- Fico feliz por você, Caroline. - Eu disse com um sorriso no canto dos lábios.
- Ele me faz tão bem, ele é o contrário do Andrew, entende ? - Ela disse, eufórica. Eu ri.
- Me liga depois para me contar os detalhes ? - Pedi.
- Claro, beijos Ally. - Ela disse e desligou.
Levantei e peguei minha toalha, tomei um banho longo e aquecido. Vesti- me com um vestido azul marinho e prendi meus cabelos em um rabo de cavalo alto. Passei por Jason sem dizer uma palavra.
- Alison. - Ele chamou, fingi que não escutei e continuei andando até a porta. - Alison, espera. - Ignorei e bati a porta ao sair. Peguei o elevador e disquei o número correspondente. "E se ele queria te pedir desculpas ? "
" Desculpas não vão mudar o que ele disse. " "Mas ainda assim, você aceitaria. " " Não. " Dialoguei comigo mesma em minha mente e respirei fundo, meu coração estava tão acelerado, soltei o ar.
- Bom dia. - Disse ao ver Andrew em frente a minha mesa.
- Bom dia, vamos. - Ele disse e pegou a chave de seu carro.
- Pra onde ? - Perguntei arqueando as sobrancelhas.
- Vamos trabalhar no meu escritório hoje.
- Eu gosto daqui.
- É que eu esqueci de arquivar alguns relatórios e eles estão no meu computador. Então eu te esperei. - Ele disse.
- Tudo bem. Licença. - Eu Pedi passando por ele até a minha gaveta. - Eu só vou pegar o pen drive. - Falei abrindo e o procurando. - Aqui. Vamos. - Peguei e fechei a gaveta.
Andrew abriu a porta de seu carro e eu pude ver as pessoas nos observando e cochichando umas com as outras, algumas nos olhavam com cara feia. Alguém pode lhes dizer que isso é só trabalho, por favor ? Ambos fingimos não termos percebido nada. Fomos o caminho inteiro em silêncio. Quando já estávamos dentro do prédio, Andrew abriu a porta de seu escritório, dando vista a uma sala mesclada com preto e branco, quadros pequenos, fotos de família, foto dele e de Samantha, fotos do Arthur, fotos de sua mãe ( A senhora nada simpática do outro dia. )
- É mais amplo que a minha mesa. - Eu Ri.
- Mas, você já veio aqui antes. - Ele sorriu deixando as chaves na mesa.
- Mas nunca parei para reparar. - Eu Falei olhando em volta. Andrew puxou a cadeira que estava na frente da mesa e a pôs do lado da sua.
- Sente - se. - Ele disse e se sentou na cadeira em frente ao computador. Fiz o mesmo, na cadeira ao lado. Peguei meu notebook na minha bolsa e coloquei o pen drive. - Olhe, se esse relatório passar para essa pasta, ficará mais fácil organizar por datas, não acha ? - Perguntou apontando para o arquivo, na tela.
- Abre o arquivo, Andrew. Eu não estou vendo a data. - Pedi.
- Aqui. - Ele deu dois cliques em cima e o arquivo ocupou boa parte da tela. - Ele é de setembro do ano passado e os que estão na pasta são de agosto.
- Sim, os coloca por último. - Peguei o mouse de sua mão e coloquei o relatório na pasta chamada " CC 09. " Pude sentir seu olhar sobre mim, e vergonhosamente minha respiração descompassada entregou o quanto meu coração se acelerou. - Desculpa, foi por impulso. - Falei e me arrumei na minha cadeira, me focando em terminar de escrever os códigos. Ele ainda me encarava, mas quando me virei para ele, o mesmo desviou o olhar e pigarreou. Depois de longos minutos, Andrew se levantou.
- Eu vou pegar mais folhas.
