Carol - Ao seu lado encontrei...

By Mikalves19

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LIVRO REGISTRADO- PLÁGIO É CRIME. Carol perdeu a família em um acidente de carro aos dez anos de idade e desd... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5- Parte 1
Capítulo 5- parte 2
Capítulo 6
NOVA HISTORIA
Capítulo 7
Capítulo 8
AVISO
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capitulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23- parte I
Capítulo 23- parte II
Capítulo 24
Capítulo 25
Bônus Camila
Capítulo 26
capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 28-parte II
Capítulo 29
Bônus Cristiano
Capitulo 30
Bônus Jonas
Capitulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Pausa temporaria
Capítulo 34 - FIM
Epílogo
Nova Historia -Prólogo

Capítulo 9

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By Mikalves19

Oi queridxs!

Estava morrendo de saudades. Como vocês sabem, não estou podendo postar coma frequência que gostaria, mas não esqueci dos livros.

Vi alguns leitores questionando se eu ia abandonar a obra, e queria deixar bem claro: Não pretendo  parar de escrever. 

Vou postar o próximo capitulo o mais rápido que conseguir. Tenham um pouco de paciência :).

Espero que gostem do capitulo.

Deixem sua opinião e não esqueçam de votar.

Beijinhos, boa leitura e até mais. ;)

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Carol

Cheguei em casa na sexta feira e estava me sentindo um verdadeiro bagaço. Aquela semana tinha sido puxada, tanto no trabalho quanto na faculdade. Guardei minha mochila no quarto com cuidado para não acordar minha tia e fui para a cozinha fazer um lanche, não tinha almoçado e estava morrendo de fome. Preparava um sanduíche quando meu celular apitou. Era mais uma mensagem do Heitor, eu visualizei, mas não respondi.

Já tinha se passado mais de três semanas desde que eu falei com ele pela ultima vez, o Heitor já tinha me mandado varias mensagens, e me ligava sempre, mas eu ainda estava com raiva, pior, eu estava decepcionada. Eu sentia um ódio me corroendo toda vez que eu escutava alguém comentado da transa do Heitor com a Heloísa. Mas mesmo estando com raiva dele eu não podia negar que estava sentindo sua falta, é verdade que eu também estava desenvolvendo uma amizade com o Luiz desde que ele me ajudou no dia da festa, mas não era a mesma coisa. A companhia do Heitor era diferente.

Coloquei meu celular no bolso, me sentei no sofá e liguei a TV enquanto comia o sanduíche.

-Você demolou pala chegar Cacau.- escutei uma vozinha falando.

O Cauã estava parado no corredor, segurando um papel na mão e esfregando os olhinhos de sono.

-Isso não é hora de você ficar acordado Cauã. Volta para cama.- eu disse 

- Eu tava te espelando. Olha o que eu fiz pala você.- ele disse me estendendo o papel.

Eu peguei o papel na mão dele e não tenho palavras para descrever como me senti quando li o que estava escrito. Era um cartão de dia das mães com meu nome e eu fiquei sem saber com agir.

-Mas isso é um cartão de dia das mães meu amor. Você tem que dar para sua mamãe.- eu falei com cautela.

-Mas um menino da minha sala perguntou se podia dar pala a vó dele e a plofessola falou que podia. Ela disse que mãe era quem cuidava da gente então eu fiz pala você. É você que cuida de mim, então você que é minha mãe.- ele explicou serio.

Eu peguei ele no colo e me sentei com ele no sofá.

-Olha Cauã, eu amo muito você, mas a sua mãe é Sabrina.

-Mas ela não gosta de mim, Cacau.- ele falou triste.

-Que bobeira é essa ? Sua mãe te ama. É que as vezes os adultos não sabem mostrar como gostam de alguém.

-Você acha?- ele perguntou olhando para mim.

-Eu tenho certeza. E quer saber de uma coisa? Eu vou ficar com o cartão, ficou lindo. Muito obrigada. E vamos para cama que já está tarde.- eu falei me levantando do sofá.

-Posso dolmir com você?- ele perguntou.

Eu nem respondi. Peguei ele no colo e levei para o meu quarto, nós nos deitamos e assim que eu encostei minha cabeça no travesseiro dormi como uma pedra. Acordei na manhã seguinte com o meu celular apitando.

"Vou ir até a sua casa ás 13h00 e nós vamos sair para conversar." era o Heitor novamente. Eu até pensei em responder, mas meu orgulho não permitiu.

