O Segredo do Príncipe | Showki

By ckyunbabie

6.8K 1.3K 2.3K

Em um reino comandado por um rei tirano, o príncipe Hyunwoo é forçado a um casamento arranjado. Contudo, ele... More

Novidades
1. Laços forjados
2. Acidente intencional
3. Só mais um nobre
4. Adeus, amiguinho
5. Mau gosto
6. Príncipe mimado
7. Limites
8. Promessas vazias
9. Duas condições
10. Cumplicidade
11. O segredo da princesa
12. Não se força o amor
13. Memórias perdidas
14. Noite ruim
15. Maldito soju
16. Péssima influência
17. Ingenuidade
18. A pureza do amor
19. Capaz de tudo
20. O garoto do jardim
21. Sonhos e pesadelos
22. Teatro matrimonial
23. Um singelo pedido
24. Ações e consequências
25. O criado curioso
26. Impasse fatal
27. Sem saída
28. Palavras não ditas
30. As últimas peças
31. Cicatrizes internas
32. Fragmentos do passado
33. Redescobertas

29. Tempo perdido

23 5 20
By ckyunbabie

Não esqueça do voto! 💗

Pessoal, se puderem comentar, eu ficaria muuuito feliz! Vou responder todos comentários, e isso ajuda muito a me incentivar a continuar, além de fazer a fic ganhar mais visibilidade.

Obrigada desde já e bora pro cap <3

— 👑 —

Entre tentar acalmar Nari e a si mesmo, Hyunwoo se sentia cada vez mais distante da própria sanidade. Junto com a rainha, os dois passaram um bom tempo procurando por Dayoung no castelo, buscando informações entre os criados que lhe eram confiáveis, porém não havia qualquer rastro da garota que pudesse indicar a eles onde ela estava ou se estava viva. Nenhuma das pistas levou a algum lugar e não havia nem sinal de Dayoung em qualquer canto daquele lugar.

Nari já nem conseguia mais se desesperar tanto, entrando num estado mais deprimido do que qualquer outra coisa. Ela continuava procurando por sua namorada, mas sua esperança estava se esgotando e era muito doloroso continuar tentando se manter otimista quando tudo parecia dar tão errado. Hyunwoo a ouvia com paciência, quase tão preocupado e frustrado quanto ela.

Apesar disso, ele conseguia voltar a focar e a respirar normalmente quando pensava em Kihyun, no modo como ele cuidou de si quando mais precisou e em como queria que ele fosse feliz e sempre sorrisse daquele jeito adorável que conseguia derretê-lo todas as vezes.

Ele evitaria pensar no criado como fazia há muitos dias, porém, depois de receber aquela carta, era o que precisava fazer. Lembrar das palavras de Kihyun o enchia de esperança e motivação para sua tarefa nada simples; pelo bem de todos naquele castelo, inclusive de Kihyun e dele mesmo, precisava ser corajoso, de uma vez por todas.

Depois de rolar na cama por duas horas sem conseguir calar seus pensamentos, Hyunwoo por fim adormeceu, mas sua breve noite de sono não foi tranquila; em meio a sonhos aleatórios, houve uma cena específica que foi o que restou em sua mente quando ele despertou.

No sonho, estava nos jardins durante o crepúsculo, encarando os delfínios azuis. Eles brilhavam com uma luz própria, azulada e intensa. Hyunwoo não conseguia desviar o olhar das flores, até que ouviu uma voz estranha atrás de si.

A pessoa atrás dele não tinha identidade, ou seja, seu rosto era abstrato e ele não enxergava ninguém nela, e sim apenas um borrão. Sua voz parecia estar distante, por mais que estivesse tão perto.

"São flores lindas, não é?", foi o que o desconhecido disse. Talvez sua voz e aparência tão vaga pudessem ser material para um pesadelo, mas Hyunwoo se sentia bem e até mesmo seguro ao seu lado.

"Sim. São as minhas favoritas."

"Disso eu sei, é claro. São as minhas favoritas também", o outro respondeu com simplicidade. "Mas... você sabe sobre o perigo dos delfínios?"

