Bella
Aproveito o atraso de Riley para me deitar mais alguns minutos no sofá. Já não estávamos juntas há algum tempo por isso, a minha melhor amiga decidiu que a melhor maneira para recompensar todo esse tempo era com uma corrida matinal. Escusado será dizer que foi um pouco complicado aceitar o seu convite, mas as saudades que sentia de passar um tempo a sós com Riley foi impossível recusar.
Ouço a campainha do meu apartamento e suspiro pesadamente, acariciando o pelo de Snowball que se acabara de deitar na minha barriga. Com bastante esforço, levanto-me do sofá e levo o meu gato comigo. Através do transmissor, aviso Riley que já vou descer. Deixo Snowball no chão e visto o meu casaco de desporto, colocando o meu telemóvel no bolso.
Despeço-me do meu gatinho e saio do meu apartamento, trancando a porta do mesmo. Demasiado preguiçosa para descer as escadas, chamo o elevador e espero pacientemente para que as suas portas se abram. Entro no compartimento e carrego no botão do piso zero. Assim que chego à entrada do prédio, avisto a minha melhor amiga sentada nas escadas do exterior do edifício. Balançando as chaves de casa entre os meus dedos, caminho até ao lado de Riley e sento-me ao pé de si.
- Bom dia... - cumprimento, deitando a minha cabeça no seu ombro. - Não achas que ficaríamos muito melhor em casa, a beber uma boa caneca de café?
- Olá, Bella! - Riley retribui a saudação de uma forma muito mais entusiasmada, levantando-se. - Não sejas assim. Não podemos estar sempre fechadas em casa, fazer um pouco de desporto de vez em quando só nos faz bem.
- Não... - prolongo o meu protesto e deito a minha cabeça sobre os joelhos, choramingando baixinho.
Sinto Riley a agarrar a minha mão na tentativa de conseguir levantar-me. Finalmente, decido colaborar com a morena e desço a escadaria principal do prédio. Enquanto Riley explica o percurso que planeou, prendo o meu cabelo num rabo de cavalo. Consigo convencer a minha melhor amiga a fazer um pequeno desvio no nosso trajeto, fazendo-o um pouco mais curto e mais acessível à minha vontade de fazer exercício físico.
Iniciamos a nossa corrida, num passo mais leve e coloco as minhas mãos nos bolsos, tentando mantê-las quentes.
- Então, não tens nada para me contar, Bella? - Riley pergunta-me e consigo ver um pequeno sorriso formado nos seus lábios.
Logo entendo onde quer chegar com esta pergunta e paro de correr, colocando uma mão na cintura. Eu pedi a Luke para que ele me deixasse falar com Riley sobre isto, mas ele fala demasiado.
- Parece que o Luke já te contou o que queres saber. - dou uma pequena gargalhada e Riley aproxima-se de mim, rindo também.
- Na verdade, foi o Michael que deu com a língua nos dentes. - esclarece e alisa os seus cabelos. - Também não era algo que eu já não soubesse, para mim vocês já estavam juntos desde o almoço com o Calum.
- E tecnicamente, estamos mesmos juntos desde esse dia. - comento e Riley passa um braço por cima dos meus ombros, encostando a sua cabeça à minha.
- Bem, eu quero que saibas que fico muito feliz por ti e que sempre terás o meu apoio para tudo... Tu e aquele parvo do teu vizinho da frente. - deixa um beijinho na minha bochecha e envolvo o seu tronco num abraço apertado.
- Não sabes o quanto isso significa para mim, Riley. - agradeço, pousando o meu queixo no seu ombro. A minha amiga afasta-me do seu aperto e mostra-me um sorriso afável ao qual retribuo.
- Vá, vamos voltar para a nossa corrida, isto já é demasiado afeto para mim. Demasiado lamechas!
Assinto e ajeito o meu penteado, começando a acompanhar a minha melhor amiga. Finalmente, tudo parece estar a correr bem.
A corrida até ao parque de lazer mais próximo da minha residência (mais ou menos a dois quarteirões) foi o suficiente para me descontrolar a respiração. Riley, por sua vez, não parece deixar-se afetar pelo cansaço, acelerando o seu passo de corrida. Fico alguns metros atrás dela, mantendo o meu ritmo, mas sem nunca parar. A minha melhor amiga olha para trás e dá uma pequena gargalhada, incentivando-me a acompanhar o seu passo. Tento alcançar Riley, mas trata-se de uma questão de minutos para voltar a ficar mais atrasada na corrida.
