Capitão

By ladoretto

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Eles dizem que o amor de verão é passageiro. Mas algumas vezes o que começa como passageiro, pode levar até a... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9

Capítulo 5

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By ladoretto

Uma semana se passou Luna já estava em New Jersey, o Luau seria no dia seguinte e eu não tinha absolutamente nada para vestir. Sentei na janela do meu quarto e comecei a tocar um pouco de violão. Comecei escutar alguns barulhos vindos da casa ao lado, então parei de tocar para que escutasse melhor. Eram gritos, pareciam gritos de dor, era um homem, parecia estar apanhando. Uma janela no segundo andar estava aberta, abaixei ao lado do parapeito para que pudesse ver melhor. Via um vulto, parecia estar ajoelhado, levando tapas em seu rosto. O outro homem, que o agredia gritava coisas para ele sobre dívidas, não conseguia escutar direito. De repente o homem chutou a cara do outro que estava ajoelhado, não pude conter o grito de susto.

O homem chegou perto da janela e me fitou. Ele tinha uma aparência assustadora, tinha uma barba comprida, sangue em seu rosto, cicatrizes por toda a parte. Me escondi atrás da parede rapidamente, fiquei lá por quase 10 minutos, quando voltei a olhar pela janela, a casa do lado estava totalmente fechada, não ouvia mais nenhum tipo de barulho, parecia por um momento ter voltado a ficar abandonada. Fiquei em choque com a situação, pensei em ligar imediatamente pro meu pai, mas fiquei com medo que o machucassem caso fosse lá, então decidi deixar o ocorrido em segredo por segurança.

Precisava ir ao centro da cidade para comprar algo para festa, mas antes disso precisava pedir permissão ao meu pai. Já passava do meio dia, meu pai já estava no trabalho. Decidi que falaria com ele a noite, durante o jantar.
Fui à cidade, havia milhares de lojas, mas nada comparado ao shopping de New Jersey. Lá não havia Prada, Armani, nenhuma dessas lojas de grife, mas as roupas eram tão bonitas quanto e os preços eram animadores. Comprei minha roupa em uma loja chamada Jay, ao lado da loja estava acontecendo uma feira de adoção de animais, resolvi dar uma olhada. Havia cachorros e gatos de todos os tamanhos e jeitos. Na última gaiola, bem no fundo da feira, havia um filhote de Husky Siberiano, ele era branco, com manchas pretas e um olho incrivelmente azul, mais claro que o mar, foi tipo amor à primeira vista. Tentei ligar para o meu pai diversas vezes para ver se ele concordava com a ideia de ter um cachorro em casa, mas ele não atendia. Fiquei quase meia hora pensando se o levaria ou não e cheguei à conclusão de que seria uma boa ideia, afinal, meu pai ficava muito sozinho naquela casa, depois que eu fosse embora ele teria alguma companhia pelo menos.
Preenchi as fichas necessárias com todos os meus dados para adoção, escolher o nome foi à parte mais difícil, depois de muito pensar, escolhi Koda. Comprei ração e uma guia para que conseguisse levá-lo para casa. Peguei uma caixa de papelão onde trouxe minhas coisas, coloquei um cobertor para que ficasse fofa. Koda tinha 6 meses, já estava grandinho.
Meu pai chegou ao fim da tarde, quando entrou, se deparou com Koda deitado no sofá
- O que significa isso? – disse meu pai apontando para Koda.
- Nosso mais novo membro da família – disse sorrindo.
- E com a autorização de quem você fez isso?
- Eu tentei te ligar várias vezes, mas você não atendeu, então achei que seria uma boa ideia trazê-lo para que quando eu for embora, você tenha alguém pra te fazer companhia, mesmo que esse alguém pareça um mini lobo.
Meu pai passou os próximos cinco minutos encarando Koda fixamente, por fim, ele soltou um longe suspiro e disse

- Tudo bem... Acho que não foi uma má ideia.

Assumo, fiquei com medo que meu pai me mandasse devolver o cachorro, mas duas horas depois meu pai já estava brincando com Koda e o chamando de "meu garotão", então estava tudo na mais perfeita ordem. Tirando o fato de eu ainda ter que contar sobre a festa, droga. Meu pai me chamou para jantar, era hora da verdade.
- Então pai... Como foi seu dia? – perguntei como quem não quisesse nada.
- Foi bem parado até, tive só três ocorrências.
- Hm... Sei. Vai trabalhar no final de semana?
- Não sei, querida. Mas vou ter que trabalhar até tarde na sexta-feira.
- Por quê?
- Vai ter uma festa no Pier 47, vamos ter que ficar de plantão caso aconteça alguma coisa. Ainda bem que você não frequenta esse tipo de festa, filha. Só tem jovens sem futuro, que abusam de droga e bebida, uma pena. – disse meu pai afastando a cadeira e levantando-se.
- É – merda – uma pena.