Hyunwoo não respondeu. A outra pessoa se abaixou ao seu lado, puxando uma das flores da terra e a colocando em sua mão com delicadeza, passando os dedos pela sua palma sutilmente.

"É entre sua beleza estonteante que mora o perigo, assim como é com algumas pessoas. São flores tóxicas, inteiramente venenosas, especialmente suas sementes. Uma dose alta o suficiente é capaz de matar um ser humano adulto em poucas horas, ou o fazer definhar de maneira lenta e gradual... Você não pensaria isso delas olhando para o quão lindas elas são, não é?", o desconhecido questionou, arrancando mais um ramo da flor e a rodopiando entre seus dedos.

"Por que está me contando isso?", Hyunwoo perguntou, olhando fixamente para o delfínio em sua mão, sentindo como se a flor o atraísse ainda mais.

"Você sabe o que fazer. É mais um presente meu para você... Utilize essa informação com sabedoria. E lembre-se: vá além de sua primeira ideia. Seja perspicaz e utilize boas oportunidades."

Logo que esse diálogo terminou, Hyunwoo acordou de repente, apertando os olhos e tentando assimilar que havia sido apenas um sonho muito estranho. Ele encarou a parede e seu olhar lentamente passou dela para o vaso com delfínios azuis murchos em sua cômoda. Seu coração batia rápido dentro do peito, querendo escapar por sua boca.

Não sabia se tal informação sobre os delfínios serem tóxicos era verídica, afinal, o quanto poderia acreditar em algo que descobrira por meio de um sonho estranho? Mas parecia tão real, e Hyunwoo queria com todas as suas forças que aquilo fosse verdade.

Mesmo tendo sido contra a ideia de Kihyun de envenenar o rei, ele poderia pensar em um jeito diferente de fazer isso usando as flores e suas próprias mãos, sem precisar depender do criado, já que isso o colocaria em um imenso perigo.

Assim, ele só teria que executar o plano, sem precisar assistir à morte do pai ou criar coragem de dar o golpe final. Não iria gerar sangramentos, feridas visíveis, a carnificina seria feita apenas dentro do corpo de Seokjin e assim talvez até tivesse menos chances de conectarem sua morte a ele. Graças a visita de um desconhecido sem face em um sonho, Hyunwoo finalmente tinha uma boa opção para enfim fazer justiça e trazer a paz àquele reino.

Ele se levantou quase que em um salto, impulsionando o corpo em direção ao banheiro. Jogou água gelada em seu rosto, esfregando-o com vigor e acabando por sorrir por conta da esperança que seguia crescendo dentro de seu peito. Pela primeira vez em muito tempo, sentia que tudo tinha uma chance considerável de ficar realmente bem, de que os problemas fossem enfim extintos.

Com a morte do pai, ele se casaria com Nari e se tornariam rei e rainha, podendo consertar a economia, cessar a pobreza, diminuir os luxos desnecessários do castelo para que os impostos fossem reduzidos, trazer novas políticas para que seus súditos vivessem sem passar fome e trabalhando de maneira excessiva, falecendo de exaustão, doenças ou desnutrição.

Além disso, juntos, teriam a possibilidade de colaborar para manter seus relacionamentos com os criados, Dayoung e Kihyun. Como bons irmãos, mesmo que não de sangue, conviveriam muito bem, mantendo seu romance falso para não serem julgados pela população, mas entre quatro paredes, poderiam viver felizes com aqueles a quem realmente amavam de maneira romântica, e não fraternal.

Jooheon chegou em seu quarto para acordá-lo, mas encontrou-o no banheiro, já de pé. Ele colocou dentro das gavetas um monte de toalhas limpas e cumprimentou Hyunwoo, notando seu ânimo repentino assim que bateu os olhos em seu rosto contente.

— Acordou mais cedo e está animado? Gostei de ver — Jooheon comentou, sorrindo. Já fazia tempo que não via o amigo assim.

— Já era hora, não é? Não aguento mais esse marasmo.

— Tem algum motivo específico para isso? Foi tão de repente... não que isso seja ruim, continue assim, por favor! Só achei curioso — Jooheon explicou, fitando-o enquanto dobrava algumas roupas limpas que trouxera consigo.