Apesar do pequeno esforço que fiz durante todo o percurso, fiquei bastante contente com o facto de ter conseguido realizar o mesmo sem parar uma única vez.
Agora, novamente deitada no sofá da minha sala de estar, ouço as lamentações de Riley sobre a pequena discussão que teve com Calum na noite anterior.
- Nós ainda não falamos desde então, mas eu acho que estamos bem. Pelo menos, eu não estou chateada com ele e sei perfeitamente que se tratou apenas de uma zanga parva. - Riley pensa alto e empurra as minhas pernas para fora do sofá, sentando-se ao meu lado.
- Então não tens nada com que te preocupar. O Calum é um amor, duvido muito que tenha ficado aborrecido contigo. - coloco uma mão no seu ombro. - Provavelmente até está à tua espera para fazerem as pazes.
- Achas mesmo? - mordisca o lábios, mostrando-se um pouco insegura. - Eu nunca gostei tanto de uma pessoa como gosto do Calum e tenho medo de perdê-lo pelos motivos mais insignificantes.
- Não podes pensar assim sempre que se deparam com uma discussão. Tu mesma disseste que se tratou de algo insignificante e isso pode ser totalmente normal numa relação.
O típico sorriso de Riley ilumina o seu rosto e a morena salta do sofá, agarrando no seu casaco. Levanto-me também e sou abraçada fortemente.
- Obrigada, Bella. - agradece, esfregando as minhas costas. - Agora tenho de ir esclarecer algumas coisas.
Sorrio e acompanho-a até ao hall de entrada, onde lhe entrego os seus pertences que tinha deixado sobre a consola. Voltamos a dar um curto abraço de despedida e dou ainda mais algumas palavras de incentivo a Riley.
Após ficar novamente a sós com o meu gato de estimação, corro em direção à casa de banho onde começo a preparar a água quente para tomar um longo e relaxado banho.
***
Subo rapidamente as escadas para a entrada principal do prédio e encontro Luke, com a sua farda de trabalho vestida, a verificar a sua caixa de correio. Ainda sem notar na minha presença, pressiono o botão do elevador e clareio a minha voz para chamar a sua atenção. O loiro, com uns quantos envelopes e jornais amassados nas mãos, olha para mim e sorri amavelmente.
- Boa tarde, vizinho. - brinco e entro no compartimento metálico. Luke segue atrás de mim e carrega no botão do quarto andar.
- Cumprimentos, vizinha. - saúda de volta, realizando um pequena vénia. - Precisa de ajuda com os sacos? - questiona e aponta para os sacos de papel que balançam nas minhas mãos.
Aceno afirmativamente, aceitando a sua ajuda. Luke coloca o seu correi debaixo do braço e, assim que as portas do elevador se abrem, pega nos meus sacos de compras e acompanha-me até a entrada do meu apartamento. Abro a porta do mesmo e afasto Snowball da entrada, dando passagem a Luke que rapidamente se dirige até à cozinha para pousar os sacos.
Penduro o meu casaco, a minha mala e deixo as chaves de casa sobre a consola antes de ir ter com Luke até à cozinha, que já se encontrava a retirar todas as compras dos sacos.
- Acho que nunca tive a oportunidade de partilhar isto contigo, mas adoro ver-te nessas calças. - comento as calças cor creme que fazem parte do uniforme de Luke.
- Eu sei, assentam bem no meu rabo. - declara e aperto a sua parte traseira, fugindo logo de seguida quando Luke tenta afastar a minha mão. - Mas o que venha a ser isto?!
Rio e coloco Snowball, que entretanto saltara para cima da mesa, novamente no chão, começando a ajudar Luke na tarefa de arrumar todas as coisas. Dada por terminada a nossa tarefa, Luke senta-se no chão, começando a brincar com Snowball.
- Eu preciso de ir trocar de roupa, mas se quiseres posso despachar-me e venho ajudar-te com o jantar, o que achas? - Luke pergunta, abraçando cuidadosamente o gatinho.
- Não posso recusar uma ajudinha. - sorrio e Luke volta a levantar-se do chão, deixando um beijo na minha bochecha antes de deixar o meu apartamento.