Fui para meu quarto pensar no que faria a respeito. Cheguei à conclusão que teria que apelar para o plano B, que seria muito maduro e bem planejado da minha parte. Meu pai simplesmente não iria ficar sabendo, era só eu voltar antes dele. Liguei para Aurora para combinar tudo direitinho para que não desse errado na hora. Deitei pra dormir, mas mal consegui pregar os olhos, estava ansiosa com a festa, com o Luke, com tudo.

Quando acordei já passava do meio dia, como sempre, meu pai já havia ido trabalhar. Com os nossos horários diferentes, acabava vendo ele pouco, ficava com ele somente durante o jantar e alguns minutos em frente à televisão no sofá vendo algum filme ou alguma série de nosso interesse. Estava inquieta e ansiosa, acabei indo à praia com Koda. Sabe aquela sensação de que está sendo observada ou seguida? Sentia isso desde o momento que sai de casa, olhava para trás, mas não via ninguém suspeito ou que aparentasse me seguir. Vai ver eu estava ficando paranoica.

Aproveitei que já estava na rua e passei no mercado para comprar algumas coisas para Koda. Comprei alguns brinquedos, potes para a ração e água. A sensação de que estava sendo observada continuava. Olhei para lado, havia um homem de óculos escuros, com barba e algumas tatuagens. Quando olhei ele disfarçou e começou a ver as rações das prateleiras. Continuei andando, queria ter certeza se era ou não coisa da minha cabeça. Fui para o corredor ao lado e fiquei atrás daquelas geladeiras que vendem cerveja, podia enxergar através de uma fresta que tinha atrás, pude ver o homem olhando para todos os lados como se procurasse alguém. Fiquei assustada, precisava sair do mercado o mais rápido possível.
Fui para o caixa quase voando, enquanto passava as coisas que havia comprado, olhava para todos os lados. Peguei a sacola e sai quase correndo de lá. Quando cheguei à saída ele estava lá encostado no muro, quando me viu já começou a andar na minha direção. Coloquei as coisas dentro da minha mochila e comecei andar rápido, evitando olhar para trás, tentei me concentrar no barulho dos passos e eles estavam chegando mais perto a cada segundo. Fui em direção à praia onde o movimento era maior. Quando criei coragem e olhei para trás, não o via mais em lugar nenhum. Continuei andando rápido. Koda estava cansado, mas não podíamos parar. Quando estava chegando perto de casa, o mesmo homem estava no final da rua, como se estivesse me esperando. Peguei Koda no colo e continuei andando. O homem começou a correr na minha direção, comecei a correr também, o mais rápido que podia, quando virei à curva da rua e olhei para trás, não via mais ninguém, continuei correndo, entrei em casa e tranquei todas as fechaduras e todas as janelas da casa, estava assustada. Queria ligar para meu pai e contar o que havia acontecido, mas ele viria até em casa e eu não conseguiria ir à festa.

Koda estava cansado, assustado e sujo. Coloquei-o na banheira e dei um belo banho. O deixei em cima da cama quando já estava seco e ele adormeceu lá mesmo. Comecei a ouvir gritos vindos da casa do lado, me assustei e fechei a janela do meu quarto também. Estava com medo e não podia recorrer a ninguém. Respirei fundo e fui me arrumar para a festa, já estava atrasada. Aurora ligou, perguntou se podia vir mais cedo para comermos algo antes de ir para a festa, disse que podia. Saímos da minha casa por volta das oito horas. Durante o jantar contei para ela sobre o ocorrido de hoje, ela ficou preocupada:
- Menina você tinha que ter ligado para o seu pai!! – disse ela gritando.
- Eu sei disso, mas aí não poderia ir à festa.
- Não sabia que essa festa era tão importante para você – disse rindo.
- E é, vai ser minha oportunidade de encontrar o Capitão. Mas antes vou ter que achar o Max.
- Max? Amigo do Capitão? – disse ela séria.
- Sim, por quê?
- Bom, digamos que já me envolvi com ele há alguns meses. A gente chegou a namorar até, mas acabei descobrindo que ele não era uma das pessoas mais confiáveis do mundo.
- Como assim? – disse curiosa.
- Acabei descobrindo que ele mexia com umas coisas erradas, perigosas e eu não queria isso pra minha vida e acabei terminando. Mas assumo que gostava demais dele, sinto muita falta, mas fazer o que.
- Entendi... Desculpa a curiosidade, mas que tipo de coisas erradas?
- Ah Mackenzie, é melhor você nem saber! Mas não se preocupa, tirando isso, ele é bem legal e confiável, fica tranquila. – disse lançando um sorriso simpático – Aliás, nós nos esquecemos de comprar as bebidas para dar na festa, vamos logo que nós estamos atrasadas!