— Tem alguns motivos, não foi tão súbito assim — respondeu, sentando-se na poltrona com um longo suspiro e um sorriso frouxo no rosto. Sentia-se tranquilo, o que vinha sendo muito raro nos últimos dias, semanas e talvez até mesmo anos, portanto estava determinado a aproveitar a sensação ao máximo.

Por alguns minutos, jogou conversa fora com Jooheon como fazia antes, rindo e falando bobagens com seu melhor amigo de tantos anos. Só pararam de papear quando Jooheon anunciou que ia buscar seu café da manhã, o que animou Hyunwoo no mesmo instante.

Ele voltou com a bandeja, tão bem feita quanto a que Hyunwoo recebera com a carta de Kihyun. Um sorriso invadiu seu rosto e ele pegou o café da manhã, começando a devorá-lo sem demora, oferecendo um dos pedaços de bolo para Jooheon, que o aceitou com uma comemoração em voz alta.

— Parece que o Kihyun capricha ainda mais para você — ele comentou de boca cheia após dar uma mordida no bolo.

— Ele possui um talento nato — Hyunwoo respondeu, ainda sorrindo. O cuidado e capricho de Kihyun para com os alimentos sempre seria algo que o fazia se apaixonar ainda mais, especialmente quando acompanhados pelo carinho que era visível nas coisas pequenas. — Por falar nele, Kihyun anda muito ocupado? Quero conversar com ele.

Jooheon limpou a garganta e ficou sem saber o que responder, se atrapalhando todo ao tentar formular uma resposta.

— Ah! Bem, mais ou menos, eu acho... não sei — ele enrolou-se.

— Como assim? — Hyunwoo indagou, franzindo o cenho e parando de comer para fitar o amigo que não sabia para onde olhar.

— É que... tem o lance dele com o Wonho e com isso ele não tem tanto tempo livre assim — Jooheon respondeu, se arrependendo no mesmo segundo em que tais palavras saíam de sua boca. Ele fez uma careta e mordeu o lábio inferior. — Quer dizer, não! Ah, meu Deus, esqueça isso.

— Jooheonie... — Hyunwoo começou, ainda encarando-o. Se havia entendido certo, aquilo significava que Kihyun estava se envolvendo com alguém e pensar nessa possibilidade não era nada agradável. — Que história é essa?

— Nada, não é nada — ele disse enquanto sacudia as mãos rapidamente, se amaldiçoando em pensamento por ter falado sobre isso. — Você quer conversar com ele? Posso avisá-lo e pedir para que venha.

— Não se ele está ocupado com outra pessoa — Hyunwoo retrucou, largando o par de hashis sobre a bandeja. — Eu realmente entendi certo? Kihyun está com alguém?

Jooheon não respondeu, vermelho como um tomate, se sentindo um grandesíssimo idiota. Não queria mesmo ser o responsável por revelar aquilo para o príncipe, mas acabara de cometer tal erro e não tinha como voltar atrás. Como ele continuou calado, Hyunwoo voltou a falar.

— Por favor, responda — ele pediu. Precisava dessa resposta, afinal.

— Eu não deveria ter falado sobre isso! — exclamou, passando a mão em seu cabelo. — Não me pergunte nada, converse com Kihyun, eu não posso dizer nada por ele...

Hyunwoo bufou, frustrado, colocando a bandeja sobre sua cama e umedecendo os lábios. Talvez Jooheon estivesse enganado, talvez tivesse entendido errado e falado aquilo sem pensar... Ele já estava envolvido demais para deixar que isso o impedisse de conversar com Kihyun.

Mesmo que saísse com seu coração quebrado pela segunda vez, precisava fazer como Nari lhe sugerira; se Jooheon estivesse certo, ele teria que colocar um ponto final em tudo aquilo para enfim buscar a superação que seu coração necessitaria.

