Live Forever

By kcestrabao

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Karla Camila é um dos nomes mais importantes do meio empresarial na América do Norte, dona de uma multinacion... More

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By kcestrabao

O que fez no dia 18?

Olhei para Alexander sentado ao meu lado, observando o investigador do caso me inquirir informações as quais eu vitalmente precisava falar.

— Eu estava trabalhando até de madrugada, isso não é um caso atípico, eu estava fazendo algo que sempre fiz, é mais raro eu sair cedo do meu trabalho do que o contrário. - Respondi franzindo o cenho para seja o que fosse que ele estava tentando me dizer.

— Por que não conseguimos encontrar gravações dessa noite nas gravações de sua empresa? - Ele perguntou me fazendo cerrar os lábios. Aquela era uma das informações que mais me incomodavam na situação toda, alguém fez isso de dentro junto a Rachel, simplesmente apagaram as gravações de meu andar na KCE no dia 18, só tinha imagens minhas no hall principal, saindo com segurança em meio a madrugada depois de finalmente aceitar a sugestão de Lauren para ir descansar.

Rachel estava em algum lugar do meu próprio andar naquele dia, fizeram aquilo de caso pensado.

Ela saiu nas gravações indo embora 30 minutos depois de mim, o corpo embalado em uma blusa de frio ou algo naquele sentido, parecia frágil e trêmula nas gravações. Era um teatro bem montado, me comovia pensar que foram tão minuciosos em tentarem me pegar nessa droga.

— Eu não faço ideia sobre a ausência de gravações de meu andar, mas creio que isso seja trabalho de vocês, inquirir essa ausência aos seguranças e a empresa que presta serviço a KCE e não eu. Eu estava em minha sala trabalhando, falei ao telefone com a minha... namorada, e logo após fui embora para minha casa com meu segurança, não saí da minha cadeira por horas. - Afirmei olhando a face do homem parecer desconfiada.

— Não me sinto intimidado pelo seu poder aquisitivo Senhora Estrabao, não conte com ele aqui dentro. - Ele repetiu baixo, como se não quisesse que as gravações o ouvissem falar.

— Você vai precisar mais do que isso pra me intimidar sinceramente, eu não fiz o que essa mulher me acusa de fazer, é isso o que eu tenho.

— Sem álibis? - Ele parecia tão satisfeito com a situação, era um completo imbecil.

— E ela tem algum? Qualquer prova que me faça culpada? Porque sinceramente não entender que isso é uma armação é estúpido. - Questionei tentando entender o que Rachel tinha em relação a mim que me fizesse culpada.

— Há um laudo a ser divulgado, ela apresenta lesões nos braços e no corpo, o que configura abuso. - Ele falou me encarando. Eu neguei em silêncio, completamente chocada que algo como aquilo estivesse acontecendo comigo. Eu estou ficando enojada com toda a situação, eu nunca sequer fiquei próxima dessa menina mais do que 1 metro.

— Deixarei-a sozinho até que nossa delegada possa conversar com você. - O investigador avisou apontando para meu advogado a pasta que carregava em mãos. Alexander virou completamente consternado para mim assim que ficamos a sós.

— Se esse laudo for positivo vai ser complicado, talvez pergunte a ela o que ela quer, dinheiro não sei... vamos tentar contornar sem processo... - Ele sugeriu me fazendo negar tempestivamente.

— Eu não vou subornar essa mulher para ela encobrir uma mentira que ela inventou. - Respondi furiosa, ela teria que pagar pela mentira inventada, eu não vou vou mover um centímetro sequer para ajudá-la a encobrir essa farsa montada.

— Senhorita Estrabao isso é muito negativo a KCE e a imagem da marca que estará ligada a uma mulher respondendo por um possível processo de abuso sexual, isso é terrível para os negócios e para tudo o que fará no futuro de sua empresa, fora o caos completo de um sumiço de avião na Europa, o caos simplesmente desabou sobre suas costas, vamos tentar evitar que isso se estenda além. - Ele tentou me fazendo erguer da cadeira e me afastar da mesa de metal dando-lhe as costas.

— Não seja ingênuo Alexander, quem fez isso é alguém poderoso que ofereceu dinheiro a ela. Oferecer suborno só vai piorar a minha vida, ela vai vazar essa informação para me foder me fazendo simplesmente provar para todos que tento esconder algo. Eu não fiz essa porra, eu nunca encostei nessa mulher. - Eu não vou jogar esse jogo estúpido.