Antes de começar a preparar as coisas para o jantar, vou até ao meu quarto onde visto uma roupa mais quente e confortável. Os dias já estão mais quentes, contudo as noites ainda continuam frescas e não recuso uma oportunidade de usar uma camisola de lã aconchegante.
Já de volta à cozinha retiro os legumes frescos do frigorífico, dispondo-os sobre a bancada. Coloco um avental à volta da cintura e, em cima de uma tábua de madeira, começo a cortar os legumes. Enquanto realizo a minha tarefa, Snowball aproxima-se da bancada, encostando-se contra a minha perna.
- Como é que foi o teu dia, Snowball? - questiono ao meu gato, não esperando de todo uma resposta concreta do mesmo. - Estás tão bonito hoje, pequenino.
O felino apenas mia e afasta-se de mim, saltando para cima de uma cadeira onde decide descansar um pouco. Rio sozinha e o toque da campainha faz-se ouvir por toda a casa. Limpo rapidamente as mãos ao avental e corro até à entrada, onde recebo Luke que, mesmo com outra camisola, continua com as calças do seu uniforme.
- Apesar destas calças me ficarem extremamente bem, são mais confortáveis do que aquilo que pensas. - declara e avança em direção da cozinha. Fecho a porta da entrada e saltito atrás do meu namorado, arranjando um avental para o mesmo utilizar enquanto cozinhamos.
- O que é que queres que eu faça? - questiona.
- Podes colocar a água a ferver para a massa e tirar os camarões do congelador. - indico e Luke assente, lavando as mãos antes de começar a realizar a sua simples tarefa.
Tira o seu telemóvel do bolso e desliza o dedo pelo ecrã, acabando por colocar uma playlist para nos ajudar a preparar o jantar de uma maneira ainda mais descontraída. Balanço o corpo ao ritmo da música, enquanto Luke me acompanha, cantando. Sinto umas mãos na minha cintura e deixo a minha tarefa quando o loiro pega numa das minhas mãos e faz-me rodar. Entre gargalhadas, utilizamos o pequeno espaço da minha cozinha como pista de dança até que somos interrompidos pela água quente que começa a transbordar a panela. Luke rapidamente resolve o pequeno incidente e ambos continuamos com as nossas tarefas.
Enquanto vigio os legumes e os camarões na frigideira, Luke põe a mesa e escolhe um vinho para acompanhar a nossa refeição.
- Ainda falta muito? - pergunta, brincando com um guardanapo de papel.
- Não, já está pronto! - sorrio, juntando os legumes salteados e o camarão com a massa que Luke preparara.
Pouso a taça de vidro sobre a mesa e Luke oferece-se para servir a refeição. Sento-me no lugar em frente a Luke e tento abrir a garrafa de vinho. Após levar a primeira garfada à boca, Luke fecha os olhos e abana a cabeça afirmativamente:
- Nós fizemos um ótimo trabalho! - afirma, mostrando-se bastante orgulhoso. - A massa está deliciosa.
Abano a cabeça em concordância e Luke sorri, continuando com a sua refeição.
Entre alguns copos de vinho e bastantes gargalhadas, passamos um bom tempo à mesa sem dar pelo tempo passar. Já com toda a loiça arrumada e apenas, uma garrafa quase no fim no centro da mesa e um ambiente mais caloroso na divisão, Luke levanta-se do seu lugar e caminha preguiçosamente até mim. O seu queixo pousa no topo da minha cabeça e os seus braços envolvem o meu corpo.
- Tive uma ideia... - falo baixinho, agarrando as suas mãos.
- Eu também tenho algo em mente... - Luke sussurra, deixando um beijo na minha bochecha. Os meus olhos fecham ao sentir o toque dos seus lábios na minha pele.
- Já alguma vez foste lá cima? - pergunto e levanto-me do meu lugar, conseguindo ver o olhar confuso de Luke. - Ao terraço.
O meu namorado abana a cabeça negativamente e sorrio, pedindo-lhe que me acompanhe até ao meu quarto. Do meu armário, tiro uma das suas camisolas mas quentes e entrego-a. Luke veste-a enquanto eu procuro um casaco para me proteger do frio. Coloco uma manta debaixo do meu braço e reparo que Luke já não se encontra na divisão. Volto para a cozinha, encontrando-o com os nossos copos de vinho e uma garrafa nova nas mãos.