Mas ainda existia a possibilidade positiva que seu lado esperançoso revivido não o permitia ignorar. Sua maior motivação continuava sendo aquela carta, aquelas benditas palavras de Kihyun que não saíam de sua cabeça e também tudo o que Nari lhe dissera sobre a chance do criado estar reprimindo o que sentia por conta do medo. Hyunwoo não podia ignorar isso e passar o resto da vida se perguntando se interpretara a situação certo ou não.

— Tudo bem, Jooheon. Ainda quero conversar com ele.

Jooheon soltou a respiração que estava prendendo, um pouco aliviado, e assentiu.

— Vou informá-lo. Mais tarde eu volto — respondeu em voz baixa.

Sem dizer mais nada, ele se retirou dos aposentos do príncipe, se sentindo péssimo. É claro que não era o responsável pelo relacionamento dos dois, mas contar sobre ele para Hyunwoo tinha sido um erro, já que não cabia a ele fazer isso.

Mal precisou procurar por Kihyun, encontrando-o nos jardins com Minhyuk e Wonho, onde disseram que estariam após terminarem o café da manhã. Os dois primeiros conversavam e riam alto, parecendo bem humorados, e o mais velho não estava muito distante deles, podando alguns arbustos mais altos sobre uma escada de madeira.

— Kihyun — Jooheon o chamou, nervoso.

— Bom dia, Honey — Kihyun respondeu com um sorriso, tirando algumas folhas que caíam sobre si dos galhos em que Wonho trabalhava. — Por que parece tão assustado?

— Não é nada — murmurou, mas pela sua expressão era óbvio que havia algo sim. — Hyunwoo quer conversar com você. Não precisa ser nesse exato momento, eu acho, mas ele quer.

Kihyun empalideceu, engolindo em seco e recebendo olhares dos três. Ninguém sabia sobre a carta que entregara a Hyunwoo, então pareciam se perguntar qual seria o motivo para tal contato repentino após passarem semanas naquele clima esquisito e um pouco constrangedor. Ele limpou a garganta e respirou fundo, ajeitando sua postura.

— Está bem, obrigado por avisar — Kihyun respondeu com simplicidade.

Minhyuk franziu o cenho, porém desviou a atenção para Jooheon, que parecia travado, querendo falar algo mais sem conseguir fazê-lo. Ele o fitou com uma pergunta em seu olhar, o cenho levemente franzido, mas a única resposta foi uma careta de desespero.

Como Kihyun já estava distraído mais uma vez, Jooheon se abaixou para confessar sua burrada em um cochicho no ouvido de Minhyuk, que também fez uma careta e sacudiu a cabeça. Quem notou a movimentação foi Wonho, que descia os degraus da escada com cuidado e acabou por ver os dois trocando segredos.

— O que estão fofocando aí? — ele perguntou, erguendo a escada para levá-la até o próximo arbusto. Minhyuk soltou um som de surpresa e arregalou os olhos para o mais velho rapidamente, como que lhe dando uma bronca muito sutil, mas já haviam chamado a atenção de Kihyun. — Não deveriam cochichar perto de mim se não querem que eu pergunte sobre.

— Você está mesmo muito inquieto, Jooheon, o que foi? — Kihyun também quis saber.

Jooheon soltou um suspiro desesperado e coçou a cabeça, ainda fazendo uma careta.

— E-eu... Me perdoe, eu meio que... contei para o príncipe sobre você e Wonho.

Você fez o quê? — Kihyun retrucou. Seu rosto começou a ficar vermelho, a cor se espalhando pelas bochechas, orelhas e descendo até seu pescoço. — É uma brincadeira, não é?

— Foi sem querer! — exclamou, sacudindo as mãos em frente ao corpo em um gesto defensivo. — Me desculpe, juro que não foi minha intenção, nem cabia a mim contar para ele esse tipo de coisa, ma-

— Não cabia mesmo! Você tinha que estragar tudo? Eu ia tentar resolver as coisas com ele, meus planos não incluíam você se meter onde não foi chamado!

— Calma, Kihyun, ele disse que foi sem querer, está tudo bem — Wonho disse com calma, se aproximando com cautela.

— Não está nada bem, eu tinha que falar sobre isso, eu sabia como teria que abordar esse assunto para não deixar tudo ainda mais complicado! Não era para ser desse jeito, e agora se tudo der ainda mais errado, vai ser culpa dele — Kihyun resmungou, apontando para Jooheon.