— E se o resultado do laudo for positivo? - Ele me questionou fazendo inclinar para ele na mesa, o olhando profundamente em seus olhos.

— Você é o advogado aqui, eu já lhe disse que não fiz porra nenhuma e que estava em minha sala o tempo inteiro, descubra você como me tirar dessa merda. - Falei seriamente olhando com toda a energia que havia em mim. Ele engoliu seco, os lábios comprimiam em silêncio e eu somente me movi do enfrentamento quando ouvi a porta ser aberta e uma mulher muito distinta entrou me olhando profundamente compenetrada.

— Vejo que temos muito a conversar. - A voz rouca e cadenciada.

Ela usava sobretudo preto, pude reparar na tatuagem maori em ambas de suas mãos, se destacando em sua pele negra, as longas unhas vermelhas e um olhar esverdeado intimidador, os cabelos caiam sobre os ombros, em um corte liso e vaidoso.

— Sou a delegada do caso. - Afirmou se aproximando em altivez, acenando com a mão que eu voltasse a me sentar.

— É um prazer conhecê-la. - Alexander se antecipou a meu silêncio e ela voltou os olhos a mim novamente, me observando sentar na cadeira frente a ela.

— Cheguei recentemente nesse departamento, então as minhas atualizações estão bem frescas em minha cabeça, Senhora Estrabao. Aliás sou Robyn Fenty. - Ela estendeu a mão para um aperto educado. Eu aceitei o aperto olhando para sua mão tatuada tocando a minha e seu sorriso discreto ao me encarar logo em seguida.

— Bom, Senhorita Estrabao, temos uma grave acusação aqui. Assédio sexual em uma jovem que trabalha muito próxima de você. Podemos esclarecer os fatos? - Ela pediu analisando alguns dos papéis abaixo de suas mãos.

Dei de ombros pedindo que seguisse em frente.

Alexander me olhou com cautela e eu assenti, erguendo meu queixo levemente para a encarar com firmeza, eu não tenho nada a temer sobre esse caso.

— Certo, a Senhorita Rachel Connor entrou com uma acusação contra você na noite de ontem no 12° Distrito. No depoimento citou que você a sondou alguns dias atrás com conversas estranhas sobre relacionamentos e proposições de cargo, de maneira inicialmente maliciosa. Porém ela disse que ignorou inicialmente por saber que seria demitida caso fizesse algo que lhe desagradasse de cara, já que você é simplesmente a dona da empresa que ela trabalha. - Ela falava com tanta calmaria que me estressava até os ossos ouvir. Era tão estupidamente calunioso.

— Passando-se a isso, afirmou que suas indiretas foram cada vez mais crescentes até que no dia 18 do mês de outubro você veio a aproximar dela de maneira mais afetuosa, pedindo coisas que estavam além das limitações da mesma para que ficasse mais tempo na empresa. Pergunto-me, o que estaria fazendo vocês duas em sua empresa naquele dia até a madrugada? - Seu questionamento era tão absurdo que eu tive de me controlar para não soltar um riso debochado para a coisa toda.

Isso é ridículo.

— Faço a mesma pergunta, por que raios eu estaria na empresa com ela até de madrugada? Sem sequer saber de sua presença no local? - Rebati confusa. Eu não vi Rachel depois de me reunir com Verônica ou Ally pela tarde, eu sequer vi quando ela supostamente foi embora porque ao sair de minha sala no meio da madrugada eu não a vi na mesa.

— Acha que posso considerar pela lógica que temos um eco nessa história? - Ela sugeriu.

— Mas isso é óbvio, é uma conspiração contra a minha figura pública e vocês estão caindo como idiotas nessa. - Falei certeira, eu sei que alguém grande quer a minha cabeça a prêmio.

— Uma sugestão muito impertinente eu diria.

— Desacato, por acaso? - Perguntei olhando para sua face congelada em uma análise profunda da minha pessoa.

— Posso considerar. - Respondeu olhando para Alexander logo em seguida.

— Deixe-me sozinha com ela, Alexander. - Pedi, olhando ele me encarar como se estivesse ficando louca.

— Senhorita Estrabao creio que não seja uma boa ideia.

— Sozinha. - Repeti a olhando profundamente.