- Tudo bem. - Concordei focada na tela do meu computador. Escutei o barulho da porta sendo fechada e levantei o olhar. Olhei em volta de novo e percebi que haviam pequenos trechos escritos para cada foto, me aproximei de uma onde estavam ele, sua mãe, uma garotinha loira e seu pai. " Para cada dia juntos, uma eterna lembrança. " Andei um pouco para o lado e li a que a Samantha e o bebê apareciam juntos. " Em seus olhares, meu coração se fez. " Bem escondida, no canto da sala, uma foto pequena e sem moldura, colada na parede apenas por causa da fita transparente. Os cabelos negros e encaracolados voavam pelo seu rosto, Andrew sorria. Havia neve e Caroline ria, como uma criança. " Quando os problemas forem maiores que a soluções, meu refúgio será você. "
- Desculpe, você não precisa ver isso. - Andrew se aproximou de mim e colocou a mão em meu ombro direito.
- Se você a amava tanto, por que fez o que fez com ela ? - Eu perguntei me virando para ele.
- Você nunca vai entender, por mais que eu te explique, Alison. - Ele disse se distanciando.
- Tenta. - Eu Pedi cruzando os braços sem sair do lugar.
- Quando eu conheci a Caroline, ela era só a minha distração. Com o tempo, lógico, eu me aproximei dela. Mas eu não estava apaixonado. Quando eu tive que escolher entre a minha companheira e a mulher da minha vida. Eu deixei meu coração dizer. - Ele disse e suspirou.
- Então você acha que a Samantha é a mulher da sua vida ? - Eu perguntei, sentindo uma coisa estranha no meu estômago. Ele assentiu.
- É o certo. - Ele disse dando de ombros.
- Certo. - Repeti a palavra tentando me convencer. - Podemos continuar amanhã ? - Pedi, indo em direção a mesa para pegar minha bolsa.
- Claro, mas tá tudo bem ? Foi tão repentino. - Ele Perguntou chegando mais perto.
- Sim, está. - Falei e me apressei até a porta. O que está acontecendo comigo ? Isso não é ciúmes, para com isso, vocês são amigos. - Pensei tentando me convencer que isso era a verdade. Antes de ir para a casa da Natalie, parei para ver um apartamento, ele era pequeno, mas caro, então eu não aluguei.
- Natalie, não dá pra conversar com ele. Quantas vezes a gente já conversou ? Ele é totalmente descontrolado. - Eu Falei segurando a almofada, que estava em cima da minha coxa.
- Tudo se resolve na base da conversa, Ally. Você vai encontrar um jeito. - Ela disse mordendo um pedaço da barra de chocolate.
- Você tá me escutando ? Eu não quero mais brigar com o Jason, ele é muito especial para mim. Eu não quero perdê - lo. Mas, literalmente, a última coisa que eu quero é falar com ele.
- Ally, vai dar tudo certo. - Ela disse passando a mão por cima da minha.
- Para com essa coisa paz e amor, Natalie. Isso é coisa séria. Eu não sei se você lembra, mas eu moro na MESMA CASA que ele. - Eu disse exaltada e afundei meu rosto na almofada rosa.
- Você sabe o nome disso, ciúmes. Ele quer você de volta, Ally. Vocês tem que se resolver. Essa é a única solução. Aceitável. - Mordeu mais um pedaço da barra e me ofereceu, neguei com a cabeça.
- Eu me sinto péssima por não ser o que ele quer que eu seja, mas eu não sei como mudar isso, na verdade, eu não acho que eu deveria.
- Você não tem que mudar, tenha mais paciência, Alison. - Ela disse séria.
- Eu só arrumo problema. - Passei as mãos pelo cabelo e suspirei.
- Isso é verdade. - Ela disse e Rimos juntas.
Cheguei em casa por volta das três da madrugada e não vi Jason. Olhei pelos cômodos, ele não estava em casa. Fui para o meu quarto, troquei de roupa e fui dormir. Pela manhã, Jason ainda não havia chegado, estou começando a me preocupar, por mais que ele não mereça. Depois de passar a manhã inteira ao lado de Andrew no escritório, fomos almoçar.