— Não é o fim do mundo, vocês ainda vão conversar, pode explicar o que for.

— Não é tão fácil assim — Kihyun retrucou irritado, fechando o punho com tanta força que as unhas curtas pressionavam a carne na palma de suas mãos. — Não vou ter todas as chances do mundo para consertar os meus erros, e eu certamente não precisava de erros dos outros deixando tudo ainda pior.

— Já chega, Kihyun — Minhyuk retorquiu com impaciência. Essa conversa já estava se tornando uma discussão inútil e que só serviria para magoar todos os lados dela. — Jooheon cometeu um erro, não pode condená-lo por isso. Ele já pediu desculpas duas vezes, agora é com você.

— Um erro que pode ser muito sério para mim, está bem? Você não entende? Eu finalmente tinha a chance de esclarecer as coisas, agora talvez isso tenha ido para o lixo por causa do Jooheon. — Ele mordeu a boca, frustrado. Não queria nem mesmo imaginar a possibilidade da conversa com Hyunwoo ser ele o chamando de mentiroso por conta daquela carta ter sido escrita enquanto ainda estava com Wonho. — Eu e Wonho nem sequer estamos mais juntos, mas você não sabia disso!

— E era para eu adivinhar? — Jooheon retrucou, ansioso. Estava dividido entre se sentir muito culpado ou ameaçado pela reação do amigo. — Não tenho culpa se vocês dois não conversam e não são sinceros um com o outro sobre o que sentem!

— Cale a boca — Kihyun disse em voz baixa, encarando-o com firmeza, sem desviar o olhar. — Isso não é da sua conta.

— Kihyun, não seja ignorante. Você é melhor do que isso, não é? Ou estive enganado sobre você durante a minha vida toda, e na verdade é um grande insensível? — Minhyuk questionou, começando a perder sua paciência.

— Insensível? Vocês por acaso estão considerando como eu posso ter sido afetado por essa merda?

— Parem com isso — Wonho interviu, entrando no meio dos três. Não achava que iriam partir para a violência, porém ainda o fez para poder afastar Kihyun dos outros dois, agarrando sua mão e o puxando para longe. — Você precisa se acalmar, não há motivo para brigar com seus dois melhores amigos por um motivo bobo.

— Não é um motivo bobo, e vou acabar brigando com você também se disser isso de novo — Kihyun disse com seriedade. Ele respirou fundo e cruzou os braços, passando a fitá-lo. — Não aguento mais estar nessa situação, só quero poder esclarecer tudo com Hyunwoo logo ou acabar com isso de uma vez, antes que eu enlouqueça.

— Que bom, você vai poder fazer isso mesmo com o erro de Jooheon. O príncipe ainda quer conversar com você, então ele não estragou nada quando falou demais.

— E se ele só quiser falar comigo para me xingar? Me acusar de ter sido desonesto ou sei lá, revelar que está me odiando por ter enganado ele?

— Como teria enganado ele se vocês nunca deixaram claro suas intenções, Kihyun? Pare de presumir o que pode acontecer ou não e simplesmente faça — Wonho respondeu com firmeza, segurando seu rosto e o surpreendendo. — Chega dessa confusão, eu que mal cheguei aqui já estou cansado de ver isso acontecer, vocês precisam se comunicar, dialogar.

— Não é errado eu falar sobre isso com você? — ele perguntou.

— Não me importo, só quero o seu bem e que você não trate mal quem está do seu lado por conta do estresse — Wonho respondeu. Kihyun encolheu os olhos que se encheram de lágrimas repentinamente. — No que está pensando?

— Acho que é errado falar sobre isso com você — repetiu, a voz se tornando fraca e falha.

— Kihyun, nós não namoramos e nem estivemos casados, foi só algo rápido. Você não vai me magoar. Pode colocar o que quiser para fora. Jamais irei te julgar ou ficar triste com o que disser. — Ele garantiu que Kihyun entendesse bem o que suas palavras significavam; que apesar de gostar muito dele, não estava apaixonado, então ouvi-lo falar sobre Hyunwoo não o machucava.