Ele se levantou suspirando, levando sua maleta consigo, enquanto eu me mantive olhando para a delegada com aquela obstinação me incendiando.

— Ousada você, tirou o advogado da sala. Isso é ter muita autoconfiança de que está bem na fita para fazê-lo. - Ela debochou me fazendo dar de ombros.

— Você sabe muito bem que não faz sentido o que está acontecendo. Uma pessoa não pode simplesmente inventar uma acusação de abuso e isso ser levado como verdade desde o princípio sem prova alguma.

— Não estou brincando de detetive com você, Senhorita Estrabao. Até agora você não tem um álibi sequer sobre essa situação, estamos investigando e não vamos nos inibir por ser uma mulher tão poderosa no país, saiba disso. Não há gravações do seu andar no dia do acontecido, isso é absurdamente irônico, há uma linha do tempo a ser percorrida. - Ela afirmou.

— Até lá a minha reputação e da minha empresa será manchada. - Dei ênfase.

— Isso já não é mérito meu, quem lhe acusou foi ela, não eu. - Ela de ombros se movendo da cadeira para se levantar.

— Ela virá aqui hoje? - Perguntei tentando entender se a cronologia dos fatos seria muito rápida, ou se eu teria mais tempo.

— Por que falaria algo como isso? Ela é sua vítima, nunca faria tal conexão para que interceda contra a vítima.

— Por favor, não fale como se estivesse enxergando algo consistente nisso, preciso saber se ela fará novos passos depressa, eu fui pega de surpresa sobre a invenção da cabeça dela, preciso recorrer a meus meios para encontrar meus álibis. - Afirmei honestamente à delegada que me olhou em silêncio.

— Eu não posso ser parcial nessa situação, resolva seus álibis com seu advogado. - Ela simplesmente disse, não me dando brecha para saber alguma informação além das que sabia sobre Rachel e sua acusação infundada.

Fiquei sozinha na sala.

Curvei meu corpo deixando a carcaça durona desabar ao levar as mãos à cabeça e inclinar o rosto encarando a mesa de metal abaixo de mim. Eu preciso encontrar Lauren, minha cabeça está em uma pane completa sem conseguir mensurar o que sentir ou não entre o medo e a dor em perder alguém que chegou faz tão pouco em minha vida.

Como a minha vida se tornou essa loucura tão repentinamente? Como eu perdi o controle tão rápido sobre as coisas?

-

"Parece que as coisas não andam muito boas para a magnata dos laticínios essa semana, após um desaparecimento caótico de uma das aeronaves de sua repleta frota de aviões da América Airlines, Karla Camila foi acusada de assédio sexual por sua jovem secretária Rachel Connor, laudos ainda são esperados para a comprovação da situação que coloca uma mancha eterna na astronômica carreira da Texana que parece viver sua semana infernal na terra diante dos holofotes que sempre demostrou há anos não desejar."

Desliguei a TV e olhei para meu notebook. Voltar para casa em meio a loucura dos paparazzis tentando a melhor fotografia de minha feição de desgosto foi complicado. Finch havia me ligado no final da tarde avisando que estava em Nova York, e eu fiquei grata pelas decisões de Ally, eu sinceramente não tenho cabeça para resolver nada em minha vida profissional no momento.

Falando em minha braço direito, ela estava nesse momento viajando para a Europa, assumiu posição de resolver os trâmites legais da American Airlines por mim enquanto eu tentava resolver a situação da América, pedi o contato de todas as famílias dos passageiros e funcionários desaparecidos para que a American Airlines pudesse entrar em contato direto, oferecendo uma rota de informações diretamente ligada a minha empresa para que não houvesse ruídos de comunicação.

Preparar um canal de comunicação para que tudo possa acontecer foi uma das minhas prioridades também, fosse as boas notícias, e assim eu desejo, ou as ruins, eles teriam um suporte diretamente ligado a minha empresa, eu estou tentando entender a magnitude desse problema da melhor maneira possível antes de surtar completamente.

Alexander tentava formular algumas provas contundentes para que eu pudesse me livrar das insanidades de Rachel, e me avisou estritamente para que ficasse em casa, evitando sair pelo meu próprio bem e meus enfrentamentos emocionais absurdos, todos queriam saber sobre a minha vida naquele instante.

Eu evitava sair, seguia seus conselhos, mas a TV ainda exibia minha imagem a ser queimada e eu não conseguia evitar vez ou outra olhar qual narrativa estavam construindo.