 Levantei-me e fui preparar o café da manhã, fiz bolinhos de chuva e um café com leite. Quando acabei de comer já eram 10h00 da manhã, não tinha ninguém acordado, o computador estava livre e eu aproveitei para estudar. As manhãs do fim de semana eram o melhor horário para deixar a matéria em dia, sempre ficava tranquila. Devo ter estudado por umas duas horas até minha tia acordou e apareceu na sala.

-Já fez o café?- ela perguntou entrando para a cozinha.

-Sim.

Ela se sentou para tomar o café e eu fechei as paginas da internet que estavam abertas, meu tempo de ficar no computador já tinha acabado.

-Vê se arruma essa casa.Esse lugar está parecendo um chiqueiro.- minha tia falou depois de comer.

Ela entrou para o quarto novamente, trocou de roupa e saiu.

Olhei em volta, a Sabrina não tinha dormido em casa e, com exceção do Cauã que estava assistindo desenho, eu estava sozinha. Comecei a sorrir: Não tinha coisa melhor do que ficar sozinha em casa. Sem encheção de saco, sem indiretas, enfim, sem a Sabrina nem minha tia para me atormentarem. 

Liguei o som e coloquei uma musica da Beyoncé para tocar, hoje eu arrumaria a casa ao som da diva. Estava faxinando a cozinha enquanto cantava quando o Cauã chegou atrás de mim.

-CACAU, TEM ALGUÉM BATENDO NA POLTA.- ele avisou aos gritos por causa da música alta

Eu parei de varrer o chão, desliguei o som e fui abrir a porta. Quando vi quem estava parado na minha frente quase cai para trás.

-Heitor.- eu falei surpresa.

-Oi.- ele respondeu sorrindo.

Eu não estava delirando, era o Heitor que estava na porta da minha casa mesmo. Meu Deus!! eu tinha atendido a porta toda descabelada e vestida com uma blusa do meu irmão.

-O que você está fazendo aqui?- eu perguntei confusa.

-Eu vim te buscar para gente sair. Mandei uma mensagem te avisando.

-Mas... Mas, meu Deus, você é maluco. Eu não respondi dizendo que você podia vim.

Não vou mentir: estava com raiva. Ele tinha me mandado a mensagem sim, mas eu não tinha confirmado nada. Pensei que ele não viria. Esse povo rico tem desas coisas de não ir na casa dos outros sem ser convidado. E agora o Heitor estava na minha casa e tinha me visto toda desarrumada.

-Você não me responde de jeito nenhum. Tem três semanas que eu estou tentando falar com você, mas você fica me evitando.- ele respondeu.

-Eu não tenho nada para falar com você. Vai lá ficar com a sua namoradinha.- eu falei fechando a porta, mas ele colocou a mão na frente.

-Eu não vou sair daqui enquanto você não me ouvir.

-Cacau, quem é esse moço?- o Cauã perguntou aparecendo do meu lado.

Eu ia responder, mas o Heitor se antecipou, se agachou na frente do Cauã e falou na minha frente.

-Eu sou o Heitor. E você quem é?- 

O Cauã olhou para mim como se para perguntar se poderia falar com o Heitor e eu assenti para ele.

-Eu sou o Cauã. - ele respondeu se virando para o Heitor

-Cauã, toma meu celular. Vai brincar lá no quarto um pouquinho. - eu falei e entreguei meu celular para ele.

-Oba. 

Ele pegou o celular,  saiu correndo e assim que ele entrou no quarto eu me virei para o Heitor.

-Eu não posso conversar agora. Estou ocupada.- eu falei.

-Não tem problema, eu espero. Prometo que se depois que a gente conversar você não quiser mais falar comigo eu paro de insistir.- 

O Heitor me encarava e eu tive certeza de que não adiantaria nada manda-lo embora. Ele ficaria ali até eu conversar com ele.

- Você não vai embora né?

-Não.

-Está bem. - eu falei e abrindo a porta para ele entrar.

-Obrigado. 

O Heitor entrou e começou a observar a sala.Eu observava ele com um pouco de receio do que ele poderia pensar da minha casa. Provavelmente ele nunca deve ter entrado em um lugar simples como o apartamento da minha tia.

-Quem são?- ele perguntou indicando um dos retratos que estavam em cima da estante.

-A mais velha é minha tia e a mais nova é minha prima.- eu respondi.- Você quer alguma coisa? Aqui tem água, suco e café.

-Não. Obrigado.