Kihyun se calou, intercalando entre fitar o mais velho e desviar o olhar para o céu alaranjado, para o chão e para os arbustos à sua volta. Suas mãos começaram a tremer um pouco e ele sentia o coração batucar com força em seu peito, o som ecoando até seus ouvidos.

— Eu o amo — Kihyun sussurrou, quase não se fazendo ouvir, dizendo tais palavras pela primeira vez e permitindo que as lágrimas começassem a escorrer pelo seu rosto corado pela raiva. — Não tive a atitude ou coragem que deveria ter, deixei que o medo me dominasse e cegasse, e não quero ter posto tudo a perder, eu... me sinto um imbecil.

Wonho o puxou para um abraço apertado, acariciando seu cabelo e permitindo que ele desabafasse. As palavras de Kihyun não o machucavam, por mais que ainda sentisse algo por ele; isso não importava naquele momento.

— Só quero que ele sinta o mesmo. Eu sei que o rei é um obstáculo gigante, sei que ele faria de nossas vidas um inferno, a de Hyunwoo ainda mais do que já faz, mas... eu não consigo continuar longe dele, não consigo mais ignorar tudo o que sinto e o quanto ele me afeta. Se ele sentir o mesmo, serei capaz de passar por cima de qualquer dificuldade — ele confessou em um murmúrio choroso sobre o ombro de Wonho.

— É muito mais simples do que parece, Kihyun. Mas tome muito cuidado, por favor — Wonho pediu, o afastando para voltar a encará-lo. Segurou suas mãos e as apertou. — Não quero que nada de ruim te aconteça. Prometa que vai tomar muito cuidado.

— Eu prometo — ele respondeu. — Mas se acontecer algo comigo, saiba que pelo menos eu estava feliz de não ter continuado a esconder o que sinto.

— Não vai acontecer nada com você, isso sou eu quem promete.

— Não pode prometer algo assim, é uma responsabilidade minha — Kihyun disse, sacudindo a cabeça e secando o rosto molhado com as costas da mão. — Você não precisa ficar cuidando de mim. Cuide de si mesmo, se preocupe mais com você do que comigo — continuou, usando um tom gentil que deixava claro sua intenção ao dizer isso.

— Há tanto que você desconhece, Kihyun — Wonho murmurou.

Depois disso, ele crispou os lábios e se calou, mesmo com o semblante confuso do outro. Com os polegares, limpou as lágrimas do rosto de Kihyun, mantendo o toque em seu rosto por alguns segundos.

— Vai ficar tudo bem — prometeu.

— Acha que devo ir agora? — Kihyun indagou, o olhar perdido sem focar em algo específico.

— Acho. Aproveite que os reis estão em reunião e vá por um caminho pouco movimentado, assim pode ficar mais tranquilo quanto a alguém te ver indo para lá.

— Certo — respondeu, dando um sorriso fraco.

— Talvez seja melhor você se acalmar antes, fique por aqui por alguns minutos. Vou checar o caminho até os aposentos do príncipe para você, está bem? — Wonho ofertou, puxando Kihyun para que ele se sentasse em um dos bancos.

— Por que você é tão legal comigo? Eu não mereço isso — Kihyun perguntou em voz baixa, ainda apertando a mão dele.

— É claro que merece. Respire fundo e espere aqui, eu já volto. Se o caminho estiver limpo, você vai resolver essa situação hoje mesmo.

Sem esperar pela resposta, Wonho sorriu e se distanciou dele, deixando Kihyun sozinho com cara de bobo. Suas mãos começaram a suar pensando no que estava por vir; finalmente, ele e Hyunwoo colocariam um fim naquele silêncio torturante em que estavam vivendo por tanto tempo e esclareceriam os assuntos nos quais jamais foram muito específicos.

Talvez tudo desse muito errado, por inúmeros motivos, mas só de saber que poderia enfim ser sincero e não ter que fingir que aquele beijo não tinha acontecido — ou que o tal não tivesse lhe afetado —, Kihyun sentia seu estômago dar uma cambalhota dentro de si, se contorcendo em expectativa.

