sempre que possível <3

E , vocês estão gostando de 5inco? Se puderem votar e comentar, a autora aqui vai ficar muuuuuuito feliz ❤❤❤ Vocês são umas lindas e tenho a agradecer por cada votinho e comentário!!! Muito obrigado mesmo

Vou ficando por aqui, mas sempre vou deixando vocês informadas sobre o andar da carruagem que é o conserto do meu notebook.

Grupo no fb: https://www.facebook.com/groups/1971988549699989/ (tem o link direto na bio do meu perfil aqui no wattpad se alguém preferir ou é só procurar por "Ranger rosa e suas histórias no faceboook ^.^)

Caso alguém queira bater papo no twitter > shhhnic

Um beijão e até o próximo capítulo

ps: desculpem se tiver erros de digitação, mas escrevi esse capítulo todo pelo celular. Qualquer coisa me avisem que eu edito ele depois!

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