- Outra maneira para nos mantermos quentes. - declara divertido
Gargalho baixinho e Luke agarra a minha mão, conduzindo-me até à entrada do meu apartamento. Coloco as chaves de casa no bolso e rapidamente entro no elevador que, em segundos, nos leva até ao último piso do edifício.
Abro a porta de metal que nos dá acesso ao exterior e uma brisa fresca percorre todo o meu corpo, provocando-me arrepios. Quando saí da cozinha reparei que passavam apenas alguns minutos das onze da noite. A noite está fresca e o céu limpo. A lua e as luzes da rua iluminam a cidade onde ainda é possível verificar bastante movimento.
Luke pousa a garrafa de vinho e os dois copos sobre a mesa de jardim que se encontra no meio do grande espaço. Vasos com flores um pouco descuidadas enfeitam o terraço e algumas pétalas murchas estão caídas sobre a mesa e as duas cadeiras dispostas à sua volta.
Sento-me numa das cadeiras e Luke arrasta a outra até ao lado da minha, protegendo os meus ombros com o seu braço. Estendo a manta sobre as nossas pernas enquanto Luke abre a garrafa de vinho, enchendo os dois copos.
- Aqui tens. - entrega-me um dos copos.
Agradeço e deito a minha cabeça sobre o seu ombro, respirando fundo. A mão de Luke pousa sobre a minha perna e acaricia a mesma.
- Mesmo que a minha ideia fosse bastante boa, tenho de admitir que, agora que estou aqui, até me está a agradar a tua sugestão. - murmura e após apenas alguns instantes de silêncio, Luke volta a chamar pelo meu nome. - Qual foi o lugar mais estranho onde já te envolveste com alguém?
Afasto-me ligeiramente do seu aconchego, erguendo uma sobrancelha na sua direção. Um sorriso de orelha a orelha aparece nos seus lábios, provavelmente sentido-se bastante divertido com a minha reação. Começa a contar o tempo que demoro a responder à sua pergunta e dou-lhe um leve empurrão, obrigando-o a parar.
- Tudo bem! - acabo por dizer e bebo mais um gole da bebida quente. - Eu vou contar-te algo que nem a Riley sabe...
Luke pousa o seu copo sobre a mesa e volta a colocar um braço sobre os meus ombros, agora ainda mais entusiasmado para receber uma resposta.
- Numa padaria, no turno da noite. - admito e o entusiasmo de Luke parece desaparecer por alguns momentos. - Ele era o filho do dono.
Luke começa a rir de uma forma desleixada e junto-me a ele, não conseguindo controlar as minhas gargalhadas ao relembrar tal momento.
Luke indireita a sua postura e com um sorriso malandro curvado nos lábios, clareia a sua voz:
- Precisavas de alguém que te ajudasse a amassar o pão? Esse rapaz era mesmo generoso.
- Que altruísta, realmente! - falo entre risos, limpando uma pequena lágrima que se formara no canto meu olho. - Fiquei bastante grata com a sua ajuda. E tu?
- Bem, quando eu andava no décimo segundo ano tive uma pequena aventura com esta rapariga no balneário do liceu. Foi no dia do torneio de basquetebol e digamos que eu ganhei de várias maneiras.
Dou uma pequena palmada no seu braço e rio com a sua história.
- Marcaste uns cestos, wildcat.
Ri e esconde o seu rosto na curva do meu pescoço. Sorrio ao sentir o calor dos seus lábios contra a minha pele. Abraço-o de volta e ficamos assim, apenas agarrados, durante alguns instantes. O conforto que o seu aperto me proporciona é provavelmente uma das poucas coisas que conseguem ultrapassar a minha adoração por café. Em alguns meses, Luke conseguiu ocupar um espaço no meu coração maior do que aquele que esperava e até mesmo Snowball começa a reparar nisso e no facto de ter de partilhar o meu amor com outro ser.
Discretamente, volto a pegar no meu copo, sento-me corretamente na cadeira e bebo o vinho num só gole, apanhando Luke de surpresa. Mostro um pequeno sorriso e estendo o copo na sua direção, para que me sirva mais um pouco da bebida. Enquanto o meu namorado acaba de encher o meu copo, passando de seguida para o seu.