- Pode ficar a vontade. Eu só vou tomar um banho rápido e a gente sai.

Eu praticamente corri para o banheiro. Nunca tomei um banho tão rápido como aquele, demorei poucos mais de cinco minutos embaixo do chuveiro. Enrolei-me na toalha e fui para o quarto me trocar. Escolhi uma bermuda jeans e uma blusa de alças florida, era um par de roupa simples, mas bem bonitinho. 

Enquanto me trocava eu mandei uma mensagem para a Sabrina avisando que eu teria que sair, para que ela voltasse par a casa para ficar com o Cauã. Fiz uma maquiagem leve e amarrei meu cabelo escovado em um rabo de cavalo. Quando voltei para a sala fiquei mais surpresa ainda com a cena que eu vi: O Cauã estava sentado junto com o Heitor no sofá, olhava fascinado para o papel que estava na mão dele e não parava de falar.

Fiquei parada olhando os dois até que o Cauã notou minha presença.

-Olha só cacau, o que o Heitor fez pala mim.- ele falou vindo em minha direção e me puxando pela mão.

O Heitor levantou o caderno sorrindo e me mostrou o desenho do homem de ferro que ele havia feito.

-Nossa, não sabia que você desenhava tão bem assim Heitor.- eu falei enquanto olhava o desenho.

Estava tão real e os detalhes eram tão nítidos que parecia ser alguma copia tirada da internet.

-Eu fiz aulas de desenho quando era mais novo, sempre gostei de desenhar.- ele respondeu.

-Eu também gosto de desenhar. Você me ensina a fazer um desenho igual esse que você fez?- o Cauã perguntou com os olhinhos brilhando de ansiedade.

-Claro...- o  Heitor começou a responder, mas a conversa foi interrompida pelo barulho da porta.

A Sabrina tinha acabado de chegar acompanhada do namorado. Ela olhou para o Heitor, logo em seguida para mim e não conseguiu disfarçar a expressão de surpresa no rosto.

-Quem é esse daí?- ela perguntou indicando o Heitor.- Agora está trazendo seus clientes para casa?

Naquele momento eu quase voei no pescoço dela, senti meu rosto queimar de vergonha e fiquei sem fala. Como ela tinha coragem de insinuar uma coisa daquelas na frente do Heitor?

-Eu sou o Heitor Fênix, amigo da Carol.- o Heitor falou se levantando do sofá.

Ele tinha aquela expressão seria no rosto e eu notei que a Sabrina ficou sem graça. O namorado dela permaneceu calado enquanto avaliava o Heitor e eu estava mais tensa do que nunca com a situação.

-Me desculpe a falta de educação, é que a Carol sempre traz os ficantes dela para casa. Sabe eu acho isso uma falta de respeito.- ela falou cinicamente enquanto estendia a mão para o Heitor.

-O que você disse?- eu perguntei incrédula.

-Bem, eu não acredito que isso seja da minha conta. Esse assunto deveria interessar somente a Carol. - ele falou serio.- Você já está?- o Heitor perguntou se virando para mim.

-Sim, nós já podemos ir.- eu falei.

Queria sair dali antes que perdesse a cabeça e voasse na Sabrina.

-Onde vocês vão?- A Sabrina perguntou quando estávamos saindo pela porta.

-Isso não é da sua conta.- eu respondi impaciente.

-Quem vai ficar com o Cauã?

-Como assim Sabrina? Eu pensei que você estivesse aqui para ficar com ele.

-Eu vim só tomar um banho. Vou sair com o DG para comprar meu presente de dia dos namorados.

-Mas eu também tenho que sair agora, não vai dar para eu ficar com o Cauã.

-Então ele vai ter que ficar sozinho.

Eu olhei para o Heitor... eu queria sair com ele, mas não podia deixar meu pequeno sozinho.

-Não tem problema, nós podemos levar o Cauã. Se você não se importar é claro.- o Heitor entrou na conversa.

A proposta do Heitor pegou a nós duas de surpresa.

-É serio?- eu perguntei.

-Claro Carol. Eu estava pensando em te levar no cinema, mas nós podemos ir para minha casa. É bom que você conhece minha família. Minha mãe ama crianças, ela vai gostar do Cauã.- o Heitor respondeu sorrindo.

A Sabrina, que parecia mais espantada do que eu, abriu a boca espantada e eu tive que segurar minha gargalhada. O  namorado dela saiu pela porta e eu fui arrumar o cauã para sair. Dei um banho rápido nele, vesti um par de roupa mais novinho e quando eu voltei para a sala a Sabrina estava sentada ao lado do Heitor cheia de sorrisinhos.