Voltei meus olhos para as pastas sobre a minha mesa, eu havia pedido todos os requerimentos e documentos de Lauren vinculados a American Airlines, cada informação sua estava sobre a minha mesa para que conseguisse contato com sua família. Sobre ela, e sobre eles eu pedi que a American Airlines não fizesse intervenção alguma, eu seria a responsável por resolver cada aspecto, entraria em contato para que pudéssemos dialogar sobre qualquer novidade ou suporte que pudesse oferecer.

Tínhamos uma relação próxima estabelecida, havia sido propagado na mídia, as pessoas estavam conscientes de nossa proximidade, não era um segredo para ninguém. Eu não me acovardo em deixá-los lidar com profissionais da minha empresa se tínhamos aquele nível de vínculo.

Em seu contrato de seguro vinculado a empresa ela havia deixado sua mãe como responsável, procurei o número de telefone de Clara Jauregui e me dispus a discar para que pudéssemos ter uma conversa honesta, porém os toques seguidos foram em vão até cair em caixa postal e eu não obtivesse respostas.

Movi meu corpo da cadeira de meu escritório em casa para tentar uma nova ligação, mas antes que pudesse me antecipar recebi uma ligação de código de discagem 351. Portugal. Antecipei em atender apressada porque sabia que era vinculada a alguém da equipe que estava na Europa.

Karla Camila. - Saudei aflita, meus olhos se perdendo em minha mesa repleta de documentos.

Senhora Estrabao, aqui é Raul, aquele que ligou no início da manhã. - Ele parecia estar em um local bastante ruidoso. Era o rapaz que trabalhava no monitoramento de aeronaves em Lisboa, era um dos funcionários da American Airlines da Europa.

Sim eu me recordo, há notícias? - Perguntei não contendo minha ansiedade, meus dedos gélidos tocando em minhas têmporas.

Sim senhora, talvez não das melhores, um corpo masculino foi encontrado na região do lago, haviam pouquíssimos fragmentos de avião que claramente são nossos, as cores na carcaça são vermelha e azul, teremos laudos a prestar e isso está claro, fica evidente, mas é quase impossível que seja de outra aeronave. As equipes de busca cogitam que a aeronave se fragmentou completamente no ar e já caiu despedaçada a ponto de não provocar efeito absurdo na vegetação e os destroços se perderem entre a floresta e o lago, justificando nossa dificuldade de encontrar fragmentos por meio aéreo. O corpo pode ter sido arremessado há uma distância catastrófica, ele está bastante prejudicado. Iremos iniciar uma busca terrestre pela região de floresta e mata entorno do lago, essa é nossa primeira baixa, Senhora. - Cada palavra que saia de sua boca colidia com as minhas intenções e sensações, quando me deparei com meu próprio corpo estava sentada sobre o tapete de meu escritório, ao chão, perdidamente congelada com o efeito do que havia acabado de ouvir.

Uma morte, o avião havia se fragmentado.

Raul... ligue-me em alguns minutos, por favor. - Pedi deixando o telefone pousar sobre o tapete enquanto sentia as náuseas dominarem meu corpo ao idealizar o que de fato eu havia tentado ignorar desde o princípio.

O avião havia caído, a possibilidade de todos saírem vivos daquela situação quando encontrados era mínima.

Sentir minhas bochechas molhadas e minha boca tão seca me fez entender que eu chorava copiosamente desde o início daquela situação, meu corpo fracamente mal se sustentando sentado.

-

Music on* Live Forever - OASIS

Lauren POV

Nosso avião havia acabado de ser liberado para sair da escala de Portugal em direção a Barcelona, estávamos nos preparando em voo para sairmos daquele país logo. Avistei Lucy auxiliar alguns dos passageiros sobre a conexão, minha mente estava em Camila e sua ligação de alguns minutos antes, podia me lembrar de sua sugestão em simplesmente aparecer aqui em meio a meu trabalho.

Sorri sozinha ao pensar na tolice em me sentir tão bem com aquilo tudo.

Hey, quer ajuda? - Perguntei a Lucy ao me aproximar tentando ser útil.

Ela negou e parou por um segundo levando a mão ao peito, engolindo em seco. Eu cerrei o olhar.

Está tudo bem? - Perguntei preocupada com sua atitude tão repentina. Ela franziu o cenho, parecia tentar se recuperar, assentindo com lentidão.