Compramos duas garrafas de vodca. Chegamos ao Pier 47, havia muitos carros, não tinha lugar para estacionar, paramos algumas quadras antes. Quando chegamos senti um frio na barriga, Aurora percebeu e segurou minha mão, e disse perto do meu ouvido que tudo iria dar certo. Procuramos Max por todos os lados, mas nem sinal dele. Resolvemos ir pegar uma bebida enquanto esperávamos. Aurora encontrou alguns amigos, ficamos com ele conversando. Todos eram bem mais velhos do que eu, já estavam na universidade, alguns já eram formados.

Depois de quase uma hora, consegui avistar Max saindo de um carro com mais alguns meninos. Vieram direto em nossa direção. Max me cumprimentou em seguida parou em frente de Aurora
- Oi. Podemos conversar? – disse puxando a mão de Aurora
- Você sabe que nós não temos nada para conversar – e se afastou.
- Aurora... Por favor.
- Não vou deixar a Mackenzie sozinha aqui. – disse apontando para mim
- Olha – me intrometi – Não tem problema nenhum, eu espero vocês aqui, não se preocupem comigo.
- Sendo assim... – disse Max – Mackenzie, esse aqui é o Liam, meu amigo, ele vai te apresentar ao Capitão quando chegar pode ficar tranquila.

Aurora me abraçou e me desejou boa sorte, disse que voltava logo e que qualquer coisa era só ligar que ela voltava. Falei para ela não se preocupar porque tudo daria certo. Não sei bem ao certo porque disse isso, nem eu sei se tudo vai dar certo.
Fiquei sentada conversando com Liam, contando de onde eu vim, porque queria tanto conhecer o Capitão e mais um monte de coisa. Ele era um ótimo ouvinte. No final de tudo ele abaixou a cabeça, deu um sorriso de canto e me disse

- Olha, eu sou amigo do Capitão, gosto muito dele e você me parece ser uma menina tão legal, então quero que fique sabendo de uma coisa, ele não é a melhor companhia do mundo, tome bastante cuidado com ele. Ok?
- Porque todo mundo me fala isso?
- Acho que você vai ter que descobrir por si só.

Depois de tanto tempo querendo conhecer alguém eu estava com um pouco de medo. Porque todos me falavam que ele não era boa pessoa? Será que ele era daquele tipo de menino que ilude as meninas para levá-las para passar a noite em um Motel e no dia seguinte não ligava? Estava começando a desconsiderar a possibilidade de querer conhecer Luke. Mas era tarde demais.

- Agora é a hora! – disse Liam levantando.
- O que foi?
- Ele chegou.

Minhas pernas não obedeciam ao comando de levantar. Estava suando.

- Mackenzie, não precisa ficar nervosa. Não fique pensando no que eu disse, tire suas próprias conclusões sobre ele. Você é linda. Quem dera uma menina como você estivesse louca me procurando pela cidade, não tem com que se preocupar.
- Obrigada – disse segurando a mão de Liam para levantar.

Caminhava agarrada ao braço de Liam, estava nervosa, meu coração batia mais forte que bateria em escola de samba. Estava pensando no que ia falar e como iria falar. De repente paramos em frente a uma mesa. Haviam várias pessoas sentadas jogando carta e bebendo. Um menino levanta da mesa e grita o nome de Liam. Era o Capitão.

- Liam! Há quanto tempo não te vejo, hen? Parou de ir às nossas reuniões de negócios e nunca mais apareceu.
- Sinto muito por isso. Mas você sabe o porquê.
- É, eu sei, mas vamos esquecer de tudo isso. E quem é essa? Sua nova namorada?
- Ah, essa aqui é a Mackenzie. – Liam me puxou de trás dele e Luke fez uma cara de espanto.
- Você? Não acredito! Garota, você quase me matou de susto!
- Ahn... Eu... – não consegui dizer nada
- Temos que beber para comemorar, vem comigo – disse puxando minha mão.