-Vocês já estão prontos?- o Heitor perguntou quando me viu.

-Sim.

-Então vamos. Foi um prazer  conhece-la- ele falou com a Sabrina.

-Volta mais vezes, eu sempre estou aqui durante a semana.-  ela falou e deu um beijo no rosto do Heitor.

Vagabunda, já estava dando de cima dele. Tipico da Sabrina. Eu andei na frente e sai pela porta, estava com a minha irritação em um ponto extremo. Eu não parei de andar até chegar na rua, e adivinha quem estava no portão? As amigas da Sabrina. Eu só podia ter cara de palhaça, porque assim que elas me viram começaram a rir..

-Eu falei que não devia ser ela. Que dia ela ficaria com um homem daqueles? Só em sonho mesmo. - escutei uma delas comentando.

-Espera Carol.- o Heitor pediu vindo atrás de mim.

Quando elas viram o Heitor, pararam de rir e começaram a cochichar.Eu achei estranho, mas não dei importância. Ainda estava irritada com a Sabrina.

-Já acabou sua conversa com a Sabrina?- eu perguntei para ele.

-O que foi que aconteceu? Não entendi porque você ficou assim.- ele falou confuso.

-Deixa para lá. Será que tem como a gente ir?- eu perguntei impaciente.

O pessoal da rua já estava reparando nós dois conversando ali e eu detestava que os outros ficassem comentando da minha vida.

-Está bem.

O Heitor destravou o carro, eu coloquei o Cauã no banco de trás e entrei no lugar do carona. As meninas perguntaram alguma coisa para o Heitor, mas eu não consegui ouvir o que era. Ele respondeu, entrou no carro e deu a partida.

Eu fiquei calada durante a maior parte do trajeto, mas em compensação o Cauã não parava de falar com o Heitor. Ele estava fascinado com o carro e ficou perguntando como o veiculo funcionava o tempo todo. Depois de uns quarenta minutos nós paramos em um portão enorme, tinha uma especie de guarita e um segurança. O Heitor cumprimentou o homem, os portões se abriram e ele seguiu com o carro por uma rua de pedra.

Eu fiquei sem palavras quando vi o tamanho da casa. O lugar era deslumbrante, tinha um jardim enorme na frente e um lago na lateral da casa.

-Você mora aqui?- eu perguntei quando ele parou com o carro.

-Sim. Vamos entrar. - ele falou e abriu a porta do carro.

Eu desci atrás e peguei o Cauã. Não vou mentir para vocês: Eu estava me sentindo um ET naquele lugar. Quando eu entrei na casa, parecia que eu estava em outro planeta. A mansão da Heloísa, que era o lugar mais chique que eu tinha entrado até então, parecia ser minuscula comparada com o tamanho da mansão.

O Heitor foi indo na frente e eu o segui até a cozinha. Tinha uma mulher fazendo um bolo, enquanto outras duas senhoras e um senhor conversavam com ela.

-Mãe, olha quem eu trouxe para te conhecer.- o Heitor falou ficando atrás de mim.

Quando a mulher que estava fazendo o bolo se levantou da mesa e sorriu para mim eu abri a boca em surpresa.

-Você deve ser a Carol.- ela falou e me deu um abraço. -Ela é mesmo linda meu filho.

Eu estava meio aérea, era difícil acreditar que aquela mulher tão simples fosse mãe do Heitor. Ela era mais baixa que eu, tinha os cabelos cacheados presos em um coque, vestia um vestido de pano leve, que apesar de parecer ser bem caro era simples. Ela era linda, e minha surpresa maior, ela era negra. A pele dela não era tão escura como a minha, e nem seus cabelos tão crespos como os meus, mas ainda sim ela era negra.

-Essa é a dona Camila. Minha mãe.- o Heitor falou.

-A senhora é linda.- eu falei ainda surpresa.

-Muito obrigada, mas por favor, não me chame de senhora. Me chame apenas de Camila.

-Essa é a dona Amália, aquela é a dona Ana e esse é o senhor José. Eles são ajudantes aqui em casa desde que eu nasci.- o Heitor falou me indicando os outros que estavam na cozinha.

-Prazer.- eu falei timidamente.

-E esse menininho , como se chama?- a mãe do Heitor perguntou sorrindo para o Cauã.