Uma sensação estranha. - Comentou engolindo e olhando para mim, eu tentei observar se ela estava realmente bem, se precisava de ajuda imediata.

Certeza que está bem? - Voltei a averiguar pensando em avisar de imediato se ela fosse desmaiar ou algo naquele sentido.

Só sensação, estou bem. - Respondeu conferindo o caderno de bordo e auxiliando alguns dos passageiros que ingressaram na aeronave.

Eu me afastei auxiliando em outro extremo. Minha mente estava longe, olhei através da janela do avião e avistei um último homem, vindo pelo corredor. Ele me olhou diretamente, segurava a bolsa nos dedos.

Sua averiguação em mim parecia tão estranhamente segura que eu estava a ponto de perguntar o que estava acontecendo, ou se ele precisava de alguma informação ou auxílio, até que ele parou a minha frente no corredor, sua proximidade foi tamanha que dei um passo atrás me sentindo intimidada com a ação.

Desculpe, eu quero ajuda com meu lugar, estou um pouco perdido. - Ele falou com sotaque, parecia italiano ou russo, algo naquele sentido. Eu respirei fundo, um pouco aliviada ao notar que não se passava de uma confusão.

Claro, qual seu lugar? - Perguntei oferecendo ajuda com seu bilhete de embarque. Ele me estendeu o papel e eu pude ajudá-lo a se acomodar no extremo da direita do avião, bem aos fundos da primeira classe.

Muito gentil de sua parte. - Ele ressaltou sorrindo simpático.

Sem problemas, se precisar de algo além é só me chamar. - Ofereci notando seu cumprimento parecer envergonhado. Caminhei novamente ao compartimento de entrada do avião, estávamos terminando de acomodar os passageiros e subir.

Tudo andava como sempre, avião no ar, solicitações de vez em quando, algumas dúvidas, mas tudo resolvido.

Suspirei piscando sonolenta, abaixei o olhar encarando uma criança deslizar os dedos na tela de seu tablet, em um jogo de frutinhas voadoras, sorri torto erguendo meu olhar, cansada. Dei um passo à frente, pareceu ação automática do meu corpo, franzi o cenho e paralisei ao ouvir o barulho alto me fazendo virar rapidamente para trás. A parte traseira do avião estava se arrebentando, algo havia explodido.

Fisicamente falando o que impedia de todos nós sermos sugados para fora era a parede ter explodido em direção inversa, bloqueando a abertura que se abriria, fazendo o fogo começar a consumir as poltronas próximas. Eu senti minha boca secar porque entre as cogitações e a realidade em nossos cursos de comissária isso nunca passou pela minha cabeça acontecer.

O comandante emitiu o aviso.

Eu troquei um longo olhar com Lucy tentando pedir que todos os passageiros afivelassem os cintos e colocassem as máscaras de oxigênio, além de que seguissem nossas ordens de segurança. Apertei meus lábios sentindo a dormência de minhas bochechas ao entender a realidade que me cercava.

Não podia acreditar que morreria. Não podia... Não assim, não parece justo.

Movendo a mão para perto do rosto percebi o quanto sangrava na palma, eu claramente nem senti dor, ou sequer percebi que havia machucado a mão na explosão letal. Sangrava violentamente. Senti a ardência e mordi meu lábio inferior pressionando a mão na saia. Evitando demonstrar medo. Eu estou aterrorizada.

Lauren... - Lucy sussurrou baixo tentando acalmar os passageiros que gritavam e exclamavam suas vontades pessoais. Queriam sair, queriam mesmo. E quem não queria? Engoli em seco tentando colocar a cabeça no lugar, mas nada vinha, só sentia a dor na mão novamente, o sangue escorrendo pelas minhas pernas.

Caramba.

Não sei em que ponto eu perdi os sentidos, ou a capacidade de ouvir, eu só pude olhar Lucy aterrorizada estendendo a mão de maneira insignificante para mim e o barulho ensurdecedor ao sentir meu corpo ser puxado violentamente para trás, sentindo a dor violenta nas costas ao ser empurrada contra o pedaço de parede do avião, que se desprendeu com a minha colisão. Foi o momento em que eu gritei ao sentir a dor do fogo queimando em meu pescoço e o eco ao avistar o céu manchado e perceber que não estava mais dentro de avião nenhum, e queimava.

Escuridão.

Twitter: kcestrabao

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