- E se der errado, precisa calcular o preço. Olha. - Apontei para a folha em minhas mãos mostrando os respectivos preços de cada ação.
- Alison, a gente pode só almoçar ? - Ele Perguntou rindo.
- Ok. - Abaixei a folha e a coloquei na pasta preta, a afastei e levei a comida a boca.
- Quando é o seu aniversário ? - Me Perguntou brincando com a sua comida.
- 19 de setembro e o seu ? - Perguntei e bebi um pouco do meu refrigerante.
- 9 de abril. - Ele disse e sorriu.
- Quantos anos você tem ? - Perguntei.
- 20.
- Você tem cara de velho. - Eu disse e ele me olhou, fingindo estar chateado. Ri. - Ok, nem tanto.
- E você ? - Ele Perguntou, ainda com o sorriso no canto dos lábios.
- 18, eu sei, mas nem você é legalmente um adulto. - Eu disse e sorri, sem mostrar os dentes. Ele riu. Voltamos para o escritório e continuamos a fazer relatórios.
- Ally. - Ele chamou.
- Sim ?
- Pode me fazer ... - O celular dele começou a tocar, o interrompendo. Ele levantou o dedo indicador no ar, pedindo um minuto e atendeu a ligação. Voltei a digitar as conclusões do relatório. Podia escutar o tom de preocupação na voz de Andrew, no outro lado da sala.
- Como você deixou isso acontecer, Samantha ? (...) Irresponsável. (...) Você é a mãe dele. (...) Ok, já estou indo. - Andrew voltou passando a mão esquerda por entre os cabelos dourados. - Alison, eu sinto muito, eu tenho que ir. Podemos terminar isso amanhã ? - Ele perguntou, pegando suas coisas. Acenei com a cabeça e ele saiu pela porta. Meu celular apitou, assim que li a mensagem, olhei em direção à porta assustada.
" Fique longe do Andrew e do meu filho. - Samantha. "
Andrew On.
- Onde ele está ? - Perguntei assim que vi a Samantha encostada em uma pilastra branca no meio da sala de espera, o rosto coberto por suas lágrimas. Ela me abraçou, segurei em sua nuca a fazendo olhar para mim.
- Estão fazendo os exames. - Ela disse.
- Me diz o que aconteceu. - Eu Pedi e a levei até a cadeira de plástico azul.
- Nós estávamos em casa, eu dei um pouco de chocolate ao leite para ele. Ele começou passar mal, eu não sabia o que fazer. - Ela disse soluçando. Acariciei seus cabelos.
- Samantha González.
- Aqui. - Ela levantou e foi até o doutor, a segui.
- Paciente Arthur González, certo ?
- Sim.
- Bom, fizemos os devidos exames e ele está em repouso agora. Ele está bem, mas os exames indicaram que ele é intolerante a lactose.
- Isso significa ?
- Ele pode viver com isso, apenas tem que evitar produtos feitos a essa base. É apenas uma alergia.
- Podemos vê - lo ? - Perguntei exasperado.
- Claro, me acompanhem. - Ele disse e o seguimos pelo corredor branco.
Alison On.
O vento soprava, a cor branca se iluminara mais ainda, a lua brilhava lá fora, isso é alto, passei as mãos pela parede, pelo balcão. Gosto. Sim.
- Eu gosto desse, gosto dessa sala e principalmente dessa cozinha, o quarto não é tão grande, mas tem um sofá na janela. Eu quero esse. - Eu disse me virando para o Senhor da imobiliária.
- Ótimo passe lá amanhã e resolveremos tudo. - Ele disse com um sorriso cativante no rosto.
Fui para casa pronta para contar para o Jason. Não sei como, nem o que eu vou falar, mas eu vou. Abri a porta e só o silêncio me fez companhia, Jason não havia voltado.