-Eu sou o Cauã.- ele respondeu sorrindo de volta

-Que nome lindo. Você parece ser um menino muito esperto.

-Minha professola semple fala isso.- ele falou orgulhoso.

-Então sua professora também é muito esperta. Meu filho falou que você gosta de bolo de cenoura Carol, eu estava fazendo um para você, mas não sabia que vocês iam vir tão cedo. Nem coloquei no forno ainda.- ela falou para mim.

Eu estava tão surpresa com a situação. A Sra. Fênix preparando um bolo para mim? Era tão surreal que  parecia que eu estava delirando.

-Não tem problema mãe, nós vamos passar o dia aqui, vai ter tempo de sobra para ela experimentar o seu bolo. Onde está meu pai? - o Heitor perguntou para ela.

-Ele acabou de ligar. Vai chegar um pouco mais tarde, os americanos insistiram em almoçar com ele para comemorarem o negocio.

-Imagino como ele deve estar irritado. Meu pai detesta esse almoços.

-Pois é, mas ele não deve demorar muito. Porque vocês não se sentam? 

-Na verdade eu queria que você desse uma olhada nesse rapazinho aqui enquanto eu converso com a Carol.- o Heitor falou bagunçando os cabelos do Cauã.

-Claro. Podem ir.

O Cauã apertou minha mão, eu notei que ele estava inseguro de ficar sozinho então eu me abaixei para falar com ele.

-Não tem problema, pode ficar aqui com ela Cauã. Eu vou estar ali fora, qualquer coisa é só me chamar.- eu falei para traquiliza-lo e ele assentiu.

Eu deixei ele com a mãe do Heitor e nós fomos para o jardim. Eu andava um passo á frente e estava um pouco nervosa, era a primeira vez que eu ficava sozinha com o Heitor depois daquele dia da festa.

-Cacau... é um apelido bonito e combina muito com você.- o Heitor falou de repente.

-Obrigada.- eu falei e me virei para ele.

- Eu posso te chamar de Cacau também?- ele perguntou sorrindo inocentemente.

As vezes eu tinha duvidas em relação a sanidade do Heitor, nós nem estávamos conversando direito e ele queria me chamar por apelido? Outro dia me pega no colo para colocar dentro do carro, depois queria ir de ônibus comigo até o outro lado da cidade... Nunca vi um homem tão doido. Acho que ele percebeu o que eu estava pensando, porque parou de sorrir e ficou serio.

-Bem,  quer dizer, se você aceitar as minhas desculpas.

-Eu estou esperando você me dar um motivo para eu te desculpar.- eu falei seria.

-Eu sei que eu fui um idiota Carol. Não tenho outra justificativa para o que eu fiz a não ser o fato de ter sido um fraco... 

-Vai me dizer que você é homem, e que a Heloísa insistiu e você não conseguiu conter o instinto de pegador? Essa desculpa é velha Heitor, não cola mais.- eu o interrompi.

-Me deixa terminar de falar, por favor.- ele pediu.

-Ok. Desculpa.- eu pedi sem graça por ter interrompido.

-Então, como eu estava dizendo, eu fui um fraco. Você tinha ido embora sem me dar explicação...-

Eu abri a boca para contestar, mas ele notou minha intenção.

-Não estou dizendo que a culpa foi sua Carol, o único culpado fui eu. Acontece que eu estava decepcionado por você ter ido embora, e não vou negar, estava excitado também, e quando a Heloísa foi atrás de mim eu não consegui me conter. Sei que foi uma atitude de moleque e você não faz ideia de como eu me arrependo de ter feito isso.- ele falou olhando para mim.

Eu fiquei sem fala, dava para perceber o quanto ele estava sendo sincero. 

-Eu estou sentindo a sua falta Carol e eu queria ter a sua amizade volta. Vamos passar uma borracha no que aconteceu.- ele continuou falando e pegou na minha mão.

Eu tive que segurar o meu impulso de pular no pescoço dele e dar um beijo daqueles de tirar o folego. Amiga... eu estava longe de querer ser apenas amiga dele, eu queria muito mais, mas era melhor aceitar o que ele estava me oferendo do que ficar longe dele. Também sentia falta do Heitor, e não era pouca.

-Está bem. Eu também estou sentindo sua falta.- eu confessei.

Ele não disse nada, apenas começou a sorrir e me deu um abraço apertado. Aquilo era tentação demais, como um homem daqueles fica abraçando a gente daquele jeito? Será que ele não percebia o que fazia comigo.