Ele me trouxe um copo enorme, de uns 500 ml, cheirava a combustível. Ele tomava como se fosse água. Resolvi experimentar. Tinha um gosto horrível.

- Você não é de beber, né? – disse Luke rindo
- Não muito. – respondi entregando meu copo para ele.
- Vamos pegar algo mais leve para você então.

Fiquei olhando enquanto o barman preparava minha bebida. Luke me lançava uns olhares intimidadores e ao mesmo tempo, apaixonantes. Minha bebida dessa vez tinha um gosto muito bom, nem parecia que tinha álcool, era bem docinho. Nós saímos andando pela praia, cada passo que dávamos o som da música ficava mais baixo, até que finalmente, tudo que eu escutava era o mar.

- Você não é daqui né? Nunca tinha te visto antes.
- Não, vou morar por uns tempos com meu pai aqui.
- Entendo. Agora me diz como você foi parar quase afogada na praia aquele dia?
- Eu estava andando, observando uns meninos surfarem, de repente não tinha mais chão e eu comecei engolir muita água... Depois não me lembro do que aconteceu, acordei quando já estava no hospital.
- É... Eu estava te observando desde que você chegou à praia. Fiquei olhando você tirar a roupa, guardar e entrar na água. Quando percebi você afundou e não voltava mais. Mergulhei e comecei a te procurar, quando te achei você não respirava direito, quando vi você abrindo os olhos e olhando para mim, me senti aliviado por um minuto, mas depois você apagou, fiquei em choque.
- Me desculpa por toda a confusão
- Fiquei dias tentando descobrir quem era você, mas ninguém nunca tinha te visto por aqui. Queria saber se você tinha ficado bem. Fiquei com peso na consciência por não ter conseguido te salvar, mas eu fico feliz por estar viva.
- Não foi nada fácil te achar também, Sr. Capitão – ele pareceu assustado.
- Como sabe do meu apelido? – perguntou sério
- Eu ouvi por aí - disse me sentando, estava me sentindo zonza.
Tinha tantas coisas para falar e nada saia da minha boca. Só conseguia pensar no mundo que girava a minha frente. Que patética.

- Ei, você está bem? –perguntou o Luke se abaixando na minha frente.
- Não sei, estou meio tonta, vendo tudo embaçado.
- Acho que alguém bebeu demais. Vem, vamos voltar.

Voltei apoiada nele, o mundo parecia girar. Eu nunca tinha bebido tanto antes. Senti-me enjoada no meio do caminho e tive que vomitar todo meu jantar. Queria morrer naquele momento. Esperei tanto tempo para no final eu vomitar enquanto ele segura meu cabelo. Continuamos andando, parecíamos estar a quilômetros, a festa era um ponto colorido bem no horizonte. Quando finalmente chegamos, Luke me colocou sentada no banco e foi buscar água para mim.
Meu celular começou a tocar, era meu pai, entrei em desespero e comecei a chorar. Luke voltou correndo com uma garrafa de água
- O que tá acontecendo?
- Meu pai está me ligando, mas eu estou bêbada demais pra falar com ele e está muito barulho aqui.
- Vem comigo.
Ele me ajudou a levantar e fomos em direção a uns carros estacionados, ele tirou uma chave do bolso e abriu a porta de um carro maravilhosamente caro. Ele fechou a porta do carro. Meu celular começou a tocar de novo.
- Mackenzie escuta. Você vai atender e tentar parecer o mais sóbria possível. Fala que demorou a atender porque pegou no sono vendo TV no sofá e só. Evite frases cumpridas.
- Ok. – atendi ao telefone.
- Alô?
- Oi Mackenzie. Que voz é essa?
- Eu peguei no sono vendo TV.
- Ah, desculpa por ter te acordado. Liguei para avisar que vou chegar mais tarde, tive que substituir Phill no cargo da madrugada. Volto antes que você acorde.
- Tudo bem.
- Boa noite filha, qualquer coisa pode meligar, eu te amo.
- Eu também, beijo. – e desliguei.
- E aí? – Perguntou Luke com uma cara de apreensivo.
- Acho que está tudo bem.
- Toma, bebe o máximo de água que conseguir assim a ressaca diminui um pouco.
Luke ligou o rádio, comecei a sentir muito sono, a última coisa que me lembro éde ter fechado os olhos por um segundo e depois apaguei.



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Olá queridos!

Como prometido, toda quarta-feira tem capítulo novo!
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