- Qual é a tua palavra favorita? - pergunto, inclinando a minha cabeça para o lado.
Luke passa a mão pelo seu queixo e comprime os lábios, pensando numa resposta.
- Pudim! Pudim é uma palavra muito engraçada. Ainda mais engraçada quando já bebeste um pouco de vinho a mais. - responde entre risos e encolhe-se na sua cadeira.
Acabo com a restante bebida no meu copo num único gole e entrego-o novamente a Luke.
- Bem, eu vou pousar o teu copo aqui por um pouco, pode ser? - Luke declara, notando na quantidade de vinho que já bebi. - A garrafa é para os dois e se continuares assim isso não vai acontecer.
Encolho os ombros e levanto-me da cadeira, sentindo uma tontura repentina que quase faz com que me sente outra vez.
- Tem cuidado... - a mão de Luke agarra firmemente a minha cintura, impedindo-me de cair para trás.
Dou uma pequena gargalhada e agradeço enquanto caminho em direção ao peitoril do terraço. É possível observar alguns grupos de amigos a caminho dos cafés locais ou jovens de volta a casa.
- O que estás a ver? - ouço a voz de Luke atrás de mim e viro-me para o conseguir encarar.
- Nada... - suspiro e o loiro mostra-me um pequeno sorriso. - Eu pensei que ia ser mais divertido virmos aqui ao terraço. Quando as outras pessoas o fazem parecem arranjar sempre algo interessante para fazer, mas acho que nós não temos essa sorte... Está frio e escuro.
Luke ri e caminha até mim, colocando a manta sobre os meus ombros. Agradeço com um pequeno sorriso e sem uma única palavra, pegamos na garrafa e nos copos pousados sobre a mesa e realizamos o caminho até ao interior do edifício.
Ao entrar em casa somos amavelmente recebidos por Snowball. Atiro o meu calçado para um canto e pouso as chaves sobre a consola enquanto Luke pega no gatinho ao colo. Caminho de meias até à sala de estar e pouso os copos sobre a mesa de centro. Sento-me no chão e Luke aparece na divisão, sentando-se ao meu lado.
- O Snowball é tão querido... - aproxima o gato do seu rosto. - E gosta de mim!
Luke começa a balançar Snowball nos seus braços como se este se tratasse de um bebé.
Inesperadamente, fico um pouco emocionada com a imagem diante de mim. Olho para o meu pulso e cubro a minha face com ambas mãos.
- O que é se passa, Bella? - ouço Luke perguntar e limpo a lágrima que escorre pela minha bochecha.
- É o meu relógio biológico... Está a despertar! - exclamo, fungando ruidosamente. - Estou a ficar sem tempo, os meus óvulos estão a envelhecer... Tens noção da idade que tem a minha vagina?! Preciso de ter filhos, preciso de casar só que ainda não temos uma relação séria e este assunto preocupa-me muito.
Com um olhar confuso, o meu namorado aproxima-se de mim e agarra a minha mão:
- Bella, a tua vagina ainda é muito nova. - declara com uma voz calma. - É um assunto sobre o qual te deves preocupar quando estiveres sóbria.
- Tu não percebes, Luke! Isto é muito importante! E se os meus óvulos acabarem e eu não conseguir ter filhos?! Vamos ter que adotar! Queres menino ou menina?
- Ei, ei, ei! O que é que já estás para aí a dizer?
- O quê?! Tu não queres adotar? Mas existem tantos órfãos que precisam de um lar! - empurro Luke para trás, começando a chorar ainda mais.
- Nós temos o Snowball. - Luke tenta abraçar-me e tento afastá-lo de mim.
- O Snowball é um gato, um gato não pode sair da minha vagina!
- Um órfão também não!
Com o seu comentário, levanto-me do chão e desajeitadamente caminho até ao meu quarto, onde me deito na cama, chorando enrolada numa pequena bola. Ouço os passos de Luke e tento lançar uma almofada na sua direção, obviamente falhando.
- Por tua causa não vai sair nada da minha vagina! - grito, escondendo o meu rosto.
- Belz... - chama e senta-se ao meu lado. - Querida, eu faço-te um filho, mas não hoje... Hoje tens de dormir e depois tratamos do assunto.
- Prometes mesmo que o fazes?
- Prometo, Belz.