Por mais que Hyunwoo não sentisse o mesmo, o que era uma possibilidade, Kihyun tinha certeza que ele não seria rude sobre isso. Ele sempre fora alguém tão gentil e empático... mas Kihyun não podia pensar muito nesse fato, já que apenas fazia com que seu coração batesse ainda mais rápido pelo príncipe e, naquele momento, ele não precisava de um ataque cardíaco por conta de tudo o que sentia.

Com um suspiro, ele respirou fundo e devagar, tentando se recompor. Parecia uma tarefa impossível quando sua mente o pregava uma peça de mau gosto fazendo-o pensar naquele beijo, nos lábios cheios de Hyunwoo colados aos seus, no sabor do soju misturado ao dele e na mera chance disso vir a acontecer mais uma vez. Kihyun sacudiu a cabeça e apertou os olhos, tentando afastar a imagem, porém era tarde demais.

Ele nunca conseguia evitar pensamentos como esse. Nos momentos mais inoportunos, lá estava ela, a lembrança daquela fatídica noite, os momentos que Kihyun nunca conseguiria esquecer.

Se nada parecido voltasse a acontecer, pelo menos podia continuar com tais memórias, mais vívidas do que deveriam ser, já que ele estava alcoolizado naquela noite; ainda assim, conseguia reviver o momento em que foi tomado por uma coragem impulsiva com perfeição, como se tivesse acontecido no dia anterior.

Após alguns minutos, Wonho retornou, dando passos apressados até chegar ao mais novo que o esperava com ansiedade. Ele abriu um sorriso e assentiu, o que quase causou um ataque cardíaco em Kihyun mais uma vez.

— Os corredores estão vazios e os reis estão mesmo em reunião. Pode ir com tranquilidade — Wonho anunciou, satisfeito. Era bom poder ajudar Kihyun, sabendo o quão perdido ele estava nessa situação.

Kihyun soltou um som de puro alívio, distensionando os ombros e as costas. Ele também assentiu e se levantou, mas sentia que suas pernas estavam sem força de se moverem. Wonho notou sua hesitação.

— Vai dar tudo certo, Kiki. E, mesmo que não desse, meus ombros estariam aqui para você chorar neles — ele brincou.

— Talvez eu realmente precise disso — respondeu com uma careta.

— Duvido. Agora vá logo, não há tempo a perder. Aliás, há tempo perdido a ser recuperado.

Sem mais enrolação, Kihyun concordou com a cabeça, agradeceu a Wonho por toda a sua ajuda e por ser tão bom, e então começou seu caminho em direção ao quarto de Hyunwoo, onde ele o esperava com o mesmo nervosismo.

No entanto, o príncipe estava mais confiante do que ele. Mesmo com o que Jooheon havia dito, ele não permitiu que isso derrubasse as suas esperanças que demorou tanto a reerguer, pouco a pouco. Não queria mais permitir que o medo o impedisse de agir. Não queria mais que ele e Kihyun precisassem disfarçar o que sentiam, mesmo não tendo certeza sobre os sentimentos do criado; ainda que não fossem positivos, ele deveria ter o direito de externá-los também. 

— 👑 —

E esse sonho do Nunu? 👀 

Sem querer falar demais, mas já falando: se eu fosse vocês, ficaria ansiosa pelo capítulo 30. hihi
Acham que vai dar tudo certo entre os Showki, FINALMENTE?

E o que acharam do "término" dos Kiho? O Wonho é simplesmente um anjo, né. Amo muito ♥

Espero que estejam gostando!! Me contem suas opiniões!

Continue Reading

You'll Also Like

190K 11.8K 133
invenções loucas da minha mente
201K 22K 32
Beatriz viu sua vida mudar drasticamente aos 16 anos, quando descobriu que estava grávida. Seu namorado, incapaz de lidar com a situação, a abandonou...
2.4M 130K 70
"Você é minha querendo ou não, Alles!!" ⚠️VAI CONTER NESSA HISTÓRIA ⚠️ •Drogas ilícitas; •Abuso sexual; •Agressões físicas e verbais; •Palavras de ba...