Quando ele me soltou também parecia sem graça.

-Acho melhor nós entrarmos.- ele falou e virou de costas para mim.

Ele foi andando na frente e eu fui atrás, quando nós chegamos na cozinha o Cauã estava tagarelando enquanto o pessoal gargalhava de algo que ele tinha falado. 

-Esse menino é uma graça Carol.- a Camila falou quando eu entrei.

-Eu concordo com a Senhora.- eu falei.

-Não diga essa palavra. Já disse que gosto que me chamem pelo nome.- ela chamou minha atenção.

-Desculpe, é que é um pouco estranho te chamar pelo nome.- eu falei sem graça.

-Não tem problema, eu vou te lembrar toda vez que você dizer esse "senhora" e daqui a pouco você esquece essa palavra horrível. Enquanto isso você pode se sentar e comer alguma coisa até o bolo  ficar pronto.

Eu ainda não tinha almoçado e me deliciei com os sanduíches que a Amália fez para gente. Estava me sentindo mais a vontade ali do que na minha própria casa. A mãe do Heitor era muito calorosa e atenciosa e quando a irmã dele chegou com o namorado também me tratou muito bem. 

-Você que é a famosa Carol! É um prazer te conhecer.- ela disse quando o Heitor me apresentou.

-Prazer.

-Que isso, o prazer é todo meu. E, por favor me, diga que vocês já fizeram as pazes. Não aguento mais o Heitor reclamando porque você não responde as mensagens dele. E quem é um tal de Luiz? O Heitor não pra de reclamar desse cara também.- ela falou me puxando pela mãe e me fazendo sentar do lado dela.

-Serio, Ágatha, eu acho que o objetivo da sua vida e me constranger.- o Heitor falou sem graça.

-Que isso maninho. Você sabe que eu te amo. Só quero aproveitar que  a Carol está aqui e descobri o máximo que eu puder para poder te ajudar quando você fizer outra cagada dessas. Sabe como é né Carol? Toda vez que o Heitor faz uma burrada ele vem pedir minha ajuda, é assim desde pequeno.-

-Sem exageros Ágatha, você era bem pior do que eu.- o Heitor falou e se sentou do nosso lado.

-Isso é verdade.- a mãe dele confirmou.

Eu comecei a rir do Heitor com a irmã dele, os dois eram um pouco diferentes em aparecia, a Agatha se parecia com a mãe deles, mas era visível o quanto eles era amigos e não tinha como negar que os dois eram irmãos. Nós ficamos conversando por algumas horas.

O bolo ficou pronto e quando eu experimentei até suspirei. Estava delicioso, e mesmo ficando sem graça, eu peguei outro pedaço. Estávamos comendo quando um homem de terno entrou na cozinha.

-Que cheiro bom.- ele comentou e pegou um pedaço do bolo.-Foi você que fez pequena?- ele perguntou beijando a mãe do Heitor.

-Foi. 

-Está uma delicia.- ele comentou

O pai do Heitor ainda não tinha me visto e quando notou minha presença fechou o semblante ,e confesso que cheguei a sentir medo. O homem tinha uma expressão tão seria no rosto que me deu vontade de correr. Era impressionante o contraste que ele fazia com a mãe do Heitor. O Sr. Fênix era alto, forte, tinha os cabelos grisalhos e os olhos azuis, vestia um terno impecável e chegava a parecer arrogante com aquela postura, até mesmo a voz grave que ele tinha dava um pouco de medo. O Heitor se parecia muito com ele na aparência, mas era certo que ele havia puxado o jeito da mãe, exceto quando estava serio. Quando o Heitor ficava serio era uma copia do pai.

-Quem é você?- o Sr. Fênix perguntou serio.

-Essa é a Carol. O Heitor já comentou dela com a gente.- a Camila falou o abraçando.

-É aquela garota que o Heitor estava brigado?- ele perguntou desconfiado.

-Essa mesmo.- a irmã do Heitor respondeu.

-Onde você mora?- ele me perguntou

-Conjunto habitacional Águia azul.- eu respondi timidamente.

-Quem são seus pais? Você tem irmãos?-ele perguntou ainda serio.

-Minha família morreu em um acidente de carro quando eu tinha dez anos. Eu moro com minha tia.

-Eu sinto muito.- ele falou parecendo sincero, mas sua expressão ainda estava fechada.- Você e o Heitor estão namorando?

-Pai!- o Heitor exclamou do meu lado.

-Que foi filho? Não tem nada demais em perguntar.

-Não, nós somos apenas amigos.- eu falei sem graça.

-Sei. Quantos anos você tem?

-Já chega Cris. Você vai acabar assustando a menina.- a mãe do Heitor chamou a atenção.- Não liga para isso não Carol, o Cris faz isso com todos os amigos do Heitor e da Ágatha. Ele é super protetor e meio paranoico.

-Eu não sou paranoico Camila. Eu sou cuidadoso, é diferente.- ele respondeu irritado

Eu estava paralisada, não sabia como agir diante dele. "O pai do Heitor é tão bonito, mas tem uma cara tão brava que dá vontade de esconder dentro de um buraco só para não topar come ele." eu pensei enquanto olhava para o Sr. Fênix e não entendi quando ele começou a gargalhar. Parecia ser que eu estava delirando, era meio impossível pensar nele  ele gargalhando daquele jeito.

-Eu também acho ele com cara de blavo Cacau.- o Cauã falou do meu lado.

Eu abri a boca surpresa e só não fiquei vermelha porque minha cor não permitia.

-Não me diga que eu falei isso em voz alta.- eu pensei alto de novo.

-Falou.- o Sr. Fênix respondeu ainda rindo.

-Me desculpa... ai meu Deus, que vergonha, eu não acredito que falei isso em voz alta...porque eu não consigo ficar com a língua dentro da boca? - eu comecei a falar sem parar e extremamente envergonhada.

-Não tem problema menina. Gostei de você. É a primeira vez que alguém diz o que pensa na minha cara assim que me conhece, minto, é a segunda. A primeira vez foi a mãe do Heitor, ela me chamou de idiota assim que me viu.

-E eu não estava mentindo. Você era um completo idiota quando te conheci.- a Camila falou e os outros começaram a rir também.

No fim das contas acabou que o clima ficou leve de novo. O pai do Heitor me fez mais algumas perguntas, mas não estava mais tão serio. E o mais incrível do dia: O Cauã e o Sr. Fênix acabaram se dando tão bem que o pequeno ficou o tempo todo para cima e para baixo com ele.

Nós passamos o sábado inteiro na casa do Heitor e eu estava maravilhada com a família dele. Apesar deles serem bilionários, a simplicidade deles era genuína e em nenhum momento eles me fizeram sentir desconfortável. Já era mais de 21:30 da noite quando nós nos despedimos e o Heitor foi me levar em casa. Eu estava me sentindo feliz como há muito tempo não me sentia.

O Heitor também parecia contente porque não tinha parado de sorrir desde a hora que tinha saído da casa dele. O trajeto de volta para minha casa foi feito em um silencio confortável, o Cauã dormia no banco de trás  e quando o Heitor parou na rua da minha casa eu nem queria descer do carro.

-Meus pais gostaram de você.- ele falou sorrindo quando desligou o motor do veiculo.

-Eu também gostei muito deles. Sua família é muito legal Heitor, você tem muita sorte de ter alguém como eles.- eu falei e ele fez uma expressão de tristeza.

-Eu sinto muito pela sua família. Não sabia o que tinha acontecido.- ele falou segurando minha mão.

 Eu engoli em seco, o jeito como o Heitor me tratava era algo que sempre me deixava sem reação. Talvez fosse esse o motivo da minha cabeça achar que ele queria algo mais comigo. Não era acostumada a ser tratada de maneira tão carinhosa, e acabava confundindo a intenção dele, mas eu tinha que aprender que aquele era o jeito do Heitor. Ele devia tratar todos os amigos dele daquela maneira. 

-Tudo bem. Já faz muito tempo.

-Mas eu sei que deve doer. Não me imagino sem minha família.

Eu estava chegando perto demais dele e, para não fazer a besteira de beija-lo ali no carro, eu olhei para baixo.

-Acho melhor entrar. O Cauã já está até dormindo.- eu disse e me virei para abrir a porta.

-Espera Carol, eu ainda quero te perguntar uma coisa.- ele falou me fazendo parar.

-O que?

-Você e o Luiz estão ficando?- ele perguntou a queima roupa.- Quer dizer, eu sei que isso não é da minha conta, mas sabe como é né?. Eu sou seu amigo, fico preocupado com você... quer dizer, a gente nem conhece esse cara direito.- ele se enrolou, parecia até eu falando.

-Não. Eu e o Luiz somos apenas amigos.- eu falei contendo minha risada.

-Ah sim... é que eu pensei...sabe, vocês estão sempre juntos e a sua prima falou...- ele começou a falar, mas eu o interrompi assim que ele falou na Sabrina.

-Olha Heitor, eu e a minha prima não nos damos muito bem. Então não acredite em nada do que ela falar a meu respeito. Eu não estou namorando nem ficando com ninguém.- eu falei irritada.

-Tudo bem. Eu acredito em você.-ele falou, encostou as costas no banco  e sorriu de um jeito que eu não entendi.

-Era só isso que você queria me perguntar?

-Sim. 

-Então eu vou entrar. Já está ficando tarde.

Eu desci do carro, o Heitor desceu logo em seguida e pegou o Cauã no colo. O Heitor insistiu em leva-lo até em casa, dizendo que o menino estava pesado demais para eu carregar, e eu acabei deixando ele carregar o Cauã. Quando eu abri a porta do apartamento, minha tia estava deitada no sofá assistindo TV.

-Isso é hora de chegar em casa Car...- ela começou a falar, mas se calou quando o Heitor entrou com o Cauã no colo.-Quem é você?- ela perguntou surpresa.

-Esse é o Heitor, um amigo meu da faculdade.- eu respondi.

-Prazer, eu sou Lúcia. Tia da Carol.- minha tia falou sorridente.

-Prazer. - o Heitor respondeu sorrindo de volta.

-Pode me dar ele aqui Heitor, vou coloca-lo na cama.- eu pedi tirando o Cauã do colo dele.

Entrei para o quarto com o Cauã, acomodei ele na cama, tirei seus sapatinhos e calça jeans que ele vestia e cobri ele com a coberta. Voltei para sala e minha tia estava conversando com o Heitor enquanto servia um café para ele.

-Foi muito bom conhecer a senhora, mas eu já vou indo. Está tarde.- ele falou se levantando do sofá quando me viu.- Você me acompanha até lá fora Carol?

-Claro.

Eu abri a porta para ele passar e nós fomos caminhando em silencio até chegar no carro dele.

-Sua tia e prima são muito diferentes de você. - ele comentou.

-Eu sei, todo mundo fala a mesma coisa. É porque minha mãe e toda família dela era branca, elas são minhas parentes maternas. Eu puxei meu pai.

-Eu não estou falando só de aparência. Elas também tem o jeito bem diferentes do seu. Você é mais tímida, não gosta de chamar atenção e tem uma mania terrível de se achar feia. O oposto da sua prima.- ele falou pensativo.

-É só isso ou tem mais algum defeito?- eu perguntei com raiva.

-Eu não estou falando que isso é defeito, eu gosto do seu jeito. A unica coisa  que eu não consigo entender é porque você não se acha bonita. Você é linda Carol, principalmente quando está com os cabelos ao natural como naquele dia da festa, e quando está sorrindo como  agora.

-Obrigada.- eu agradeci.

-Não precisa me agradecer por  dizer a verdade.- ele falou.

Nós ficamos em silencio por um tempo e eu aproveitei para olhar aqueles olhos lindos. Ia fazer três semanas que eu não olhava para ele daquele jeito.

-Eu vou indo então.- ele falou depois de um tempo.

-Então tá. Até mais.

Ele me abraçou meio sem jeito, me beijou no rosto e entrou no carro. Eu fiquei parada na rua e esperei ele sumir na esquina para entrar para casa.

-Como você traz um homem daqueles aqui em casa e não me avisa Carol? A Sabrina que devia estar aqui para conhece-lo. Ela tem é que arranjar um partido daqueles. Ele tem namorada? Mesmo que tivesse, não teria problema. Meu Deus, você viu carro que ele dirige? Deve custar uma fortuna.- minha tia começou a falar assim que eu pus o pé na sala, mas eu não dei atenção.- Eu estou falando com você menina. Me responde.

-Boa noite tia.- eu falei e entrei para o quarto.

Estava me sentindo nas nuvens. Mesmo sem saber, o Heitor tinha me dado um dos dias mais felizes da minha vida, desde que meus pais e meu irmão morreram. Passar aquelas horas com a família dele me fizeram sentir acolhida como a muito tempo não eu me sentia. Não podia imaginar que o meu sábado pudesse terminar tão bem. Mandei uma mensagem de boa noite para o Heitor e dormir com o coração pulsando de alegria porque eu tinha certeza de que o Heitor gostava de mim. Podia não ser do jeito que eu sonhava, mas ainda sim ele gostava e era isso que me importava.




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